Israel nuclear: a arma clandestina
por Frederico Carvalho
[*]
A posse por Israel da arma nuclear é um segredo de polichinelo. A
posição continuada dos sucessivos governos de Israel tem sido
até hoje a de não confirmar nem desmentir a posse por Israel da
arma nuclear, ainda que amigos e inimigos do Estado israelita considerem
há já várias décadas que Israel é um estado
nuclear.
Do arsenal da chamada Força de Defesa Israelita (IDF) consta, de acordo
com diversas fontes, um número de explosivos nucleares
pré-operacionais avaliado em pelo menos oitenta unidades. Este
número é da mesma ordem daqueles que são atribuídos
a outros dois Estados não signatários do Tratado de
Não-proliferação de Armas Nucleares (TNP), a saber,
Índia e Paquistão
[1]
. O sentido dado a "pré-operacional" é o de que se
trata de dispositivos que requerem algum trabalho prévio de montagem ou
de adaptação a sistemas de lançamento do qual depende o
serem considerados "operacionais". É naturalmente
difícil ter um conhecimento seguro sobre a complexidade e a demora desse
trabalho prévio. Por isso mesmo é grande a incerteza sobre as
implicações políticas e militares que efectivamente
decorrem da posse desses dispositivos.
A questão dos sistemas de lançamento dos explosivos nucleares,
seu tipo e alcance é decisiva.
A distinção entre armas nucleares tácticas e
estratégicas tem a ver, originariamente, com o alcance, o poder
explosivo e a precisão no ataque ao alvo. Com o passar do tempo, a
evolução tecnológica das armas e dos sistemas de
transporte tornaram, em boa medida, fluida aquela distinção. A
arma nuclear táctica destina-se, em princípio, a ser usada num
teatro de guerra regional, ao passo que o conceito de arma nuclear
estratégica está normalmente associado a um poder explosivo
superior e a vectores (ou veículos) de transporte de longo alcance, pelo
menos, alguns milhares de quilómetros.
No caso de Israel, diversas fontes referem que a IDF dispõe de
capacidade de lançamento de bombas nucleares por gravidade, isto
é, explosivos que são transportados em aviões e largados
sobre o alvo. Foi o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki. Crê-se que os
aparelhos preparados para transportar explosivos nucleares são
caças-bombardeiros F16. A partir de 1980 até ao presente,
estima-se que Israel adquiriu cerca de 300 a 400 destes aparelhos de fabrico
americano. Ao longo dos anos, foram sendo adquiridas variantes
aperfeiçoadas do modelo inicial que dispõem de armamento variado
e podem ser abastecidas de combustível em voo. Julga-se que um pequeno
número destes aparelhos foi modificado em Israel com vista a transportar
com segurança explosivos nucleares. Na "folha de
serviços" do F16 convencional inclui-se o ataque ao reactor nuclear
iraquiano Osirak, em 1981, e diversas acções na faixa de Gaza. O
raio de acção dos F16 é de cerca de 1600 km.
A partir de 1998, Israel adquiriu vários bombardeiros pesados F-15E
("Strike Eagle") com um raio de acção de 4450 km o que
lhe confere capacidade estratégica. O aparelho é fabricado nos
EUA (Boeing) e, aí, tem capacidade nuclear. Ignora-se se foi modificado
nessa perspectiva pelas Forças de Defesa Israelitas.
Hoje em dia o sistema privilegiado de lançamento de engenhos explosivos
nucleares é o míssil, em cuja cabeça é incorporado
o explosivo. Crê-se que a IDF dispõe de pelo menos 50
mísseis terra-terra do tipo Jericho II com um alcance estimado de mais
de 1500 km. O míssil Jericho II foi desenvolvido em Israel a partir de
uma primeira geração de características menos
evoluídas o Jericho I projectado pela empresa Dassault e
adquirido aos franceses ainda nos anos 60. O Jericho II é um
míssil balístico cujas características levam alguns
especialistas a considerar só ter sentido se destinado a transportar uma
carga nuclear.
