por James Petras
"Israel deve ser como um cão raivoso, demasiado perigoso para ser
incomodado",
(General Moshe Dayan, ex- ministro de Defesa israelense).
"O chefe do exército Dan Halutz deu ordem à força
aérea para destruir dez edifícios de vários pisos no
distrito Dahaya (de Beirute) em resposta a cada míssil lançado
sobre Haifa",
(Rádio do exército israelense, 24/Julho/2006).
"Creio que é importante não cairmos aqui na armadilha da
equivalência moral. O que o Hezbola fez foi sequestrar soldados
israelenses e disparar mísseis e projécteis de morteiros sobre
civis israelenses. O que Israel fez foi responder actuando em defesa
própria",
(embaixador estadunidense perante as Nações Unidas, John Bolton)
"Os dirigentes israelenses deveriam ser acusados de crimes de guerra".
(Louise Arbour, Alta Comissária das Nações Unidas para os
Direitos Humanos, Julho/2006).
"A Terceira Guerra Mundial... já começou. O que agora
estamos a ver no Oriente Médio é um capítulo dela",
(Daniel Gillerman, embaixador israelense nas Nações Unidas,
Julho/2006)
"Para a maioria dos europeus Israel é a maior ameaça
à paz",
(inquérito realizado pela União Europeia no princípio de
2006).
O
Kristalnacht,
o assalto nazi de 1939 às casas de judeus em 'represália' pelo
assassínio de um funcionário da embaixada alemã por um
judeu, foi uma festa de jardim em comparação com a actual
destruição do Líbano pelo exército israelense. A
'represália' nazi levou ao assassínio de vários judeus e
danos no valor de milhões de dólares. A quota de
assassínio e a destruição de Israel inclui actualmente
mais de 400 civis libaneses mortos, milhares de feridos, 750 mil (alguns
afirmam que 900 mil) refugiados, a destruição de centenas de
edifícios de apartamentos, de milhares de casas, escolas,
fábricas, aquedutos, estações de tratamento de água
e de potabilização, igrejas e mesquitas, estações
de rádio e televisão, todas as principais pontes e estradas do
país, os aeroportos e portos de facto, qualquer coisa e qualquer
pessoa que estivesse em pé, que se escondesse ou fugisse para salvar-se.
O deliberado 'bloqueio total' de Israel, além do seu bombardeamento
maciço, provocou uma catástrofe humanitária para dois
milhões e meio de libaneses, incluindo os 750 mil refugiados. Segundo o
Financial Times
"a situação humanitária foi agravada pelo bloqueio
israelense por terra e por mar, e os ataques a pontes e estradas que dificultam
a distribuição de ajuda, tanto aos refugiados como àqueles
que ficaram para trás", (
Financial Times
25/Julho/2006, p.3). Os refugiados falam de bombardeamentos israelenses
diários, falta de água e comida, apagões e cortes nas
linhas telefónicas. Ainda mais sinistro, muitos refugiados afirmam
"que primeiro Israel lhes disse que se fossem só para serem
atacados por um bombardeamento israelense quando já estavam na estrada a
fim de se salvarem" (
Financial Times,
ibid.)
Todas as principais organizações judias dos Estados Unidos,
Europa e Canadá são fieis ao Estado de Israel e aprovam seus
crimes contra a humanidade, tal como o fazem todos os meios de
comunicação. Eles influenciam ou controlam o Congresso
estadunidense, o ramo executivo e as confederações de sindicatos
nos Estados Unidos. A 'Grande mentira' das 'represálias' israelenses
foi repetida tão frequentemente nos círculos mediáticos e
oficiais que foi tomada como um facto aceite. Se voltarmos ao facto 'passado
à história' do 12 de Julho de 2006, descobrimos que o Hesbola
atacou um posto do exército israelense na fronteira com o Líbano
um objectivo militar sem significado civil. Imediatamente após
este incidente militar localizado, o primeiro ministro Olmert ordenou o
bombardeamento maciço de Beirute e de objectivos civis em todo o
Líbano. Depois do bombardeamento maciço por parte de Israel de
civis e infraestruturas por todo o Líbano o Hesbola respondeu, a 14 de
Julho de 2006, 'declarando a guerra' a Israel, concretamente bombardeando
cidades israelenses. A 14 de Julho de 2006 a propaganda e a máquina de
poder do lobby judeu entrou em acção criticando Bush por mostrar
preocupação pelo regime cliente libanês, que a Casa Branca
havia posto de pé com tanto trabalho. (
Forward
, 14/Julho/2006).
