Um novo século americano?
O Iraque e as guerras ocultas do euro-dólar
por F. William Engdahl
Apesar do aparentemente rápido êxito militar dos Estados Unidos no
Iraque, o dólar americano ainda está à espera de obter
benefícios enquanto divisa de porto seguro. Este é um desfecho
inesperado, já que muitos negociantes de divisas estavam à espera
de um reforço do dólar quando fosse conhecida a vitória
dos Estados Unidos. O capital está a fugir do dólar, em grande
parte em benefício do euro. Muita gente começa a interrogar-se se
a situação objectiva da economia americana não
estará muito pior do que o mercado de acções sugere. O
futuro do dólar está longe de ser uma preocupação
menor que interessa apenas aos bancos ou aos negociantes de divisas.
Está no cerne da Pax Americana ou, como se diz, do Século
Americano, o sistema de acordos sobre o qual assenta o papel da América
no mundo.
No entanto, apesar de o dólar estar a cair firmemente em
relação ao euro após o fim das lutas no Iraque, parece que
Washington piora deliberadamente a queda do dólar com comentários
públicos. O que se está a passar é um jogo de poderes do
mais alto significado geopolítico, talvez o mais sinistro, desde o
aparecimento dos Estados Unidos em 1945 como líder do poder
económico mundial.
A coligação de interesses que convergiu na guerra contra o
Iraque, uma necessidade estratégica para os Estados Unidos, não
incluiu apenas os falcões neo-conservadores altamente audíveis e
visíveis em redor do secretário da Defesa Rumsfeld e do seu
representante, Paul Wolfowitz. Também incluiu poderosos interesses
permanentes, de cujo papel global depende a influência económica
americana, tais como o influente sector energético em redor da
Halliburton, da Exxon Mobil, da Chevron Texaco e doutras gigantescas
multinacionais. Incluiu também os enormes interesses da
indústria de defesa americana em redor da Boeing, da Lockheed-Martin, da
Raytheon, da Northrup-Grumman e doutras. O objectivo destes gigantescos
conglomerados da defesa e da energia não é apenas conseguir uns
tantos gordos contratos do Pentágono para reconstruir as
instalações petrolíferas iraquianas e encher
as algibeiras de Dick Cheney ou doutros. É um jogo pela própria
continuação do poder americano nas próximas décadas
do novo século. Não quer dizer que [não] haja lucros no
processo, mas isso é apenas um subproduto do objectivo
estratégico global.
Neste jogo pelo poder, o que é menos visível é o papel de
preservação do dólar como divisa de reserva mundial,
factor motor principal que influenciou a ambição de Washington
pelo poder sobre o Iraque nos últimos meses. Vendo bem as coisas, o
domínio americano no mundo assenta sobre dois pilares a
superioridade militar esmagadora, principalmente no mar; e o controlo dos
fluxos económicos mundiais através do papel do dólar
enquanto divisa de reserva mundial. Cada vez é mais evidente que a
guerra do Iraque foi travada principalmente por causa da
preservação do segundo pilar o papel do dólar
e não do primeiro o militar. No papel do dólar, o
petróleo é um factor estratégico.
O SÉCULO AMERICANO: AS TRÊS FASES
Se olharmos para trás, para o período desde o fim da II Guerra
Mundial, podemos identificar várias fases distintas da
evolução do papel americano no mundo. A primeira fase, que
começou no período imediatamente pós-guerra de 1945-1948 e
no início da Guerra Fria, podia ser designado por sistema de
Padrão de Ouro de Bretton Woods.
Logo a seguir à Guerra Mundial, com o sistema de Bretton Woods a ordem
era relativamente pacífica. Os Estados Unidos tinham emergido da guerra
claramente como a única superpotência, com uma forte base
industrial e as maiores reservas de ouro de qualquer outra nação.
A tarefa inicial era reconstruir a Europa Ocidental e criar uma aliança
atlântica NATO contra a União Soviética. O papel do
dólar estava directamente ligado ao do ouro. Enquanto a América
desfrutasse das maiores reservas de ouro, e a economia dos Estados Unidos fosse
de longe a mais produtiva e a mais eficiente, toda a estrutura da divisa
Bretton Woods se mantinha estável, desde o franco francês à
libra esterlina inglesa e ao marco alemão. Os créditos em
dólares foram alargados com a ajuda do plano Marshall e com os
créditos para financiar a reconstrução da Europa devastada
pela guerra. As companhias americanas, entre as quais as multinacionais,
obtiveram bons lucros com o domínio do comércio no começo
dos anos 50. Washington até encorajou a criação do
Tratado de Roma em 1958 como forma de incentivar a estabilidade
económica europeia e de criar maiores mercados de
exportação americanos. Na sua maior parte, esta fase inicial
daquilo que o editor da revista
Time
Henry Luce chamou de O Século
Americano, em termos de lucros económicos, foi relativamente
'benigna' tanto para os Estados Unidos como para a Europa. Os Estados Unidos
ainda tinham flexibilidade económica para se movimentarem.
