Dezenas de milhares de mortos, uma população traumatizada,
infra-estruturas largamente destruídas e um Estado desintegrado: eis o
resultado da guerra levada a cabo pelos EUA e pela NATO para poderem saquear a
riqueza da Líbia e recolonizar este país. Agora prepararam
descaradamente a guerra contra o Irão e a Síria, dois
países estrategicamente importantes, ricos em matérias-primas e
que visam políticas independentes, sem se submeterem ao seu diktat. Um
ataque da NATO à Síria ou ao Irão poderia provocar um
confronto directo de consequências inimagináveis com
a Rússia e com a China. Através de contínuas
ameaças de guerra e da deslocação de forças
militares para as fronteiras do Irão e da Síria, sem falar das
acções terroristas e de sabotagem levadas a cabo por
"unidades especiais" infiltradas, os EUA e outros membros da NATO
impõem um estado de excepção aos dois países com o
objectivo de os esgotar. Os EUA e a UE procuram de modo cínico e
desumano paralisar cirurgicamente através do embargo o comércio
externo e as transacções financeiras destes países. De
forma deliberada, tentam precipitar a economia do Irão e a da
Síria numa grave crise, fazer aumentar o número dos seus
desempregados e piorar drasticamente a situação de
aprovisionamento das suas populações. Com o fim de obterem um
pretexto para a intervenção militar, há muito tempo
planeada, tentam agudizar os conflitos étnicos e sociais internos e
provocar guerras civis. Com esta política de embargo e de ameaças
de guerra contra o Irão e contra a Síria colaboram em medida
notória a União Europeia e o governo português.
Apelamos a todos os cidadãos às igrejas, aos partidos, aos
sindicatos, ao movimento pacifista a que se oponham energicamente a
esta política de guerra.
Pedimos ao governo português:
-
que revogue sem condições e imediatamente as medidas de embargo
contra o Irão e a Síria;
-
que declare não participar de nenhuma forma numa guerra contra estes
Estados e não consentir o uso do território português numa
agressão levada a cabo pelos EUA ou pela NATO;
-
que se empenhe a nível internacional em pôr termo à
política da chantagem e das ameaças de guerra contra o
Irão e a Síria.
Os povos iraniano e sírio têm o direito de decidir sozinhos e de
modo soberano a organização do respectivos ordenamentos
políticos e sociais. A manutenção da paz reclama que seja
rigorosamente respeitado o princípio da não ingerência nos
assuntos internos dos outros Estados.