Abraham Foxman, Director Nacional da Liga Anti-Difamação, atacou
duramente Bush por pedir a Tel Aviv que mostrasse contenção e
não minasse o primeiro ministro libanês Siniora. A
Conferência das Principais Associações Judias
Estadunidenses pôs os seus 52 grupos em acção. Bush recuou
rapidamente e esqueceu-se do seu cliente libanês. Israel e os '52
grupos' pressionaram os Estados Unidos a fornecerem mais bombas de cinco
toneladas para que os seus bombardeiros as lançassem sobre um
país indefeso que não tem uma força aérea em
funcionamento. Os ideólogos dirigentes do lobby judeu pressionaram os
Estados Unidos a bombardearem o Irão e a Síria, a 'mão que
está por trás do Hesbola' com a esperança de
começar a Terceira Guerra Mundial do embaixador israelense Gillerman.
O apoio unânime das principais organizações judias ao
etnocídio israelense estende-se às organizações
pacifistas israelenses de 'tempo de paz' e progressistas como Amos Oz, que fez
um apelo às organizações pacifistas israelenses para
cerrar fileiras por trás dos carniceiros de Beirute em nome da 'defesa'
de Israel.
Enquanto Washington se apressa a enviar seu novo fornecimento de bombas de
cinco toneladas e 'mísseis de precisão', não há a
menor dúvida de que a destruição pelos dirigentes
israelenses dos lares de civis, apartamentos e infraestruturas é um
objectivo calculado com precisão (BBC News, 23/Julho/2006). Enquanto os
mísseis dirigidos de forma precisa estão a desempenhar um papel
fundamental na estratégia militar de Israel, é evidente que o
repetido bombardeamento de caravanas de refugiados e de ambulâncias nas
estradas, de hospitais, mesquitas e dos sectores muçulmano e
cristão de Beirute e de outras cidades fazem parte desta
estratégia.
O professor Juan Cole argumenta de forma persuasiva que a guerra contra o
Líbano foi planificada há pelo menos um ano e cita as
apresentações feitas por oficiais de alta patente do
exército israelense aos think tanks, diplomatas e jornalistas de
Washington para esboçar a futura invasão (
www.juancole.com
, 23/Julho/2006).
A ignorância do contexto histórico recente do bombardeamento
israelense do Líbano e do assassínio gratuito de libaneses
é geral. Durante vários anos o lobby judeu esteve a pressionar a
Casa Branca e o Congresso para desarmar e destruir o Hezbola; para isso era
necessário mudar a correlação de forças no
Líbano obrigando o sírios a saírem [do Líbano]
o que foi conseguido com o assassínio de um eminente
político libanês (Hariri) e a atribuição da culpa
aos serviços de inteligência sírios apear de nunca
se ter apresentado prova alguma, além de um testemunho perjuro do qual o
seu autor se retractou posteriormente. Depois de a Síria sair do
Líbano um assassino libanês a soldo dos serviços secretos
israelenses, a Mossad, foi capturado pela polícia libanesa
anti-Síria, que admitiu haver cometido numerosos assassínios a
bomba de cidadãos libaneses que constituíam objectivo dos
israelenses.