Trilhando o caminho aberto pela realização do míssil
Jericho II, Israel desenvolveu um foguetão de três andares
denominado Shavit com capacidade para colocar em órbita terrestre um
satélite de reconhecimento e vigilância. Surge assim a
família de satélites denominados Ofek, progressivamente mais
pesados e dotados de equipamento de maior sofisticação. O mais
recente o Ofek-9 terá sido lançado em Junho de
2010, admitindo-se que possui uma capacidade de resolução de
imagem de objectos ao nível do solo inferior a 50 cm. Os
satélites Ofeq são projectados e construídos pela empresa
IAI (Israeli Aerospace Industries) para o Ministério Israelita da Defesa.
No contexto do armamento nuclear, interessa assinalar que o foguetão
Shavit pode ser convertido num míssil balístico de longo alcance,
portanto com características de arma estratégica, capaz de
transportar uma carga até cerca de 7000 km de distância, conforme
o peso do engenho explosivo colocado no "nariz" do foguetão.
Israel dispõe também de submarinos de propulsão
híbrida (diesel-eléctrica) convencional, isto é,
não nuclear, com capacidade para o lançamento de torpedos, minas
e mísseis de cruzeiro. Sabe-se que se trata de submarinos da classe
Dolphin, julga-se que em número de três, fabricados na Alemanha,
adquiridos para o "braço naval" da Força Israelita de
Defesa. O Dolphin possui 10 tubos de lançamento de meio metro de
diâmetro. Os mísseis usados são americanos do tipo Harpoon
projectados para o ataque a navios. Entretanto os Harpoon podem ser modificados
para transportar cabeças nucleares para ataque mar-terra. Essa
modificação envolveria o desenvolvimento de uma cabeça
nuclear própria e um sistema de orientação para o ataque a
alvos terrestres. Desconhece-se se esse passo foi dado por Israel, mas sabe-se
que o governo israelita tentou obter dos EUA o fornecimento de mísseis
de cruzeiro de longo alcance, Tomahawk, para lançamento por submarinos,
de que existe uma versão capaz de transportar uma cabeça nuclear.
Embora se julgue saber que os EUA terão recusado o fornecimento, o
episódio é significativo quanto ao empenho da IDF em desenvolver
uma capacidade nuclear operacional efectiva.
[2]
No que respeita à posse de armas nucleares tácticas não
há informações seguras. Entretanto há
indicações de que Israel possa ter desenvolvido e tenha em
armazém, granadas de artilharia e minas terrestres equipadas com
explosivos nucleares.
O Estado de Israel não possuía até meados do século
passado uma indústria nuclear nem qualquer reactor nuclear. Em fins da
década de 50, no âmbito do chamado "Programa de Átomos
para a Paz" lançado pelos EUA, recebeu um pequeno reactor do tipo
piscina, para fins experimentais e de investigação, que ainda
hoje está em funcionamento, com uma potência de 5 MW
térmicos o Reactor IRR 1 instalado no Centro de
Investigação Nuclear de Sorek
[3]
. É comparável na origem e características ao reactor que
funciona próximo de Sacavém, também obtido no quadro
daquele programa, ainda que o reactor português tenha uma potência
de apenas 1 MW.
Desde 1963, Israel dispõe de um segundo reactor IRR 2 ,
classificado como de "teste". Trata-se de um reactor moderado e
arrefecido por água pesada, que é uma das
instalações principais e porventura o coração do
Centro de Investigação Nuclear de Negev (CINN), próximo de
Dimona, no deserto de Negev. As actividades desenvolvidas no CINN, não
são controladas pela AIEA e o centro está fechado às
inspecções da Agência. Inicialmente a potência
térmica do IRR 2 era de 16 MW. Desconhece-se a potência actual mas
alguns observadores admitem que poderá ser superior a 100 MW.
