O KKE continuará a luta pelo derrube da barbárie capitalista
O KKE estende desde já os seus calorosos agradecimentos a todos os
partidos comunistas, aos homens e mulheres comunistas, bem como a um largo
número de militantes de todo o mundo que exprimiram a sua sincera
solidariedade e apoio ao nosso partido, porque valorizaram as árduas
batalhas de classe em que está envolvido desde há muito, antes e
depois da crise capitalista.
O nosso partido continuará a ser digno dessa confiança e
levará avante a luta pelos interesses mais profundos da classe
trabalhadora e das populações, pelo derrube da barbárie
capitalista e pelo socialismo. O objectivo da abolição da
exploração do homem pelo homem, princípio basilar dos
partidos comunistas, assim o exige.
Os desenvolvimentos na Grécia, e de forma mais particular as duas
recentes eleições, deram azo a muitas discussões sobre o
KKE e a "esquerda", o papel dos "governos de esquerda" e o
posição dos comunistas.
Algumas forças que ainda ostentam o título de "Partido
Comunista" apesar do facto de estarem num claro processo de
social-democratização, e outras forças que falam em nome
da "esquerda", abriram uma frente de forma mais ou menos clara
contra o KKE, difamando a sua actividade, escondendo ou distorcendo as
suas posições, com uma retórica sem fundamento acerca de
um suposto sectarismo, regurgitando as polémicas do inimigo de classe,
adoptando e disseminando as posições do SYRIZA.
O SYRIZA é um partido que apoia fanaticamente a União Europeia e
serve de veículo à visão utópica do
"capitalismo de face humana". Está comprometido com as
forças oportunistas de direita, com vários grupos residuais da
luta de classes, com grupos marginais de ultra-esquerda (trotsquistas e
ex-maoístas) e com uma parte significativa dos sociais-democratas do
PASOK.
As forças que abriram essa frente contra o KKE dentre elas o
aparelho do "Partido de Esquerda Europeu" e outras
organizações apoiantes do caricatural "Socialismo para o
século XXI" foram desmascaradas graças à
prática do KKE e ao contributo para a luta revolucionária que as
refutou. Mas a sua posição é prejudicial à classe
operária, aos extractos populares e à juventude porque eles tomam
o lado do opositores aos comunistas dos comunistas que lutam
consistentemente contra a burguesia, contra o imperialismo e se opõem
militantemente à assimilação da classe trabalhadora dentro
dos objectivos do capital.
Apelamos aos comunistas, homens e mulheres, aos trabalhadores que acompanham os
desenvolvimentos da situação na Grécia e estão
interessados no rumo da luta de classe a terem um melhor entendimento da
estratégia e das tácticas do KKE, da sua história e das
suas lutas. Eles deveriam julgar as suas posições com base em
critérios político-ideológicos específicos e
não com base em rumores e calúnias sem fundamento. Serão
então capazes de perceber que o ataque à estratégia do
KKE, à sua política de alianças, bem como as
afirmações risíveis acerca do seu suposto sectarismo e
isolacionismo foram iniciados pelas forças burguesas e por forças
que na realidade rejeitaram os princípios marxistas-leninistas, como a
necessidade do socialismo, a centralidade da luta de classe que é
significativa quando ligada ao poder popular da classe trabalhadora.
Nessa altura serão capazes de perceber que estas forças seguem
uma linha política de gestão burguesa a qual é escondida
por trás da conversa de uma "solução de
esquerda", semeando ilusões acerca da
"humanização do capitalismo" com consequências
muito negativas para a luta dos trabalhadores.
O pior é que estas mesmas forças que atacam
"maliciosamente" o KKE e que por vezes pretendem ser seus
"amigo", tentam explorar este resultado eleitoral, que é
negativo para o povo, numa tentativa de validação das suas
perigosas afirmações.
SOBRE OS DESENVOLVIMENTOS DA SITUAÇÃO NA GRÉCIA
Na Grécia, a profunda crise de sobre-acumulação do
capital, que entrou no seu quarto ano, a par com a crise nos outros estados da
União Europeia, provoca a intensa agressividade dos monopólios e
dos seus representantes políticos que se expressa na sua
estratégia anti-popular como um todo. Os memorandos assinados pelos
governos gregos com a UE, o BCE e o FMI são uma parte desta
estratégia.