Esta foi a era da política externa americana liberal. Os Estados Unidos
eram o poder hegemónico na comunidade ocidental das
nações. Como dominavam as esmagadoras reservas de ouro e os
recursos económicos em relação aos estados ocidentais ou
ao Japão e à Coreia do Sul, os Estados Unidos bem podiam
permitir-se abrir o seu comércio às exportações
europeias e japonesas. Em compensação tinham o apoio europeu e
japonês para o papel dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. A
liderança americana era baseada, durante os anos 50 e princípios
dos anos 60, não tanto na coerção directa mas sobretudo na
tentativa de chegar a um consenso, quer se tratasse de circuitos comerciais
GATT ou de outros objectivos. As organizações de elites, tais
como as conferências Bilderberg, eram organizadas para partilhar o
consenso resultante entre a Europa e os Estados Unidos.
Esta primeira fase, mais benigna, do Século Americano chegou ao fim por
volta dos primeiros anos da década de 70.
O Padrão Ouro Bretton Woods começou a fraquejar, quando a Europa
se firmou economicamente nas pernas e começou a tornar-se uma forte
exportadora nos meados dos anos 60. Esta força económica
crescente na Europa Ocidental coincidiu com elevados défices
públicos americanos quando Johnson entrou na escalada da trágica
guerra no Vietnam. Durante os anos 60, o francês de Gaulle
começou a arrecadar os seus lucros de exportação em
dólares e exigiu ouro da Reserva Federal americana, legalmente de acordo
com a Bretton Woods daquela época. Em Novembro de 1967 o escoamento de
ouro dos cofres dos Estados Unidos e do Banco de Inglaterra tornou-se
crítico. O elo fraco no acordo do Padrão Ouro Bretton Woods era
a Inglaterra, o 'doente da Europa'. O elo partiu-se quando a libra esterlina
foi desvalorizada em 1967. Isso acabou por acelerar a pressão sobre o
dólar americano, quando os franceses e outros bancos centrais aumentaram
a sua exigência de ouro americano em troca das suas reservas de
dólares. Calcularam que, com os elevados gastos de guerra do Vietnam,
seria apenas uma questão de meses até que os próprios
Estados Unidos fossem forçados a desvalorizar em relação
ao ouro, por isso seria melhor obter o ouro de imediato a um preço mais
alto.
Em Março de 1971 o escoamento do ouro da Reserva Federal americana
tornou-se alarmante, e até o Banco de Inglaterra se juntou ao
francês a pedir o ouro americano em troca dos seus dólares.
Tinha-se chegado ao ponto em que, em vez de arriscar um colapso das reservas de
ouro dos Estados Unidos, a administração de Nixon optou por
abandonar totalmente o ouro, indo para um sistema de divisas flutuantes em
Agosto de 1971. A ruptura com o ouro abriu a porta a uma fase inteiramente
nova no Século Americano. Com efeito, nesta nova fase, o controlo sobre
a política monetária foi privatizado, e os grandes bancos
internacionais tais como o Citybank, o Chase Manhattan ou o Barclays Bank
assumiram o papel que os bancos centrais tinham tido num sistema de ouro, mas
agora sem ouro nenhum. Doravante as 'forças de mercado' é que
determinavam o dólar. E fizeram-no duma forma vingativa.
A flutuação livre do dólar, aliada à subida de 400%
dos preços do petróleo da OPEP em 1973, após a guerra de
Yom Kippur, criaram a base para uma segunda fase do Século Americano, a
fase Petrodólar.
RECICLAGEM DOS PETRODÓLARES
A partir dos meados dos anos 70, o sistema do domínio económico
global do Século Americano sofreu uma mudança dramática.
Um choque do petróleo anglo-americano criou subitamente uma enorme
procura do dólar flutuante. Os países importadores de
petróleo desde a Alemanha à Argentina e ao Japão, foram
todos confrontados com a necessidade de exportar dólares para pagar as
suas novas enormes contas de importação de petróleo. Os
países petrolíferos da OPEP ficaram inundados com novos
dólares de petróleo. A maior parte desses dólares do
petróleo ia para os bancos de Londres e de Nova Iorque onde tinha sido
instituído um novo procedimento. Henry Kissinger chamou-lhe 'reciclagem
do petrodólar'. A estratégia da reciclagem já tinha sido
discutida em Maio de 1971 na conferência de Bilderberg em Saltsjoebaden,
na Suécia. Foi apresentada pelos membros americanos da Bilderberg, como
pormenorizado no livro 'Mit der Ölwaffe zur Weltmacht'.
[1]
Subitamente a OPEP ficou afogada em dólares que não podia
utilizar. Os bancos americanos e ingleses recebiam os dólares da OPEP e
voltavam a emprestá-los sob a forma de obrigações
Petrodólar ou empréstimos, a países do Terceiro Mundo,
desesperados por obter dólares para financiar as
importações de petróleo. A constituição
destas dívidas de petrodólares nos fins dos anos 70, criou a base
para a crise da dívida do Terceiro Mundo nos anos 80. Centenas de
milhares de milhões de dólares foram reciclados entre a OPEP, os
bancos de Londres e de Nova Iorque e foram emprestados aos países do
Terceiro Mundo.
