O 'renascimento' neoliberal da teoria do desenvolvimento
A teoria do desenvolvimento, um ramo da ciência económica que
tenta mostrar como as economias pobres do mundo poderiam desenvolver-se, teve a
sua origem nas décadas de 1940 e 1950. Uma das suas ideias iniciais foi
a de que as economias dos países menos desenvolvidos estavam presas a um
ciclo de pobreza e precisavam de um "forte empurrão"
(Big Push)
para se desenvolverem. Este empurrão era visto como um grande impulso no
investimento, auxiliado por gastos do estado na área social e das
infraestruturas, pelo investimento do capital privado estrangeiro assim como
pela ajuda de governos dos países desenvolvidos.
Grande parte da teoria do desenvolvimento era expressa de forma narrativa;
tratava-se de uma das áreas da ciência económica menos
formalizadas e menos modeladas matematicamente. Por estas razões (e
outras ainda, como se verá), a teoria do desenvolvimento caiu em
desfavor menos de uma geração após a sua emergência.
A ciência económica dominante considerava-se uma
"ciência" rigorosa, e para os seus economistas tudo aquilo que
não era rigorosamente matemático simplesmente não era
ciência económica.
Entretanto, no fim dos anos 80 a teoria do desenvolvimento retomou a sua
ascensão, graças à sua reformulação em
termos mais "científicos". De acordo com alguns economistas, a
morte da teoria do desenvolvimento teria sido um mal dispensável
não fora a falta de rigor dos seus fundadores. Paul Krugman, reconhecido
economista neoclássico e colunista do
New York Times,
colocava a questão nos seguintes termos: "Quando vislumbro a
representação que Murphy e outros [cujo artigo ressuscitou a
teoria do desenvolvimento] possuem da ideia do Grande Empurrão,
debato-me com a questão de se o longo desmoronamento da teoria do
desenvolvimento teria sido efectivamente necessário. O modelo é
simples: três páginas, duas equações e um
diagrama."
[1]
É assim que Krugman sintetiza a "ascensão e queda da
economia do desenvolvimento," meio século de história do
pensamento sobre o desenvolvimento, entre a formulação inicial do
"grande empurrão" por Paul Rosenstein-Rodan em 1943 e a sua
formalização por Kevin M. Murphy, Andrei Schleifer e Robert W.
Vishny em 1989.
Devido à ausência de rigor e de acordo com esta versão, os
"dias de glória da 'teoria do desenvolvimento'" durariam
apenas quinze anos, finalizando com a publicação em 1958 de
"
The Strategy of Economic Development"
da autoria de Albert Hirschman. De acordo com Krugman, a teoria do
desenvolvimento era, até à sua reformulação,
não mais do que uma literatura de aproximação, com
"alguma prosa excepcional, algumas intuições
inspiradoras", mas incapaz de modelar matematicamente as suas premissas
mais básicas. Por esta razão, veio a tornar-se num "beco sem
saída intelectual." Foi apenas nos anos 80 que a economia do
desenvolvimento experimentou um renascimento e alcançou estatuto
científico, quando Krugman e outros conseguiram integrar conceitos tais
como os de rendimentos crescentes ou externalidades (designados em economia por
"não-convexidades") no paradigma neoclássico.
[2]
A tese do desaparecimento-ressurgimento da teoria do desenvolvimento é
hoje partilhada por uma larga maioria de especialistas não apenas
pelos neoclássicos mais intransigentes, para os quais não existe
ciência fora da tradição e, portanto, nenhum debate
viável sobre o desenvolvimento que não inclua uma
referência a modelos convencionais, mas igualmente partilhada e em
não pouco número por economistas menos ortodoxos. O presente
artigo, contudo, opõe-se à interpretação vigente da
economia do desenvolvimento. É sua intenção demonstrar
como a economia neoclássica, uma vez absorvido o desenvolvimento como um
dos seus componentes, é hoje prisioneira de uma crise profunda, e como a
preponderância da tradição neste campo teórico
é inseparável da hegemonia das políticas de
desenvolvimento neoliberais .
NEOLIBERALISMO CONTRA O DESENVOLVIMENTO
A teoria do desenvolvimento nasceu nas décadas de 40 e 50 de uma dupla
diferenciação: (1) no que diz respeito à economia
neoclássica convencional, pela rejeição dos dogmas
relativos aos benefícios sistemáticos imputáveis ao
comércio e ás virtudes do mercado; e (2) no que respeita à
economia de feição keynesiana (hegemónica aproximadamente
entre 1945 e 1975), através da crítica à
inadequação da análise do desemprego e crescimento de
curto-prazo, quando aplicada aos problemas estruturais encontrados nos
países em desenvolvimento.
