França
Há que repetir que a aposentadoria aos 60 anos nunca existiu!
por André Martin
Constatamos hoje, após seis meses de "debates" sobre as
reformas, que muitos cidadãos ainda pensam que os franceses têm a
aposentadoria aos 60 anos e que a reforma Sarkozy quer fazê-la passar aos
62 anos.
Ora, desde há muito milhões de franceses têm direito a uma
aposentadoria a taxas plenas (os descontos sempre foram muito dissuasivos)
só a partir de 62, 63, 64 ou 65 anos. Pela simples e boa razão de
que sempre houve em França duas condições para beneficiar
de uma aposentadoria à taxa plena: uma condição de idade
(idade legal ou mínima) e uma condição de anuidades.
De 1945 a 1983: idade mínima de 65 anos e 37,5 anuidades
De 1983 a 1993: idade mínima de 60 anos e 37,5 anuidades
Em 1993 (reforma Balladur): idade mínima de 60 anos e 40 anuidades
(só para os assalariados do privado e por transição
progressiva de 1993 a 2003)
Em 2003 (reforma Fillon): idade mínima de 60 anos e igualmente 60
anuidades para a função pública (por
transição progressiva de 2003 a 2008) ... e passagem a 41
anuidades para todos (por transição progressiva de 2008 a 2012)
A taxa plena estando garantida aos 65 anos (Sarkozy quer recuá-la para
os 67 anos), mesmo para aqueles não tendo as 41 anuidades
Estas "reformas" passadas levaram portanto a que milhões de
franceses tenham direito a uma aposentadoria a taxa plena só a partir
dos 62, 63, 64 ou 65 anos. Tomemos para sermos concretos e precisos o exemplo
dos assalariados que hoje têm entre 55 e 58 anos. Antes da reforma
Sarkozy-Medef, em que idade têm eles direito a uma aposentadoria à
taxa plena, uma vez que é preciso ter 41 anuidades? Basta acrescentar 41
anos à idade à qual começaram a trabalhar.
Aqueles que começaram a trabalhar aos 18 anos têm seus direitos
aos 60 anos (serão afectados pelo adiamento para 62 anos)
Aqueles que começaram a trabalhar aos 19 anos têm seus direitos
aos 60 anos (serão afectados pelo adiamento para 62 anos
Aqueles que começaram a trabalhar aos 20 anos têm seus direitos
aos 61 anos (serão afectados pelo adiamento para 62 anos)
Aqueles que começaram a trabalhar aos 21 anos têm seus direitos
aos 62 anos
Aqueles que começaram a trabalhar aos 22 anos têm seus direitos
aos 63 anos
Aqueles que começaram a trabalhar aos 23 anos têm seus direitos
aos 64 anos
Aqueles que começaram a trabalhar aos 24 anos têm seus direitos
aos 65 anos
Aqueles que começaram a trabalhar aos 25 anos têm seus direitos
aos 65 anos (66 anos após a reforma Sarkozy)
Aqueles que começaram a trabalhar aos 26 anos têm seus direitos
aos 65 anos (67 anos após a reforma Sarkozy)
Aqueles que serão afectados pelo adiamento para 62 anos da idade
mínima são portanto aqueles que começaram a trabalhar mais
jovens e terão contribuído mais (44 anuidades para aqueles que
trabalharam a partir dos 18 anos)
A sub-informação que se constata frequentemente tem a ver
principalmente com três factores:
Por simplificação, toda a gente fala de aposentadoria aos 60 anos
que Sarkozy quer fazer passar a 62 anos.
Sarkozy-Medef-UMP não cessam de repetir que todos os outros
países já passaram para 65 ou 67 anos, sem nunca dizer:
a) qual o número de anuidades exigidas nestes países
(frequentemente muito inferiores às 41 anuidades em França)
b) que em França todos os que têm o bacharelato (bacs) +3
têm direito a uma aposentadoria à taxa plena mais cedo, aos 62
anos (21 anos + 41 anuidades) ... se eles tiverem encontrado trabalho desde o
fim dos seus estudos
c) que em França todos os bacs +5 têm direito a uma taxa plena
mais cedo, aos 64 anos (23 anos + 41 anuidades) ... se tiverem encontrado
trabalho desde o fim dos seus estudos
Finalmente, a desinformação funciona em pleno, por omissão
voluntária ou involuntária. Daí o título do apelo
que havíamos lançado em Fevereiro de 2010: "Aposentadorias,
Desemprego Travemos a desinformação!"
Algumas conclusões
Mesmo antes da reforma Sarkozy, a França figura entre os países
que têm as mais drásticas condições em
matéria de aposentação a taxa plena, ou seja, sem desconto
dissuasor.
"Oponentes determinados" à reforma Sarkozy recusam o adiamento
para 62 anos da idade mínima. Eles propõem em
substituição alongar a duração da
contribuição. Querem portanto atirar para mais de 62 anos a idade
da aposentação à taxa plena para os bacs+3 e par mais de
64 a idade da aposentação a taxa plena para os bacs+5 ...
Sobretudo não esqueça de acrescentar vosso número de anos
de duplicação e o número de anos que demorou para achar um
primeiro emprego! Aqueles que sabem alguma coisa em matéria de
aposentações não vêm mais diferenças
essenciais entre tais propostas e a reforma Sarkozy-Medf-UMP. Será
preciso que nos expliquem estas diferenças. Será preciso
também fixar ordens de grandeza em matéria de taxa de
substituição (relação entre a primeira
pensão e o último salário), ao menos para os
salários baixos e médios. Senão, milhões de
assalariados poderiam preencher as condições de idade e de
anuidades para ter a aposentação, mas serem condenados a fazer
pequenos serviços precários, porque a sua pensão de
reforma não lhes permitiria (sobre)viver decentemente.
O original encontra-se em
www.legrandsoir.info
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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