Com a saída da Síria do Líbano, Washington conseguiu uma
resolução unilateral das Nações Unidas apelando ao
desarmamento do Hesbola, sem concessão militar ou territorial alguma por
parte de Israel, como a devolução ao Líbano da localidade
de Chaaba ou a devolução dos prisioneiros libaneses ou do Hezbola
que há dez anos apodrecem nos cárceres israelenses. A
resolução das Nações Unidas, provavelmente a
única acatada por Israel por razões óbvias , proporcionou
a seguir parte da cobertura para a invasão de Israel enquanto este
bombardeava o Líbano até reduzi-lo a um estado miserável
mais parecido com o Afeganistão do que com a vibrante república
mediterrânica. A estratégia de Israel era transparente: tratava
de isolar o Hesbola no mundo, assegurar o apoio das Nações
através de Washington e da pressão do lobby sobre o governo Bush,
e promover um conflito interno no Líbano entre o Hezbola e o governo
libanês, no qual os Estados Unidos/Nações Unidas
interviriam a favor dos seus clientes favoritos de Beirute.
Ao falhar em ambos os cálculos, Israel decidiu, consultando Washington,
lançar um mortífero ataque frontal contra o Líbano sob o
pretexto dos soldados capturados e atacar o Hezbola. Além de destruir o
Hezbola anti-imperialista, Washington viu no ataque militar israelense
várias possibilidades favoráveis. Uma era isolar e criar um
pretexto para atacar a Síria e o Irão se estes fizessem o menor
esforço em favor dos libaneses. Em segundo lugar, Washington viu na
invasão israelense uma maneira de distrair a horrorizada opinião
pública mundial da genocida ocupação estadunidense do
Iraque. Em terceiro lugar, o governo Bush tratava de assegurar a
contínua e poderosa influência mediática do lobby judeu em
apoio da ocupação estadunidense do Iraque num momento em que a
maioria dos cidadãos estadunidenses são cada vez mais hostis
à mesma. Finalmente, ao fornecer a Israel armas de
destruição em massa, como as bombas de cinco toneladas, os
republicanos e democratas procuravam assegurar fundos para suas campanhas
[eleitorais] procedentes dos milionários e multimilionários
judeus.
Para Israel, o ataque militar tinha o objectivo de destruir todo o
Líbano, convertê-lo num vasto terreno baldio, com a ideia de que
por meio da limpeza étnica dos civis libaneses do sul do Líbano
tornar-se-ia mais fácil declarar o país uma zona de 'fogo livre'
para ser bombardeada à vontade e para matar qualquer simpatizante
do Hesbola, activista, trabalhador social, médico e combatente. A
estratégia era "esvaziar o tanque (o sul do Líbano) para
pescar o peixe (o Hesbola)'. Note-se que o Hezbola é um movimento
social e político de massas que tem bases constituídas por um
milhão de libaneses. No processo, Israel procura criar um regime
cliente no Líbano e cortar a ajuda moral e material que o Hezbola
dá ao governo democraticamente eleito do Hamas, na Palestina.
Os raciocínios de Israel e dos Estados Unidos fracassaram no decorrer
dos acontecimentos. Os terroríficos bombardeamentos maciços
feitos por Israel minaram o regime pro-estadunidense de Beirute e fizeram com a
grande maioria da população libanesa se voltasse a favor do
Hezbola. Na total omissão do governo libanês, foi o Hezbola que
se apressou a levar os feridos aos hospitais, forneceu alimentos, comboios de
evacuação e um mínimo de alívio a todos os
libaneses sem levar em conta sua filiação. As advertências
de Washington aos israelenses para que respeitassem os civis (libaneses) e as
infraestruturas civis foram ignoradas descaradamente pelo Estado judeu desde o
princípio, perfeitamente conscientes de que o lobby judeu nos Estados
Unidos asseguraria a cumplicidade de Washington no assassínio
maciço e na destruição do seu próprio regime
cliente.
Nunca foi posto em dúvida que se a Casa Branca fosse confrontada entre a
opção de defender um regime conservador e recém instalado
no Líbano e a guerra total de Israel apoiaria sem dúvida o lobby
e Tel Aviv.