É pois evidente a presença de um elemento heterodoxo na
própria génese da economia do desenvolvimento. E não
é de estranhar que esta nova abordagem viesse a encorajar nos mais
radicalmente heterodoxos a inclusão do tema do desenvolvimento nas suas
análises, tais como marxistas e estruturalistas, e que estes por sua vez
viessem a conceber a ciência económica do planeamento, o cepalismo
estrutural,
[3]
a teoria da dependência, assim como as teorias do sistema capitalista
mundial. Estas evoluções na história do pensamento
estão intimamente relacionadas com aquelas que se deram na
própria história dos factos: as grandes revoluções
do século XX (Rússia, China, Vietname e Cuba), os movimentos de
libertação nacional (Índia, o mundo árabe e a
África) ou mesmo as necessidades de reconstrução do
pós-guerra (o plano Marshall no Ocidente). O aparecimento de autores
vindos do Sul, tais como Raul Prebisch e Celso Furtado na América
Latina, P. C. Mahalanobis na Ásia e Samir Amin em África,
mostrou-nos a todos que a teoria do desenvolvimento, nascida na Europa, tal
como a economia política antes desta, não constituía um
monopólio do Norte. A economia do desenvolvimento emergia assim no
espaço intelectual subsequente ás transformações
sociais proporcionadas pela pressão das lutas populares a nível
planetário, das tentativas mais ou menos radicais de
emancipação relativamente à ordem mundial. O estado era
colocado no coração de todas as estratégias de
transformação estrutural, pugnando pela autonomia, por levar mais
longe quanto possível a convergência das condições
de acumulação: planeamento e industrialização no
Leste e nos países socialistas a Sul ou, no resto do mundo, o modelo
desenvolvimentista dos nacionalismos burgueses. Bem entendido, o único
país não-europeu de entre todo o bloco capitalista a sofrer um
crescimento económico brusco, o Japão, mostrava o exemplo de um
processo de industrialização totalmente dirigido pelo estado (o
período Meiji). É esta a área, produto dos factos e das
ideias, que foi retomada nos anos 70 e 80 não só pelo
neoliberalismo vigente mas também pela doutrina neoclássica
reinante na teoria económica.
O neoliberalismo traduz-se no regresso da finança ao poder, isto
é, dos detentores de capital mais poderosos no planeta (em larga medida,
norte-americanos). Tudo principiou no final dos anos 70 precisamente por
altura da subida das taxas de juro nos Estados Unidos (1979), agravada que foi
por sua vez a crise na dívida do terceiro-mundo. Este regresso teve
lugar sobre as ruínas da ordem mundial edificada imediatamente
após a II Grande Guerra (por exemplo, as taxas de câmbio fixas). O
declínio das margens de lucro nos países do centro agravava-se no
final dos anos 60, para na década seguinte ampliar-se a uma crise aberta
do capitalismo, caracterizada pela oscilação incerta de todo o
sistema no caos monetário e financeiro, o aumento exponencial das
desigualdades e o desemprego em massa. A conjugação da
crítica ao modelo keynesiano de regulação capitalista no
Norte (decorrente da estagflação, o aumento simultâneo dos
preços e do desemprego), a falência dos projectos nacionalistas
burgueses de desenvolvimento no Sul (a crise da dívida nos anos 80) e o
colapso do bloco Soviético ao Leste (no início dos anos 90),
motivou uma alteração profunda nas relações
capital-trabalho à escala planetária.
Dificilmente coincidentes com os da corrente dominante os caminhos trilhados
pelos seus precursores e uma vez enfraquecidas as forças sociais que a
sustentavam, a teoria do desenvolvimento no período pós-guerra
só podia ser vista pela ortodoxia neoclássica como uma
região estagnada, marcada pelo declínio científico. A
falência das políticas de desenvolvimento, em particular das
indústrias de substituição, tornou-se óbvia a
partir dos anos 80 em pleno advento do neoliberalismo.
É no contexto da debandada de trabalhadores e populações
da periferia que a ofensiva da ideologia neoliberal na gestão da crise
expansionista do capital deve ser entendida. Os seus dogmas são bem
conhecidos. Ao nível nacional, trata-se de prosseguir uma
estratégia hostil contra o estado através da: (1)
deformação da estrutura de controlo sobre o capital de modo a
beneficiar os sectores privados, (2) redução da despesa
pública nas áreas sociais e (3) imposição da
austeridade salarial como medida prioritária na luta contra a
inflação. Ao nível global, os objectivos são os de
perpetuar a supremacia do dólar norte-americano sobre o sistema
monetário internacional e promover o comércio livre,
desarticulando o proteccionismo e liberalizando as transferências de
capital. A difusão desta estratégia desreguladora à escala
planetária é uma das funções das principais
organizações internacionais (em primeiro lugar, o Fundo
Monetário Internacional [FMI], o Banco Mundial e a
Organização Mundial do Comércio [OMC]), mas também
das instituições monetárias e financeiras locais (os
bancos centrais "independentes"). A gestão de todo este
edifício é assim feita convergir nos Estados Unidos, cujo poderio
militar assegura por sua vez o funcionamento global do sistema.