Em Agosto de 1982 a cadeia acabou por se partir e o México anunciou que
não estava disposto a pagar os empréstimos de
Petrodólares. A crise da dívida do Terceiro Mundo começou
quando Paul Volcker e a Reserva Federal americana aumentaram unilateralmente as
taxas de juro americanas nos finais de 1979 para tentar salvar a queda do
dólar. Após três anos em que as taxas de juro americanas
subiram de forma recorde, o dólar estava 'salvo' mas todo o sector de
desenvolvimento estava sufocado economicamente debaixo das taxas americanas de
juros agiotas sob os seus empréstimos de petrodólares. Para
forçar o reembolso da dívida aos bancos de Londres e de Nova
Iorque, os bancos levaram o FMI a actuar como um 'polícia cobrador de
dívidas'. Sob as ordens do FMI os gastos públicos com a
saúde, a educação, a assistência social foram
reduzidos drasticamente para garantir que os bancos recebessem atempadamente as
dívidas dos seus petrodólares.
A fase da hegemonia do petrodólar foi uma tentativa do
establishment
dos Estados Unidos para abrandar o seu declínio geopolítico
enquanto centro hegemónico do sistema pós-guerra. Desenvolveu-se
o 'Consenso de Washington' do FMI para reforçar a colecta draconiana da
dívida dos países do Terceiro Mundo, para forçá-los
a pagar as dívidas de dólares, para impedir qualquer
independência económica das nações do Sul, e para
manter à tona os bancos americanos e o dólar. David Rockefeller
e outros criaram a Comissão Trilateral em 1973 para lidar com o recente
aparecimento do Japão como um gigante industrial e tentar trazer o
Japão para dentro do sistema. O Japão, como importante
nação industrial, era um dos maiores importadores de
petróleo. Os excedentes comerciais do Japão das
exportações de automóveis e de outros bens eram utilizados
para comprar petróleo em dólares. Os excedentes que sobravam
eram investidos em obrigações do Tesouro americanas para obter
juros. O Grupo dos 7 foi fundado para manter o Japão e a Europa
Ocidental dentro do sistema do dólar americano. De tempos a tempos,
durante os anos 80, levantar-se-iam vozes no Japão em prol de três
divisas o dólar, o marco alemão e o iene para
partilha do papel de reserva mundial. Isso nunca aconteceu. O dólar
manteve-se dominante.
De um ponto de vista muito estreito, a fase de hegemonia do petrodólar
parecia estar a funcionar. Mas no fundo baseava-se num declínio
económico cada vez pior dos padrões de vida em todo o mundo, pois
as políticas do FMI destruíam o crescimento económico
nacional e abriam os mercados às multinacionais globalizantes que, nos
anos 80 e principalmente nos anos 90, procuravam mão-de-obra exterior
para produção barata.
No entanto, mesmo na fase do Petrodólar, a política
económica externa e a política militar americanas estavam
dominadas pelas vozes do consenso liberal tradicional. O poder americano estava
dependente da negociação de novos acordos periódicos no
comércio ou noutras áreas com os seus aliados na Europa, no
Japão e na Ásia de Leste.
UM PETRO-EURO RIVAL?
O fim da Guerra Fria e o surgimento de uma nova Europa Única e da
União Monetária Europeia no princípio dos anos 90,
começou a apresentar um desafio inteiramente novo para o Século
Americano. Demorou alguns anos, mais do que uma década após a
Guerra do Golfo em 1991, até que este novo desafio emergisse em toda a
sua dimensão. A actual guerra do Iraque só é
compreensível enquanto batalha principal nesta nova fase, a terceira,
pela defesa do domínio americano. Esta fase já foi apelidada de
'imperialismo democrático', um termo favorito de Max Boot e de outros
neo-conservadores. Como os acontecimentos no Iraque demonstram, não tem
aspecto de ser muito democrática, mas é de facto bem imperialista.
Ao contrário dos primeiros períodos após 1945, na nova
era, desapareceu a liberdade americana de garantir concessões aos outros
membros do Grupo dos 7. Agora o poder bruto é o único
veículo para manter o domínio americano a longo prazo. A melhor
expressão deste argumento vem dos falcões neo-conservadores em
redor de Paul Wolfowitz, Richard Perle, William Kristol e outros.
Um ponto a sublinhar, contudo, é de que a grande influência de que
desfrutam os neo-conservadores desde o 11 de Setembro se deve ao facto de que
uma maioria no
establishment
do poder americano considera as suas opiniões como úteis para
avançar com um novo papel agressivo americano no mundo.
Mais do que trabalhar em áreas de acordo com os seus parceiros europeus,
Washington vê cada vez mais a Zona do Euro como a maior ameaça
estratégica à hegemonia americana, em especial a 'Velha Europa'
da Alemanha e da França. Tal como a Inglaterra em declínio
após 1870 recorreu a guerras imperiais cada vez mais desesperadas na
África do Sul e noutros locais, também os Estados Unidos
estão a utilizar o seu poderio militar para tentar progredir naquilo que
já não consegue por meios económicos. O dólar
aqui é o calcanhar de Aquiles.
