Comunicação ao Simpósio "Um mundo em
convulsão",
na Universidade de São Paulo, 8/Outubro/2013
Qual a resposta da classe para a saída da crise?
A. A crise económica capitalista e as rearrumações no âmbito internacional
B. A evolução da crise na Grécia
C. O carácter da União Europeia e os desenvolvimentos no seio dela.
D. Dificuldades da gestão burguesa e a polémica sobre a administração da crise
E. Reverberação na superstrutura e reforma do sistema politico
F. Qual é a resposta da classe para a saída da crise?
Anexo 1. Evolução da taxa de crescimento do PIB da Grécia 1996-2013
Anexo 2. Evolução do PIB da Grécia 1993-2013
Anexo 3. Tendências básicas na composição social, na estrutura do emprego e na estrutura da economia
Os acontecimentos na Grécia nos últimos anos, o curso da crise e
as lutas dos trabalhadores, têm atraído a atenção de
importantes setores de trabalhadores e da juventude de vários
países.
Vou tentar esclarecer, do ponto de vista do KKE, na base do marxismo-leninismo
e tendo como critério os interesses da classe operária e das
camadas populares mais pobres, aspectos do confronto ideológico e
político a propósito de:
- A natureza da crise actual
- O carácter da União Europeia e as rearrumações no
sistema imperialista internacional
- Qual é a alternativa, a saída da crise em favor do povo.
A. A crise económica capitalista e as rearrumações no
âmbito internacional
A emergência da crise econômica capitalista generalizada e
sincronizada colocou em primeiro plano o carácter historicamente
antiquado e desumano do sistema capitalista
Contribui para a agudização das desigualdades e das
contradições interimperialistas, a mudança da
correlação de forças na pirâmide imperialista
internacional, a fluidez das alianças e o rebentar de novos e antigos
focos de guerra.
Levou ainda a uma maior diminuição da participação
dos EUA, da UE, e do Japão no Produto Mundial Bruto (PMB). Os EUA
continuam a manter a 1ª posição, mas a sua
participação no PMB reduziu-se de 22,23% em 2005 para 18,9% em
2012 (na base da paridade do poder de compra). A zona euro já não
detém a 2ª posição; a sua participação
reduziu-se de 16,53% em 2005 para 13,73% em 2012 (a UE dos 27 países em
conjunto tem uma quota igual à dos EUA).
É característico que, no seu conjunto, a quota das economias do
grupo G7, isto é dos EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha,
Itália, Canadá e Japão, que foram as economias
desenvolvidas mais fortes, durante a crise caiu de 45,03% do produto mundial em
2005 para 37,75%, de acordo com as previsões para o ano de 2012, com a
perspectiva de uma diminuição ainda maior nos próximos
anos.
Em sentido contrário, aumenta constantemente a quota da China e da
Índia no Produto Mundial Bruto enquanto as quotas dos demais
países dos BRICS (Brasil, Rússia Índia, China e
África do Sul) se mantêm estáveis. Aumenta o peso
internacional do Brasil e o papel que desempenha na América Latina como
potência capitalista devido ao tamanho do país e à sua taxa
de desenvolvimento capitalista.
B. A evolução da crise na Grécia
Hoje em dia a Grécia é o elo mais débil da zona euro;
continua numa crise bem profunda, apresenta queda na produção
industrial, balanço negativo da conta-corrente e uma elevada
dívida pública.
A sua distância em relação às economias capitalistas
da zona euro ampliou-se. Ainda que a posição da Grécia na
região do Mediterrâneo Oriental continue a ser importante,
é cada vez mais débil em comparação com a Turquia e
Israel.
Na última década registraram-se perdas relativas à sua
competitividade capitalista, uma grande redução da
produção, principalmente na indústria manufatureira e na
construção e, em menor medida, na produção
agrícola. O sector da marinha mercante mantém o seu papel
protagonista no mercado capitalista internacional (a frota de propriedade grega
mantém a 2ª posição a nível mundial e a
1ª na UE, enquanto a frota sob bandeira grega mantém a 6ª
posição no mundo). A frota grega fazia e continua a fazer grande
parte dos transportes marítimos de mercadorias e petróleo para os
EUA. É a única secção do capital grego que tem uma
forte posição negociadora dentro da União Europeia.