Um reactor nuclear com as características do IRR 2 permite produzir
quantidades importantes de plutónio por conversão do urânio
natural que é o combustível nuclear em regra usado nos reactores
moderados e arrefecidos por água pesada. A posse de plutónio abre
a porta à fabricação de explosivos nucleares seguindo um
caminho muito menos exigente nos planos técnico e financeiro do que se a
escolha recaísse sobre o urânio
[4]
De qualquer modo, a via que, com toda a probabilidade, Israel terá
seguido para fabricar explosivos nucleares, pressupõe a disponibilidade
de urânio natural e de água pesada. Trata-se de uma
exigência incontornável que, no caso de Israel, há poucas
dúvidas de ter sido satisfeita graças à
colaboração de governos estrangeiros.
Crê-se que os EUA mantiveram uma posição de passividade
face ao desenvolvimento de uma indústria nuclear militar israelita.
Não terão intervindo, não se terão oposto e
não terão mesmo tido durante vários anos conhecimento dos
esforços israelitas para se dotar de armamento nuclear. Quando se
convenceram de que eles estavam em curso, não os aprovaram mas
também não se lhes opuseram
[5]
. Nos anos 60, o Centro de Dimona foi visitado várias vezes por
inspectores americanos que não encontraram sinais de actividades
nucleares "não autorizadas". As visitas eram anunciadas e os
israelitas foram ao ponto de montar falsas salas de comado do reactor e
obstruir com painéis de tijolo as entradas de ascensores de acesso aos
pisos inferiores onde se processavam as operações de
reprocessamento do plutónio gerado no reactor IRR 2; entretanto,
não escapou aos inspectores o facto de que a elevada potência do
reactor e outras características, não pareciam justificar-se
unicamente para fins civis
[6]
.
O principal parceiro de Israel no seu propósito de se dotar dos meios
necessários à fabricação de explosivos nucleares
foi a França. A parceria teve início ainda antes da chegada ao
poder de Charles de Gaulle, como presidente da França, e manteve-se
até 1964.
Em 1957 foi assinado um acordo entre a França e Israel em que a
França se comprometia a construir um reactor do tipo do IRR 2 com uma
potência de 24 MW. Os sistemas de arrefecimento e processamento de
resíduos eram todavia previstos para um valor de potência
três vezes superior. Em protocolos adicionais não passados a
escrito, o governo de Paris comprometia-se a construir uma
instalação de reprocessamento do combustível irradiado,
isto é, de separação do plutónio. Tratava-se aqui
de um complexo industrial construído em segredo, por técnicos
franceses e israelitas, em Dimona no deserto do Negev, fora do sistema de
inspecção da AIEA. Cerca de quatro toneladas de água
pesada sem a qual o reactor não funcionaria foi adquirida pelos
franceses na Noruega com o compromisso de não ser transferida para outro
país. Na realidade a água pesada foi transportada secretamente
para Israel pela Força Aérea Francesa
[7]
. Quando os americanos, graças aos voos dos aviões espião
U2, repararam em que estava a surgir no deserto do Negev uma complexo
industrial importante, receberam do então primeiro-ministro de Israel,
David Ben-Gurion, diferentes explicações sobre a sua natureza:
falou-se que se trataria de uma fábrica têxtil, de um centro de
desenvolvimento agrícola, ou uma unidade de investigação
metalúrgica! Finalmente, em fins de 1960. Ben-Gurion afirmou que o
complexo de Dimona era um centro de investigação nuclear com
"fins pacíficos"
[8]
. A par de David Bem-Gurion, Shimon Peres foi o principal responsável
pelo projecto de construção do Complexo de produção
de armamento nuclear de Dimona
[9]
.