Com a criação do Euro nos últimos cinco anos,
introduziu-se um elemento inteiramente novo no sistema global, que define
aquilo a que podemos chamar a terceira fase do Século Americano. Esta
fase, na qual a recente guerra do Iraque desempenha um papel principal,
ameaça trazer uma fase nova, perniciosa ou imperial que substitui as
fases anteriores da hegemonia americana. Os neo-conservadores estão
abertos a esta agenda imperial, enquanto que as vozes políticas
americanas mais tradicionais tentam negá-la. A realidade
económica que o dólar enfrenta no início do novo
século define esta nova fase duma forma agoirenta.
Há uma diferença qualitativa que emerge entre as duas fases
iniciais do Século Americano a de 1945-1973, e a de 1973-1999
e a fase que agora surge de domínio continuado na esteira dos
ataques de 11 de Setembro e da guerra do Iraque. O poder americano desde o
pós-1945 até agora era predominantemente o de uma hegemonia.
Embora uma hegemonia seja o poder dominante, numa distribuição
desigual de poder, o seu poder não é gerado apenas pela
força, mas também por consenso entre os seus poderes aliados.
Isto porque a hegemonia é obrigada a prestar certos serviços aos
aliados tais como protecção militar ou regulação
dos mercados mundiais para benefício dum grupo mais lato, onde ela
própria se inclui. Um poder imperial não tem tais
obrigações para com os aliados, nem liberdade para o fazer,
apenas a crueza decreta como assegurar o seu poder em declínio
aquilo a que alguns chamam 'a demasiada extensão imperial'
(imperial overstretch).
Este é o mundo que os falcões neo-conservadores em redor de
Rumsfeld e Cheney sugerem que a América tem que dominar, com uma
política de guerra preventiva.
No cerne desta nova fase está uma guerra oculta pela hegemonia global
entre o dólar e a nova divisa euro.
Para compreender a importância desta batalha oculta pela hegemonia da
divisa, temos primeiro que compreender que, desde o surgimento dos Estados
Unidos como a superpotência global dominante após 1945, a
hegemonia americana assentou sobre dois pilares incontestados. Primeiro, a
esmagadora superioridade militar americana sobre todos os outros rivais. Os
Estados Unidos gastam hoje na defesa mais do que o triplo do total de toda a
União Europeia, uns 396 mil milhões de dólares contra 118
mil milhões de dólares no ano passado, e mais do que as outras 15
maiores nações em conjunto. Washington planeia um aumento na
defesa para 2,1 triliões de dólares (1 trilião=10
12
) para os próximos cinco anos. Nenhuma nação ou grupo de
nações consegue aproximar-se nos gastos com a defesa. A China
está pelo menos a 30 anos de distância até se tornar uma
ameaça militar a sério. Ninguém pode falar a sério
em destronar o poderio militar americano.
O segundo pilar do domínio americano no mundo é o papel dominante
do dólar americano enquanto divisa de reserva. Até ao advento do
euro nos finais de 1999, não havia adversário potencial para esta
hegemonia do dólar no comércio mundial. O Petrodólar tem
estado no centro da hegemonia do dólar desde os anos 70. A hegemonia do
dólar é estratégica para o futuro do predomínio
global americano, em muitos aspectos tão ou mais importante do que o
esmagador poderio militar.
O DÓLAR, MOEDA FIDUCIÁRIA
(FIAT MONEY)
A viragem crucial deu-se quando Nixon retirou ao dólar a reserva fixa de
ouro e pô-lo a flutuar em relação às outras divisas.
Isso eliminou os constrangimentos para imprimir novos dólares. O
limite era apenas a quantidade de dólares que o resto do mundo iria
aceitar.
Através do seu acordo firme com a Arábia Saudita, o maior
produtor de petróleo da OPEP que é o "fiel da
balança"
('swing producer')
da principal
commodity
do mundo, o petróleo, a essência da economia de todas as
nações, a base de todos os transportes e da maior parte da
economia industrial, só podia ser comprada nos mercados mundiais em
dólares. O acordo foi fixado em Junho de 1974 pelo secretário de
Estado Henry Kissinger, que instituiu a Comissão Conjunta Estados
Unidos-Arábia Saudita para a Cooperação Económica.
O Tesouro dos Estados Unidos e a Reserva Federal de Nova Iorque 'permitiriam'
ao banco central saudita, SAMA, comprar Obrigações do Tesouro dos
Estados Unidos com petrodólares sauditas. Em 1975 a OPEP concordou
oficialmente em vender o seu petróleo apenas em troca de dólares.
Um acordo militar secreto americano para armar a Arábia Saudita foi a
recompensa.