A deterioração da situação da classe trabalhador e
dos extractos populares provocada pela ofensiva do capital, o desenvolvimento
da luta de classe que conta com a contribuição decisiva do KKE e
do movimento com orientação classe, levou à erosão
do social-democrata PASOK que durante muitos anos aplicou a cruel linha
política anti-povo. Levou também à erosão do
partido liberal ND (Nova Democracia) e do sistema de dois partidos como um
todo, os quais perderam a capacidade de enganar as forças populares que
tinham anteriormente.
Nesta base, a recomposição da cena política está a
ser promovida e esta é apoiada pela classe burguesa, a União
Europeia e outros mecanismos imperialistas para administrar mais eficazmente a
crise capitalista em favor do capital, para impedir a luta de classe, para
atacar o KKE o movimento com orientação de classe.
Um elemento fundamental da recomposição da cena política
é a criação de dois novos pólos o de
"centro-direita" baseado na ND e o de "centro-esquerda"
com o SYRIZA no seu núcleo junto com a participação uma
ampla secção de responsáveis do PASOK que arcam com
responsabilidades criminais quanto à implementação da
linha política anti-povo dos anos anteriores.
A Grécia e as suas eleições parlamentares foram utilizadas
como uma arena da competição inter-imperialista entre os Estados
Unidos, a UE, a Alemanha e a França. Este facto exprimiu-se no
posicionamento das forças políticas gregas, em particular a ND, o
PASOK e o SYRIZA (este último namorando a França e os Estados
Unidos).
A profunda e multifacetada assimilação da Grécia na
União Europeia, a crise prolongada e a recessão da Eurozona
tornaram necessária a intervenção dos Estados Unidos,
União Europeia e FMI de modo a anular qualquer tendência de
radicalização do movimento na Grécia e o seu posterior
impacto internacional.
As afirmações recorrentes da parte dos representantes das
organizações imperialistas, assim como os artigos publicados por
toda a imprensa estrangeira, incluindo o apelo ao voto na ND por parte da
edição alemã do
Financial Times,
reforçou a bipolarização e a chantagem feita sobre o
povo, para que este se virasse para um dos dois pólos de gestão
da burguesia.
Sobre os resultados eleitorais
O KKE fez um imenso esforço que se traduziu em 8,5% dos votos, 536 mil
votos e 26 deputados nas eleições de 6 de Maio, mas ele
não foi complacente. Ele falou claramente acerca do plano para
enfraquecer o partido, previu e combateu a ofensiva organizada anti-KKE com
todas as suas forças e permaneceu de pé com perdas de 4% da sua
força eleitoral, com uma diminuição do número de
votos e de deputados, acabando por conseguir 4,5% dos votos, que representam 12
deputados e 277 mil votos.
O que é que se passou entre estas duas eleições? Que
dilemas foram colocados pelo sistema burguês para enganar as
forças populares? O Comité Central do KKE fez uma
avaliação inicial do resultado, a qual agora está a ser
discutido nas organizações do partido e em encontros com amigos
do partido para reunir a experiência colectiva de modo a que possa ser
usada na avaliação final. A fim de entender a atmosfera
política que prevaleceu na segunda eleição é
importante ter em mente que, de acordo com as leis eleitorais vigentes, o
primeiro partido recebe um bónus de 50 deputados (num parlamento
composto por 300) para "facilitar" a formação de novo
governo. Nas primeiras eleições (na qual o KKE teve 8,5%) a
diferença entre o primeiro partido (ND) e o segundo partido (SYRIZA) era
de 2.1 % e a luta pelo primeiro lugar criou condições de
polarização intensa.
O CC do KKE fez a seguinte avaliação: "As perdas
significativas do KKE que se verificaram não reflectem o impacto real
das suas posições e da sua actividade. Isto sucedeu sob a
pressão das ilusões e da lógica do "mal menor",
do caminho fácil e indolor segundo o qual seria possível formar
um governo que pudesse administrar a crise no terreno do poder dos
monopólios e de uma assimilação na União Europeia
capaz de travar a deterioração da posição do povo.
Ao mesmo tempo, houve o impacto do clima de medo e de intimidação
quanto à expulsão da Grécia da zona euro. A
eleição verificou-se nas condições de uma ofensiva
sistemática e sorrateira dos mecanismos politico-ideológicos do
sistema, mesmo através da utilização sistemática da
internet. O objectivo principal era o enfraquecimento do KKE a fim de impedir a
ascensão do movimento dos trabalhadores quando as
condições de vida do povo estavam a deteriorar-se".
