A explosão da dívida e a especulação
Estagnação e finanças
Numa série de artigos na
Monthly Review
e em livros da Monthly Review Press durante as décadas de 1970 e 1980,
Harry Magdoff e Paul Sweezy propuseram que a tendência económica
geral do capitalismo maduro é para a estagnação.
[1]
A causa primária desta tendência é a escassez de
oportunidades de investimento lucrativo. Menos investimento na economia
produtiva (a "economia real") significa crescimento futuro mais
baixo. Marx escreveu acerca da possibilidade deste fenómeno extremo:
Se esta nova acumulação tropeça com dificuldades na sua
aplicação, devido a uma falta de esferas de investimento, i.e.,
devido a um excedente nos ramos de produção e a um excesso de
oferta de capital de empréstimo, esta plétora de capital dinheiro
emprestável mostra simplesmente as limitações da
produção capitalista ... um obstáculo que na verdade
é imanente às suas leis de expansão, i.e., nos limites nos
quais o capital pode realizar-se como capital. (Karl Marx,
Capital,
vol. 3,
[International Publishers], 507)
A estagnação, naturalmente, não significa que não
haja crescimento de todo. Significa antes que a economia funciona bem abaixo
do seu potencial com apreciável capacidade produtiva não
utilizada e desemprego significativo e subemprego. Ao longo dos últimos
trinta anos uma média de 81 por cento da capacidade industrial foi
utilizada, e durante os últimos cinco anos esta média foi apenas
de 77 por cento. Normalmente há significativa capacidade produtiva
não utilizada mesmo na fase de recuperação do ciclo de
negócios. Durante os prolongados anos de boom da década de 1960
o sector manufactureiro estava a produzir próximo aos 85 por cento da
sua capacidade; mesmo no melhor ano, 1966 (durante a Guerra do Vietnam), a
produção manufactureira atingiu apenas 91 por cento da sua
capacidade.
Em relação à utilização do trabalho, a taxa
oficial de desemprego em Julho de 2006 manteve-se a um nível
relativamente baixo de 4,8 por cento. Entretanto, a "medida alternativa
da utilização do trabalho" do Bureau of Labor Statistics
a qual inclui, além dos "oficialmente" desempregados,
uma avaliação daqueles que desesperaram de procurar trabalho,
mais aqueles que trabalham a tempo parcial mas desejam emprego a tempo inteiro
mostra que uns 8 por cento da força de trabalho potencial
está subempregada ou desempregada. Mesmo isto parece ser uma
subestimação dada a diminuição da
participação da força de trabalho sob a economia estagnada
conduzida financeiramente. Apesar da categoria dos "trabalhadores
marginalmente ligados" na medida alternativa do desemprego, as
metodologias existentes não apreendem plenamente a porção
daqueles que abandonaram ostensivamente a força de trabalho mas que
estão realmente desejosos de empregos. No actual período tal
desencorajamento profundo e crónico a forçar trabalhadores
potenciais para fora do mercado de trabalho parece estar a continuar apesar da
melhoria no ciclo de negócios. As taxas de participação
do trabalho têm assim declinado desde 2000 um fenómeno que
é quase sem precedentes no período pós-Segunda Guerra
Mundial e tem provocado muito controvérsia.
[2]
Na verdade, o ganho médio no emprego real desde o fim da última
recessão tem sido extremamente lerdo. Como destaca o redactor de
assuntos económicos Floyd Norris, "Neste ponto, após as
anteriores nove recessões, havia uma média de mais 11,9 por cento
de emprego na economia do que tem acontecido no fim desta recessão. Mas
até então [Agosto de 2006] ... há apenas 3,5 por cento
mais empregos do que no fim da última recessão" (
New York Times,
02/Setembro/2006). Portanto, já há três anos dentro de
uma recuperação de uma recessão relativamente suave, ainda
temos significativos indicadores de estagnação.
As economia capitalistas baseiam-se no motivo do lucro e da
acumulação infindável de capital. Por conseguinte, os
problemas acontecem sempre que elas não se expandem a taxas de
crescimento razoavelmente elevadas. Tais problemas vão desde o alto
desemprego/subemprego, a recessões frequentes, a crashes nas bolsas de
valores, à inflação e à deflação. Um
certo número de mecanismos, os quais são avaliados sumariamente
abaixo, tem servido tanto para contrabalançar como para representar
tentativas de ultrapassar a tendência do capitalismo maduro rumo à
estagnação. Contudo, como Magdoff e Sweezy destacaram: "A
tendência à estagnação é inerente ao sistema,
profundamente enraizada e em operação contínua. As
contra-tendências, por outro lado, são variadas, intermitentes, e
(o mais importante), auto-limitadoras" (Stagnation and the Financial
Explosion, Monthly Review Press, 1987, 24).
Imperialismo, globalização e estagnação
Quando indústrias maduras e os seus produtos saturam mercados internos
as corporações à procura de escapatórias lucrativas
para as suas mercadorias e o seu capital tentam cada vez mais exportar produtos
e investir no exterior. Isto, juntamente com outros objectivos importantes
tais como controlar fontes de matérias-primas necessárias
para a produção e aproveitar-se de baixos salários e
padrões ambientais e de segurança do trabalho laxistas
aumenta o impulso imperialista que constitui uma característica
essencial do capitalismo. A globalização neoliberal é a
mais recente manifestação do capitalismo: o capital (grandes
corporações, tanto financeiras como não financeiras)
utilizando governos, e especialmente a liderança do governo americano,
para tornar mais fácil explorar os recursos e os povos do mundo. A
situação ideal para os capitalistas é serem capazes de
investir e vender onde e quando eles quiserem, moverem o dinheiro e os produtos
para dentro e para fora de países e repatriarem lucros à vontade.
Este impulso imperial resultante do funcionamento natural de uma economia
capitalista proporciona escapatórias lucrativas que podem não
estar disponíveis no seu país de origem, bem como lucratividade
acrescida em casa, através do controle dos mercados para as
matérias-primas necessárias às indústrias. Para
dar uma ideia da importância dos lucros dos investimentos no exterior no
total da economia dos EUA, isto representou cerca de 6 por cento dos lucros
totais de negócios na década de 1960, 11 por cento na
década de 1970, 15 a 16 por cento nas de 1980 e 1990, e atingiu uma
média de 18 por cento nos período de cinco anos 2000-04
(calculado a partir do 2006 Economic Report of the President, table B91).
É verdade que o investimento na periferia criou novas saídas para
o capital à procura de investimento. Contudo, por uma variedade de
razões, tais como a competição mundial por mercados, a
estagnação global (evidente no crescimento do excesso de
capacidade a nível mundial), e o excedente em ascensão obtido com
a exploração de mercados do terceiro mundo, os quais somam-se ao
capital à procura de saídas, tal expansão externa
não aliviou seriamente a tendência rumo a uma
super-acumulação de capital nem nos EUA nem à escala
mundial.