Até Novembro de 2000, nenhum país da OPEP ousou violar a regra do
preço em dólares. Também, enquanto o dólar foi a
divisa mais forte, não havia razão para tal. Mas foi em Novembro
que os franceses e outros membros da Zona do Euro convenceram finalmente Saddam
Hussein a desafiar os Estados Unidos vendendo aos iraquianos, no âmbito
programa petróleo-por-comida, não em dólares, a 'divisa do
inimigo' como o Iraque lhe chamava, mas apenas em euros. Os euros eram
depositados numa conta especial das Nações Unidas do principal
banco francês, BNP Paribas. A Radio Liberty do Departamento de Estado
americano passou um curto telegrama no noticiário e a história
foi rapidamente silenciada.
[2]
Este pouco notado movimento do Iraque de desafio ao dólar em
favor do euro foi, em si próprio, insignificante. Contudo, se se
espalhasse, especialmente numa altura em que o dólar já estava a
enfraquecer, poderia criar uma situação de pânico de
liquidação de dólares nos bancos centrais estrangeiros e
produtores de petróleo da OPEP. Nos meses anteriores à
última guerra do Iraque, ouviram-se rumores neste sentido vindos da
Rússia, do Irão, da Indonésia e mesmo da Venezuela. Um
funcionário iraniano da OPEP, Javad Yarjani, produziu uma análise
detalhada sobre como a OPEP num qualquer futuro poderia vender o seu
petróleo à União Europeia em euros e não em
dólares. Falou em Abril de 2002 em Oviedo, na Espanha, a convite da
União Europeia. Todos os indícios são de que a guerra do
Iraque foi aproveitada como a forma mais fácil de enviar um aviso mortal
preventivo à OPEP e outros, para não sonharem em abandonar o
sistema de Petrodólar a favor doutro baseado no euro.
Círculos bancários bem informados na City de Londres e noutros
lugares na Europa confirmam confidencialmente a significância desse
movimento do Iraque, pouco divulgado, do petrodólar para o petroeuro.
O movimento do Iraque foi uma declaração de guerra contra o
dólar', disse-me recentemente um importante banqueiro de Londres.
Logo que se tornou claro que a Inglaterra e os Estados Unidos tinham
conquistado o Iraque, ouviu-se um grande suspiro de alívio nos bancos da
City de Londres. Disseram em privado, agora não temos que nos
preocupar com o diabo daquela ameaça do euro.
Porque é que algo tão pequeno podia ser uma ameaça
estratégica tão grande para Londres e Nova Iorque, ou para os
Estados Unidos, que levasse um presidente americano a pôr em risco
cinquenta anos de relações de alianças globais, e ainda
efectuar um ataque militar cuja justificação nem sequer podia ser
provada perante o mundo?
A resposta é o papel sem igual do petrodólar para sustentar a
hegemonia económica americana.
Como é que isso funciona? Como quase 70 % do comércio mundial
é feito em dólares, o dólar é a divisa que os
bancos centrais acumulam como reservas. Mas os bancos centrais, quer seja na
China, no Japão, no Brasil ou na Rússia, não armazenam
simplesmente os dólares nos seus cofres. As divisas têm uma
vantagem sobre o ouro. Um banco central pode utilizá-las para comprar
Títulos de Estado ao seu emissor, os Estados Unidos. A maior parte dos
países em todo o mundo é forçada a controlar os
défices comerciais, senão enfrentam o colapso de divisas. Mas
não os Estados Unidos. Isto por causa do papel do dólar como
divisa de reserva. E o suporte do papel da reserva é o
petrodólar. Todas as nações precisam de arranjar
dólares para importar petróleo, umas mais do que outras. Isto
significa que o seu comércio procura países do dólar,
acima de tudo os Estados Unidos.
Como o petróleo é um produto essencial para todas as
nações, o sistema petrodólar, que existe até ao
presente, exige a obtenção de enormes excedentes comerciais com o
fim de acumular excedentes de dólares. Isto acontece com todos os
países excepto com um - os Estados Unidos que controlam o dólar e
o imprimem à sua vontade ou sem lastro
(fiat).
Como hoje em dia a maioria de todo o comércio internacional é
feita em dólares, os países têm que ir buscar fora os meios
de pagamento que eles próprios não conseguem emitir. Toda a
estrutura comercial global de hoje funciona em volta desta dinâmica,
desde a Rússia à China, desde o Brasil à Coreia do Sul e
ao Japão. Todos pretendem maximizar os excedentes de dólares do
seu comércio de exportação.
Para manter em andamento este processo, os Estados Unidos concordaram em ser
'importadores de último recurso' pois toda a sua hegemonia
monetária depende desta reciclagem de dólares.
Todos os bancos centrais do Japão, da Coreia do Sul, da Rússia e
do resto do mundo compram acções do Tesouro dos Estados Unidos
com os seus dólares. Isto, em troca, permite aos Estados Unidos ter um
dólar estável, taxas de juro bastante mais baixas, e manter um
défice da balança de pagamentos anual de 500 mil milhões
de dólares com o resto do mundo. A Reserva Federal controla as
máquinas de impressãos do dólar, e o mundo precisa dos
seus dólares. É tão simples como isto.