Se os Estados Unidos calcularam mal a 'intervenção de
precisão' de Israel, o Estado judeu sobrestimou sua capacidade de
submeter o Hezbola a base de bombardeamentos. O regime israelense empreendeu
uma guerra por terra, o que é extremamente custoso na zona montanhosas
do sul do Líbano. Pela primeira vez baixas militares israelenses em
grande escala, que continuaram a crescer; os mortos não foram
unicamente as famílias libanesas inocentes e desarmadas assassinadas
pelos aviões e helicópteros israelenses. A acção
do Hezbola ao atacar e capturar dois soldados israelenses foi no sentido de
ajudar humanitariamente os palestinos assediados de Gaza que sofriam as
pancadas da invasão israelense e assassínios diários. Nem
a Síria nem o Irão tiveram qualquer influência na
decisão de Hezbola de afrouxar a pressão israelense sobre os
palestinos. Segundo vários peritos iranianos, "o Irão
adoptou uma postura pragmática na sua política externa e
não quer nenhuma confrontação séria com
Israel" (
Financial Times,
18/Julho/2006, p. 3). Outro perito argumentava que "o Irão
não procurava uma crise no Líbano num momento crítico da
diplomacia nuclear", (FT ibid). Um perito do Hesbola assinalou que
"era inconcebível que o Irão houvesse ordenado ao Hezbola
tomar soldados israelenses como prisioneiros. Os dirigentes do Hezbola
não são do tipo dos que aceitam ordens de outros" (FT,
ibid=. Além disso, Israel tinha muitos prisioneiros políticos
libaneses, alguns desde há mais de uma década, e o Hezbola
procurava conseguir um intercâmbio de prisioneiros, assim como libertar
território libanês que ainda está sob
ocupação israelense.
Ao atacar o Líbano e ter o Hezbola como objectivo, Israel tentava isolar
mais o governo palestino e continuar a sua política de bombardear o seu
povo até o seu êxodo 'voluntário'. Durante as duas
primeiras semanas dos bombardeamentos sobre o Líbano, Israel continuou
com sua campanha de bombardeamentos e de assassínios em Gaza e na
Cisjordânia, e matou e feriu dezenas de civis, crianças e
combatentes da resistência. De maneira perversa, ao aumentar o
número de mortos (cerca de 500), a destruição (estimada em
dois mil milhões de dólares) e o êxodo forçado de
pelo menos 750 mil civis no Líbano, Israel distraiu a
atenção dos meios de comunicação filo-israelenses
das dezenas de palestinos assassinados e feridos diariamente. A cobertura dos
media em relação ao genocídio israelense no Líbano
é do pior: as televisões (CBS, NBC, ABC, CNN), a Rádio
Pública Nacional e a imprensa respeitável não só
repetem a propaganda israelense acerca de 'mísseis de precisão...
que destroem os bunkers do Hezbola" como centram-se no punhado de mortos e
feridos israelenses em contraposição aos milhares de libaneses
mortos e feridos, e o milhão deles que fica sem lar, sem electricidade
ou água, e estão submetidos a bombas de cinco toneladas que
procuram 'bunkers' mas alvejam edifícios de habitação de
vários pisos. Segundo afirmou Jan Egeland, membro das
Nações Unidos, após uma inspecção no
terreno, "pelo menos um terço das vítimas libanesas
são crianças". Menos de um de cada dez são
combatentes do Hezbola. Ao ter que confrontar-se com os bombardeamentos
maciços sobre civis, a secretária de Estado estadunidense, Rice,
referiu-se aos mesmos como 'as dores do parto' de uma nova ordem, tal como o
seu antecessor no Terceiro Reich justificou o bombardeamento de Londres durante
a Segunda Guerra Mundial.
Em 24 de Julho de 2006 o
Daily Alert,
o boletim de notícias dos presidentes das principais
organizações judias estadunidenses, publicou e reeditou artigos
escritos por defensores da sangrenta invasão de Israel. Nem uma
só crítica da fuga de pelo menos 750 mil refugiados, nem uma
palavra acerca da destruição de casas, nem sequer uma
menção de passagem à morte de mais de cem crianças.
