Islândia deixa bancos estupefactos
Plano para recuperar o poder de criação monetária
por Raúl Ilargi Meijer
[*]
Quem diria que a revolução começaria com aqueles
islandeses radicais. Mas assim é. Frosti Sigurjonsson, um legislador do
governante Partido do Progresso emitiu hoje um relatório que
sugere retirar dos bancos comerciais o poder de criar moeda e passá-lo
ao banco central e, em última análise, ao Parlamento.
Os bancos comerciais no mundo ocidental não ficarão muito felizes
com isso. Eles devem estar a pensar em varrer esta nação-ilha do
mapa. Se aceite no parlamento islandês, o plano mudaria o jogo de um modo
muito radical. Ele teria êxito também, porque não há
maior maldição para as nossas economias do que bancos comerciais
a criarem moeda e a seguir titularizarem e liquidarem os empréstimos com
o dinheiro que acabaram de criar (o crédito).
Toda a gente, com a possível excepção de Paul Krugman,
entende porque isto é uma ideia saudável. A Agência France
Presse informa:
A Islândia que acabar com os ciclos de alta e baixa
(boom and bust)
com plano monetário radical
O governo islandês está a considerar uma proposta monetária
revolucionária remover dos bancos comerciais o poder para criar
moeda e passá-lo ao banco central. A proposta, a qual seria uma
reviravolta na história da finança moderna, faz parte de um
relatório escrito por um legislador do partido centrista governante
Partido do Progresso,
Frosti Sigurjonsson, intitulado "Um sistema monetário melhor para a
Islândia"
("A better monetary system for Iceland").
"Os resultados serão uma importante contribuição para
a discussão vindoura, aqui e alhures, sobre criação de
moeda e política monetária"
, disse o primeiro-ministro Sigmundur David Gunnlaugsson. O relatório,
encomendado pelo primeiro-ministro, destina-se a por um ponto final a um
sistema monetário em vigor que provocou uma grande quantidade de crises
financeiras, incluindo a mais recente em 2008.
De acordo com um estudo de quatro banqueiros centrais, o país teve
"mais de 20 exemplos de crises financeiras de diferentes tipos" desde
1875, com "seis graves episódios de crise financeira
múltipla a verificarem-se a cada 15 anos em média". O Sr.
Sigurjonsson afirmou que
o problema levanta-se a cada vez devido ao inchaço de crédito
durante um ciclo económico forte.
Ele argumentou que o banco central era incapaz de conter a expansão do
crédito
(credit boom),
permitindo que a inflação ascenda e estimule a
assunção de riscos exagerados e a especulação, a
ameaça de colapso bancário e intervenções estatais
custosas. Na Islândia, tal como em outras modernas economias de mercado,
o banco central controla a criação de notas e moeda mas
não a criação de toda a moeda, a qual ocorre sempre que um
banco comercial oferece uma linha de crédito. O banco central pode
apenas tentar influenciar a oferta de moeda com as suas ferramentas de
política monetária.
De acordo com a proposta chamada Soberania Monetária, o banco central do
país tornar-se-ia o único criador de moeda. "Crucialmente, o
poder para criar moeda é mantido separado do poder para decidir como a
nova moeda é utilizada", escreveu o Sr. Sigurjonsson na proposta.
"Tal como com o Orçamento do Estado, o Parlamento debaterá a
proposta do governo para a distribuição de nova moeda",
escreveu.
Os bancos continuariam a gerir contas e pagamentos e serviriam como
intermediários entre poupadores e prestamistas. O sr. Sigurjonsson,
homem de negócios e economista, foi um dos planeadores por trás
do programa de alívio da dívida familiar da Islândia
lançado em Maio de 2014 e destinado a ajudar muitos islandeses cujas
finanças foram estranguladas pelas hipotecas indexadas à
inflação assinadas antes da crise financeira de 2008.
13/Abril/2015
O estudo Iceland Monetary Reform
pode ser descarregado
aqui
, ou na página
Livros para descarregamento
.
O original encontra-se em
www.theautomaticearth.com/...
e em
www.globalresearch.ca/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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