A AMEAÇA DA DÍVIDA EXTERNA AMERICANA
Mas, talvez não seja assim tão simples. Este é um sistema
altamente instável, já que os défices comerciais
americanos e a dívida líquida ou passivos nas contas externas
estão agora bem acima dos 22% do PIB em relação a 2000, e
estão a subir rapidamente. O endividamento externo dos Estados Unidos
tanto público como privado está a começar a
explodir agoirentamente. Nos três últimos anos desde o colapso dos
fundos americanos e do reaparecimento dos défices orçamentais em
Washington, a posição da dívida líquida, de acordo
com um estudo recente do Instituto Pestel de Hanover, quase duplicou. Em 1999,
ano do pico da bolha furiosa das 'dot.com', a dívida líquida
externa dos Estados Unidos era de cerca de 1,4 milhão de milhões
(trillions)
de dólares! Antes de 1989, os Estados Unidos eram credores, e ganhavam
mais com os seus investimentos externos do que pagavam em juros sobre as
Obrigações do Tesouro ou outros activos americanos. Desde o fim
da Guerra Fria, os Estados Unidos passaram a nação devedora ao
exterior até ao valor de 3,7 milhões de milhões
(trillions)
de dólares! Não é aquilo a que Hilmar Kopper chamaria de
'trocos'.
Não é necessário ter grandes dons de previsão para
ver a ameaça estratégica destes défices para o papel dos
Estados Unidos. Com uma conta corrente anual (comercial principalmente)
deficitária em cerca de 550 mil milhões de dólares, cerca
de 5% do PIB, os Estados Unidos precisam de receber ou de atrair pelo menos
1,4 mil milhões de dólares por dia, para evitar um colapso do
dólar e manter as taxas de juro suficientemente baixas a fim de aguentar
a economia das empresas carregadas de dívidas. Esta dívida
líquida está a piorar a um ritmo dramático. Se a
França, a Alemanha, a Rússia e um certo número dos
países petrolíferos da OPEP desviassem agora uma pequena parte
das suas reservas de dólares para o euro para comprar
obrigações da Alemanha ou da França ou doutros que tais,
os Estados Unidos enfrentariam uma crise estratégica pior do que a de
qualquer período do pós-guerra. Impedir esta ameaça, foi
uma das razões ocultas mais estratégicas para a decisão de
impor a chamada 'mudança de regime' no Iraque. É tão
simples e tão cru como isto. O futuro do estatuto de única
superpotência da América dependia do afastamento da ameaça
que vinha da Eurásia e principalmente da Zona do Euro. O Iraque era e
continua a ser uma peça de xadrez num jogo estratégico muito mais
lato, um daqueles onde as apostas são mais altas.
O EURO AMEAÇA A HEGEMONIA
Quando no fim da última década foi lançado o euro,
individualidades governamentais destacadas da União Europeia, o
banqueiro Norbert Walker do Deutsche Bank, e o presidente francês Chirac
dirigiram-se aos principais detentores de reservas de dólares
China, Japão, Rússia e tentaram convencê-los a
trocar dólares, pelo menos numa parte das suas reservas, por euros. No
entanto, isso colidia com a necessidade de desvalorizar a cotação
demasiado elevada do euro, para que as exportações alemãs
pudessem estabilizar o crescimento da Zona do Euro. Até 2002 manteve-se
um euro em queda.
Depois, com o desastre do arrebentamento da bolha das 'dot.com' americana, os
escândalos financeiros da Enron e da Worldcom, e a recessão nos
Estados Unidos, o dólar começou a perder a sua
atracção para os investidores estrangeiros. O euro foi ganhando
regularmente até ao fim de 2002. Então, quando a França e
a Alemanha preparavam a sua estratégia diplomática secreta para
bloquear a guerra no Conselho de Segurança da ONU, surgiram rumores de
que os bancos centrais da Rússia e da China haviam começado
discretamente a liquidar dólares e a comprar euros. O resultado foi uma
queda livre do dólar na véspera da guerra. Estava criado o
cenário caso Washington perdesse a guerra do Iraque, ou em alternativa
cair num desastre longo e sangrento.
Mas Washington, os principais bancos de Nova Iorque e os escalões mais
altos do
establishment
perceberam claramente o que estava em jogo. O problema do Iraque não
era apenas o armamento químico ou mesmo nuclear de
destruição maciça. A 'arma de destruição
maciça' era a ameaça de que outros imitassem o Iraque e trocassem
os dólares por euros, criando a destruição maciça
do papel económico hegemónico dos Estados Unidos no mundo. Como
foi disse por um economista, o fim ao papel do dólar como reserva seria
uma 'catástrofe' para os Estados Unidos. As taxas de juro da Reserva
Federal teriam que ser elevados a alturas maiores do que em 1979 quando Paul
Volcker aumentou as taxas acima dos 17% para tentar fazer parar o colapso do
dólar nessa altura. Pouca gente percebeu que a crise do dólar de
1979 foi também um resultado directo dos movimentos da Alemanha e da
França, com Schmidt e Giscard, para defender a Europa juntamente com a
Arábia Saudita e outros que começaram a vender
obrigações do Tesouro americanas para protestar contra a
política da administração Carter. Também vale a
pena relembrar que depois da operação de salvamento do
dólar de Volcker, a administração Reagan, apoiada por
muitos dos falcões neo-conservadores de hoje, iniciou uma enorme gasto
com a defesa militar americana a fim de desafiar a União
Soviética.