A partir de Maio de 1960, o governo francês, então presidido por
De Gaulle, viu conveniência em alterar a sua política de
cooperação nuclear com Israel, por receio de ver comprometida a
posição da França no contexto internacional sobretudo
porque viria inevitavelmente a saber-se que França apoiara a
construção da instalação de reprocessamento de
combustível irradiado que permitiria a Israel constituir uma reserva de
plutónio utilizável para fins militares. De Gaulle tentou
convencer Ben-Gurion a não prosseguir a construção usando
como moeda de troca o fornecimento de aviões de combate às
Forças Armadas Israelitas. Finalmente chegou-se a um compromisso cujos
aspectos essenciais eram: de um lado, a promessa de que Israel não tinha
a intenção de fabricar armas nucleares, não faria o
reprocessamento de plutónio e tornaria pública a existência
do reactor; do outro lado, a França forneceria os elementos de
combustível nuclear necessário ao arranque do IRR 2 e não
insistiria em que o complexo nuclear fosse sujeito a inspecções
internacionais. O reactor arrancou em 1964.
Sem dispor de uma importante instalação para a
separação do plutónio e sem uma fonte ou fontes de
abastecimento de urânio natural, não seria possível a
Israel desenvolver um programa nuclear militar. Conforme referido, a
instalação de separação do plutónio foi
secretamente construída com o apoio francês no subsolo do complexo
de Dimona. No que respeita ao urânio, sabe-se que Israel tentou o
processamento de minerais de fosfato de que existem importantes
depósitos na região, para extrair o urânio contido no
mineral designado por fosforite. Daí, procuraria chegar a um
óxido de urânio susceptível de ser utilizado em elementos
de combustível nuclear.
Entretanto esta via para a obtenção de urânio é
demasiado cara quando comparada com o custo de extracção a partir
de minério de urânio em jazidas como as que foram exploradas em
Portugal.
Os esforços israelitas orientaram-se então para a compra de
urânio em países estrangeiros que se prestassem a isso, sempre
debaixo do maior segredo.
Hoje sabe-se de fontes seguras que Israel comprou à Argentina 80 a 100
toneladas do produto chamado "yellowcake"
[10]
que é uma mistura de óxidos de urânio.
[11]
Em meados de 1968, uma segunda compra "discreta" terá tido
lugar. Desta feita tratar-se-ia de 200 toneladas de "yellowcake"
adquiridos à Bélgica no quadro de uma operação
clandestina complexa que teria envolvido uma empresa italiana controlada pelos
serviços secretos israelitas e a transferência em alto mar do
urânio de um cargueiro europeu para um barco israelita
[12]
.
A importância do significado destas compras está no facto de que
são, em si mesmo, um comprovativo forte da existência em Israel de
uma instalação de reprocessamento de materiais radioactivos de
grande porte, condição indispensável ao desenvolvimento de
um programa nuclear militar. A existência de uma tal
instalação foi denunciada em 1986 por Mordechai Vanunu, um judeu
israelita formado na Universidade Ben-Gurion no Negev, que trabalhou como
técnico nuclear no Complexo de Dimona.
[13]
Segundo o
Institute for Science and International Security
(Mass.,USA), em fins de 2003, o stock de plutónio para fins militares,
de Israel, atingia o montante de 560 kg, um pouco superior ao da União
Indiana.
[14]
Uma última questão que se coloca e que tem muito a ver com a
preocupação das potências nucleares em proibir a
realização de ensaios nucleares e por essa via assegurar a
não-proliferação da arma atómica, é a de
saber se Israel procedeu ou não ao ensaio de explosivos nucleares.
Há vários tipos de ensaios possíveis sendo que alguns,
ditos de "potência zero" ou de implosão, são
dificilmente detectáveis a grande distância. Algumas fontes
admitem que um ensaio deste tipo terá tido lugar no deserto do Negev em
1966. Há também quem admita que uma explosão nuclear que
se suspeita ter ocorrido em 1979 no Índico sul, tenha sido fruto de uma
parceria entre Israel e a África do Sul (do apartheid).