Citações do presidente Bush a opor-se ao cessar fogo, do
ultra-direitista e 'arqui-defensor de Israel' Bolton (embaixador estadunidense
perante as Nações Unidas) a defender o bombardeamento terrorista
de Israel agumentando que a destruição do país é
menos transcendente que uns poucos mísseis caídos em Israel, com
mortos mas sem efeitos nas infraestruturas... Os artigos de opinião do
Washington Post, Los Angeles Times, Wall Street Journal
e
New Republic
apoiam o banho de sangue de Israel. Os editoriais do
Washington Post, Wall Street Journal
e
Miami Herald
seguem religiosamente a postura do lobby.
Toda a maciça maquinaria de propaganda judia e pro-Israel encheou o
media estadunidenses com mensagens de apoio incondicional ao assassino
israelense, com a negação do sofrimento libanês e a
justificação da destruição sem sentido apresentados
como um acto de defesa heroica ... da parte dos 'cães raivosos' (Moshe
Dayan) de Israel. Faz-se caso omisso das vozes dos americanos horrorizados
pelas atrocidades israelenses ou que, simplesmente, sentem simpatia pelas suas
vítimas ou, pior, são atacados ou ridicularizados (a veterana
octogenária correspondente da Casa Branca, Helen Thomas, de origem
libanesa, foi qualificada burlonamente como 'a voz do Hezbola' pelo
secretário de imprensa do presidente Bush, Tony Snow). O movimento
pacifista estadunidense, no qual seus judeus progressistas proibem exprimir
indignação para com Israel e, muito menos, para com o lobby,
está moribundo. Mais uma vez, Israel sai impune do crime: sua correia
de transmissão política no outro lado do oceano domina os meios
de comunicação. O Congresso estadunidense prostra-se de joelhos
perante os
diktats
do lobby. Todo o pessoal da Casa Branca actua como mensageiros do
ministério israelense das Relações Exteriores:
"Precisa de mais duas semanas para novos bombardeamentos? Oh, não
se preocupe, não haverá tempo limite...! Sim, senhor,
orientaremos a opinião pública estadunidense, europeia e mundial.
Dir-lhe-emos que não haverá 'cessar fogo!"
"Destruir todo um país em represália por dois prisioneiros
israelenses... acreditamos que Israel tem o direito de defender-se".
A submissão e cumplicidade dos Estados com o etnocídio de Gaza e
agora com a destruição do Líbano sem um debate interno no
Congresso, nos media ou sequer nos chamados 'movimentos pacifistas' mostra
muito claramente a força do poder israelense dentro dos Estados Unidos e
o enorme e contínuo dano que faz a nossas liberdades democráticas
básicas. Estar contra o terrorismo totalitário e a cumplicidade
dos Estados Unidos deveria ser um reflexo comum de decência. Hoje, sob o
persuasivo domínio do lobby, é um acto de valentia, ainda chegue
a apenas umas poucas dezenas de milhares através dos media alternativos.
A ideia de Israel de um 'cessar fogo', repetida como papagaio pelo lobby
israelense e regurgitada aos dirigentes libaneses pela secretária de
Estado Condoleeza Rice, é, em primeiro lugar, para permitir Israel
continuar com o bombardeamento maciço do Líbano graças
às recém enviadas bombas estadunidenses de cinco toneladas,
recusando assim a petição do primeiro-ministro libanês de
um cesso fogo imediato (
FT,
25/Julho/2006). Depois de Israel ter devastado completamente o país,
Washington proporá uma 'força internacional' (escolhida por
Israel) junto ao exército libanês para ocupar o sul do
Líbano (actualmente sob ocupação israelense com o
remanescente de uma bateria desarmada de soldados das Nações
Unidas destinada a manter a paz). Então supõe-se que a
'força internacional' procederá ao desarmamento total e à
deslocação pela força de todos os combatentes do Hezbola e
do meio milhão de pessoas que o apoiam no sul do Líbano. Nesse
momento Israel poderia considerar um cessar fogo. Pelo que se vê, a
doença dos cães raivosos de Israel é contagiosa e afectou
o pouco de matéria cinzenta que resta na Casa Branca.