A crise na Grécia continua pelo quinto ano consecutivo. Para 2013
espera-se uma nova redução do PIB de 4,2%. A queda acumulada do
PIB desde 2008, quando a crise eclodiu, chega a -24%. Os desempregados
já atingem 1,5 milhões de trabalhadores. O desemprego juvenil
superou 60%. Os ingressos das famílias populares caíram mais de
40%. Trata-se da mais profunda e mais longa crise de
sobreacumulação de capital desde a década de 1950.
A crise na Grécia agravou-se por causa da sua integração
na União Europeia e na zona euro, o que agudizou as desigualdades
profundas no desenvolvimento/estrutura dos ramos industriais e contribuiu para
a perda de competitividade do sector da manufactura grega, o aumento das
importações, o aumento do deficit comercial e da dívida
pública.
Um intenso conflito ideológico realiza-se em torno da natureza da crise
e, consequentemente, sobre a direção da saída dela. Logo
no primeiro momento os partidos burgueses e as forças reformistas e
oportunistas fizeram um esforço sistemático de
desinformação, de ocultação das verdadeiras causas
e fatores da crise. O seu objectivo era impedir, nem que fosse um pequeno
passo, para a emancipação do movimento operário e popular.
Promoveram-se teorias sobre o "capitalismo de casino", de que a crise
se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao "sobre-consumo" ou
inclusive ao seu contrário, o "subconsumo" esta teoria
última apareceu depois do Memorando de 2010.
Promovem-se alegações infundadas que "a Grécia
torna-se cobaia", ou afirmando que "a Grécia está sob
ocupação", absolvendo assim o capital grego e o capitalismo,
embelezando a União Europeia e ocultando o facto de que medidas
semelhantes são tomadas em todos os países da União
Europeia para reforçar a competitividade dos grupos monopolistas,
garantindo mão-de-obra barata e abrindo novos campos de rentabilidade
para o capital. Tratam-se de reestruturações aprovadas pela
União Europeia bem antes da eclosão da crise.
O KKE afirma, com argumentos documentados, que se trata de uma crise
cíclica de superprodução e superacumulação
de capital; que a origem da crise reside exactamente no período
antecedente do intenso desenvolvimento capitalista. Entre 1995-2007 aumentou-se
drasticamente, cerca de 63%, a rentabilidade do capital social, superando
até mesmo o período de 1960-1973 (chamada como "época
dourada" do capitalismo grego). A taxa média de crescimento anual
do PIB nos anos de 1996-2007 chegou a 3,9%. No período de 2004-2008
alcançou quase o dobro da taxa media da zona euro
[2]
. Isso dá mais um argumento de que não há saída da
crise em favor do povo no âmbito do caminho do desenvolvimento
capitalista, independentemente da sua forma de gestão.
C. O carácter da União Europeia e os desenvolvimentos no seio
dela
Os acontecimentos têm refutado totalmente as forças burguesas e
oportunistas que caracterizam a União Europeia um fenómeno
objectivo e inevitável, como uma União que se expanda
constantemente, como uma união que pudesse funcionar em favor dos povos.
Ao contrário, deram razão às posições do KKE
que dizia que a União Europeia é uma aliança
interimperialista, cujo critério são os interesses dos
monopólios europeus, o aumento da rentabilidade do grande capital e o
reforço da sua competitividade através do aumento do grau de
exploração da classe operária, a eliminação
de direitos trabalhistas, a deterioração das
condições da vida das camadas populares.
É uma União interestatal imperialista que abre caminho para a
actividade livre do capital nos níveis nacional, regional e
internacional. Age para a expansão das atividades empresariais dos
grandes grupos económicos, para a conquista de novos mercados e esferas
de influência, para saquear os recursos naturais, minerais e
energéticos.
A União Europeia hoje em dia tem mais de 30 milhões de
desempregados e muitos outros subempregados, compromete o futuro da juventude,
condena mais de 127 milhões de pessoas à pobreza extrema. Tem
participado, juntamente com os EUA e a NATO, das agressões imperialistas
contra Yugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia. Desempenha
um papel importante nas ameaças e nas intervenções contra
a Síria e o Irã.
