Dirigentes da UE ao serviço dos EUA actuam contra os interesses
dos povos europeus
A guerra das sanções: novas baixas na União Europeia
por Pyotr Iskenderov
O Ministério do Desenvolvimento Económico russo
publicou algumas
estatísticas
que muitos no ocidente preferem ignorar. Estas
revelam que a União Europeia, EUA, Canadá, Noruega e
Austrália perderam um mercado anual no valor de US$8,6 mil
milhões devido às sanções que aprovaram contra a
Rússia. Em tonelagem, as importações russas de alimentos
daqueles países diminuíram 98,9% de 4.331 milhões
de toneladas para 46.500. "Poder-se-ia dizer que as vendas perdidas dentro
do mercado da Federação Russa foram o equivalente à
redução em importações agrícolas
daqueles países", enfatizou uma declaração do
ministro russo do Desenvolvimento Económico.
Aquele serviço também apresentou uma estimativa aproximada da
portagem financeira sobre os países da UE chegam a 50 mil
milhões de euros por ano. Isso é igual aproximadamente a 0,4% do
produto interno bruto total da UE.
Trata-se de um número significativo, considerando que em 2015, segundo o
Eurostat
, o crescimento económico total na UE foi de 2& do PIB, mas apenas de
1,7% nos países da eurozona. Ainda mais reveladores são os
números comparativos para a última década, os quais
incluem nos seus cálculos não só o período da crise
financeira e económica como também os anos "gordos" da
UE.
De acordo com dados do Eurostat, a economia de toda a União Europeia
cresceu a uma média de 1% ao ano desde 2004. Mas na eurozona esse
crescimento foi apenas de 0,8%. A guerra das sanções contra a
Rússia está a devorar cerca da metade do crescimento
económico anual médio da UE.
Contudo, estes são dados médios de toda a UE. Pode-se obter um
quadro ainda mais claro se isto for extrapolado para países individuais,
considerando não só suas perdas directas como também as
indirectas. Assim, de acordo com analistas da General Invest holding company,
só em 2014 o primeiro ano das sanções os
danos sofridos apenas pelas companhias italianas montaram a aproximadamente
20-22 mil milhões de euros. Isto inclui as perdas incorridas não
só pelas companhias que comerciam directamente com a Rússia como
também aquelas que mantêm uma presença indirecta no mercado
russo através de outros estados membros da União Europeia.
O jornal italiano
La Stampa
tocou a
campainha de alarme
: a guerra de sanções com a Rússia transformou-se numa
"tempestade perfeita" que provocou destruições no
sector manufactureiro italiano. As exportações italianas para a
Rússia realmente implodiram no ano passado, afundando 34% de 10,7
mil milhões de euros em 2013 para 7,1 mil milhões em 2015.
La Stampa
escreve: "A construção de máquinas, as quais
representavam 34% de todas as nossas exportações para a
Rússia, perdeu 648 milhões de euros em 2015, ao passo que a
indústria de confecções perdeu 539 milhões (uma
queda de 31%), a de veículos motorizados 399 (queda de 60%),
calçados 369 e mobiliário 230".
Peritos italianos foram, há muito, os primeiros a advertir quanto aos
efeitos funestos da guerra de sanções com a Rússia. Nos
próximos meses a Itália poderá vir a ser a
"bomba" que explodirá a frágil estabilidade financeira
(e portanto política) na União Europeia.
Federico Santi, analista do Eurasia Group, uma consultora de risco
político, afirma que ao entrarmos no segundo semestre do ano a
situação na Itália e as suas consequências para o
resto da Europa pode demonstrar-se ser o maior risco macro-político. O
sistema bancário italiano está vergado sob o peso maciço
de empréstimos incumpridos e das políticas agressivas da Alemanha
e do Deutsche Bank, os quais estão a utilizar a crise na eurozona para
fortalecer suas próprias posições. Responsáveis do
governo na Itália relataram um valor de 200 mil milhões de euros
de empréstimos "podres" (cerca de 10% do seu total) e peritos
independentes avançam com mais 160 mil milhões de euros (o que
é um número sem precedentes para o sistema bancário
nacional e só comparável aos números encontrados na
Grécia).
Em 2015, o terceiro maior banco da Itália Monte dei Paschi di
Siena possuía 46,9 mil milhões de euros de
empréstimos atrasados. O gabinete de Matteo Renzi já
lançou uma polémica feroz contra Berlim e Bruxelas, acusando-os
pela incapacidade e falta de vontade de efectivamente tratarem dos problemas
financeiros da eurozona e exigindo que aos governos nacionais seja dado o
direito de tomar suas próprias medidas para combater a crise, tendo em
vista suas situações sócio-económicas particulares,
as quais incluiriam recapitalizar dívida.
Mas Nicholas Spiro, consultor junto à Lauressa Advisory, acredita que as
apostas na Itália são demasiado altas para que os
políticos não adoptem um plano de recapitalização
dos bancos italianos. Ao mesmo tempo, Bruxelas e Berlim hesitam em tomar as
suas próprias medidas de emergência para resgatar o sistema
bancário italiano a expensas dos contribuintes europeus, considerando as
eleições que estão para vir na Alemanha e em França.
Os resultados dos testes de stress às instituições
bancárias da UE que foram efectuados pelo Banco Central Europeu e
divulgados
no fim de Julho mostram que o terceto siamês conhecido como
Itália, França e Alemanha poderiam dentro em breve deitar abaixo
todo o sistema financeiro da União Europeia. Apenas em poucos meses as
acções do Deutsche Bank caíram 25%; as do banco
francês Societé Générale 23%; e o banco italiano
UniCredit quase 30%. E os 47 mil milhões de euros de empréstimos
"podres" descobertos no balanço do Banca Monte dei Paschi di
Siena representam mais do que 40% da carteira de crédito total do banco.
Problemas financeiros, a par do declínio na manufactura, tornam-se uma
mistura verdadeiramente explosiva, não só para a Itália
como para toda a União Europeia. Contudo, aparentemente Bruxelas ainda
não está centrada nisso e sim na continuação da
guerra de sanções contra a Rússia.
07/Agosto/2016
O original encontra-se em
www.strategic-culture.org/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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