Segundo o
New York Times,
não há compromisso para a proposta de 'força
internacional': "os Estados Unidos puseram de lado a
participação dos seus soldados, a NATO diz que os seus recursos
não dão para mais, os britânicos sentem que o seu
exército já está excessivamente comprometido e os
alemães afirmam que desejaria participar só no caso de o Hezbola
estar de acordo" (NYTimes, 24/Julho/2006). Em segundo lugar, a partir da
política israelense de terra queimada, e da firme resistência do
Hezbola, poucos, se é que algum, soldados libaneses tomarão as
armas para por em prática as condições de Israel, uma vez
que até os dirigentes conservadores libaneses recusam uma
ocupação estrangeira. Em terceiro lugar, o mais importante, o
Hezbola está preparado e é capaz de empreender uma longa guerra
de guerrilha popular de resistência, que Israel nunca teve de enfrentar
anteriormente, com capacidade de organização, capacidade moral e
capacidade militar. Segundo o analista do
Jane's Defense Weekly,
Nicholar Blandford, "os membros do Hezbola são combatentes
veteranos dos anos noventa, bem armados e bem motivados. É a velha
estratégia de guerrilha de Mato Tsetung de retirar quando o inimigo
avança e avançar quando o inimigo recua".
Segundo outro perito em Hezbola: "Operam em pequenas células
isoladas. Uma célula não sabe o que a outra está a
fazer... Esta estrutura descentralizada faz parte da potência militar do
grupo", (Saad-Ghoreyeb, citado na Aljazeera, 25/Julho/2006). A
força militar do Hezbola, composta por até 7500 combatentes, tem
estado a preparar túneis no sul do Líbano, tal como os
vietnamitas, e reuniu um arsenal moderno bem apetrechado. Ao contrário
dos anteriores exércitos árabes, que estavam muito infiltrados e
lutaram em 'guerra fixas' sob comandos muitos centralizados, o Hezbola trabalha
em grupos pequenos e descentralizados que se movem rapidamente e que tomaram
medidas efectivas contra a tropa israelense. O Hezbola está à
espera de uma invasão terrestre em grande escala para travar uma guerra
de guerrilhas nas montanhas e no seu terreno. Segundo o secretário
geral do Hezbola, o general Hassan Nasrallah, "quando os israelenses
entrarem nós o faremos pagar caro em tanques, oficiais e soldados",
(Al Jazeera, 25/Julho/2006). É evidente que Israel não vai
ganhar uma 'guerra de sete dias'. Inclusive nos primeiros dez dias, Alon
Ben-David, correspondente do
Janes Defense Weekly,
escreveu que o exército israelense sofreu um número de
vítimas "considerável" no seu avanço em
direcção ao norte do Líbano.
Epilogo
Graças ao poder do lobby judeu-americano e à influência dos
seus filiados internacionais, o governo estadunidense conseguiu na
reunião das potências mundiais, em Roma a 16 de Julho de 2006, o
acordo para dar rédea solta aos 'cães raivosos' de Israel a fim
de continuar suas políticas genocidas no Líbano e em Gaza, uma
decisão aplaudida pelo porta-voz dos presidentes das principais
organizações judias [dos EUA] (
Daily Alert,
27/Julho/2006). Dados os árduos esforços do lobby para reprimir
os dissidentes do genocídio, é especialmente importante o facto
de que a votação de Roma tivesse lugar menos de 24 horas depois
de Israel ter assassinado deliberadamente quatro observadores das
Nações Unidas ao atacar directamente sua sede e depois de haver
recebido mais de uma dezena de desesperadas chamadas telefónicas dos
assediados observadores antes, durante e depois do ataque israelense efectuado
com mísseis e tanques (BBC, 25/Julho/2006). Nem sequer o
secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annam, pode
aceitar a justificação israelense de que fora um erro. Suas
declarações de que os israelenses atacaram deliberadamente os
observadores das Nações Unidas no seu posto avançado
claramente sinalizado provocaram ataques de indignação em Israel
e entre os seus defensores nos Estados Unidos. Não é
necessário dizer que o lobby judeu nos Estados Unidos apoiou
automaticamente a carnificina dos observadores das Nações Unidas
e publicou a exigência do embaixador israelense nos EUA de que o
secretário geral da ONU 'pedisse desculpas' pelas suas
acusações 'infundadas', (
Daily Alert,
27/Julho/2006). Enquanto isso, a imprensa respeitável,
encabeçada pelo ultra-sionista
Washington Post,
continuou a proporcionar aos defensores do genocídio israelense no
Líbano espaço para notícias e editoriais. David Rivski
Jr. e Lee A. Casey argumentaram que os maciços bombardeamentos
terroristas sobre o Libano (e, com a mesma lógica, sobre Gaza)
estão "dentro do direito (de Israel)" e apresentaram os mais
arrezados argumentos pseudo-legais que teriam feito Goebbels corar (
Washington Post,
25/Julho/2006). Nem é preciso dizer que ambos os autores desempenharam
cargos no departamento de Justiça de Reagan; ao que parece, iniciaram
suas carreiras a fazer versões assépticas dos campos da morte da
América Central.
