Um Israel satânico e genocida
Durante anos tenho advertido que Israel é psicologicamente e moralmente
capaz de executar um holocausto ou um genocídio contra o povo palestino.
É desnecessário dizer que os horríveis acontecimentos das
últimas duas semanas em Gaza confirmaram e justificaram as minhas
convicções.
Israel, governo e povo, parece possuírem a propensão
psicológica que os leva a uma tal monstruosidade. Sim, há uma
minoria de judeus israelenses e judeus não-israelenses que dizem
"Não" a todos estes males e crimes que Israel está a
cometer em seu nome.
Contudo, vamos ser honestos e realistas. Estas pessoas são uma pequena
minoria e têm muito pouco influência, se é que alguma, sobre
o governo e o exército israelense.
Hoje, o que muitas pessoas pensaram que seria impensável ou absurdo
quanto à extensão à qual Israel estaria disposto a ir na
barbarização do povo palestino parece bastante possível
à luz do comportamento nazi do Estado judeu na Faixa de Gaza.
Dada a mentalidade israelense, Israel pode bem estar à espera de que a
mais recente carnificina genocida possa ter um certo efeito de
des-sensibilização e des-mistificação sobre as
percepções e atitudes do povo.
A lógica é bastante simples. Se o mundo pode ser intimidado ou
remetido ao silêncio e à apatia quando Gaza é arrasada e
milhares dos seus habitantes são sacrificados em massa à plena
vista da humanidade, o mesmo mundo pode do mesmo modo ser manipulado de modo
semelhante para aceitar um genocídio ainda maior.
Na terça-feira, 6 de Janeiro, um oficial israelense, Eli Yeshai, apelou
ao extermínio total de Gaza. O líder do ultra ortodoxo partido
Shas argumentou que "o extermínio do inimigo é aprovado pelo
Torá".
Outros líderes políticos e religiosos israelenses ultimamente
têm falado com entusiasmo da necessidade de "apagar Gaza da face da
terra" e "aniquilar tudo o que se move ali".
Curiosamente, isto não é de modo algum uma opinião
minoritária em Israel. Na verdade, alguém poderia seguramente
argumentar que a "ideologia da aniquilação" representa
agora a corrente principal na sociedade israelense.
Como todos nós sabemos, Israel emprega pesadamente a falsidade, o engano
e a desinformação para esconder, ou pelo menos borrar, a sua
criminalidade e a sua barbárie.
A principal tarefa da máquina israelense do
hasbara
[1]
sempre foi e continua a ser transformar o negro em branco, o branco em negro e
a grande mentira numa "verdade" glorificada por milhões,
especialmente no Ocidente.
Para espalhar estas mentiras obscenas e "realidades virtuais", o
governo israelense depende em grande medida dos media controlados ou
influenciados por judeus no mundo ocidental, especialmente na América do
Norte onde contar a verdade acerca de Israel é o supremo tabu.
Na verdade, o que está a acontecer em Gaza é um enorme massacre
de proporções genocidas como muitos judeus conscienciosos
testemunharam.
O que mais se pode dizer deste desumano, deliberado e indiscriminado
bombardeamento de bairros densamente povoados e campos de refugiados?
Acredito que expressões como "enormes massacres" e
"carnificina genocida" utilizado para o pesadelo de Gaza não
podem ser descartadas por Israel e seus apoiantes simplesmente como exageros
retóricos.
Isto é, a menos que Israel encare os sofrimentos físicos e
mentais como falsos, provavelmente porque os não judeus, ou
"goim", são realmente considerados "animais humanos"
por uma ampla e crescente classe de fanáticos rabis, políticos e
líderes militares.
Até agora, mais de 4000 habitantes de Gaza foram cruelmente mortos ou
mutilados ou incinerados em menos de duas semanas de intenso e indiscriminado
bombardeamento aéreo e por artilharia alvejando tudo e todos.
Mesquitas, lares, edifícios públicos, abrigos, escolas,
faculdades, dormitórios, fábricas, instituições
culturais, negócios, mesmo hospitais e farmácias assim como toda
a infraestrutura civil foram bombardeados e reduzidos a entulho.
O bombardeamento raivoso de elevadas altitudes exterminou famílias e
destruiu bairros inteiros. Isto provavelmente é o que os líderes
israelenses tinham em mente quando falaram anteriormente acerca de uma campanha
de "choque e pavor" contra Gaza.
Em 6 de Janeiro, tanques israelenses dispararam várias bombas de
artilharia numa escola no campo de refugiados Jabalya, matando mais de 40
civis, principalmente crianças e mulheres, que haviam procurado abrigado
na instalação da UNRWA
[2]
. Dúzias de outros foram
feridos, muitos criticamente.