Essa é a União Europeia: uma união partidária do
anti-comunismo que pretende caluniar a contribuição
histórica dos comunistas na luta pelo progresso social, que difama a
contribuição decisiva da União Soviética na derrota
do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e tenta identificar o comunismo,
que é o inimigo verdadeiro do capital e do capitalismo, com o fascismo,
que é um filho do próprio sistema capitalista e uma força
a serviço do capital.
As contradições internas agudizam-se constantemente nos seios da
União Europeia e da zona de euro.
Actualmente distinguem-se
[3]
três categorias no interior da zona euro: A categoria forte (Alemanha,
Países Baixos, Finlândia); uma segunda categoria, a da
França e Itália, cuja distância da Alemanha está a
aumentar, e a categoria das economias endividadas mais débeis (Espanha,
Portugal, Irlanda, Grécia, etc.).
A tendência dominante atual da burguesia alemã dá
prioridade ao fortalecimento do euro e da estabilidade monetária e
questiona o objectivo e a capacidade da Alemanha em assumir grande parte da
responsabilidade pela depreciação do capital nos países
endividados.
Uma segunda tendência, que está em crescimento, assinala o perigo
em torno da força do euro e da estabilidade das relações
euro-atlânticas, no caso de expulsão de alguns elos mais
débeis. Esse acontecimento poderia conduzir à
redução do mercado interno unificado da União Europeia.
Uma terceira tendência questiona em geral a forma atual da zona euro e
dá prioridade à aproximação ao eixo
China-Rússia.
Colocam-se graves dilemas quanto ao futuro da zona euro. Nas Conferências
de 2011 e 2012 conseguiu-se um consenso temporal, frágil, que não
anula as causas da agudização das contradições
interimperialistas.
D. Dificuldades da gestão burguesa e a polémica sobre a
administração da crise
No terreno das previsões sombrias sobre o curso da economia capitalista
e no contexto das mudanças na correlação de forças
dentro da União Europeia e no sistema imperialista internacional,
está intensificando o conflito e a polémica sobre a
administração da crise em geral, e sua gestão na
Grécia em particular.
No que diz respeito à administração da crise na
Grécia, duas opções burguesas principais estão
sendo promovidas: de um lado essa que promove a Alemanha e a União
Europeia e, de outro lado, a que propõe o FMI e os EUA. Estas duas
opções básicas de gestão condicionam as
forças políticas burguesas que se alinham a uma ou outra delas.
Por um lado está a proposta da Alemanha, que inclui a extensão do
período de amortização da dívida actual da
Grécia e um novo empréstimo. Por outro lado está a
proposta do FMI que recomenda um novo "recorte" da dívida
grega, para que a sua gestão siga viável. Essa parece
também a opção que favorece o governo brasileiro
no âmbito do FMI.
Ao mesmo tempo, tanto o governo dos EUA como a social-democracia alemã
[5]
propõem um novo "Plano Marshall" para o desenvolvimento e um
relativo relaxamento da política restritiva fiscal para que economia
capitalista grega recupere mais rapidamente.
O governo grego coincide com a proposta da Alemanha, da União Europeia e
do Banco Central Europeu. A essa posição aderem os partidos
parceiros no governo a ND e o PASOK.
A segunda opção do FMI e do EUA é favorecida pela
direção da Federacão de Empresas Helénicas (SEB)
que afirma que "o ajuste fiscal violento prejudica qualquer perspectiva de
desenvolvimento" e pede mais tempo para que as metas fiscais sejam
alcançados. A SEB também observa que o problema grego é
parte do problema mais geral da União Europeia e exige uma
"solução Europeia global".
Esta opção de gestão é promovida pelo SYRIZA o qual
promete que seu governo provocará uma conferência
extraordinária da União Europeia para reivindicar e
alcançar um novo "recorte" da dívida grega, com o apoio
das "forças do sul da Europa".
As diferenças entre as duas propostas de gestão principais
não afetam a essência das medidas impopulares burgueses. Tanto as
da Alemanha-EUA quanto as do FMI-EUA. envolvem as "mudanças
estruturais" que têm sido promovidas pelos partidos de PASOK e ND,
com a participação ou não dos partidos LAOS e DIMAR nos
governos.
Por outro lado, o SYRIZA embeleza e branqueia a administração
Obama
[6]
, fala de "espírito empreendedor",
"estabilização da economia". Sua crítica
às reduções salariais se concentra no facto que se fizeram
violentamente, como resultado de lei e não como fruto de
negociações entre os "parceiros sociais"
[7]
.