Invenções chave e tecnologias como estímulos
económicos
Invenções chave e tecnologia por vezes estimularam
significativamente a economia, algumas vezes durante décadas. A
invenção do automóvel, por exemplo, no princípio do
século XX levou finalmente a enormes desenvolvimentos que transformaram
a economia americana, mesmo para além da massa de proprietários
de automóveis: a construção de uma extenso sistema de
estradas, pontes e túneis; a necessidade de uma rede de
estações de gasolina, restaurantes, peças sobressalentes e
oficinas de reparação; o movimento eficiente e barato de bens de
qualquer localização para qualquer outra
localização. Outro dos efeitos profundos das
generalização do uso pessoal do automóvel foi o aumento da
suburbanização da habitação. Do lado negativo, o
automóvel virtualmente eliminou grande parte do transporte
público de superfície, urbano e interurbano, criou uma vasta nova
fonte de poluição (e de dióxido de carbono), e na segunda
metade do século XX obrigou a política externa dos EUA a
assegurar que o petróleo e o gás continuassem a fluir para
alimentar tais desenvolvimentos.
Portanto, a tecnologia do automóvel estimulou a economia durante
décadas do século XX e de numerosas maneiras. As novas
tecnologias
da informação (computadores, software, a Internet), ainda que
certamente mudando o modo como as companhias e os indivíduos trabalham,
não parecem estar a proporcionar uma criação de
época semelhante, estímulos económicos a longo prazo,
embora a "revolução do silício" tenha tido importantes
consequências económicas.
Crescimento dos gastos governamentais como reacção à
estagnação
Os gastos governamentais em infraestrutura física e humana, como
assinalou Keynes, também podem alimentar a economia: o sistema de
rodovias inter-estadual, por exemplo, reforçou directamente a economia
ao criar empregos e indirectamente ao tornar a produção e as
vendas mais eficientes. Contudo, dispêndios militares tem um efeito
estimulante especial. Como formulou Harry Magdoff,
Uma economia de mercado em expansão sustentável precisa de
investimento activo bem como muita procura do consumidor. Agora a parte bela
do militarismo para os grupos de interesse é que ele estimula a apoia o
investimento em bens de capital bem como na investigação e
desenvolvimento de produtos para criar novas indústrias. As encomendas
militares fazem diferenças significativas e por vezes decisiva na
construção naval, nas indústrias de máquinas
ferramentas e outras maquinarias, na de equipamento de
comunicação, e muito mais ... A explosão de encomendas de
material de guerra ajudou e confortou as indústrias de bens de
investimento. (Ainda em 1985, os militares compraram 66 por cento das
manufacturas da indústria aeronáutica, 93 por cento da
construção naval, e 50 por cento do equipamento de
comunicação.) Os gastos com a Guerra da Coreia foram uma
importante alavanca para a Alemanha e o Japão ascenderem dos seus
escombros. Novos estímulos às suas economias vieram dos gastos
externos dos EUA com a Guerra Vietnamita. ("A Letter to a Contributor:
The Same Old State
",
Monthly Review,
Janeiro/1998)
O ascenso das indústrias com base no silício e na Internet são
dois exemplos relativamente recentes de como projectos militares "criam
novas indústrias". Além disso, guerras reais tais como as
guerras americanas contra o Iraque e o Afeganistão (e o abastecimento de
Israel para executar a sua mais recente guerra no Líbano) estimula a
economia ao exigir a substituição do equipamento que se desgasta
rapidamente sob condições de batalha, bem como os gastos com
mísseis, projécteis, bombas, etc.
Para se ter uma ideia de quão importantes são as despesas
militares para a economia dos Estados Unidos, vamos examinar como eles se
comparam com as despesas para finalidades de investimento. A categoria
investimento privado bruto inclui todo investimento em estruturas de
negócios (fábricas, lojas, centrais eléctricas, etc),
equipamento de negócios e software, e construção de
casas/apartamentos. Este investimento provoca crescimento actual e futuro na
economia pois as estruturas e a maquinaria podem ser utilizadas por muitos
anos. Também estimulam a economia: pessoas a comprarem ou alugarem
novas residências muitas vezes compram novos electrodomésticos e
mobiliário.
Durante os cinco anos anteriores às guerras no Afeganistão e no
Iraque (até 2000), as despesas militares relativas ao investimento
estavam no ponto mais baixo do último quarto de século, mas ainda
equivaliam a aproximadamente um quarto do investimento privado bruto e um
terço do investimento de negócios (calculado a partir das
National Income and Product Accounts, table 1.1.5). Durante os últimos
cinco anos, com as guerra em pleno andamento, houve um crescimento
significativo nas despesas militares. O boom de construção civil
durante o mesmo período significou que as despesas militares oficiais
para 2001-05 foram em média 28 por cento do investimento privado bruto
não muito diferente do período anterior. Contudo, quando
a construção habitacional é omitida, as despesas militares
durante os últimos cinco anos foram equivalente a 42 por cento do
investimento privado bruto não habitacional.
[3]
A taxa de aumentos anuais nas despesas do consumidor caem um pouco com
recessões e aumentam quando a economia recupera mas ainda assim
aumentos de um ano para o outro. Contudo, as mudanças bruscas no
investimento privado são o que determina o ciclo de negócios
períodos de crescimento relativamente alto a alternarem-se com
períodos de crescimento muito lento ou negativo. Na ausência do
enorme orçamento militar, um enorme seria necessário um enorme
aumento no investimento privado para impedir a economia de cair dentro de uma
recessão profunda. Mesmo com os recentes aumentos agudos nas despesas
militares e no crescimento da construção privada de
habitação, a falta de crescimento rápido no investimento
em negócios conduziu a uma economia entorpecida.
O papel da dívida no estímulo ao crescimento económico
A criação de dívida tanto nos sectores governamentais como
privado também estimula a economia. O dispêndio
deficitário pelo governo é uma das respostas keynesianas para
recessões, pondo novos dólares em circulação
para criar "procura". (A experiência dos Estados Unidos
durante a Grande Depressão bem como o exemplo recente do Japão
indicam que o dispêndio deficitário keynesiano por si
próprio não resolve problemas dos ciclos económicos mais
severos. Não foi o keynesianismo e sim a Segunda Guerra
Mundial que catapultou a economia americana para fora da Grande
Depressão.) Da mesma forma, quando um banco empresta dinheiro a uma
companhia para expandir as suas operações ou a um
indivíduos para comprar uma casa ou um carro, verifica-se mais
actividade na economia do que ocorreria de outra forma.
Contudo, há diferenças entre empréstimo ao consumidor e
à empresa. Quando as pessoas tomam emprestado para comprar bens de
consumo, a própria compra proporciona um estímulo imediato.
Aqueles que fabricam e transportam e vendem os bens obtêm dinheiro que
pode utilizar, e habitualmente fazem-no imediatamente. Aqui pode haver mesmo
um pequeno efeito propagador na economia. Entretanto, quando
corporações emprestam para construir mais fábricas,
comprar maquinaria durável, ou começar um
negócio nos serviços, o efeito do dispêndio do dinheiro
emprestado continua durante anos pois a actividade económica é
expandida e são criados empregos.