Como consequência, qualquer ideia de desenvolvimento extrínseca ao
capitalismo neoliberal é interdita, como o é qualquer
possibilidade de autonomia da teoria do desenvolvimento enquanto disciplina
relativamente ao
corpus
neoclássico dominante. Desde o início dos anos 90, certas
organizações internacionais e em particular o FMI, têm
vindo a consagrar copiosas recomendações aos "países
clientes" no sentido de uma "boa governação."
[4]
Esta organização procura promover a boa governação
em "todos os aspectos respeitantes à condução da vida
pública," procurando tornar mais transparentes as decisões
políticas, disponibilizando o máximo de informação
respeitante ás finanças públicas e aos procedimentos de
auditoria, ou mais recentemente, "combater o financiamento do
terrorismo."
[5]
O que está verdadeiramente em causa é o afeiçoar das
políticas nacionais por forma a criar nestas instituições
um ambiente mais favorável a uma abertura do Sul aos mercados
globalizados.
Como reflexo das necessidades da finança no contexto do neoliberalismo,
a boa governação pode muito bem ser vista como uma
inversão daquilo que poderia ser objectivamente designado por "bom
governo." O objectivo não é tanto a promoção
da participação democrática dos indivíduos nos
processos de decisão, ou o respeito pelo seu direito ao desenvolvimento,
mas antes a desregulamentação dos mercados patrocinada pelo
estado, isto é, uma nova regulamentação levada a cabo
pelas forças dominantes do capital. Confrontada com a inépcia do
neoliberalismo na gestão da crise ou a recusa do FMI, Banco Mundial e
OMC em reconhecer a urgência de se procurarem alternativas que imponham
limites dinâmicos à expansão do capital, independentes dos
seus anseios pelo máximo lucro, a boa governação nada mais
pode fazer do que intensificar o criticismo relativamente aos casos de
insolvência estatal. Os funcionários públicos não
são apenas acusados de "caça aos rendimentos";
já se começa a pôr em causa a sua capacidade para gerir a
coisa pública, em particular no Sul endividado, a sua capacidade para
erguer e conservar instituições "decentes" não
tanto para as pessoas mas mais propriamente para o capital. Assiste uma
retórica moralizante acerca da responsabilidade dos estados (aos quais e
tão só a estes são imputados todos os erros) assim como os
discursos sobre a irresponsabilidade dos seus agentes (quando não
é a sua dignidade mais básica que é questionada), mas esta
não mais faz do que legitimar aquilo que poderíamos designar como
as opções "ultraliberais" de abandono daquilo que
seriam as prerrogativas normais do estado, chegando mesmo nalguns casos ao
ponto de subcontratar a defesa nacional, substituir a moeda nacional por moeda
estrangeira ou privatizar o processo de colecta dos impostos.
Somos assim confrontados com um paradoxo gritante, inerente à "boa
governação": as organizações internacionais
reclamam dos governos nacionais que estes adoptem políticas
económicas neoliberais impostas do exterior, enquanto os mercados
financeiros globalizados despem os estados da sua soberania e o núcleo
do capital estrangeiro insinua-se na estrutura capitalista dos países
periféricos. Administrando os aparelhos de estado dos países do
sul directamente a partir do centro do sistema mundial de
dominação, as organizações internacionais
neutralizam o poder destes estados desnudando-os de todas as prerrogativas,
reduzindo ao mínimo a sua margem de manobra. Não será
este, afinal, o segredo da governação exemplar? A que democracia
podem as autoridades públicas pretender aderir quando o exercício
da soberania nacional é limitado à liberalização
dos mercados, ao pagamento de dividendos sobre o investimento estrangeiro,
à liquidação redobrada da dívida externa?
A ABSORÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PELA ECONOMIA NEOCLÁSSICA
Durante mais de vinte anos e quase por si só, os neoclássicos
dominaram a teoria económica, incluindo a teoria do desenvolvimento.
É sua ambição a de analisar todos os factos
socio-económicos a partir do comportamento maximizado dos
indivíduos. O âmago da economia neoclássica e fonte da sua
exibição enquanto ciência baseia-se na teoria do
equilíbrio geral. Esta teoria defende que, dado um determinado mercado e
sempre que um comprador e um vendedor agem em seu próprio interesse, a
competição que daí advém produz um conjunto
único de preços e quantidades geradoras por sua vez de uma
equivalência perfeita entre a oferta e a procura de serviços e
mercadorias, incluindo todo e qualquer esforço utilizado na
produção. Defende ainda esta teoria que nunca o bem-estar social
será maior uma vez atingido este conjunto "equilibrado" de
preços e quantidades, no sentido de que nenhum indivíduo
poderá alguma vez obter ganhos sem que para isso alguém os perca.
Fortemente matemática e normativa, alicerçada num conjunto
absurdo de postulados pouco realistas, a teoria do equilíbrio geral
é a pedra de toque de toda a microeconomia convencional. O principal
objectivo consistiria em determinar a forma pela qual as escolhas dos diversos
agentes (compradores e vendedores) podem ser coordenadas de forma a integrar
numa só estrutura o conjunto das interdependências respeitantes
ás transacções que têm lugar entre si. Assumida como
livre, racional e impulsionada pelo interesse pessoal, estas decisões
dependem não só das características próprias dos
agentes (factores de produção acumulados, gostos e
preferências, conjecturas e funções de
produção), assim como da forma de organização
social na qual estas relações têm lugar.