[15]
09/Julho/2013
1. Relativamente à Coreia do Norte, outro estado que se mantém fora do TNP, a
informação disponível é muito escassa e não permite saber se dispõe armamento
nuclear pré-operacional e em que quantidade. Algumas fontes apontam como
possível a existência de 6 a 8 engenhos explosivos nucleares.
2. Os dois submarinos recentemente adquiridos para a Armada portuguesa são
duas unidades da Classe Tridente, baseada no modelo alemão U-214 que é o mesmo
adoptado nos Dolphin israelitas com adaptações acordadas com Israel. Os Trident
dispõem de um sistema de lançamento para 6 misseis Harpoon UGM 84 e 12 torpedos.
3. O reactor IRR 1 arrancou em 1960; entre 1960 e 1975 os EUA exportaram para
Israel 19 kg de combustível nuclear de urânio de alto enriquecimento sendo a
maior parte destinada ao IRR 1. O IRR 1 está integrado no sistema de
salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) com sede em
Viena, Áustria.
4. O urânio natural só pode ser utilizado na fabricação de explosivos após
prévio enriquecimento no isótopo U-235, operação que exige conhecimentos e
infra-estruturas técnicas a que não é fácil aceder nem criar e que, no
presente, envolvem questões de relacionamento internacional, muito delicadas.
5. Em 1975, o governo Americano desclassificou um grande número de documentos,
antes altamente secretos, que mostram que, por essa altura, os Estados Unidos
estavam convencidos de que Israel dispunha de armas nucleares.
6. Doc. da Federation of Atomic Scientists (USA)
(
http://www.fas.org/nuke/guide/israel/nuke/index.html
)
7. Ver referência anterior.
8. Idem, ibidem
9. “Israeli Nuclear Program Pioneered by Shimon Peres”, The Risk Report, Vol.
2 No.4 (July-August 1996), Wisconsin Project on Nuclear Arms Control
(
http://www.wisconsinproject.org/countries/israel/Israel-nuclear-peres.html
)
10. A substância designada por “yellowcake” é um pó constituído no essencial
por uma mistura de óxidos de urânio, em que predomina o óxido de urânio com a
fórmula química U3O8.. O “yellowcake” é obtido do minério de urânio tal como
existe na natureza, mediante uma sequência de operações de tratamento físico
(ou mecânico) e químico. O produto final não é amarelo, mas antes acastanhado
ou preto.
11. William Burr, Avner Cohen, “Israel's Secret Uranium Buy. How Argentina
fueled Ben-Gurion's nuclear program”, Foreign Policy, July 1, 2013
12. Idem, ibidem
13. Em 1986, Vanunu, na altura com 32 anos de idade, revelou informação
secreta e entregou imagens fotográficas de instalações nucleares do Centro de
Dimona, ao Sunday Times durante uma estadia em Londres. Daí foi levado para
Roma sob falsos pretextos e depois, pelos serviços secretos israelitas, de
volta a Israel onde foi julgado e condenado por traição. Esteve preso durante
18 anos dos quais 12, incomunicável. Foi libertado em 2004 e vive em Israel sob
vigilância, limitação de movimentos e contactos, e proibição de deixar o país.
É um “lança-alerta” (whistleblower) da maior notoriedade nos dias de hoje
(http://www.guardian.co.uk/world/2004/apr/21/israel3 ). Imagem: The US Campaign
to free Mordechai Vanunu (
http://www.vanunu.com/uscampaign/photos.html
)
14. David Albright and Kimberly Kramer, Plutonium Watch-Tracking Plutonium
Inventories, ISIS, August 2005 (
http://isis-online.org/uploads/isis-reports/documents/plutonium_watch2005.pdf
)
15. in Global Security Org, Weapons of Mass Destruction, Nuclear Weapons
Testing, page last modified July 24, 2011 (
http://www.globalsecurity.org/wmd/world/israel/nuke-test.htm
[*]
Físico
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