por Brandon Smith
É inegável:
o colapso final precipita-se sobre nós
, tal como economistas alternativos estiveram a advertir-nos desde a
implosão inicial de 2008. Nestes anos desde o desastre dos derivativo,
foi
infindável a absurda e ridícula propaganda publicada pelos media
financeiros de referência
e à medida que a situação nos mercados piora, a
propaganda só aumentará. Para muitos, isto pode parecer
contra-intuitivo. Poder-se-ia pensar que quanto mais óbvio se torna o
colapso económico, mais os analistas alternativos estarão
justificados e mais desperta e consciente estará a pessoa média.
Não necessariamente...
De facto, a máquina estonteante dos media de referência
está a entrar em alta velocidade à medida em que mais dados
negativos são revelados e absorvidos pelos mercados.
Se conhece a nossa história, então sabe que isto é uma
táctica comum da elite do establishment a fim de amarrar o
público a falsas esperanças de modo a que não se prepare
nem tome medidas alternativas enquanto o sistema desmorona em torno de si.
No início da Grande Depressão foram utilizadas as mesmas
estratégias. Verifique se tem ouvido citações semelhantes
a estas nos noticiários dos media de referência durante os
últimos dois meses:
John Maynard Keynes in 1927:
"Não teremos mais crashes no nosso tempo".
H.H. Simmons, presidente da Bolsa de Valores de Nova York, 12/Jan/1928:
"Não posso ajudar senão lançando um voz de
discordância a declarações de que estamos a viver num
paraíso de loucos e que a prosperidade neste país deve
necessariamente diminuir e recuar no futuro próximo".
Irving Fisher, principal economista dos EUA, The New York Times, 05/Set/1929:
"Pode haver uma recessão nos preços das
acções, mas não qualquer coisa com a natureza de um
crash".
E em 17/Set/1929:
"Os preços das acções atingiram o que parece um
patamar permanentemente alto. Não sinto que possa haver uma quebra de 50
ou 60 pontos dos níveis actuais, tais como (os ursos) previram. Espero
ver o mercado de acções em boa forma e mais elevado dentro de
poucos meses".
W. McNeel, analista de mercado, citado no New York Herald Tribune, 30/Out/1929:
"Este é o momento para comprar acções. Este é
o momento para recordar as palavras do falecido J. P. Morgan... de que qualquer
homem for pessimista (bearish) na América irá falir. Dentro de
poucos dias é provável que haja um pânico urso ao
invés de um pânico touro. Muitos dos baixos preços
resultantes desta venda histérica provavelmente não serão
alcançados outra vez em muitos anos".
Harvard Economic Society, 10/Nov/1929:
"... uma depressão séria parece improvável;
[esperamos] recuperação dos negócios na próxima
Primavera, com nova melhoria no fim".
Eis a questão: como SEMPRE disse, o colapso económico
não é um evento singular, é um processo.
A economia global tem estado no processo de colapso desde 2008 e nunca
abandonou esse caminho. Aqueles que eram ignorantes aceitaram
estatísticas do governo pelo seu valor facial e o manipulado mercado
touro como legítimo, recusando-se a reconhecer o fundamental. Agora, com
mercados a sofrerem recentemente uma das maiores quedas livres desde o crash de
2008/2009, eles estão a verificar a loucura das suas
suposições, mas isso não significa de modo algum que as
aceitarão ou que se desculparão por elas. Se há uma
lição que aprendi bem durante meu tempo no Liberty Movemente,
é nunca subestimar o poder do preconceito da normalidade
(normalcy bias).
Houve uma plétora de "dias altos" nos mercados durante a
Grande Depressão e para uma grande percentagem da
população americana isto manteve vivo e durante longos anos o
sonho falso de uma recuperação rápida.
Aguarde numerosas "atordoante reversões nas
acções" à medida que o colapso da nossa era
avança, mas recorde sempre que a TENDÊNCIA GERAL importa muito
mais do que qualquer dia positivo ou negativo de transacções (a
menos que se depare com uma queda de 1000 pontos como tivemos na segunda-feira,
24/Agosto/2015) e, ainda mais importante do que tendências, são os
fundamentos económicos.