Porta-vozes militares israelenses, que são realmente mentirosos
profissionais, afirmaram que foram vistos combatentes palestinos na
vizinhança do edifício e que alguns deles disparam sobre tropas
israelenses a partir da escola.
Contudo, responsáveis da ONU em Gaza negaram categoricamente o relato
israelense, com um responsável da ONU a dizer que estava
"99,99%" certo de que o exército israelense estava a mentir.
Anteriormente, a força aérea israelense atingiu um
velório, matando 15 membros da mesma família.
A morte pornográfica de civis não tem outra
explicação senão o facto ostensivo de que Israel
está a adoptar uma abordagem sem limitações em
relação a Gaza, a qual ainda está sob
ocupação israelense efectiva apesar da retirada das tropas
israelenses do enclave costeiro há mais de três anos.
Bem, se aceitarmos esta lógica, nomeadamente de que tudo é
correcto na guerra, então os judeus deveriam parar de queixar-se acerca
do que os exércitos de Hitler lhes fizeram durante a II Guerra Mundial.
É simplesmente inaceitável aplicar dois padrões de
moralidade, um para judeus e outro para não-judeus. Pois se o que
Israel está a fazer em Gaza é certo, como Israel e seus apoiantes
sustentam, então o que os nazis fizeram na Europa há
várias décadas também deve ter sido certo. E vice-versa.
Afinal de contas, o crime não se torna kosher
[3]
quando cometido por
mãos judias.
Crime colossal
A enormidade do actual assalto holocáustico é indubitavelmente um
crime colossal contra a humanidade.
Em proporção ao tamanho da população, o
assassínio e mutilação de 4000 habitantes de Gaza (o
número continua a aumentar) é como os EUA terem pelo menos um
milhão dos seus cidadãos mortos ou gravemente feridos em
consequência de uma agressão estrangeira.
Tal como a destruição total de Gaza, é igualmente
chocante. Alguns americanos expatriados aqui na Palestina ocupada têm
falado de um duplo holocausto em Gaza: um atingindo humanos e outro atingindo
a civilização.
Ao enfrentarem seus crimes, pornográficos e ultrajantes como são,
muitos israelenses, provavelmente a maioria, estão simplesmente
tão alegres que pensam que Israel está a fazer a coisa certa e
que Deus posiciona-se no lado de Israel nesta guerra e em toda a guerra.
Alguns líderes religiosa tornaram-se tão eufóricos,
graças às blitz sobre Gaza, que pensam estar iminente a vinda do
Messias.
Outros judeus israelenses "religiosos", incluindo rabis, justificam
prontamente a carnificina desenfreada citando versos bíblicos que
justificam o genocídio.
Um líder dos assentamentos israelenses argumentou recentemente durante
uma conversação com um visitante americano activista da paz que
"se estava certo cometer genocídio durante a época
bíblica, por que não estará certo cometer genocídio
agora? Será que Deus mudou de ideia?", perguntou o colono
sarcasticamente.
Quanto a líderes e responsáveis israelenses, eles simplesmente
permitem-se ao que sempre se permitiram, nomeadamente a
"negação" e o "sentimento de superioridade
moral" ou simplesmente em actuar no papel de vítima.
Comportam-se então como Shimon Peres, o presidente israelense, quando
disse durante uma entrevista directa à al-Jazeera em 5 de Janeiro:
"Nós não matamos e não matámos qualquer
criança em Gaza. Nós somos a vítima da agressão do
Hamas", disse o mentiroso patológico e criminoso de guerra
desavergonhado.
As mentiras pornográficas de Peres não precisam de qualquer novo
comentário. Elas falam por si só.
Os judeus sionistas podem muito bem pensar que podem estar certos e que a
moralidade é desnecessária e dispensável enquanto eles
possuírem força material esmagadora.
Eles podem pensar que os rios de sangue da "única democracia do
Médio Oriente" tem estado a derramar fortalecerão Israel e
aterrorizarão os seus vizinhos.
Bem, pode no curto prazo. Contudo, no longo, a criminalidade e a perversidade
israelense o esterilizarão a partir de dentro até ao ponto da
morte.
Tal como as pessoas vis, os Estados vis não prosperarão.
08/Janeiro/2009
[1] Hasbara: os esforços do governo israelense e dos judeus sionistas
para justificar os crimes do Estado de Israel.
[2] Agência das Nações Unidas de Assistência aos
Refugiados Palestinos.
[3] Kosher: legítimo.
[*]
Habitante da Palestina ocupada.
O original encontra-se em
www.palestine-info.co.uk
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|