A conclusão é a de que os resultados eleitorais, no seu todo,
reflectem a tendência de contenção da
radicalização do movimento de classe durante os períodos
de crise, sob a pressão que prolifera radicalismo pequeno-burguês
guiado pela ideologia e propaganda burguesa. É evidente que esse tipo de
lutas que se desenvolveram não foram capazes de aprofundar e consolidar
o radicalismo, pois não tinham uma orientação para as
massas nem conseguiram a organização e a orientação
política que as condições actuais necessitam. Em
última análise todas as tendências positivas que se
desenvolveram foram influenciadas por um conteúdo anti-memorando,
baixando as expectativas numa situação em que a pobreza e o
desemprego se massificam".
O papel do SYRIZA
As forças que apoiam de forma mais ou menos aberta o
SYRIZA e que criticam o KKE vêm-se obrigadas a explicar aos membros e
aos quadros dos seus partidos, bem como à classe trabalhadora e aos
povos o seguinte:
Porque é que eles escondem
que o elemento comum da linha política da ND, PASOK e SYRIZA e de
outros partidos, é o seu apoio à União Europeia, o
inter-estado imperialista que implementa uma estratégia anti-popular e
que se construiu e se desenvolveu de acordo com os interesses dos grupos
monopolistas e das multi-nacionais?
Porque é que escondem
o facto de que uma secção da burguesia, os poderosos grupos
financeiros que controlam os jornais, as rádios e as televisões,
apoiou o SYRIZA de uma forma decisiva (e isto aplica-se também aos
canais de rádio e de televisão estatais), enquanto o presidente
dos industriais gregos propunha um governo de unidade nacional com a
participação do SYRIZA?
Porque é que escondem
que durante estas eleições e sobretudo depois das
eleições de 6 de Maio o SYRIZA abandonou até a fraseologia
e os slogans acerca do cancelamento do memorando e do acordo de
empréstimo, acerca da nacionalização de empresas etc... e
adaptou completamente o seu programa às necessidades da gestão
burguesa?
Porque é que escondem
o facto de estar em marcha um plano de recomposição da
social-democracia com o SYRIZA no centro? A Social-Democracia já provou
ser muito útil à classe burguesa e ao seu intuito de impedir a
consciencialização radicalizada das populações em
prol de uma União Europeia de sentido único, atacando e
procurando controlar os movimentos dos trabalhadores.
Porque é que escondem
o facto deste partido ter usado continuamente o anti-comunismo, enquanto apela
ao mesmo tempo à "unidade da esquerda"? Num dos principais
comícios de campanha do SYRIZA, com o seu presidente ao lado, o
"filósofo" esloveno Slavoj Zizek, numa
demonstração vulgar de anti-comunismo, disse que "(...) Isto
é, se bem percebemos, o que o KKE, que mais não é do que o
partido daqueles que ainda estão vivos porque se esqueceram de morrer,
vos está a dizer (...)" recebendo uma salva de aplausos
entusiasmados por parte do auditório!
Porque é que escondem
que o facto de terem usado toda espécie de tácticas sujas contra
o KKE a fim de ganhar os votos do povo na busca da primeira
posição nas eleições ou da capacidade de formar um
governo unipartidário?
Tácticas sujas que incluíram, entre outras coisas, fornecer a
jornalistas burgueses falsa propaganda sobre diferentes visões no seio
do CC e da Comissão Política do KKE sobre a posição
em relação ao SYRIZA e à participação num
governo de gestão burguês. A experiência das
condições nas quais o KKE combateu nestas eleições
é válida para todos os partidos comunistas e, por esta mesma
razão, procuramos informá-los acerca das
provocações que ocorreram, entre elas a criação de
uma falsa conta do KKE no Twitter que utilizar para apelar ao voto no SYRIZA.
Porque é que escondem
que alguns dias antes das eleições o presidente do SYRIZA se
encontrou em Atenas com diplomatas dos países do G-20 para
"estabelecer um clima de confiança"? Com quem? Com o clube dos
mais fortes capitalistas e imperialistas do mundo.
Ainda há mais. Os quadros do SYRIZA apresentaram a linha política
de Obama ao povo grego como uma linha razoável de gestão da crise
em prol do povo. Ao mesmo tempo, defendiam que a eleição do
social-democrata Hollande seria um novo factor portador de uma lufada de ar
fresco e de mudanças favoráveis aos povos na União
Europeia. Enquanto isso, o governo social-democrata francês apelava
à submissão do povo grego aos compromissos com a União
Europeia e apesar da competição inter-imperialista
preparava com o governo alemão as novas medidas anti-populares da
União Europeia rumo a uma integração política e
económica.