Marx exprimiu a acumulação de capital através do
investimento como DMD´. O D(inheiro) capital é
utilizada para comprar matérias-primas, máquinas e trabalho para
produzir M(ercadorias), as quais são então vendidas, com o
capitalista a receber em retorno D' o dinheiro original mais Äd, o
valor excedente produzido pelo trabalho. No circuito financeiro do capital, em
contraste, o dinheiro faz mais dinheiro directamente, representado por Marc
como DD'. Embora sob certos aspectos seja uma
simplificação, numa época em que era perfeitamente
razoável pensar os bancos basicamente a emprestarem fundos que
haviam sido depositados pelo público. Eles arrecadam o juro e o
principal daqueles que assumiram dívidas e pagam uma parte aos
depositantes. Contudo, os bancos de hoje tornaram-se eles próprios
tomadores maciços de empréstimos. Instituições
financeiras de todos os tipos agora acumulam enormes quantidades de
dívidas pois eles tentam fazer dinheiro com dinheiro emprestado. Esta
dívida tomada pelas instituições financeiras para a
finalidade da especulação tem pouco ou nenhum efeito estimulantes
sobre a produção. Poucas pessoas são
empregadas no processo da especulação (digamos, por cada mil
milhões de dólares emprestado e com eles especulado) em
comparação com outras utilizações mais produtivas
para aquele capital. Os lucros resultantes destas transações
financiadas pela dívida raramente são convertidos em
investimentos em fábricas ou firmas do sector de serviços que
criam empregos. Ao invés disso, tais lucros especulativos são
normalmente utilizados para gerar ainda mais lucros através de
vários outros esquemas de especulação, ou para a alta vida
pelos ricos. Em consequência, a estagnação no emprego nos
últimos anos tem avançado de mãos dadas com uma nova
opulência entre os principais beneficiários da expansão
financeira.
A explosão da dívida
A rápida expansão da dívida na economia estadunidense
muito maior do que a expansão da actividade económica (tal
como medida pelo acréscimo do Produto Interno Bruto, ou PIB) foi
descrita dramaticamente por Magdoff e Sweezy na sua introdução
à
Stagnation and the Financial Explosion.
Entretanto, verifica-se que o que eles observaram entre o princípio e
os meados da década de 1980 era apenas um primeiro presságio do
que viria a ser uma irrupção sem precedentes da dívida na
economia (ver gráfico 1).
[4]
A divergência entre o crescimento da dívida activa
(outstanding debt)
na economia e o crescimento económico que lhe subjaz é
verdadeiramente espantosa. Na década de 1970 a dívida activa era
cerca de 1,5 vezes a dimensão da actividades económica anual do
país (PIB). Em 1985, era o dobro do PIB. Em 2005, a dívida
total dos EUA era quase 3,5 vezes o PIB do país (ver gráfico 2),
e não longe dos US$ 44 milhões de milhões de PIB do
mundo todo.
A dívida total nos Estados Unidos é composta pela dívida
possuída pelas famílias, pelo governo (local, estadual e
federal), pelos negócios não financeiros e pelas
instituições financeiras. Enquanto tem havido um crescimento
quase contínuo da dívida desde o fim da década de 1970,
houve explosões de crescimento da dívida em relação
ao PIB no período 1981-88 (quando Magdoff e Sweezy publicaram
muitos artigos sobre o assunto), e mais uma vez em 1997-2005. Na década
de 1980, os sectores com os maiores aumentos de dívida em
relação ao PIB foram instituições financeiras, cuja
dívida cresceu de 22 para 42 por cento do PIB em 1981-88, e o governo,
cuja dívida cresceu de 44 para 69 por cento do PIB no mesmo
período. Durante a segunda explosão de endividamento, 1997-2005,
o negócio financeiro da dívida cresceu ainda mais em porcentagem
do PIB, explodindo dos 66 por cento para mais de 100 por cento do PIB. Durante
este segundo período o endividamento familiar também disparou, de
67 para 92 por cento do PIB, em grande medida devido ao refinanciamento de
casas durante o boom habitacional, e endividamento acrescido por cartões
de crédito. A dívida de companhias não financeira
continua a crescer rapidamente. Segundo o
Wall Street Journal,
"Corporações estão a tomar dinheiro emprestado ao
ritmo mais rápido em vários anos e em meio a uma onda de compras
alavancadas de participações accionárias
(leveraged buy-outs)
e aquisições, despesas de capital ascendentes e pressão
de accionistas por maiores dividendos e retrocompras partilhadas
(share buybacks)
... Companhias não financeiras viram a sua dívida ascender 6,3%
nos 12 meses que terminaram no primeiro trimestre, para US$ 5,5 milhões
de milhões. Isto é o mais rápido crescimento anual de
dívida em cinco anos. Em 2005, a dívida aumentou a uma
média de 12 meses aos ritmo de 5,1%, ao passo que em 2004 o crescimento
da dívida fora de 2,7%..." (17/Agosto/2006).
Entretanto, não são apenas as corporações
não financeiras entre as corporações de hoje que têm
experimentado esta explosão financeira. Elas têm sido
ultrapassadas nos últimos anos pelas suas equivalentes financeiras.
Não só a dívida explodiu em números absolutos, e
crescido de forma tão dramática em relação ao
crescimento da economia do país, como a sua composição
mudou consideravelmente. O endividamento do sector financeiro, o qual
representava cerca de 10 por cento do total da dívida americana no
princípio da década de 1970, ascendeu e agora está
próxima a um terço do total (gráfico 3). A
"fatia" de dívida dos negócios não
financeiros e do governo diminuiu bastante dramaticamente ao longo do mesmo
período, aos passo que a dívida do consumidor permaneceu
aproximadamente na mesma proporção da dívida total
existente no período da crise económica dos meados da
década de 1970.
À medida que a dívida total cresce cada vez mais, ela parece
estar a ter menos efeitos estimulantes sobre a economia. Há poucas
passagens em que as teses de Magdoff e Sweezy de que nas
economias capitalistas maduras há uma tendência implacável
para a estagnação estejam mais confirmadas do que nas
estatísticas que se seguiram.
Embora não haja relacionamento exacto entre criação de
dívida e crescimento económico, na década de 1970 o
aumento no PIB era cerca de 60 centavos por cada dólar acrescido de
endividamento. No princípio de 2000 esta proporção havia
diminuído e aproximava-se dos 20 centavos de crescimento de PIB por
cada dólar adicional de endividamento.
A dívida, como vimos, pode ser utilizada para toda a espécie de
coisas algumas estimulam muito a economia e têm um efeito que
perdura de forma duradoura (investimento em novos negócios ou
expansão de negócios já existentes), outras tem um efeito
moderado e relativamente a curto prazo sobre a economia (famílias a
tomarem empréstimos sobre os seus lares ou recorrerem ao endividamento
por cartão de crédito para comprar produtos de consumo), e
algumas outras têm pouco ou essencialmente nenhum efeito sobre a economia
(especulação financeira). A mudança na
composição da dívida, com a dívida financeira agora
maior do que qualquer outro componente único e a crescer mais
rápido do que todo o resto (uma mudança do D-M-D' para D-D') pode
explicar grande parte do reduzido estímulo da economia com a
expansão da dívida. Claramente, de qualquer forma, a
tendência rumo à estagnação e a necessidade
do capital de procurar "investimentos" na especulação
ao invés das actividades produtivas devido àquela
estagnação marca a era presente.