O exemplo acabado seria uma estrutura de mercado na qual existisse uma
situação de competição perfeita o que a acontecer
permitiria ao modelo fornecer, dados os postulados de Arrow-Debreu (assim
designados depois de Kenneth Arrow e Gérard Debreu, ambos laureados com
o Prémio Nobel),
[6]
uma solução de equilíbrio na qual a
disposição das escolhas individuais e a
distribuição dos recursos "optimizada" seria
possível (no sentido descrito mais abaixo, elaborado originalmente pelo
economista Vilfredo Pareto).
Ainda que o modelo procure processar informação respeitante a uma
grande quantidade de indivíduos, as dificuldades técnicas
encontradas pelos neoclássicos faz com que estes venham a
desenvolvê-lo na maior parte dos casos com um número muito
restrito de agentes, na assumpção de que estes seriam
"representativos" da sua totalidade. Em casos extremos, mas
não raras vezes visto que se permitem a simplificações
matemáticas, é considerado apenas um único agente;
é assim assumido que a análise pode ser exercitada em toda a sua
plenitude e com total sucesso no caso de um agente apenas, por exemplo,
Robinson Crusoe na sua ilha. Sendo que a teoria do equilíbrio geral
representa uma referência teórica decisiva em todos os modelos
neoclássicos, o seu conhecimento é também crucial para os
autores críticos heterodoxos.
A partir de 1970, a teoria do equilíbrio geral tem vindo a ser
amplamente aplicada na área do desenvolvimento, graças à
utilização de modelos computacionais. Estes modelos calculam as
variáveis de equilíbrio na economia com base em comportamentos
individuais, como é o caso de efeitos de preço e quantidade
devidas a alterações nos parâmetros relativos à
política económica, tais como impostos e subsídios. Por
exemplo, estabelecesse uma nação um salário mínimo
para os trabalhadores, estaríamos nós perante um aumento no
desemprego? Efectivamente, é o próprio Banco Mundial o primeiro a
empregar estes instrumentos como forma a justificar teoricamente e tornar
politicamente credíveis as medidas anti-sociais de ajustamento
estrutural impostas ao Sul, contribuindo assim para a sua difusão no
seio das esferas académicas.
O próprio estudo do papel das instituições no crescimento
(tais como os sindicatos, o estado, as forças armadas, as
organizações religiosas, as leis e tudo o mais) levou os
teóricos neoclássicos a tomar em consideração
assuntos relativos ao desenvolvimento. De acordo com a teoria da
competição perfeita mais convencional e durante um longo
período, os coeficientes relativos ás instituições
eram tidos como exógenos, isto é, eram encarados como dados
adquiridos e portanto não havia estudo económico que lhes pudesse
ser aplicado. Era assim excluída da investigação
económica a análise das instituições, deixada como
objecto de estudo para outras ciências sociais já mais habituadas
a lidar com o colectivo como categoria, tais como a sociologia e as
ciências políticas. Mais recentemente contudo, os economistas
têm vindo a incluir as instituições no interior dos seus
modelos de equilíbrio geral, aplicando o género de análise
económica mais convencional ao estudo dos seus comportamentos. Mas por
forma a conseguir tal façanha, os economistas clássicos
simplesmente assumem que o comportamento individual maximizado pode explicar
unicamente e por si só aquilo que fazem e aquilo que são as
próprias instituições. Por exemplo, quando George Akerlof
utilizou a teoria dos jogos para estudar as castas indianas, começou por
adoptar a ideia de que existe um modelo convencional do comportamento
económico passível de ser aplicado a qualquer época e a
qualquer situação, nomeadamente, o modelo de
competição perfeita e equilíbrio geral de Arrow-Debreu.
[7]
Para favorecer o argumento, um economista assume mesmo que "no
princípio" existiam os mercados.
[8]
Em macroeconomia, a economia do desenvolvimento tem sido em larga medida
influenciada pela teoria do crescimento neoclássica, designada por
"crescimento endógeno". Estes modelos (por exemplo, os de
Paul Romer e Robert Lucas) procuram explicar o crescimento do produto interno
bruto pelo próprio processo de acumulação ou, internamente
(i.e., atendendo aos factores de produção), sem recorrer a
mecanismos exógenos como é o caso do famoso modelo de Solow de
1956. A essência deste modelo reside na ideia de que, havendo total
confiança nos mercados competitivos, o crescimento de qualquer economia
em estado estacionário, rica ou pobre, deverá ocorrer mais tarde
ou mais cedo. Desnecessário pois o tal "Grande
Empurrão", apenas e tão só uma estrutura
institucional propiciadora da competição entre os interesses
privados dos agentes. Uma das previsões da nova teoria de crescimento
endógeno reporta-se à inexistência de convergência no
crescimento entre os vários países, em particular a
conclusão chave de que nas economias de mercado o estado deve intervir
por forma a acelerar a acumulação de capital, o que significa
crescimento a longo prazo. Graças a estes modelos, a
posição dominante no que respeita à
modelação do crescimento a longo prazo é assim ocupada
pelos teóricos neoclássicos. Pelo contrário, exasperados
com a tese anti-estado neoliberal, a grande maioria dos economistas heterodoxos
insurge-se precisamente contra os encantos mais recentes da teoria
neoclássica.