Estes factos não podem ser ignorados. O KKE não precisa de
fabricar nenhuma teoria da conspiração. A verdade não pode
ser ocultada. São factos da maior importância para que qualquer
trabalhador que esteja interessado na situação grega e no papel
das diferentes forças políticas possa formar uma opinião.
Durante um longo período de tempo foram propagados os mais variados
mitos acerca do papel do SYRIZA nos movimentos populares e dos trabalhadores,
tendo este sido apresentado de uma forma enganadora como uma forte força
de oposição, quando na verdade este contribuía de forma
mínima ou mesmo de nenhuma forma para o desenvolvimento da luta nas
fabricas e nas empresas, para a organização de greves ou outras
formas de mobilização das massas.
Na verdade, este partido é um apêndice da Federação
Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e da Federação dos
Trabalhadores do Sector Público (ADEDY), que operam como instrumentos do
capital, mecanismos do patronato e do governo, que defendem a
colaboração e a concórdia de classes.
A posição do SYRIZA no movimento das "praças",
que foi transitório, teve um carácter de massas limitado e foi um
terreno fértil para visões reaccionárias, foi oportunista
e integrado no plano daqueles que desejavam tomar as rédeas da
gestão burguesa. O SYRIZA arca com sérias responsabilidades por
ter partilhado as "praças dos indignados" com a
abominação fascista "Aurora Dourada", que se apresentou
(juntamente com outras forças nacionalistas) como uma
formação anti-memorando, promovendo slogans vulgares e
reaccionários a fim de manipular a indignação dos
trabalhadores.
A luta do KKE
A ofensiva contra o KKE que se seguiu às eleições
não foi levada a cabo exclusivamente por conhecidos grupúsculos
trotskistas, mas também pelas forças do "Partido de Esquerda
Europeu", como o português "Bloco de Esquerda" e o
italiano "Refundação Comunista". Os presidentes destes
dois partidos não resistiram à tentação de
demonstrar a sua aversão europeísta ao KKE.
A posição do certas forças que culpam o KKE pelo facto de
a ND ter conseguido formar um governo é também uma
posição provocadora. Estas forças tentam esconder o facto
de o KKE ser o único partido em claro conflito com a ND e com o PASOK,
por não estar comprometido com a União Europeia, com a NATO e com
o poder do grande capital, ao contrário do SYRIZA. O KKE não
fomenta ilusões parlamentares e procura dizer sempre a verdade ao povo
acerca das forças que apoiam a gestão burguesa. O nosso partido
tem vindo a lutar durante todos estes anos contra os dilemas
intimidatórios "direita ou anti-direita",
"centro-esquerda ou centro-direita", lutando também contra o
beco sem saída racional que representa o "mal menor" que levou
partidos comunistas europeus a tornarem-se a cauda da social-democracia.
O esforço para caluniar o KKE fracassará porque os seus
instigadores serão totalmente desmascarados, tal como a propaganda de
sectarismo e isolacionismo de que nos acusam é refutada pelo papel de
liderança do KKE, da KNE e também do PAME, dos sindicatos com
orientação de classe, pelos comícios militantes dos
extractos populares e da juventude em dúzias de greves à escala
nacional, sectorial e a nível de empresa, em centenas de
mobilizações multifacéticas que reuniram milhares de
trabalhadores que combatiam por reivindicações que exprimiam os
direitos do trabalhadores e entravam em conflito com o poder do capital, a
barbárie capitalista.
Estes feitos significativos não se apagam com os resultados eleitorais
negativos para as populações. Eles representam uma
experiência valiosa e um acervo para a escalada da luta de classes
até ao seu fim.
O KKE opõe-se à aliança oportunista das diferentes
lideranças políticas e insiste na aliança entre a classe
trabalhadora, as populações urbanas e rurais, participada pela
juventude e pelas mulheres. Rejeita a cooperação para a
formação de um "governo de esquerda" que possa gerir o
capitalismo e insiste na formação de uma aliança
socio-política que lutará pela resolução dos
problemas do povo, que enfrentará os monopólios e o imperialismo
e que procurará dirigir a sua luta rumo ao derrube da barbárie
capitalista e à conquista do poder por parte da classe operária e
do povo.
A estratégia que promete um futuro melhor para a classe trabalhadora e
para os desempregados por meio de um denominado governo de esquerda ou
progressista, enquanto o poder do capital e a propriedade capitalista dos meios
de produção se mantém intacto, é perigosa. Esta
estratégia foi já experimentada e já se provou estar em
bancarrota. Ela levou partidos comunistas à assimilação e
mesmo à dissolução.