Parece evidente que há limites tanto a curto prazo como a longo prazo
para a ascensão do rácio dívida/PIB. Não só
são inevitáveis os periódicos "sufocamentos de
crédito"
("credit crunches")
da espécie que tem sacudido o sistema financeiro de tempos em tempos
nas últimas décadas, como também um grande colapso
(meltdown)
financeiro de uma espécie que o sistema pode absorver muito menos
facilmente é cada vez mais provável a longo prazo, à
medida que as explosões financeiras continuam. Como disse o antigo
presidente da Reserva Federal, Alan Greenspan, ao Congresso em Junho de 2005:
"Penso que aprendemos desde muito cedo na história económica
que dívida em quantidades modestas expande a taxa de crescimento de uma
economia e cria padrões de vida mais elevados, mas em excesso cria
problemas muito sérios". O economista chefe do MBG Information
Services, Charles W. McMillion, foi mais directo "A crescente
dependência da economia sobre nível de endividamento sem
precedentes é claramente insustentável e extremamente perturbante
... As únicas questões sérias são quando e como os
actuais desequilíbrios serão corrigidos e quais serão as
consequências" (
Washington Post,
23/Janeiro/2006).
Não há, naturalmente, qualquer forma de prever o nível em
que demasiada dívida possa provocar uma crise profunda e prolongada.
Bolhas nos mercados romperam-se em 1987 e 2000 sem desacelerar este processo de
explosão da dívida, excepto temporariamente. Por quanto tempo
isto possa perdurar sem uma calamidade muito maior que atinja o núcleo
do sistema é algo que ninguém sabe mas assumir que
continuará para sempre é certamente levar a auto-ilusão a
um extremo. O grande e firme aumento da dívida do consumo em
relação ao rendimento já está a criar dificuldades
para aqueles que devem pagar as suas dívidas enquanto mantêm suas
despesas vitais. (Ver John Bellamy Foster, "
The Household Debt Bubble
",
Monthly Review,
Maio/2006, e "Homeowners Start to Feel the Pain of Rising Rates,"
Wall Street Journal,
10/Agosto/2006.) No ano passado as famílias estadunidenses gastaram um
record de 13,75 por cento do seu rendimento após impostos, ou
disponível, com o serviço das suas dívidas. Com pouco ou
nenhum crescimento do rendimento entre os assalariados, verificou-se que no ano
passado (Julho/2005 - Junho/2006) a pessoas gastaram US$ 1,1 milhão de
milhões a mais do que ganharam (Bureau of Economic Analysis, comunicado
0634, 1/Agosto/2006). Esta taxa de poupanças pessoais negativas é
sem precedentes nos anos pós Grande Depressão. A
dívida das famílias americanas atingiu um récorde de US$
11,4
milhões de milhões no terceiro trimestre do ano passado, o qual
terminou em 30/Setembro/2005, após disparar à mais rápida
taxa desde 1985, conforme dados da Reserva Federal. A dívida familiar
total mantinha-se nos US$ 11,8 milhões de milhões no fim de
Março de 2006 (Federal Reserve Flow of Funds).
Esta aceleração do endividamento familiar tem sido em grande
parte ajudada pela Reserva Federal em resposta à implosão do
mercado de acções em 2000. Quando o Fed reduziu as taxas de
juros para níveis historicamente baixos a fim de impedir a economia de
cair numa recessão profunda, as famílias aumentaram os
empréstimos sobre casas, carros e cartões de crédito. A
dívida hipotecária familiar aumentou 75 por cento de 2000 para
2005 quando os proprietários das casas refinanciaram e obtiveram
hipotecas maiores pondo dinheiro fora dos seus lares ao
utilizá-los para variadas finalidades e quando novas pessoas
participaram no boom da habitação com casas vendidas a
preços cada vez mais inflacionados àqueles com baixas
classificações de crédito. Isto teve o efeito de comutar
a bolha dos preços das acções para uma bolha nos
preços das casas. Isto estimulou a economia, com investimentos na
habitação privada a crescerem para 36 por cento do investimento
privado total em 2005 um nível nunca visto desde 1958 durante o
grande boom da habitação suburbana resultante da segunda onda de
automobilização.
Os americanos tem estado a comprar novas casas e a incidir em mais
endividamente ao obterem novas hipotecas sobre casas existentes nas quais eles
tomam uma maior hipoteca com base no preço valorizado da suas casas.
Além disso, novos tipos de hipotecas têm sido desenvolvidos para
aqueles que realmente não podem poupar para comprar casa (hipotecas
"sub-prime", a taxas de juros mais altas, mas com
"atractivos" para fazê-las parecer acessíveis). Isto
inclui hipotecas em que taxas de juro muito baixas são cobradas por uns
poucos anos antes de as taxas se tornarem ajustáveis e/ou aquelas na
qual 100 por cento do valor da casa é financiado. Se as taxas de juros
aumentarem substancialmente uma possibilidade real o custo do
empréstimo passado provocará grande aflição a
muitas famílias, com aumento de retomas de propriedades hipotecadas e
bancarrotas e ascenço posterior dos pagamentos e crescimento das taxas
sobre as dívidas dos cartões de crédito. Já
estamos a testemunhar o princípio deste fenómeno quando aqueles
que confiaram em hipotecas com taxas ajustáveis e pessoas que tomaram
emprestado 100 por cento do valor dos seus lares estão agora a enfrentar
o duplo problema de pagamentos mais altos das hipotecas ao mesmo tempo que os
valores das casas em alguns locais estão a declinar (
Wall Street Journal,
"Homeowners Start to Feel The Pain of Rising Rates",
10/Agosto/2006). As retomadas pelos credores aumentaram dramaticamente em 2006
mesmo entre aqueles com boas classificações de
crédito. No entanto, há montes de dinheiro a ser feito com estes
tipos de hipotecas pelos correctores das mesmas, pelos bancos que originalmente
emprestam o dinheiro, pelos distribuidores de empréstimos, pelos hedge
funs e pelos investidores institucionais que compram estes empréstimos
empacotados. Como disse a
Business Week:
"Neste jogo quase todos os jogadores vencem excepto o
proprietário da casa carente de dinheiro" ("Nightmare
Mortgages", 11/Setembro/2006).
Não há espaço suficiente aqui para avançar em todas
as implicações da enorme dívida federal nos Estados
Unidos, a qual tem sido amplamente relatada. Nos últimos anos da
administração Clinton a convergência da
restrição fiscal e da bolha especulativa, sobretudo em
acções de tecnologia da informação, levou a
orçamentos federais superavitários. A partir da posse do
presidente Bush, os défices federais anuais e a dívida
federal
tem crescido maciçamente. Este governo toma emprestado, em
grande medida, para "pagar" por cortes fiscais para os ricos
(redistribuindo rendimento para cima) e custear guerras no Afeganistão e
no Iraque, o que é uma "perna" dos chamados défices
gémeos. A outra "perna" é o défice da balança de
transacções correntes.