A CRISE DA ECONOMIA NEOCLÁSSICA
A economia neoclássica convencional encontra assim os economistas
heterodoxos numa posição defensiva, atacando-os em todas as
frentes, na micro e macroeconomia, mas também no que respeita ás
instituições. No entanto, é importante compreender que a
investida neoclássica não se deve à sua superioridade
teórica, bem pelo contrário, ela atravessa uma grave crise
teórica. Por exemplo, em microeconomia é-lhes (matematicamente)
impossível demonstrar o que há de distinto no equilíbrio
geral discutido anteriormente e no comportamento maximizado dos
agentes.
[9]
Estes problemas teóricos nunca são mencionados nos estudos
neoclássicos consagrados ao desenvolvimento, em particular nos modelos
computacionais de equilíbrio geral, mas eles constituem o desafio mais
sério que a ciência económica dominante tem de enfrentar. E
a verdade é que a ciência económica neoclássica
não tem respostas para este problema. Em macroeconomia, o uso frequente
do postulado do agente representativo
[10]
levanta a questão de fazer ou não sentido falar num
"mercado", numa "transacção", num
"preço" quando existe apenas e tão só um agente
isolado. Como se isto não bastasse, a teoria neoclássica de
crescimento é incapaz de explicar conceitos tão fundamentais como
o "capital", visto como um motor de crescimento (de que forma
está relacionado com o conhecimento, o capital humano ou
infraestrutura?), ou mesmo o estado (como deve ser este distinguido do agente
individual?).
No campo neo-institucional, a ideologia das escolhas livres individuais conduz
a verdadeiras catástrofes intelectuais, tais como a
explicação do feudalismo levada a cabo por C. Douglass North
[11]
, ou a exposição de Joseph Stiglitz sobre o ressurgimento recente
da partilha de colheitas no Sul.
[12]
Não foi Oliver E. Williamson que nos ensinou a todos que qualquer
"contrato privado" resultante de transacções
inter-individuais é necessariamente racional e eficiente em cada
período histórico?
[13]
Como podemos então surpreender-nos ao vê-lo reclamar a
paternidade e validade das "reformas institucionais" do Consenso de
Washington? Na verdade, o que os teóricos neoclássicos nos
apresentam como progressos não são nada mais do que
regressões intelectuais, evoluções de uma ciência
cada vez mais parecida com a ficção científica.
Devem ser compreendida a função ideológica das teorias
neoclássicas
[14]
Elas conferem um verniz científico ás políticas
neoliberais. E não é de forma alguma um acaso o sincronismo
entre o que a teoria preconiza e o que o neoliberalismo pratica: colocando o
estado ao serviço do capital privado e, em boa verdade, tudo aquilo que
uma vez foi bem público na calha da privatização. Tudo
deve ser "mercantilizado," incluindo a produção do
conhecimento ou a educação. E não é tanto o caso de
ao estado não lhe ser permitido imiscuir-se neste ponto,
não podia ser maior a distância que separa os neoclássicos
da velha escola anti-estatal ou mesmo das posições
libertárias de economistas tais como Friedrich Hayek. De facto, ao
estado cabe apenas o papel de garante da hegemonia do capital privado e
transnacional. Qualquer dissimulação de objectividade por parte
dos teóricos neoclássicos terá sido entretanto
desmascarada quando os prémios Nobel da economia Milton Friedman, Gary
Becker e Robert Lucas vieram juntos a público para "apoiar
entusiasticamente o programa económico de George W. Bush".
A CRISE DO NEOLIBERALISMO
As políticas neoliberais têm vindo a ser empregues vai para mais
de três décadas na gestão da crise capitalista. Muito tem
sido oferecido aos detentores do grande capital, isto é, à alta
finança e em particular à dos Estados Unidos, na forma de
oportunidades de investimento especulativo. De forma a compensar a
ausência de canais de investimento para os lucros fenomenais conseguidos
através da exploração dos trabalhadores, camponeses e
população em geral, as políticas neoliberais procuram
desimpedir esses canais por forma a evitar uma desvalorização do
capital. Estas políticas têm sido prejudiciais para a grande
maioria da humanidade. Em particular, o Sul globalizado tem sofrido os
pagamentos odiosos da dívida, a fuga do capital e o repatriamento dos
lucros provenientes do investimento estrangeiro. O neoliberalismo não
é um modelo de desenvolvimento; é antes a estratégia
colocada em prática pela alta finança por forma a espoliar o Sul
enquanto acumula lentamente capital a Norte. Apesar da sua falência em
todas as áreas (e por implicação, o equívoco de
toda uma legião de especialistas
[15]
), continua a ser aplicada de forma unilateral e antidemocrática.