A EURÁSIA VERSUS O PODER INSULAR ANGLO-AMERICANO
Esta guerra de petrodólares versus petroeuros, que começou no
Iraque, está longe de estar acabada, apesar da aparente vitória
dos Estados Unidos no Iraque. O euro foi criado pelos estrategas
geopolíticos franceses para estabelecer um mundo multipolar após
o colapso da União Soviética. O objectivo era equilibrar o
domínio esmagador dos Estados Unidos nos assuntos mundiais.
Significativamente, os estrategas franceses confiam num estratega
geopolítico inglês para desenvolver a sua alternativa de poder
rival aos Estados Unidos, ou seja, Sir Halford Mackinder.
No passado mês de Fevereiro, uma publicação ligada aos
serviços de informação franceses, o
Intelligence Online,
escreveu um artigo, 'A Estratégia por detrás do Eixo
Paris-Berlim-Moscovo'. Referindo-se ao bloco
França-Alemanha-Rússia do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, que tentou impedir o movimento dos Estados
Unidos-Inglaterra para a guerra no Iraque, a notícia de Paris anota os
recentes esforços dos poderes europeus e outros para criar um
contrapoder aos Estados Unidos. Referindo-se aos novos laços da
França com a Alemanha e mais recentemente com Putin, fazem notar,
'parece ter surgido uma nova lógica, talvez mesmo uma nova
dinâmica. Uma aliança entre Paris, Moscovo e Berlim desde o
Atlântico até à Ásia pode prenunciar um limite ao
poder dos Estados Unidos. Pela primeira vez desde o começo do
século XX, insinuou-se nas relações internacionais a
noção de uma área central mundial o pesadelo dos
estrategas ingleses deslizou novamente para as relações
internacionais.'
[3]
Mackinder, o pai dos geopolíticos ingleses, escreveu no seu
notável artigo, 'O Pivot Geográfico da História'
('The Geographical Pivot of History')
que o controlo do coração da Eurásia, desde a Normandia
na França até Vladivostoque, era a única ameaça
possível a opor à supremacia naval da Inglaterra. Até
1914 a diplomacia inglesa era baseada em evitar qualquer ameaça da
Eurásia, na altura em redor da política de expansão para
leste do Kaiser alemão com o caminho de ferro de Bagdade e a
construção da armada alemã de Tirpitz. O resultado foi a
I Guerra Mundial. Referindo-se aos esforços em curso dos ingleses e
posteriormente dos americanos para evitar uma aliança eurasiana como
rival, o relatório dos serviços de informação de
Paris sublinhava, 'Essa aproximação estratégica (i.e.,
criar a Área Central Eurasiana) assenta na origem de todas as fracturas
entre os poderes continentais e os poderes marítimos (Reino Unido,
Estados Unidos e Japão)... É a supremacia de Washington sobre os
mares que, ainda hoje, dita o apoio inabalável de Londres aos Estados
Unidos e a aliança entre Tony Blair e Bush.'
Outro diário francês bem relacionado, o Reseau Voltaire.net,
escrevia, na véspera da guerra do Iraque, que o dólar era 'O
calcanhar de Aquiles dos Estados Unidos da América'.
[4]
É uma afirmação suave, para colocar o problema
moderadamente.
O IRAQUE FOI PLANEADO COM GRANDE ANTECEDÊNCIA
Esta ameaça proveniente duma política do euro, liderada pela
França, com o Iraque e outros países, levou alguns círculos
dominantes no
establishment
a começar a pensar nas ameaças antecipadas ao sistema
Petrodólar muito antes de Bush ser presidente. Enquanto Perle, Wolfowitz
e outros líderes neo-conservadores desempenhavam um papel dominante no
desenvolvimento duma estratégia para impedir o sistema ainda
balbuciante, formava-se um novo consenso que incluía elementos
principais da instituição tradicional da Guerra Fria em redor de
individualidades como Rumsfeld e Cheney.
Em Setembro de 2000, durante a campanha, um pequeno 'think-tank' (grupo de
pesquisa N.T.) de Washington, o Projecto para um Novo Século
Americano
('Project for a New American Century', PNAC),
publicou um importante estudo político: 'Reconstruir as Defesas da
América: Estratégias, Forças e Recursos para um Novo
Século'. O artigo é útil em muitas áreas para
compreender melhor a actual política da administração.