Desde 1980 tem havido uma balança comercial negativa quase
contínua entre os Estados e outros países. Durante os
últimos dois anos o défice de transações correntes
dos EUA tem estado em torno dos US$ 700 mil milhões, aproximadamente 6
por cento do PIB. Isto significa que aproximadamente US$ 2 mil milhões
por dia devem entrar nos Estados Unidos para comprar títulos do governo
americano ou outros activos tais como acções e propriedade
imobiliária a fim de compensar o dinheiro líquido que a
população e as companhias americanas enviam para o exterior para
produtos manufacturados, serviços e investimento. Há
sérios receios entre peritos financeiros de que bancos centrais
estrangeiros e indivíduos ricos possam dirigir seus investimentos para
outros países e divisas. Num relatório recente, o Fundo
Monetário Internacional reiterou a sua preocupação acerca
do desequilíbrio das transacções correntes americanas:
"O risco de um ajustamento desordenado do dólar poderia aumentar
se não houvesse as políticas que estão a ser postas em
prática para fomentar os ajustamentos necessários em
desequilíbrios de poupanças e investimento..." (
Wall Street Journal,
13/Setembro/2006). Para dar uma ideia do que poderia estar reservado, um
comentário aparentemente inócuo do banco central da Coreia do Sul
em Fevereiro de 2005 que estava a planear diversificar seus haveres de
divisas estrangeiros afastando-se de activos com base no dólar
remeteu o dólar para um declínio temporário. Como um
editorial do
New York Times
descreveu isto: "...a venda de dólares não precipitou um
colapso. Mas certamente deu uma antevisão do mesmo. O dólar
sofreu o seu pior declínio diário num período de dois
meses contra o yen e o euro. Os mercados de acções de Nova York,
Londres, Paris e Frankfurt caíram, e os preços do ouro e do
petróleo, os
quais tendem a subir quando o dólar cai, reforçaram-se"
(18/Novembro/2005). Com a Coreia do Sul a deter apenas US$ 69 mil
milhões em Títulos do Tesouro dos EUA naquele momento, imagine-se
o que pode acontecer se bancos centrais na China ou no Japão, que
possuem cerca de um milhão de milhões daqueles Títulos,
decidirem afastar-se do dólar! (Talvez a única coisa que os
mantenha afastados disso é que eles têm montantes tão
enormes investidos em dólares que as suas "poupanças"
baseadas nos EUA seria devoradas em qualquer colapso que possa ocorrer).
O casino gigante
Juntamente com a explosão de dívida tem-se verificado o
crescimento excepcional das finanças e da especulação
financeira na economia americana estimulada significativamente pelos
níveis de endividamento cada vez mais elevados. Como veremos abaixo, a
dívida ajuda a alimentar a especulação financeira e ao
mesmo tempo a especulação financeira conduz a mais dívida!
Com lucros de novos investimentos mais difíceis de obter na economia
"real" (onde algo é realmente fabricado ou um serviço
entregue) da produção capitalista madura, uma outra das respostas
do capital à estagnação tem sido a expansão do
sistema financeiro, juntamente com muitos novos truques
(gimmicks)
destinados a apropriar valor excedente do resto da economia.
Porque elas não sabiam onde investir os fundos, em meados de 2006
corporações americana mantinham o equivalente a 20 por cento do
seu valor de mercado como cash e em Títulos do Tesouro. Além
disso, o capital excedente não é uma questão apenas nos
Estados Unidos. Mesmo com supostas oportunidades de investimento em economia
em crescimento como a China e a Índia, o artigo do
Wall Street Journal
descrevia uma enorme quantidade de "dinheiro a borrifar por todo o
mundo" em resultado do dinheiro efectivamente sem juros
disponível no Japão e nos Estados Unidos, das baixas taxas de
juro na Europa, e de montantes maciços de
"petrodólares" gerados pelos altos preços do
petróleo (07/Março/2006). Esta é uma
situação, como já sabemos do trecho citado anteriormente,
que Marx previu. O sector financeiro agora tem o ónus de proporcionar
escapatórias novas e ampliadas para a maciça
acumulação de capital. Os economistas da linha dominante
geralmente ignoram a estagnação e portanto deixam de reconhecer
as raízes estruturais da explosão financeira ou os seus perigos.
Em contraste agudo, Magdoff e Sweezy identificaram precocemente a
importância crítica do papel crescente do sector financeiro na
estagnação da economia do fim do século XX. Como
explicaram, com o desenvolvimento de corporações gigantes a
partir do fim do século XIX "a composição da economia
capitalista experimentou uma transformação qualitativa. A
emissão de muitos tipos e quantidade de títulos corporativos
trouxe na sua esteira o desenvolvimento de acções organizadas,
títulos organizados, casas de corretagem, novas formas de banca, e uma
comunidade daquilo que Veblen chamou capitães das finanças que
logo ascenderam ao topo da hierarquia capitalista da riqueza e do poder" (
Monthly Review,
Maio/1983). Eles avançaram para descrever o incrível ritmo de
desenvolvimento no sector financeiro através do século XX
até o período da década de 1980, quando escreviam,
denominando este crescimento como "explosão financeira". Os
últimos vinte anos apenas confirmaram esta avaliação.
Do DMD' ao DD'
As finanças (bancos, firmas de investimento, companhias de seguros e
consórcios imobiliários) desenvolvem um número sempre
crescente de novas maneiras de tentar fazer dinheiro com dinheiro
DD' na formulação de Marx. Portanto, as finanças
não são apenas a "cola" que conecta as várias
partes do sistema capitalista e o "óleo" que lubrifica o seu
funcionamento, as finanças tornam-se uma actividade económica
dominante nas economias capitalistas maduras.
Como analisado acima, cerca de um terço de toda a dívida nos
Estados Unidos é detida por instituições
financeiras o maior devedor do sector. Naturalmente, o propósito
de as finanças tomarem toda aquela dívidas é o de tentar
fazer dinheiro e assim tem sido. Enquanto na década de 1960 os
lucros financeiros representavam cerca de 15 por cento de todos os lucro
internos nos Estados Unidos, eles agora representam cerca de 40 por cento de
todos os lucros (ver gráfico 4). Ao mesmo tempo, a manufactura, que
outrora representava 50 por cento dos
lucros internos, agora representam menos de 15 por cento dos lucros.
Surpreendentemente, esta mudança foi, no mínimo, ainda mais
dramática após o colapso do mercado de acções do
ano 2000. (É importante ter em mente que enquanto o emprego no sector
manufactureiro diminuiu e a manufactura tornou-se menos importante na
produção de lucros do que os sectores de serviços e
financeiro, aumentos na produtividade permitiram que a produção
real de bens manufacturados nos Estados Unidos continuasse a aumentar!)
A importância das finanças mesmo para corporações
não financeiras pode ser vista ao examinar o resultado final de muitos
dos grandes fabricantes e retalhistas. Como explicado na
Business Week,
"Na Deere & Co., uma companhia de equipamentos agrícolas, as
finanças produzem aproximadamente um quarto dos rendimentos. A Retailer
Target Corp (TGT) habitualmente obtem cerca de 15% dos seus rendimentos com os
cartões de crédito. E enquanto a General Motors Corporation (GM)
está a ter perturbações na venda de carros, seu
negócio de hipotecas
ditech.com
vai de vento em popa. As
operações de financiamento da GM renderam US$ 2,9 mil
milhões no ano passado, enquanto a GM perdia dinheiro nos carros"
(28/Maio/2005). Mesmo o retalhista gigante dos bens de consumo, a Wal-Mart,
envolveu-se nessa actuação e começou a oferecer uma
variedade de serviços financeiros tais como pagamento de contas,
desconto de cheques, ordens de pagamento e transferências de dinheiro
para outros países.