Entretanto, as desigualdades a nível intra e internacional explodem.
Até mesmo os mecanismos de regulação do capitalismo global
encontram-se em crise. A militarização é hoje a
característica fundamental do poder da finança global sob a
égide da hegemonia norte-americana. É significativo neste aspecto
não tanto o aumento do "peso militar" percentagem do
PIB relativamente ás despesas militares mas antes a
disseminação agressiva de bases militares norte-americanas por
esse mundo fora, assim como a crescente presença de
corporações transnacionais no interior do complexo industrial e
militar. O nome correcto para a globalização é
imperialismo, e um imperialismo cada vez mais visivelmente imposto pela via da
força. Já as finanças encontram-se em pé de guerra
contra quem quer que ensaie processos de desenvolvimento autónomo ou
declare sequer intenções nesse sentido, e é essa a
lógica basilar que relaciona guerras imperialistas à alta
finança. No Iraque por exemplo, existem sem dúvida desejos do
capital em controlar o petróleo. Mas há uma realidade mais
decisiva: o que está em causa e o que faz esta ou outras guerras
essenciais para a alta finança é a reprodução das
condições que permitam ao capital manter-se ou mesmo expandir-se
ainda mais. A classe capitalista já não consegue garantir o poder
que detém de outra forma senão através da guerra. E
é interessante observar como os economistas neoclássicos se
empenham de corpo e alma na elaboração de uma ciência
económica da defesa, contudo os seus esforços não tiveram
êxito. A razão deste fracasso é a incapacidade da economia
neoclássica para lidar com o conflito, um elemento incontornável
em qualquer análise sobre a guerra!
DA GUERRA CONTRA A POBREZA À GUERRA CONTRA OS POBRES
A prossecução de políticas neoliberais tem vindo a
tornar-se cada vez mais uma guerra contra os pobres, mesmo sendo uma das suas
bases ideológicas a intenção de reduzir essa mesma
pobreza. Nesta guerra, a maioria dos economistas dispensa-se do esforço
de propor alternativas aos vastos desdobramentos do neoliberalismo, nem mesmo
aqueles que são habitualmente retratados como especialmente
sensíveis aos aspectos sociais do desenvolvimento ou aqueloutros
tidos como críticos do neoliberalismo, tais como Joseph Stiglitz e
Amartya Sen. Em boa verdade, os criticismos erguidos pelos "grandes"
economistas (galardoados com o Prémio Nobel em ciências
económicas, atribuído pelo Banco da Suécia) são
engenhosos, particularmente no que toca aos assuntos abordados pelos Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Thomas
Schelling, laureado Nobel pelas suas "descobertas" relativas à
teoria dos jogos (sem esquecer que, enquanto funcionário da Rand
Corporation, o seu trabalho influenciou Robert McNamara aquando das suas
decisões durante a escalada da violência no Vietname), fez parte
do "grupo de peritos" do "Consenso de Copenhaga"
instituído em 2003 para avaliar os Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio. (o chamado "Consenso de Copenhaga" foi convocado pelo
anti-ambientalista Bjørn Lomborg, autor do conhecido livro
The Skeptical Environmentalist
com o apoio do Instituto Nacional Dinamarquês para a
Avaliação do Ambiente). Schelling recomendava então os
seguintes pontos: (1) corte nas prioridades das Nações Unidas
relativamente à redução dos gases de estufa (já
anteriormente havia apoiado a rejeição do Protocolo de Quioto
pelos Estados Unidos); (2) maior promoção por parte das
Nações Unidas no que respeita à
liberalização do comércio; (3) uma maior
protecção das patentes da Sida detidas pelas
corporações; (4) promoção dos organismos
geneticamente modificados com o pretexto da luta contra a
desnutrição.
Não é difícil ter Schelling como excepcional nas suas
perspectivas, sobretudo quando comparado com outros economistas igualmente
agraciados com o Prémio Nobel. Mas dificilmente será este o caso.
Fogel (galardoado com o Prémio Nobel em 1993), cujas
interpretações da escravatura nos Estados Unidos mais não
fazem do que racionalizá-la como um tipo de relação de
livre escolha entre escravo e senhor! Também Fogel fez parte do Consenso
de Copenhaga e não foram muito diferentes das de Schelling as
exortações que fez nessa ocasião a
liberalização do comércio no topo das prioridades e a
desnutrição, a fome assim como o combate contra o aquecimento
global na base dos problemas considerados por ele prioritários.
[16]
E como poderíamos nós esquecer Milton Friedman (Prémio
Nobel em 1976), convencido de que a intervenção do estado para
além dos serviços de educação providenciados pelo
mercado "não é necessária", que a acontecer tal
intervenção teríamos um sistema bem pior do que aquele que
se teria desenvolvido caso o mercado tivesse desempenhado um papel mais
saliente. Ou Hayek (Prémio Nobel em 1974), cujas posições
são por demais conhecidas e não carecem aqui de
explicação. Gary Becker (Prémio Nobel em 1992), que
declarou um dia que as diligências dos "Rapazes de Chicago"
[economistas da Universidade de Chicago] para com o General Pinochet
terão sido "uma das melhores coisas que alguma vez aconteceram ao
Chile."