A polémica entre as duas opções principais reflete a
dificuldade crescente da política burguesa de administrar a crise de
superacumulação de capital. Ao mesmo tempo, a dificuldade de
gerir a crise e as mudanças na correlação de forças
entre os centros imperialistas, aumenta o perigo duma guerra imperialista.
A possibilidade de uma escalada da intervenção imperialista
contra a Síria pelos EUA, França, Israel, Turquia e outras
potências "dispostas", com o envolvimento da classe dominante
grega, vai abrir o
odre de Eolo
na região do Mediterrâneo Oriental, que tem importância
geopolítica e energética especial.
A classe dominante da Grécia considera sua participação
nos planos imperialistas como uma oportunidade para aumentar seu peço
geopolítico, e compensar o enfraquecimento da sua posição
na região após a manifestação da crise.
E. Reverberação na superestrutura e reforma do sistema
político
A profundidade da crise e as dificuldades na sua gestão tornam o capital
e seus representantes políticos extremamente agressivos.
Reforça-se o autoritarismo, a repressão estatal, o anticomunismo.
O sistema político em geral torna-se mais reacionário.
Ao serviço da repressão e da violência estatais se colocam,
cada vez mais abertamente, os mecanismos europeus de repressão e a
consolidação institucional das intervenções
imperialistas. Neste sentido, está a fortalecer-se o funcionamento e o
papel dos aparelhos de repressão como: o serviço europeu de
Polícia (Europol), a agência europeia de cooperação
judicial (Eurojust), a agência europeia para a cooperação
operativa nas fronteiras exteriores dos Estados membros da União
Europeia (Frontex). Reforça-se a conexão entre o "mecanismo
de protecção civil" e a "cláusula de defesa
mútua e de solidariedade". Reforça-se o carácter
reacionário e agressivo da União Europeia, ao mesmo tempo que se
verificam as intervenções militares nos seus Estados membros sob
o pretexto do "terrorismo", da "destruição dos
recursos naturais e humanos", dos "ataques cibernéticos",
etc., tudo para atacar o movimento operário protegendo os sistemas
políticos burgueses. O conceito do "terrorismo" expande-se
para incluir o "radicalismo" e as "ideologias
extremistas"". Criminaliza-se a ideologia e a atividade
política que leva para fora dos limites do sistema capitalista,
intensifica-se e institucionaliza-se o anticomunismo. Multiplicam-se os
mecanismos de vigilância e de recompilação de dados contra
os lutadores.
O desenvolvimento da crise criou fendas no sistema político
burguês atual e uma certa disfunção em mecanismos do Estado
capitalista.
A governança burguesa foi adaptada a uma nova forma, a da
cooperação de partidos burgueses apesar das suas
contradições que andavam há anos a alternar no
governo (governo de L. Papadimos apoiado pelo PASOK-ND e inicialmente por LAOS,
governo de A. Samaras apoiado por ND-PASOK-DIMAR depois das
eleições de 17 de Junho de 2012). Está em curso a reforma
do sistema político burguês, cujo elemento é a
restauração da ala socialdemocrata contemporânea
através do SYRIZA. Promove-se a reforma do sistema político
burguês, de modo a poder oferecer mais combinações
governativas alternantes, através da cooperação dos
partidos.
Elementos essenciais da reforma do sistema político burguês
são a intensificação do anticomunismo, o crescimento e a
representação parlamentar do nacional-socialismo/fascismo.
Os últimos ataques assassinos da Aurora Dourada revelaram ainda mais
claramente o seu carácter como organização criminal
nacional-socialista, nazi e fascista, como filho do capitalismo cujo papel
é o de atacar o KKE e o movimento operário. A Aurora Dourada
é apoiado por importantes estratos estatais e para-estatais. Trata-se de
uma seção e um partido do sistema político burguês.
É um veículo para a infiltração de ideias
reacionárias em sectores populares. A teoria dos "dois
extremos"
[8]
, ou o discurso sobre "a condenação da violência por
todos os lados" que tenta identificar a ação criminosa desta
organização nazi-fascista com as lutas do movimento
operário fomentam ela.
A classe operária e os seus aliados sociais, os trabalhadores
autónomos, os camponeses, as organizações radicais de
mulheres e de jovens podem e devem enfrentar o Aurora Dourada nos locais de
trabalho, nos bairros, nas zonas rurais.