As companhias financeiras desenvolveram meios para desviar muito dos seus
riscos com o fornecimento de empréstimos. Elas agora
"empacotam" um grupo de empréstimos em conjunto e vendem-no a
hedge funds e outros investidores institucionais. Elas ganham comissões
por arranjarem as transacções e, embora colectem menos em
pagamentos de juros, o seu risco é quase zero. Quão importante
é esta nova estratégia? "Companhias financeiras agora
obtêm cerca de 42% dos seus rendimentos de comissões
(fees)
e apenas 58% de juros, em comparação com 20% e 80%,
respectivamente, em 1980..." (
Business Week,
28/Março/2005). Não mais responsáveis por incumprimentos
(defaults),
os bancos estão a promover mais empréstimos, e portanto mais
dívida. Os bancos costumavam ser muito conservadores ao emprestar
dinheiro porque queriam assegurar o repagamento. Contudo, a
situação mudou de modo a permitir mais empréstimos
questionáveis:
"Os bancos costumavam preferir que você fosse mais
conservador", diz Daniel O'Connell, executivo chefe da Vestal Capital
Partners, uma grande firma de investimentos privados. "Agora, eles
encorajam-nos a assumir mais empréstimos. Os bancos são mais
agressivos porque eles raramente mantêm os empréstimos que fazem.
Ao invés disso, vendem-nos a outros, que então reempacotam, ou
agregam contratos
(securitize),
os empréstimos e vendem-nos a investidores em exóticos
veículos tais como CLOs, ou obrigações de
empréstimos colaterizadas. Toda semana há anúncios de
milhares de milhões de dólares em novas CLOs, criadas pela
administração do dinheiro tradicinal e por hedge funs, os quais
então vendem-nos a outros investidores. Em muitos casos, eles podem
manter algumas porções destas complicadas
securities.
(
Wall Street Journal,
03/Março/2006)
A magnitude da especulação
A magnitude da especulação em todos os tipos de
"instrumentos" financeiros tais como acções, futuros,
derivativos e divisas é verdadeiramente espantosa. Magdoff e Sweezy
estavam manifestamente impressionados por esta tendência quando pela
primeira vez tocaram o alarme. Hoje os analistas financeiros muitas vezes
pretendem que as finanças podem levitar para sempre a níveis cada
vez mais altos independentemente da economia produtiva subjacente. Os mercados
de acções e o comércio de divisas (apostando em que a
divisa de um país mudará em relação à de
outro) tornaram-se pouco mais do que casinos gigantes onde o número e o
valor das transacções aumentou para longe da
proporção em relação à economia subjacente.
Por exemplo: em 1975, 19 milhões de acções foram
comerciadas diariamente na Bolsa de Valores de Nova York. Em 1985 o volume
havia alcançado 109 milhões e em 2006, foram 1600 milhões
de acções com um valor de mais de US$ 60 mil milhões
(
http://www.nyse.com
). Ainda maior é a comercialização
diárias nos mercados mundiais de divisas, a qual passou de US$ 18 mil
milhões por dia em 1977 para a actual média de US$ 1,8
milhão de milhões por dia!
Isto significa que a cada vinte e
quatro horas do dia o volume em dólares das divisas comerciadas equivale
a todo o PIB mundial anual!
A especulação com divisas é
especialmente atraente você pode comerciar vinte e quatro horas
por dia e é fácil entrar e sair rapidamente. Contudo,
"veteranos do câmbio de divisas externas advertem que os riscos
são enormes. Os
traders
podem alavancar suas posições de modo a colocar apostas
avaliadas em mais de 200 vezes o dinheiro que dispõem. Se uma aposta
for errada, eles podem perder uma quantia correspondente" (
Wall Street Journal,
26/Julho/2005). Embora quase todo o comércio de divisas seja nas
grandes divisas como o dólar, o yen, o euro e a libra esterlina, uma
artimanha relativamente recente envolveu a tomada de empréstimos do yen
japonês, porque o governo tem estado a tentar estimular a sua economia
mantendo efectivamente taxas de juros zero. Estes fundos foram então
transferidos para países com taxas de juros relativamente altas como a
Austrália, Nova Zelância, Turquia e Islândia. Assim, grande
parte do dinheiro transferiu-se para a Islândia a fim de aproveitar a
taxa de juros de 11,5 por cento sobre o krona, o qual, quando começou a
ser retirado depois de o Japão indicar que iria elevar as taxas de juro,
levou o krona e o mercado de acções da Islândia a cair
dramaticamente.
Há toda a espécie de meios para jogar o jogo do mercado.
Exemplo: alguém pode apostar que o preço de uma
acção particular vai baixar
(short selling)
vendendo acções emprestadas e concordando em recomprar as
acções e devolvê-las ao seu possuidor num determinado
momento no futuro. Alguém pode comprar o direito de adquirir uma
acção no futuro a um determinado preço (uma
call option
), ou vender uma acção no futuro (uma
put option
) a um determinado preço.
Além disso há os futuros alguém pode apostar sobre
o valor futuro ou o índice de quase qualquer coisa. Tem havido mercados
de futuros para commodities agrícolas como cereais, leite, manteiga,
café, açúcar, sumo de laranja, gado, barrigas de porco,
assim como combustíveis e metais. Faz um bocado de sentido na economia
produtiva que uma companhia, para estabilizar ou manter inalterados os custos
de um ingrediente importante do seu produto, tal como o trigo para uma padaria.
Contudo, numa base mundial, dos aproximadamente dez mil mihões de
contratos (futuros, opções sobre futuros, e opções
sobre securities) comerciados em 2055, menos de 8 por cento foram sobre
commodities agrícolas, metais e energia. Hoje em dia, cerca de 92 por
cento das apostas sobre futuros são colocadas no sector financeiro: os
preços das diferentes divisas, títulos municipais e do tesouro,
acções, taxas de juro, e vários índices financeiros
ou de acções (tais como o NIKKEI 225 japonês, o U.S.
Standard & Poors 500, e o Dow Jones Industrial Average, etc.)
Um dos mais bizarros mercados de futuros foi criado em 2003 pelo Departamento
da Defesa do Governo dos Estados Unidos em conjunto com uma companhia privada
apostar sobre a probabilidade de assassinatos e ataques terroristas.
Como disse então o líder da minoria no Senado, Tom Daschle,
Democrata do Dakota do Sul, em sessão plenária: "Eu
não podia acreditar que nós realmente nos comprometeríamos
com US$ 8 milhões para criar um sítio web que estimularia os
investidores a apostar sobre futuros envolvendo ataques terroristas e
assassinatos públicos ... Não acreditava que alguém
proporia seriamente que comerciássemos com a morte ... Quanto demoraria
para que víssemos
traders
a investirem de um modo que provocaria o resultado desejado?" O
alvoroço provocou o cancelamento da participação do
governo neste programa.
Os derivativos e os hedge funds também desempenharam um papel
crítico na explosão da especulação financeira.
A rotação diária de contratos derivados de divisas
estrangeiros e de taxas de juros (incluindo instrumentos tradicionais tais como
outright forwards
e
swaps
de divisas estrangeiras) entre Abril de 2001 e Abril de 2004 aumentou numa
proporção estimada em 74 por cento, para US$ 2,4 milhões
de milhões. Os montantes imaginários dos derivativos legais (a
soma do valor nominal absoluto de todos os negócios concluídos e
ainda abertos) no fim de Junho de 2006 foi de US$ 283 milhões de
milhões mais de seis vezes do que todos os bens e serviços
produzidos no mundo durante o período de um ano. Para dar alguma ideia
do ritmo contínuo da actividade com derivativos, durante o primeiro
semestre de 2006 "o mercado global em créditos derivativos cresceu
52 por cento, para US$ 26 milhões de milhões" (
New York Times,
22/Setembro/2006). Este mercado tem crescido a um ritmo de mais de 100 por
cento ao ano durante os últimos quatro anos.
