Quando o Não do povo se transforma no Sim do governo
Governo grego ameaça capitular diante da Troika
Governo SYRIZA-ANEL implora um 3º memorando
A prolongada tragédia grega parece piorar, não melhorar. Sua
economia está em cacos, à beira de uma bancarrota sob uma
dívida esmagadora de reembolso impossível e presa às
regras predatórias da Eurozona que negam direitos soberanos fundamentais.
O seu povo sofre enormemente com a austeridade que lhe é imposta
e a que ainda virá devido às cedências adicionais a que o
primeiro-ministro Tsipras se comprometeu.
A Grécia é uma colónia europeia controlada através
da moeda sem direitos soberanos e sob as condições
impostas pela Troika de aprofundamento da Grande Depressão.
É uma economia que está a ser sistematicamente destruída
para o lucro despojada de tudo o que tenha valor. Seu povo está
empobrecido tem pela frente maior dor e sofrimento. Aos seus pensionistas
pede-se que aceitem migalhas insuficientes para sobreviverem. Sua
geração jovem não tem qualquer futuro.
Ao invés de cumprir sua promessa de campanha de acabar com a
austeridade, Tsipras parece pronto a ignorar o sentimento popular OXI,
não mais dor e sofrimento imposto pela Troika para enriquecer banksters
aprisionando a Grécia à servidão esmagadora da
dívida. O capitalismo predatório funciona deste modo lucra
com o saqueio de países fracos e transfere riqueza pública para
mãos privadas.
O jornalista financeiro Ambrose Evan-Pritchard, do
Telegraph
de Londres, acredita que Tsipras tenha convocado um referendo à espera
de perdê-lo a fim de justificar a capitulação frente
às exigências da Troika.
O seu "plano era (dar a aparência de) travar um bom combate, aceitar
a derrota honrosa e entregar as chaves da Mansão Maximos (a
residência do primeiro-ministro), deixando a outros a tarefa de
implementar (as exigências de austeridade da Troika) e sofrer o
opróbrio consequente".
As coisas não correram como o planeado. O sentimento popular
"surgiu como um choque para gabinete grego", disse Evan-Pritchard.
Responsáveis do SYRIZA pensavam que o povo pensaria que o voto de
Domingo era para aceitar ou rejeitar o Grexit, ao qual a maioria se opõe.
Anteriormente, "Tsipras já tomara a decisão de concordar com
exigências de austeridade", só para descobrir que os bandidos
da Troika "elevaram a aposta" pretendendo mais do que ele esperava,
afirma Evans-Pritchard.
Eles ofereceram condições que a Grécia não podia
aceitar condições "dickensianas" destinadas a
destruir economias quando aplicadas.
Tsipras está "aprisionado pelo seu êxito". Por um lado,
a capitulação total poderia incentivar uma revolta popular. Em
alternativa, ele parece propenso a aceitar mais exigências de
austeridade, mais do que indicara anteriormente.
Uma terceira opção é o Grexit. Evans-Pritchard acredita
que a saída "está postada diante dele". O antigo
presidente da PIMCO, Mohamed El-Erian, classifica a probabilidade em 85%.
"O que está a acontecer no terreno significa que a
situação está a deslizar para fora do controle dos
políticos", diz ele.
"Não penso que isto esteja a ser suficientemente considerado".
Ele preocupa-se mais com um "choque ao apetite de risco" do que com o
contágio económico e financeiro.
Enquanto isso, a Grécia está a afundar numa cratera com bancos
encerrados, próximos do colapso. O desemprego está a crescer, a
pobreza e privação a aprofundarem-se. A dor e o sofrimento humano
é o custo de um sistema esclerosado, condenado a fracassar desde o
princípio.
Fábricas gregas não estão a trabalhar. Pequenos
negócios estão a fechar. Companhias não podem pagar
fornecedores porque bancos não estão a conceder crédito e
transferências externas estão proibidas.
Numa
carta de quarta-feira
passada ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e ao administrador do
Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, o novo ministro das
Finanças grego, Euclid Tsakalotos, prometeu não especificadas
"medidas relativas à reforma fiscal" (taxas de IVA mais altas)
e "medidas relativas às pensões" (redução
de benefícios de reformados para além dos cortes anteriores
estabelecidos em 40%).
Em contra-partida, ele pedia um novo salvamento
(bailout)
de três anos para "cumprir obrigações de
dívida da Grécia e assegurar a estabilidade do sistema
financeiro".
Ele disse que Atenas "compromete-se a honrar suas obrigações
financeiras (a dívida odiosa) para com todos os seus credores de maneira
completa e atempada".
O ministro enfatizou o "compromisso da Grécia de permanecer na
eurozona e respeitar suas regras e regulamentos como estado membro".
Sua carta era escassa quanto a pontos específicos. "O exame real
só pode começar uma vez que o pacote completo tenha sido posto
sobre a mesa", disse o intransigente ministro alemão das
Finanças, Wolfgang Schauble.
O SYRIZA tem prazo até Domingo para satisfazer os bandidos da Troika.
Ignore o que diz Tsipras sobre procurar "uma solução
razoável e viável" com os credores.
Até agora ele lhes deu virtualmente tudo o que pediam. Será a
capitulação total excepto quanto a concessões
menores demasiado insignificantes anunciada no Domingo ou antes disso?
09/Julho/2015
[*]
Analista político, autor de
Flashpoint in Ukraine: US Drive for Hegemony Risks WW III
,
lendmanstephen@sbcglobal.net
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/looming-greek-capitulation-to-troika/5461458
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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