F. Qual é a resposta da classe para a saída da crise?
Não há saída real em favor do povo, se ela não
responder à natureza da crise, como crise de superprodução
e acumulação de capital.
O caminho do desenvolvimento tendo como critério os lucros do capital,
visando a sua reprodução ampliada, não pode levar à
prosperidade popular. Opõe-se aos interesses populares tanto durante a
crise como também na fase de alta taxa de crescimento. As criticas que
fazem os representantes da corrente oportunista (Stathakis, Millos, Lapavitsas,
Vergopoulos etc) de que a política governamental não abre o
"caminho para o desenvolvimento", tem como objectivo entravar o
movimento popular na busca vã por um desenvolvimento capitalista que
supostamente possa beneficiar ao mesmo tempo tanto o capital quanto os
trabalhadores.
O caminho para a derrocada do poder dos monopólios é a
única opção realista que serve o povo. Todos os outros
caminhos levam à mesma politica comprovada que tem levado à crise
capitalista, que reproduz os becos sem saída do sistema à custa
do povo e em favor dos monopólios.
O KKE no seu 19 º Congresso destacou o outro caminho de desenvolvimento
que pode utilizar as grandes riquezas e o potencial produtivo do país.
Isto implica a derrubada do poder dos monopólios, a
dissociação da OTAN e da UE, o cancelamento unilateral da
dívida, a socialização dos monopólios.
Essa saída requer o reagrupamento classista do movimento sindical, a
organização da aliança popular. A Aliança Popular
expressa os interesses da classe operária, dos autônomos, dos
agricultores pobres, da juventude e das mulheres dos setores populares na luta
contra os monopólios e a propriedade capitalista, contra a
integração às organizações imperialistas.
A Aliança Popular responde à pergunta premente: como
organizar a
luta pela rejeição das bárbaras medidas antipopulares e de
classe e como organizar o contra-ataque popular. A Aliança Popular tem
uma clara orientação antimonopolista e anticapitalista. Promove a
ruptura com as uniões imperialistas, opõe-se à guerra
imperialista e a participar nela. Sua ação fortalece a
articulação das forças sociais antimonopolistas e
anticapitalistas, pretende dirigir sua luta à conquista do poder
operário popular.
A crise capitalista, tanto em nosso pais com no âmbito internacional,
revelou claramente a agudização das contradições,
as dificuldades da gestão burguesa e, mais geralmente, as dificuldades
de passar a um novo ciclo de reprodução ampliada do capital
social. Sublinha a necessidade do reagrupamento do Movimento Comunista
Internacional e da emancipação do movimento operário e
popular coloca em primeiro plano a actualidade e a necessidade do socialismo
como a única resposta e alternativa à barbárie
capitalista.
Anexos
Anexo 1. Evolução da taxa de crescimento do PIB p.m. da
Grécia
1996-2013
un.: Mudança percentual em relação ao período
anterior (%)
GEO/TIME
|
1996
|
1997
|
1998
|
1999
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
União Europeia
[11]
|
1,9
|
2,9
|
2,9
|
2,9
|
3,9
|
2,0
|
1,3
|
1,5
|
2,6
|
2,2
|
3,4
|
3,2
|
0,4
|
-4,5
|
2,0
|
1,6
|
-0,4
|
:
|
Euro area
[12]
|
1,5
|
2,5
|
2,7
|
2,9
|
3,8
|
2,0
|
0,9
|
0,7
|
2,2
|
1,7
|
3,2
|
2,9
|
0,4
|
-4,4
|
2,0
|
1,5
|
-0,6
|
-0,4
|
Grécia
|
2,4
|
3,6
|
3,4
|
3,4
|
4,5
|
4,2
|
3,4
|
5,9
|
4,4
|
2,3
|
5,5
|
3,5
|
-0,2
|
-3,1
|
-4,9
|
-7,1
|
-6,4
|
-4,2
|
Estados Unidos
|
3,8
|
4,5
|
4,4
|
4,8
|
4,1
|
0,9
|
1,8
|
2,8
|
3,8
|
3,4
|
2,7
|
1,8
|
-0,3
|
-2,8
|
2,5
|
1,8
|
2,8
|
1,9
|
Japão
|
2,6
|
1,6
|
-2,0
|
-0,2
|
2,3
|
0,4
|
0,3
|
1,7
|
2,4
|
1,3
|
1,7
|
2,2
|
-1,0
|
-5,5
|
4,7
|
-0,6
|
2,0
|
1,4
|
Fonte: Eurostat.