Os hedge funs com bases nos EUA, actualmente com activos de aproximadamente US$
1,2 milhão de milhões, move rapidamente grandes montantes de
capital para dentro e para fora dos investimentos é estimado que
eles representam cerca da metade da comercialização
diárias de acções nos Estados Unidos. E enquanto
proclamam retornos elevados, há muito perigos a espreitar por
trás dos grandes riscos que estes fundos estão a tomar. Exemplo:
o hedge fund Amaranth Advisors perdeu US$ 6 mil milhões, mais da metade
dos activos que administrava, durante uma semana em Setembro. Eles perderam
tanto dinheiro tão rapidamente ao fazerem grandes apostas sobre o
preço do gás natural, o qual é um bocado mais
volátil do que o preço do petróleo. Eles apostaram que a
diferença de preço entre o gás para entrega em
Março de 2007 e o gás para entrega um mês depois (Abril de
2007) continuaria a ampliar-se. Ao invés disso, como os preços
do gás geralmente diminuem em Setembro, o
spread
estreitou-se significativamente. Claramente, este tipo de
especulação cria instabilidade potencial no sistema financeiro.
Como disse um artigo no
New York Times:
"Enormes perdas num dos maiores hedge funds do país ressuscitaram
ontem preocupações de que grandes apostas destas
associações secretas e não regulamentadas de investimentos
possa criar rupturas financeiras generalizadas" (19/Setembro/2006).
Fusões e aquisições
(Mergers & Acquisitions, M&A)
Estamos em meio a um frenesim de aquisições de companhias por
outras companhias e
buyouts
em que firmas privadas de investimentos adquirem corporações. A
maior parte disto envolve um montante significativo de alavancagem (tomada de
empréstimo), aumentando portanto a dívida global no sistema. Um
artigo na
Forbes.com
no ano passado explicava: "O ritmo febril de actividade [de
leveraged buyouts
] é um tributo à realidade de que os investidores estão a
procurar qualquer espécie de negócio que lhes proporcione um
melhor retorno para o seu dinheiro do que os Títulos do Tesouro podem
proporcionar-lhes" (18/Novembro/2005). Este ano estamos num ritmo
tendente a exceder os US$ 3 milhões de milhões do valor total de
fusões e aquisições na altura do último frenesim em
2000 (
Wall Street Journal,
27/Junho/2006). A actividade tem sido especialmente grande por um certo
número de razões, dentre as quais a primária é o
montante de capitais a esparramarem-se por todo o sistema. Como afirmou o
Wall Street Journal:
"As pilhas de dinheiro e a acumulação de
acções recompradas a ... companhias atingiu níveis recorde
e continuam a crescer juntamente com os rendimentos das
corporações, criando desafios para os executivos que devem
decidir como dispor todo aquele capital" (21/Julho/2006).
As compras (buyouts) de corporações por grupos de investimento
privado supostamente acrescentam valor pois os novos administradores melhoram a
companhia em perturbação e a seguir vendem novas
acções aos investidores públicos. Contudo, no actual
ambiente não é incomum para o capital privado, nas palavras de
uma manchete da
Business Week,
"Comprá-la, esvaziá-la, e a seguir expeli-la"
("Buy it, Strip it, Then Flip it", 07/Agosto/2006). O rendimento
pode ser gerado muito rapidamente nestes negócios. Exemplo: as firmas
de investimento privado que compraram a Burger King Corporation em 2002
realmente utilizaram o seu próprio dinheiro para apenas um terço
dos US$ 1,4 milhão de milhões do preço de compra. De onde
veio o resto do dinheiro? Veio como dívida assumida pela Burger King
Corporation. Esta dívida extra permitiu à Burger King pagar aos
novos proprietários US$ 448 milhões em "dividendos e
comissões" incluindo US$ 55 milhões em juros sobre o seu
empréstimo, o qual a companhia repagou antecipadamente com novos
empréstimos" (Wall Street Journal, 25/Julho/2006). Assim, as
firmas privadas de participações (private equity firms)
essencialmente conseguiram o seu dinheiro de volta no processo de adquirir uma
participação de 76 por cento na Burger King, que agora se estima
valor US$ 1,8 mil milhões mais do que três vezes o seu
investimento inicial! Os compradores das acções da companhia,
enquanto isso, estão a comprar uma grande carga de dívida que
não existia anteriormente.
Num negócio mais recente, a cadeia de hospitais privados HCA
está a ser comprada por "três firmas privadas de
participações a Bain, a Kohlberg Kravis e a unidade de
buyout da Merrill Lynch e pela família Frist que em conjunto
estão a investir apenas US$ 5.5 mil milhões em cash. O resto dos
US$ 31,6 mil milhões do preço está a ser financiado por
dívida, a qual as firmas esperarão pagar à vista, como um
pagamento hipotecário, utilizando o rendimento do HCA" (
New York Times,
25/Julho/2006). (Um dos membros centrais daquela família Frist
é o líder da maioria no Senado dos EUA e considerado
possível candidato à presidência em 2008).
De acordo com a Standard & Poor's, ao longo dos últimos três anos
"as companhias tomaram emprestado US$ 69 mil milhões basicamente
para pagar dividendos a proprietários de firmas de
participações ... Isto compara-se com os US$ 10 mil
milhões nos seis anos anteriores" (Wall Street Journal,
25/Julho/2006). E os buyouts durante Julho de 2006 estiveram próximos
dos US$ 200 mil milhões, cerca do dobro da quantia para todo o ano de
2004. Em suma, o capital está a utilizar o vasto excedente à sua
disposição para investir em nova capacidade produtiva, mas
buyouts corporativos destinados a aumentar os seus créditos sobre o
stock de riqueza.
Estes compras alavancadas estão a criar mais dívida, ao mesmo
tempo que criam enormes lucros para os especuladores. Se as companhias que
eles compram através de leverage buyouts são tornadas mais
lucrativas antes de serem vendidas ao público através da
emissão de novas acções é discutível. O que
não é discutível é que as companhias tomadas pelos
privados são carregadas com dívida.
De acordo com o
Wall Street Journal
(15/Maio/2005),
vinte por cento [das vendas de acções de
corporações através de ofertas públicas iniciais,
IPOs initial public offerings] continham défices
contabilísticos líquidos tangíveis mesmo após o
levantamento de dinheiro através dos seus IPOs o que significa
que, se
aquelas companhias fossem liquidadas no dia em que viessem a público, os
accionistas nada receberiam. A maioria das companhias pejadas de
dívidas foram a público em resultado do processo de investimento
de participações privadas. Firmas de participações
privadas, tais como Apollo Management LP e Cypress Group, estão por
trás de 40% das IPOs ... este ano. Elas muitas vezes compram
companhias investindo algum dinheiro alavancando o resto do preço
pedido, com a dívida a aterrar sobre as folhas de balanço das
suas novas aquisições.
