por Miguel Urbano Rodrigues
O imperialismo norte-americano (com o apoio dos governos do Reino Unido e da
França) está na ofensiva em duas frentes. Obrigado pela
Rússia a recuar na Síria ataca na Ucrânia e na Venezuela.
Na Ucrânia, o apoio de Washington às forças empenhadas em
derrubar o presidente Iakunovitch foi ostensivo (ver
artigo de Paul Craig Roberts
].
.
Na Venezuela, a estratégia dos EUA é mais subtil. Nela a
Embaixada em Caracas e a CIA têm desempenhado um importante papel.
O projeto inicial de implantar no país uma situação
caótica fracassou. Os apelos à violência de Leopoldo Lopez
que assumiram caracter insurreccional na jornada de 12 de Fevereiro tiveram a
resposta que mereciam das Forças Armadas e das massas populares
solidarias com a revolução bolivariana. Os crimes cometidos pelos
grupos de extrema-direita suscitaram tamanha repulsa popular que até
Capriles Radonski o candidato derrotado à Presidência da
Republica - optou por se distanciar de Lopez e sua gente, mas convoca novas
manifestações "pacíficas". Inviabilizada a
tentativa de golpe com recurso à força, o esforço para
desestabilizar o país prosseguiu, mas o projeto de tomada do poder foi
alterado. O governo define-o agora como "um golpe de estado suave".
Uma campanha de desinformação, que envolve os grandes media dos
EUA e da União Europeia, transmite diariamente a imagem de uma Venezuela
onde a violência se tornou endémica, manifestações
pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta,
a inflação disparou e a crise económica se aprofunda.
Ocultam a realidade. Quem promove a violência é a extrema-direita,
quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a
preços reduzidos, quem saqueia supermercados é essa
oposição neofascista que se apresenta como
"democrática", é ela que sabota a economia e organiza o
açambarcamento de produtos essenciais.
No Estado de Táchira, grupos terroristas paramilitares vindos da
Colômbia semeiam o terror, forçando o presidente Maduro a decretar
ali o estado de exceção.
É significativo que o embaixador da Venezuela em Lisboa, general Lucas
Rincón Romero, tenha sentido a necessidade de emitir um
comunicado
para esclarecer que os media internacionais
publicam quase exclusivamente declarações da
oposição que deturpam grosseiramente os acontecimentos do seu
pais. A Revolução Bolivariana enfrenta hoje uma guerra
económica a expressão é de Maduro que
é simultaneamente uma guerra psicológica, política e
social.
Nesse contexto, o Presidente da Venezuela ao alertar o seu povo para a
cumplicidade de Washington na montagem de "um golpe de estado"
denunciou o envolvimento em atividades conspirativas da oposição
de três funcionários consulares dos Estados Unidos, e ordenou a
sua imediata expulsão. Reagindo também à campanha
anti-venezuelana da CNN, acusou aquele canal de TV de uma
"programação de guerra".
Como reage Barack Obama? Com hipocrisia e arrogância. Não citou o
episódio da expulsão dos diplomatas, mas pediu a Maduro que
liberte os dirigentes da oposição presos. Como nele é
habitual invocou no seu apelo retórico princípios
humanitários, o respeito pelos direitos humanos, o diálogo
democrático, enfim, aquilo os EUA violam com a sua política de
terrorismo de estado.
Somente faltou mencionar explicitamente Leopoldo Lopez, o líder das
jornadas de violência que provocaram mortes e destruições
em Caracas e noutras cidades.
O senador republicano John McCain, ex candidato à Casa Branca, foi mais
longe do que Obama. Numa entrevista à BBC sugeriu com despudor uma
intervenção militar direta na Venezuela para "estabelecer a
paz e a democracia".
A escalada golpista assumiu tais proporções que desencadeou a
nível mundial um poderoso movimento de apoio à
Revolução Bolivariana, ameaçada pelo imperialismo e o
fascismo caseiro.
Um manifesto de solidariedade ao governo de Maduro, iniciado na Argentina,
já foi assinado em muitos países por milhares de intelectuais,
artistas, dirigentes políticos, parlamentares e sindicalistas.
A solidariedade com o povo de Bolívar corre mundo como torrente
caudalosa.
Vila Nova de Gaia,22 de Fevereiro de 2014
Ver também:
25 verdades sobre las manifestaciones en Venezuela
, Salim Lamrani
Tribuna Popular
O original encontra-se em
www.odiario.info/?p=3191
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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