Esta estratégia esconde a questão fundamental. Esconde que o
problema do desemprego, que se agrava de forma descontrolada, não pode
ser resolvido enquanto o poder e a riqueza que a classe trabalhadora produz
permanecerem nas mãos dos capitalistas, enquanto a anarquia capitalista
e a motivação do lucro existirem.
As necessidades actuais do povo não podem ser satisfeitas uma vez que o
capitalismo se encontra na sua fase derradeira, a fase imperialista, e é
totalmente reaccionário. As dificuldades na reprodução do
capital, a competição entre os monopólios pelo seu
domínio reforçam o ataque destinado a reduzir o preço da
força de trabalho e a aumentar a taxa de exploração. Mesmo
pequenos ganhos exigem duros conflitos com as forças do capital, como a
heróica greve de sete meses dos metalúrgicos em Aspropirgos
demonstrou. Greve essa que tem sido firmemente apoiada pelo KKE e pelo PAME,
bem como por milhares de trabalhadores gregos e estrangeiros que exprimem a sua
solidariedade de classe.
A luta diária pelo direito ao trabalho, pela protecção no
desemprego, por salários e pensões, pelo sistema nacional de
saúde, pela segurança social e pela educação, a
luta diária contra as guerras imperialistas, pela saída das
uniões imperialistas, pela soberania popular, pelos direitos
democráticos está indissociavelmente ligadas à luta pelo
derrube do capitalismo.
A posição de princípio do KKE exprime o facto de um
partido revolucionário não poder ter duas caras, não poder
negar a sua estratégia, a sua luta pelo poder da classe operária
e pelo socialismo, apenas para ganhar alguns votos numa eleição
parlamentar apoiando formações "gestoras" do capital,
beneficiando assim o sistema.
O KKE disse a verdade ao povo. Apelou ao seu apoio para que o partido
saísse reforçado, de forma a poder contribuir decisivamente para
a luta que procura evitar novas medidas anti-populares, assim como para a
reorganização e reforço do movimento popular e dos
trabalhadores, para o desenvolvimento das lutas abrindo caminho a
mudanças radicais.
O KKE rema contra a maré, como já o tinha feito em tempos
passados, quando expôs, entre outras coisas, a natureza da
contra-revolução, o carácter imperialista e
anti-socialista da União Europeia, ou quando lutou contra o Tratado de
Maastricht, quando condenou as intervenções imperialistas e os
pretextos que as justificavam, etc...
Nesta direcção, o KKE lutou nas eleições contra a
corrente de medo, de fatalismo, e de múltiplas ameaças que
iam da expulsão da zona Euro ao medo de não haver um governo
e contra as ilusões que eram sistematicamente fomentadas pelo
SYRIZA. Explicámos ao povo o verdadeiro carácter da crise, e as
pré-condições para uma saída favorável aos
trabalhadores que estará sempre ligada a um desligamento da NATO e da
União Europeia, ao cancelamento unilateral da dívida e à
socialização, isto é, ao governo da classe trabalhadora.
É o governo dos trabalhadores e do povo contra o governo de
gestão da burguesia. Levámos a cabo esta batalha com a
consciência dos perigos e do custo eleitoral que ela teria.
Mesmo a mais leve cedência da parte do partido face à
pressão para participar num governo de gestão da crise teria
levado ao desarmamento e à derrota do movimento dos trabalhadores,
à destruição do esforço para a
formação de uma aliança socio-política forte, que
faça frente à linha política dos monopólios e das
uniões imperialistas como são a União Europeia e a NATO.
Teriam sido anulados todos os esforços feitos para a união de
todos aqueles que lutam diariamente, e que cada dia são mais, rumo ao
poder da classe operária. Na prática o KKE teria negado a
consistência e a solidez das suas palavras e actos, e teria sido levado a
graves erros e a uma retirada decisiva do seu programa e das suas tarefas
imediatas na luta.
É da maior importância o facto de nestas condições,
em que uma série de outros partidos comunistas europeus ou não
estão representados no parlamento ou se diluíram em
formações sociais-democratas e oportunistas, o KKE ter mantido a
sua posição, com menos força eleitoral quando comparada
à sua influência social e política. A estratégia das
duas vias de desenvolvimento, da necessidade de uma aliança
socio-política e da luta pelo poder da classe trabalhadora, da
expansão e aprofundamento da ligação à classe
trabalhadora e às classes populares, continua a ser o objectivo
fundamental no que toca à sua actividade junto das
populações, para que estas resistam e não sejam vergadas
pelas novas agressões que a esperam.