O novo perfil do capital finaneiro
A especulação em divisas e em futuras, a
comercialização de derivativos complexos, a emergência e
crescimento dos hedge funds, e o espantoso aumento da dívida são
todas respostas ao mesmo fenómeno. Quando a economia da
produção de bens e serviços estagna, deixando de gerar a
taxa de retorno do DMD' que o capital deseja, emerge um novo tipo
de "investimento". Ele procura alavancar dívida e abarcar
expansões tipo bolha destinadas a altos lucros especulativos
através de instrumentos financeiros. A profundidade da
estagnação, e a tenacidade do seu apresamento na economia
capitalista madura, é amplamente testemunhado pela fuga do investimento
para o que temos chamado "o casino gigante". A redução
dos salários reais (ajustado às inflação) e a
redistribuição da riqueza para cima (através de impostos
reduzidos e reduções nos serviços sociais) os
resultados da guerra de classe travada unilateralmente pelos de cima
não foram suficientes para garantir uma sempre crescente espiral de
retorno sobre o capital investido na economia produtiva. Assim, o recurso
contínuo a novas formas de jogo, não de produção de
bens ou serviços, é o que o capital está a gerar na busca
do lucro.
A enorme expansão da dívida e da especulação
proporciona meios para extrair mais excedente da população geral
e são, portanto, parte da exploração dos trabalhadores e
da classe média mais baixa pelo capital. Um certo número de
técnicas do capital foi discutida acima: (a) extensão de mais e
mais empréstimos ao público geral e às
corporações; (b) concessão de empréstimos a
pessoas de baixos rendimento em termos muito desfavoráveis e
difíceis de entender; (c) aumentar dívidas de
corporações através de
leveraged buyouts
(tornando as companhias financeiramente mais frágeis e a exigir cortes
nos empregos, salários e benefícios a fim de compensar); (d)
comércio desequilibrado com o resto do mundo, exigindo que enormes somas
de dinheiro sejam investidas nos EUA a partir do exterior, e (e) efectuar
enormes apostas sobre quase qualquer coisa imaginável. Um bando de
pessoas está a fazer dinheiro com estas actividades excepto para
aqueles na base que são deixados para pagar as contas quando os
problemas se levantarem. Uma ideia de quanto o público geral tem de
pagar pelas peripécias financeiras do capital quando o custo do
fracasso é transferido do capital para o público é
indicado pela socorro
(bailout)
do governo americano à indústria das caixas económicas
(savings and loan industry)
na década de 1990, a qual custou algo em torno dos US$ 175 mil
milhões, aumentando as actuais e futuras obrigações
fiscais pessoais!
Há preocupações crescentes acerca das consequências
potenciais do crescimento da dívida e da especulação e de
mudanças no sistema financeiro (ver por exemplo "The Dark Side of
Debt",
The Economist,
23/Setembro/2006). O presidente do New York Federal Reserve Bank, Timothy
Geithner, sente que as mudanças no sistema financeiro desde 1988 (e a
venda de obrigações de dívida a numerosos compradores)
diminuiu as probabilidades de que choques relativamente pequenos desorganizem
todo o sistema. Mas, escreveu ele, "os mesmos factores que podem ter
reduzido a probabilidade de futuros eventos sistémicos ... podem ampliar
os danos por eles provocados e complicar a administração de
muitos choques financeiros severos. As mudanças que reduziram a
vulnerabilidade do sistema para choques mais pequenos podem ter aumentado a
severidade dos grandes" (15/Setembro/2006, Federal Reserve Bank of New
York).
Numerosas fontes de fragilidade são introduzidas noa economia americana
pelas várias técnicas que os capital utiliza para tentar
ultrapassar os obstáculos a oportunidades lucrativas provocados pela
estagnação. Estas técnicas têm criado
tendências que não podem continuar sem gerar maiores
contradições no futuro: os enormes desequilíbrios anuais
de comércio entre os Estados Unidos e o resto do mundo; a dívida
sempre em expansão em todos os sectores da economia em
relação à economia da base; a mudança do sector
financeiro para a especulação em escala cada vez maior.
Há limites (embora não facilmente discerníveis) para a
dimensão da superestrutura financeira em relação à
base produtiva. Embora concebidos como meios
ad hoc
para enfrentar a estagnação, tais
"soluções" especulativas não podem continuar a
expandir o sistema, inchado como um balão, para sempre. As
únicas questões são como acabará isto tudo e para
onde o capital se voltará quando estes mecanismos tiverem feito o seu
percurso? Uma possibilidade é uma severa e duradoura recessão
com deflação generalizada. Uma outra é que o governo
continue a intervir com êxito para socorrer o sistema financeiro quando
entrar em perturbação, tal como as falências no sistema
bancário na década de 1980 e o quase colapso do Long Term Capital
Management no fim da década de 1990. Contudo, com a magnitude da
dívida entrelaçada e da enorme especulação,
é claro que estes tipos de intervenção podem socorrer o
sistema no máximo apenas temporariamente, enquanto estende a crise por
toda a parte e a ameaça a longo prazo para a economia.
Notas
1-
The Dynamics of U.S. Capitalism
(1972),
The End of Prosperity
(1977),
The
Deepening Crisis of U.S. Capitalism
(1981),
Stagnation and the Financial
Explosion
(1987), e
The Irreversible Crisis
(1988).
2- Ver Stephanie Aaronson, et. al., "The Recent Decline in Labor Force
Participation and its Implications for Potential Labor Supply"
(preliminary draft), Division of Research and Statistics, Board of Governors of
the Federal Reserve System, March 2006 (disponível em
http://www.brookings.edu
). Para uma discussão da questão mais
ampla do desemprego, subemprego e do exército do trabalho de reserva ver
Fred Magdoff & Harry Magdoff, "
Disposable Workers: Today's Reserve Army of Labor
",
Monthly Review
55, no. 11 (April 2004): 1835; and The
Editors, "What Recovery," Monthly Review 54, no. 11 (April 2003):
113, e
Que recuperação?
3- Os dados sobre despesas militares provêm de números oficiais,
portanto excluem muito do que deveria ser incluído nos gastos militares,
por exemplo, segurança interna, muito da NASA, partes do
orçamento do Departamento de Estado, benefícios dos veteranos,
etc. Para um tratamento clássico deste problema ver James Cypher,
"The Basic Economics of 'Rearming America,'"
Monthly Review
33, no. 6 (November 1981): 1127.
4- Quando o montante da dívida do governo é utilizada, como no
total da dívida dos EUA, isto inclui dívida possuída por
agências federal, tais como a Social Security Administration. O montante
desta dívida é actualmente US$ 3 milhões de milhões
representando aproximadamente 42 por cento da dívida federal
total. Embora tecnicamente seja uma dívida possuída pelo governo
para si próprio, na realidade é uma dívida para com
determinadas pessoas por exemplo, aqueles que serão aposentados
pela Segurança Social quando houver menos contribuições da
Segurança Social a entrarem do que o necessário para pagar
pensões.
[*]
Professor de ciências do solo na Universidade de Vermont, em Burlington,
e director da Monthly Review Foundation. É co-autor, com Harry Magdoff,
de
"Approaching Socialism"
, publicado no número de Julho-Agosto de 2005 da
Monthly Review.
O original encontra-se em
Monthly Review
, Volume 58, Nº 6, Novembro/2006.
Tradução de JF.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
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