Sobre o Iraque, afirma, 'Os Estados Unidos tentaram durante décadas
desempenhar um papel mais permanente na segurança da região do
Golfo. Embora o conflito ainda não resolvido com o Iraque
forneça a justificação imediata, a necessidade para uma
presença substancial da força americana no Golfo transcende o
objectivo do regime de Saddam Hussein.'
Este documento PNAC é a base essencial para o 'Livro Branco'
presidencial de Setembro de 2002, 'A Estratégia de Segurança
Nacional dos Estados Unidos da América'. O documento do PNAC estabelece
um 'plano completo para a manutenção do predomínio
americano global, impedindo o levantamento de um grande poder rival, e
formatando a ordem de segurança internacional de acordo com os
princípios e interesses americanos. A Grande Estratégia
Americana tem que ser prosseguida no futuro tão longe quanto
possível.' Mais ainda, os Estados Unidos têm que 'desencorajar as
nações industriais avançadas de desafiar a nossa
liderança ou mesmo de aspirar a um papel regional ou global maior.'
A lista de membros do PNAC em 2000 tem semelhança com a listagem da
actual administração Bush. Incluía Cheney, a sua mulher
Lynne Cheney, o neo-conservador ajudante de Cheney, Lewis Libby; Donald
Rumsfeld; o representante de Rumsfeld, o secretário Paul Wolfowitz.
Incluía também o chefe do NSC (Conselho de Segurança
Nacional) no Médio Oriente Elliot Abrams; John Bolton do Departamento de
Estado; Richard Perle e William Kristol. E também estavam no grupo o
ex-vice-presidente da Lockheed-Martin, Bruce Jackson, e o ex-chefe da CIA James
Woolsey, conjuntamente com Norman Podhoretz, outro achado neo-conservador.
Woolsey e Podhoretz falam abertamente em estarem na 'IV Guerra Mundial'.
Cada vez se torna mais claro para muita gente que a guerra no Iraque se travou
para evitar uma bancarrota do modelo de domínio global do Século
Americano. Também é claro que o Iraque não é o fim
de tudo. O que ainda não é claro e tem que ser amplamente
debatido em todo o mundo, é como substituir a falida ordem do
Petrodólar por um novo sistema que vise a prosperidade económica
e a segurança global.
Agora que o Iraque ameaça explodir num caos interno, é importante
repensar toda a ordem monetária pós-guerra, sob uma nova forma. A
actual aliança França-Alemanha-Rússia para criar um
contrapoder aos Estados Unidos exige não uma simples versão do
sistema petrodólar liderada pela França, que dê
continuidade ao Século Americano falido, só que com sotaque
francês, e com euros em vez de dólares. Isso apenas continuaria a
destruir os padrões de vida em todo o mundo, contribuindo para o
desperdício humano e para o aumento do desemprego tanto nas
nações industriais como nas nações em
desenvolvimento. Temos que repensar inteiramente naquilo que começou
timidamente com alguns economistas durante a crise da Ásia de 1998, a
base de um novo sistema monetário que apoie o desenvolvimento humano em
vez de o destruir.
__________
Notas
1. Engdahl, F. William. Mit der Ölwaffe zur Weltmacht, edition steinherz,
Wiesbaden, 2002. Os capítulos 9-10 detalham a criação e o
impacto da reciclagem do Petrodólar e o encontro secreto de
Saltsjoebaden em 1973 para preparação do choque
petrolífero.
2. Radio Liberty/RFE, comunicado de imprensa, Charles
Recknagel, 'Iraque: Bagdade muda para o euro', 1 de Novembro de 2000. O
telegrama foi publicado durante cerca de 49 horas pela CNN e outros meios de
comunicação e desapareceu rapidamente dos cabeçalhos.
Quando o artigo de William Clark
As verdadeiras mas inconfessadas razões para a guerra do Iraque que se avizinha
apareceu na Internet, em 2 de Fevereiro de 2003, assistiu-se a uma acesa
discussão online sobre o factor petro-euro mas, exceptuando
referências ocasionais na imprensa do
Guardian
londrino, pouca coisa foi dita nos principais meios de
comunicação acerca deste factor de bastidores estratégico
sobre a decisão de Washington de se lançar contra o Iraque.
3.
Intelligence Online,
nº 447: 20/02/2003. 'A Estratégia por detrás da União
Paris-Berlim-Moscovo'. O editor da
Intelligence Online,
Guillaume Dasquie, é um especialista francês de
informação estratégica, e trabalhou para os
serviços de informação franceses no processo bin Laden e
outras investigações. A sua referência à
geopolítica da França e da Eurásia reflecte claramente o
pensamento francês das altas esferas.
4. Reseau Voltaire.net, 'Suprematie du dollar: Le Talon d'Achille des USA' (A
supremacia do dólar: O calcanhar de Aquiles dos EUA), apareceu em 4 de
Abril de 2003. Detalha uma análise francesa sobre a vulnerabilidade do
sistema do dólar nas vésperas da guerra do Iraque
31/Dez/04
O original encontra-se em
http://www.williambowles.info/guests/euro_dollar.html
e em
http://www.williambowles.info/guests/euro_dollar_2.html
.
Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|