[17]
Sendo como era uma das fontes de inspiração da Universidade de
Chicago, terá ainda demonstrado o seu apreço quando afirmou que
estava "orgulhoso da mais do que merecida glória dos seus
discípulos". No mesmo espírito, Robert Barro (promissor
Prémio Nobel) escreve sobre a actual performance económica
positiva do Chile, afirmando que tal deve-se sem sombra de dúvidas
ás reformas neoliberais implementadas por Pinochet em 19731989,
visto que ninguém fez mais do que ele para demonstrar a
"superioridade" do capitalismo em relação ao socialismo.
OS 'GRANDES ECONOMISTAS' MAIS BRANDOS E GENEROSOS
A ideologia reaccionária de alguns dos "grandes" economistas
é relativamente bem conhecida e foi já muitas vezes denunciada.
Mas os argumentos intrinsecamente pró-neoliberais dos mais moderados de
entre os galardoados com o Prémio Nobel, tidos não raras vezes
como críticos do sistema, como Stiglitz e Sen por exemplo, provocam
menos olhares críticos. Estes dois autores da moda sabem muito bem como
"surfar" na onda dos protestos contra o neoliberalismo selvagem assim
como sobre a necessidade de uma regulação de mercado que promova
um capitalismo com "uma face humana". É contudo um
sério equívoco este, visto que nenhum deles alguma vez recomenda
o restabelecimento do estado-providência
(wellfare state),
a modificação da estrutura de propriedade a favor do sector
público, a aplicação de uma política de
redistribuição dos recursos, ou a promoção dos
serviços públicos muito menos a argumentação
a favor de um desenvolvimento planeado e conduzido pelo próprio estado.
Muito embora algumas nuances e subtilezas, os seus argumentos sempre
pressupõem a enunciação de que o estado deve submeter-se
às forças dominantes do capital global e mesmo auxiliar no seu
processo de acumulação.
Stiglitz (Prémio Nobel em 2000) era ainda economista-chefe no Banco
Mundial quando o relatório de 1998-99 sobre "O conhecimento para o
Desenvolvimento"
[19]
foi publicado. Este relatório ensina-nos o que significa
"cooperação" entre o sector privado e as áreas
da informação e telecomunicações:
privatização, desmantelamento da investigação
pública (incluindo a transformação de institutos de
investigação em sociedades anónimas) e
mercantilização da educação (até mesmo no
auxílio aos pobres no
pagamento
dos seus estudos). Harmoniza toda uma série de relatórios a
favor das transnacionais publicados previamente pelo Banco Mundial sobre o
ambiente, infraestrutura, saúde ou dividendos de paz: protegendo-as
contra qualquer risco de nacionalização; providenciando ás
transnacionais a possibilidade de acumulação de capital
através da construção de infraestruturas com dinheiros
públicos; promovendo a exploração dos recursos florestais
para a exportação; no corte das despesas públicas e nos
programas sociais; ou a abertura de apetecíveis mercados de escoamento
para os complexos militares e industriais (não sem antes aconselhar o
desarmamento por forma a continuar o financiamento da dívida do terceiro
mundo).
Sen (Prémio Nobel em 2004) é tradicionalmente apresentado como
uma "voz alternativa" na luta contra a pobreza. As suas
análises concentram-se na escassez de recursos dos mais pobres (em
particular, capital humano), situação que não lhes permite
superar a sua penúria através da participação
activa nos mercados. As ideias de Sen têm influenciado consideravelmente
as organizações internacionais empenhadas no desenvolvimento
humano. O seu pensamento é contudo e em larga medida, uma cópia
perfeitamente compatível da teoria neoclássica (incluindo a
teoria do equilíbrio geral e o seu individualismo metódico). E as
propostas que advoga nas suas palestras eticamente "pluralistas"
não raras vezes bastante confusas aproximam-no da
multidão em favor da boa governação do Banco Mundial e do
FMI. Obcecado pelo indivíduo solitário e as suas oportunidades (e
capacidades) de escolha, a redistribuição de recursos entre
grupos sociais é quase sistematicamente esquecida por Sen, e em
particular a questão da desigualdade na distribuição do
capital. Tal como Stiglitz e muitos outros (de Krugman a Jeffrey Sachs), Sen
perde-se na fantasia da escolha livre e individual dos agentes. Não
estamos longe do conceito ideológico de "democracia" baseado
na simples escolha individual, dissimulando os efeitos da
dominação de classe e/ou subjugação nacional, assim
como as relações de força entre exploradores e oprimidos
isto é, as contradições essenciais presentes no
capitalismo desde a sua própria origem.