O establishment fez todos os esforços para ocultar os fundamentos do
público através de distorções de grande alcance das
estatísticas económicas.
Contudo, os dias da desinformação eficaz em termos do sistema
financeiro estão a chegar ao fim. Quando investidores e o público
geral começa a absorver a realidade de que a economia global está
na verdade a testemunhar um vasto cenário de crise e reconhece que os
números reais são fraudulentos, este é o único
recurso que banqueiros centrais e governos controlam a fim de convencer o
público de que a crise que testemunha não é
realmente uma crise. Isto equivale a dizer que o establishment tentará
marginalizar os sinais de colapso que já não puder ocultar, como
se tais sinais fossem de importância "mínima".
Tal como ocorreu durante o início da Grande Depressão,
haverá legiões de mentiras à medida que nos aproximamos da
hora zero.
Aqui estão algumas das mentiras que provavelmente ouvirá com o
acelerar do colapso:
A crise foi provocada pelo contágio chinês
A hipocrisia intrínseca a esta mentira é verdadeiramente
espantosa, para dizer o mínimo, considerando que ela está agora a
ser propalada pelos mesmos sacos de lixo dos media de referência, os
quais apenas há poucos meses afirmavam que a
perturbação financeira da China e os transtornos no seu mercado de
acções eram inconsequentes e teriam "pouco ou nenhum
efeito" sobre mercados ocidentais.
Recordo especificamente estas
citações hilariantes
de Barbara Rockefeller no mês de Julho:
"Outra coisa que não importa muito é o colapso das
acções chinesas mais uma vez. A China pode ser grande e
poderosa, mas falta-lhe uma base de retalho e administradores de fundos
experientes em variações de preços, não faz mal uma
derrota verdadeira..."
"Gente do tipo "dia do juízo final" tem estado a dizer durante
há muito
que ficaremos com um mercado de acções destroçado
quando o Fed finalmente fizer o movimento de subir as taxas. Mas como
escrevemos na semana passada, a histórica não prova esta tese,
não se pode realmente confiar na história quando a
dimensão da amostra é um ou dois conjuntos de dados..."
Sim, isto é um bocado embaraçoso. Um ou dois conjuntos de dados?
Houve muitas intervenções do banco central na história.
Quando é que QUALQUER banco central ou qualquer governo alguma vez
utilizou estímulos para manipular mercados através de
infusões de moeda fiduciária e o juro zero alimentou recompras de
acções ou deu ao governo poder para monetizar a sua
própria dívida e realmente teve êxito com este
esforço? Quando é que mercados viciados em estímulos, tal
como
um comprador de heroína, alguma vez levou a uma
"recuperação"? Quando é que esta espécie
de comportamento alguma vez NÃO criou bolhas orçamentais
maciças, uma constante degradação da sociedade hospedeira
[do parasita] ou calamidade total?
Subitamente, segundo a MSM, a economia da China não nos afecta.
Não só isso, como a China é culpável por todos os
males globais da estrutura económica interdependente. E a simples
menção de que o Fed pode adiar o fim das taxas de juro quase zero
no mês de Setembro recentemente fez subir os mercados em 600 pontos
após uma semana de banho de sangue. Significa isso que o potencial para
qualquer aumento da taxa de juro, não importa quão pequeno,
também tem implicações mais vastas para os mercados.
A verdade é que crash nas acções globais, o qual sem
dúvida continuará ao longo dos próximos meses apesar de
quaisquer adiamentos da
ZIRP
por parte do Fed é um resultado da decadência universal na
infraestrutura orçamental. Praticamente toda nação
individual neste planeta, toda economia soberana, permitiu que bancos centrais
e internacionais envenenassem todos os aspectos dos seus respectivos sistemas
com dívida e manipulação. Isto não é um
problema de "contágio", é um problema sistémico
de todas as economias por todo o mundo.