A estratégia do KKE tem sido confirmada diariamente pelos
desenvolvimentos diários dos acontecimentos. É uma
estratégia baseada nos princípios comunistas; baseada nas leis da
luta de classe define o objectivo, o caminho e as
pré-condições a fim de resolver a
contradição básica entre o capital e o trabalho, a fim de
resolver a questão central do poder e a abolir as relações
de produção exploradoras de que o capitalismo sofre a partir das
duas contradições irreconciliáveis, tornando-se mais
reaccionário e perigoso sem que qualquer fórmula de gestão
possa proporcionar uma solução favorável ao povo. Com esta
estratégia e esta linha de luta o KKE tem incansavelmente
contribuído para o esforço de reagrupamento do movimento
comunista numa base revolucionária. O KKE apoia e encoraja a luta dos
comunistas, bem como a luta anti-imperialista em todo o mundo, procurando
fortalecer a solidariedade internacionalista ao mesmo tempo que assume a
responsabilidade pelo desenvolvimento da luta de classe ao nível
nacional.
O nosso partido está seriamente comprometido com o processo de
auto-crítica em curso. Estamos conscientes de que não basta ter
uma estratégia e uma militância correctas. O partido estuda as
suas fraquezas de modo a tornar-se mais eficaz em questões de
orientação política, de formação
ideológica e da sua construção nas fábricas, locais
de trabalho, bairros, reforçando o movimento de classe, para que a
participação nos sindicatos e noutras organizações
de massas aumente e para que novas forças se juntem à luta.
O KKE continua a sua luta no que toca aos problemas do povo com um sentido de
responsabilidade reforçado, focando-se na luta contra um sistema fiscal
que penaliza o povo, pela melhoria das condições de trabalho, por
melhores salários e pensões, pela protecção no
desemprego, pelo sistema nacional de saúde, segurança social e
educação. Ao mesmo tempo que alerta para os perigos da guerra
imperialista eminente na Síria e no Irão.
Luta contra as políticas de classe do ND, do PASOK e da Esquerda
Democrática que surgiu como uma cisão do SYRIZA e é parte
integrante de um plano "de esquerda" de manipulação
das aspirações populares. Levamos a cabo uma luta mais
organizada contra as ilusões do SYRIZA, fortalecendo a nossa luta contra
os fascistas da "Aurora Dourada".
Já há muito tempo informámos muitos partidos comunistas de
que o ataque contra o KKE se iria intensificar. Muitos camaradas estão
conscientes o que a classe burguesa, os mecanismos estatais e para-estatais
testados significam para a repressão e as provocações
contra o KKE e o PAME e agora precisamos estar muito bem preparados a fim de
lidar com a escala do ataque contra o partido.
Continuamos a nossa luta. Estamos a tentar tornar-nos mais eficazes na
organização e no desenvolvimento da luta de classe.
A redução da força eleitoral do KKE não nega as
vantagens que o nosso partido obteve com um grande esforço. Não
nega o poder que este têm dentro dos sindicatos, das
organizações de massa, do movimento popular e dos trabalhadores,
nem o seu prestígio junto da classe trabalhadora, nem mesmo a
confiança que o povo nele tem nas lutas quotidianas, quer isso tenha ou
não sido expresso em termos eleitorais.
"Amigos mas não nas horas difíceis"
Assim, as forças que procuraram, de forma aberta ou velada, interpretar
o resultado eleitoral de uma forma arbitrária, a fim de minar a
estratégia e as tácticas do KKE, bem como o seu papel no
movimento comunista internacional, serão julgadas pelos
revolucionários comunistas, pela classe trabalhadora.
Já existem forças mais que suficientes para gerir o sistema. O
que o povo necessita é de partidos comunistas reais que não
procurem gerir a barbárie capitalista em nome do dito "governo de
esquerda" e em nome da aceitação "realista" de uma
correlação de forças negativa. Por este caminho apenas se
pavimenta o caminho para as forças do capital e desperdiça-se um
tempo precioso, pelos quais a classe trabalhadora e os extractos populares
pagarão um alto preço.
[*]
Membro da Comissão Política do Comité Central do KKE
O original encontra-se em
http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-06-29-arthro-marinoy
. Tradução de MQ.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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