Actualmente, o domínio da economia neoclássica sobre a teoria do
desenvolvimento está a par com aqueloutro do poder financeiro neoliberal
sobre as políticas de desenvolvimento. Isto não significa que
todos os neoclássicos sejam neoliberais. Uma das complexidades do
momento actual advém precisamente da esquizofrenia de um certo
número de economistas, neoclássicos no escritório mas
pseudo-populistas durante o fim-de-semana. Significa tão somente que
existem complementaridades importantes entre as duas formas de
dominação ideológica, interdependentes entre si e
reforçando-se mutuamente. É assim que, na minha opinião,
não são apenas a ausência de uma base cientifica ou a
existência de inconsistências lógicas que desqualificam
estas abordagens, mas antes o papel ideológico e o projecto anti-social
sustentado pelas metodologias empregues ou as conclusões aportadas, em
tudo aquilo que autorizam ao capital mundial.
Aos autores heterodoxos não lhes é mais permitido o luxo de se
perderem em polémicas inúteis, reproduzindo divisões
antigas. Em qualquer dos casos, a solução não passa pela
elaboração de novas "sínteses", nem
tão-pouco na submissão ao impulso neoclássico dominante,
não será certamente assim que os autores heterodoxos
conseguirão mobilizar forças para reconstruir uma alternativa
genuinamente crítica. Hoje, mais do que nunca, a questão
subsiste: Como poderemos nós superar os erros do passado por forma a
edificar um projecto de desenvolvimento autêntico, numa alternativa
pós-capitalista uma alternativa social, ou melhor, socialista?
É esta a questão que tem animado desde o início as
heterodoxias empenhadas na economia do desenvolvimento.
Notas
1- Paul Krugman, "The Fall and Rise of Development Economics" (1993),
http://www.wws.princeton.edu/pkrugman/dishpan.html.
2- Paul Krugman, "Increasing Returns and Economic Geography,"
National Bureau of Economics Research Working Papers 3275 (Cambridge,
Massachusetts, 1990).
3- A partir de CEPAL, acrónimo para Comisión Económica
para América Latina y el Caribe.
4- Rémy Herrera, "Good Governance against Good Government,"
Report for the 60th Session of the UN Commission of Human Rights,
E/CN.4/2004/NGO/124 (Geneva, July 2004).
5- Fundo Monetário Internacional,
Good Governance: The IMF Role
(Washington D.C.: International Monetary Fund, 2003).
6- Alan P. Kirman, "The Intrinsic Limits of Modern Economic Theory: The
Emperor Has No Clothes,"
Economic Journal
99, no. 395, (1998).
7- George A. Akerlof, "The Economics of Caste and of the Rat Race and
Other Woeful Tales,"
Quarterly Journal of Economics
90, no. 4 (November 1976).
8- Oliver E. Williamson,
Markets and Hierarchies
(New York: Free Press, MacMillan, 1975).
9- Hugo F. Sonnenschein, "Do Walras' Identity and Continuity Characterize
a Class of Community Excess Demand Functions?,"
Journal of Economic Theory
6 (1973).
10- Para um exemplo de teoria do ciclo de negócios real ver Finn E.
Kydland and Edward C. Prescott 1982 (2004 Nobel prize-winners).
11- O senhor providenciaria bens públicos para os quais não
existe qualquer mercado (por exemplo, a defesa) e, em contrapartida, a
remuneração pelos seus serviços assumiria formas
institucionais adequadas (servidão, "contrato
implícito") por forma a prevenir comportamentos
"free-riding" no interesse dos seus subordinados.
12- Um contrato de partilha de colheitas racional e eficiente seria aquele em
cujos termos o proprietário veria assegurado um equilíbrio entre
os riscos da insegurança associados ás flutuações
das receitas provenientes da terra e os incentivos ao trabalho dos seus
cooperantes. Ver Joseph Stiglitz, "Incentives and Risk Sharing in
Sharecropping",
Review of Economic Studies
41 (1974).
13- Oliver E. Williamson,
Markets and Hierarchies
(New York: Free Press, MacMillan, 1975).
14- Rémy Herrera, "The Hidden Face of Endogenous Growth Theory:
Analytical and Ideological Perspectives in the Era of Neoliberal
Globalization,"
Review of Radical Political Economics
38, no. 2 (2006).
15- A título de exemplo ver Jeffrey Sachs,
The End of Poverty
(London: Penguin Press, 2005).
16- Bjørn Lomborg, ed.,
Global Crises, Global Solutions
(Cambridge: Cambridge University Press, 2004).
17- Gary S. Becker, "Latin America Owes a Lot to Its 'Chicago Boys,'"
Business Week
(June 9, 1997).
18- Robert J. Barro,
Nothing Is Sacred
(Cambridge: MIT Press, 2002).
19- World Bank,
World Development Report 199899
(Washington D.C.: World Bank, 1999).
[*]
Investigador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS),
França. Leciona na Universidade de Paris 1 Panthéon, Sorbonne.
Coordenador do World Forum for Alternatives.
O original encontra-se em
http://www.monthlyreview.org/0506herrera.htm
.
Tradução de NP.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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