O crash da China tem importância não porque esteja a levar todas as
outras economias ao crash. Ele tem importância porque a China é o
maior importador/exportador do mundo e é um teste ácido para a
saúde financeira de todos os outros países. Se a China
está em queda, isto significa que não estamos a consumir e, se
não estamos a consumir, então devemos estar falidos. O crash da
China anuncia as nossas próprias condições
económicas muito piores. É PORQUE os mercados ocidentais
estão em desintegração juntamente com o da China, apesar
das presunções dos media de referência.
Cortes de taxa da China travarão o crash
Não, não travarão. A China cortou taxas cinco vezes desde
Novembro último e isto nada fez para deter a maré do seu colapso
do mercado. Não estou certo da razão porque alguém
pensaria que um novo corte de taxa conseguiria algo mais do que talvez um
alívio da continuação da avalanche.
Não é um crash, é apenas o fim de um "Ciclo de
Mercado"
Esta é a mais ignorante das não explicações que
já ouvi. Não existe tal coisa como um "ciclo de
mercado" quando os mercados são suportados parcial ou totalmente
por manipulação de moeda fiduciária. O nosso mercado
não é de modo algum um mercado livre, portanto ele não
pode comportar-se como um mercado livre e, assim, ele é um mercado
atrofiado sem ciclos identificáveis.
Oscilações em mercados de até 5%-6% para cima ou para
baixo (por vezes ambos no mesmo dia) não fazem parte de um ciclo normal.
Elas são um sinal de uma volatilidade cancerosa que decorre de uma
economia à beira do desastre.
Nos últimos anos houve aparentemente infindáveis euforias de
mercado nos quais qualquer correctores idiotas não podiam errar desde
que comprassem enquanto decorria a intervenção monetária
do Fed. Isto também não é normal, mesmo na chamada
"nova normal". Sim, a actual perturbação com as
acções é um resultado inevitável de mercados
manipulados, estatísticas falsas e esperanças deslocadas, mas
é na verdade um crash tangível em formação.
Não é de modo algum exemplo de um não
ameaçador e previsível "ciclo de mercado" e o facto de
que a conversa
pretensiosa dos media de referência e das pessoas a quem eles palram
não dê absolutamente nenhuma pista do que está para vir
é
apenas uma nova evidência disto.
O Fed nunca elevará as taxas
Não conte com isso. Declarações pública de
entidades globais como o FMI, sobre a China por exemplo, têm argumentado
que sua crise actual é simplesmente parte da "nova normal", um
futuro no qual crescimento estagnado e padrões de vida reduzidos
é o modo como as coisas serão. Espero que o Fed irá
utilizar o mesmo exacto argumento para apoiar o fim das taxas de juro zero nos
EUA, afirmando que o declínio da riqueza e dos padrões de vida
americanos é uma componente natural da nova ordem económica
mundial em que estamos a entrar.
Esteja certo, marque minhas palavras, que dentro em breve o Fed, o FMI, o BIS e
outros tentarão convencer o povo americano de que a erosão da
economia e a perda do status de reserva mundial é realmente uma
"coisa boa". Eles afirmarão que um dólar forte é
a
causa de todo o nosso sofrimento económico
e que é necessária uma perda de valor. Enquanto isso,
naturalmente, eles minimizarão as tragédias que resultarão
quando a mudança rumo à desvalorização do
dólar se abater sobre as cabeças do populacho.
Uma alta da taxa pode não se verificar em Setembro. De facto, como
previ no meu último artigo
, o Fed já está a dar pistas de um atraso a fim de promover os
mercados, ou pelo menos reduzir a actual carnificina a um nível mais
administrável. Contudo, eles ELEVARÃO as taxas no futuro
próximo, provavelmente antes do fim deste ano após algumas
reuniões em alta tensão nas quais o mundo financeiro
estará sentado à espera ansiosamente da palavra do alto. Por que
elevaria taxas? Algumas pessoas não apreendem o facto simples de que a
tarefa do Federal Reserve é destruir o sistema económico
americano, não protegê-lo. Uma vez que se entende esta
dinâmica, então tudo o que faz o banco central faz perfeito
sentido.