Os crimes de Israel e a impunidade que lhes foi concedida no 'Encontro de Roma'
é encarada como uma licença para cometer cada um dos crimes
atrozes proibidos pela Carta das Nações Unidas na rubrica dos
"Crimes contra a humanidade". O jornal britânico
The Guardian
informou a 25 de Julho de 2006: "Os faróis dianteiros da
ambulância estavam acesos, a luz azul em cima do tecto estava a cintilar
e outra luz iluminava a cruz vermelha quando caiu o primeiro míssil
israelense e destroçou a perna direita do homem que seguia na maca.
Enquanto jazia a gritar meio ao fogo e ao fome, os pacientes e os trabalhadores
da ambulância tentaram proteger-se rapidamente, arrastando-se para a
obscuridade. Caiu então outro míssil sobre a segunda
ambulância", (
The Guardian,
25/Julho/2006).
Enquanto a atenção do mundo voltava-se para o genocídio no
Líbano, a maquinaria militar israelense continuava a massacrar
crianças e civis palestinos... A agência Reuters (27/Julho/2006)
informou que 19 palestinos, mais da metade deles civis, incluindo três
crianças com menos de quatro anos, foram assassinados e 60 pessoas
ficaram feridas. O número de palestinos mortos e feridos no ataque
já com um mês de duração feito pelo Estado judeu
ascende a mais de mil.
Os dirigentes pacifistas israelenses uniram-se à festa da guerra, tal
como a maioria dos seus seguidores. Um inquérito publicado pelo
diário israelense Maariv mostra que 82% apoia a ofensiva contínua
e 95% afirma que a acção de Israel é justificada (BBC,
27/Julho/2006). Uma vez que Israel geralmente é considerado como uma
democracia limitada aos seus cidadãos judeus, podemos afirmar com
segurança que a esmagadora maioria dos judeus israelenses são
cúmplices voluntários dos crimes israelenses contra a humanidade
(Será que
Goldhagen
alguma vez verificou o consenso dos alemães a favor da limpeza
étnica dos nazis?). Da mesma forma, a grande maioria das
organizações sionistas e seus activistas nos Estados Unidos e na
Europa são extremadamente activos a fim de assegurar o apoio dos EUA ao
genocídio israelense. O horror e as vozes ocultas de dissidência
de muito cidadãos estadunidenses são sufocados pelo
domínio autoritário do monopólio dos media por parte do
lobby judeu. É como se a invasão do Iraque promovida pelo lobby
judeu fosse um simulacro do apoio à invasão israelense do
Médio Oriente, cujo objectivo é provocar guerra mais importantes
contra o Irão e a Síria. Isto é uma perspectiva promovida
activamente pela maioria dos ideólogos neoconservadores judeus, como
William Kristol, do
Daily Standard.
01/Agosto/2006
A versão em castelhano encontra-se em
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=35499
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.