Um aumento de taxa ocorrerá exactamente porque é o que é
necessário para mais uma vez desestabilizar a psicologia do mercado
estado-unidense a fim de abrir caminho para o "grande recomeço
económico" que o FMI e Christine Lagarde estão tão
ansiosos por promover. Além disto, muitas pessoas parecem estar
esquecidas de que o ZIRP ainda está a operar, mas que a volatilidade de
qualquer forma tem tendência negativa. Lembram-se de quando todos estavam
prontos a ganhar seus chapéus "Dow 20.000", certos da
omnipotência dos estímulos do banco central e da infinitude do QE?
Sim, aquilo era claramente uma fantasia.
O ZIRP esgotou-se. Ele já não está mais a alimentar os
mercados como antes e os fundamentos são demasiado óbvios para
serem negados.
Os globalistas no Bank for International Settlements na Primavers consideraram
abertamente a existência de políticas de baixas taxas de juro um
disparador potencial para a crise
. Suas declarações relacionam-se com a tendência do BIS
para "prever" terríveis eventos de mercados que eles ajudaram
a criar enquanto, ao mesmo tempo, deturpam as razões que estão
por trás.
O ponto fundamental é que o ZIRP já fez a tarefa a que se
destinava. Já não há mais qualquer razão para o Fed
deixá-lo em vigor.
Esteja preparado para o QE4
Mais uma vez, não confie nele. Ou, no mínimo, não espere
que um QE renovado tenha qualquer efeito duradouro sobre o mercado se for
iniciado.
Não há realmente sentido em apontar para o lançamento de
um quarto programa QE, excepto ficar à espera de que o Fed de vez em
quando instile esta possibilidade no media para enganar investidores. Primeiro,
o Fed sabe que seria uma admissão aberta de que os últimos
três QEs foram um fracasso absoluto e, apesar de a sua tarefa ser
desmantelar a economia estado-unidense, não penso que procurem assumir
culpa imediata por toda a confusão. O QE4 seria tão desastroso
quanto o último programa de estímulo do BCE foi para a Europa,
sem mencionar as últimas várias acções de
estímulo do PBOC [Popular Bank of China]. Direi isto mais uma vez
estímulos com moeda fiduciária têm uma vida útil
limitada e essa vida útil está ultrapassada para todo o globo. Os
dias de mercados suportados artificialmente estão quase acabados e nunca
voltarão.
Vejo pouca vantagem para o Fed em trazer o QE4 para o quadro. Se o objectivo
é descarrilar o dólar, essa actuação já
está a caminho quando o FMI cuidadosamente estabelece o cenário
para a entrada do Yuan no cabaz global de divisas do DES [Direitos Especiais de
Saque] no próximo ano, ameaçando o status do dólar como
reservas mundial. A China também continua a despejar centenas de
milhares de milhões em Títulos do Tesouro (treasuries) dos EUA
levando a uma corrida para um despejo dos mesmos por parte de outros
países. O dólar como divisa é um morto ambulante e o Fed
nem mesmo terá de imprimir no estilo da Alemanha de Weimar a fim de
matá-lo.
Não é tão mau quanto parece
Sim, é exactamente tão mau quanto parece se não pior.
Quando o Dow pode abrir 1000 pontos abaixo na segunda-feira e a China pode
perder todos os seus ganhos de 2015 no intervalo de algumas semanas apesar de
medidas de estímulo institucionalizado que perduram há anos,
então alguma coisa está muito errada. Isto não é um
"soluço". Isto não é uma correcção
que já atingiu o fundo. Isto é só o começo do fim.
As acções não são um indicador previsional. Elas
não seguem os fundamentos positivos ou negativos. As
acções não entram em crash antes ou durante o
desenvolvimento de uma economia enferma. As acções entram em
crash depois de a economia já ter entrado em coma. As
acções entram em crash quando o sistema já não tem
salvação. Desde 2008, nada na estrutura da finança global
foi salva e agora o edifício da banca central está ou incapaz ou
não desejoso (acredito que ambos) de fornecer as ferramentas que nos
permitam mesmo pretender que pode ser salvo.
Vamos sentir o estrago agora, enquanto o establishment nos diz que tudo isso
está dentro das nossas cabeças.
28/Agosto/2015
O original encontra-se em
www.alt-market.com/...
e em
www.zerohedge.com/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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