Anexo 2. Evolução do PIB da Grécia a preços constantes,
1993-2013
un.: mil milhões de euros
1993
|
1994
|
1995
|
1996
|
1997
|
1998
|
1999
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
2010
|
2011
|
2012
|
2013
|
128.362
|
130.929
|
134.904
|
138.086
|
143.109
|
147.922
|
152.981
|
158.378
|
165.026
|
170.702
|
180.848
|
188.746
|
193.050
|
203.682
|
210.885
|
210.431
|
203.830
|
193.754
|
179.986
|
168.498
|
161.397
|
Fonte: International Monetary Fund, World Economic Outlook Database, April 2013
Fonte: Haver Analytics. Formally, the National Statistical Office (ELSTAT)
Latest actual data: 2012. For quarterly data, latest actual is 2012Q4.
Notes: The National Statistical Office has significantly and repeatedly revised
national accounts data over the course of the past five years. Official data
are only available from 2005. Staff has estimated data prior to 2005 using
growth rates from previous releases of the World Economic Outlook. Therefore,
these estimates should be treated as provisional.
National accounts manual used: ESA 1995
GDP valuation: Market prices Start/end months of reporting year:
January/December
Base year: 2005
Chain-weighted: Yes, from 2000
Primary domestic currency: Euros Data last updated: 03/2013
Anexo 3. Tendências básicas na composição social, na
estrutura do emprego e na estrutura da economia
3.1 Emprego e sua composição
Durante a última década, o
emprego total
diminuiu de 4,09 milhões em 2001 para 3,7 milhões de
trabalhadores em 2012, tendo havido um aumento do seu número
até ao ano de 2008, antes do rebentar da crise.
O número total dos trabalhadores no sector primário
(agrícola) diminuiu de 16,1% em 2001 para 13% em 2012. Houve uma
diminuição importante no sector industrial (secundário) de
23% em 2001 para 16,1% em 2012. Em contrapartida, registou-se um aumento do
emprego no sector terciário de 60,9% do total dos empregados em 2001
para 70,4% em 2012.
O
número de assalariados
em 2012 foi aproximadamente equivalente ao número de assalariados em
2001, 2,4 milhões, mas esta equivalência esconde um aumento
significativo no número de assalariados antes do rebentar da crise,
seguida de uma redução rápida. Como percentagem do total
de trabalhadores representavam 59,4% em 2001 e 63,3% em 2012. Antes do rebentar
da crise a taxa de crescimento foi maior.
O número de
trabalhadores autónomos
como percentagem do total parece ter um ligeiro aumento de 23,6% em 2001 para
24,3% em 2012, no entanto, a quantidade em números, com pequenas
flutuações mantém-se relativamente estável nos
950.000. No entanto, o aparente aumento esconde um nível de subemprego
que se aproxima do desemprego.
3.2 Tendências no emprego por ramo/sector
Verificou-se uma importante tendência quanto à
redução dos assalariados e autónomos na indústria
manufactureira e na construção. Em contrapartida, registou-se um
aumento nos sectores do turismo-restauração,
telecomunicações, sector financeiro e nos serviços
científicos e técnicos.
O número de independentes na
indústria manufactureira
reduziu-se de 577.000 em 2001 pra 367.000 em 2012. O número de
assalariados na indústria manufactureira tem uma pequena
redução de 73,8% em 2001 para 72,2% em 2012. Contrariamente, a
percentagem dos independentes aumentou de 11,5% em 2001 para 14,1% em 2012.
Na
construção
o número de trabalhadores reduziu-se muito, de 307.000 em 2001 para
216.000 em 2012, ao passo que o número dos assalariados reduziu-se de
203.000 para 128.000 no mesmo período. A percentagem de
mão-de-obra assalariada reduziu-se significativamente de 66% em 2001
para 59% em 2012, ao mesmo tempo que aumentava a percentagem de trabalhadores
independentes de 18,1% para 27%, com um ligeiro aumento de 56.000 para 58.000.
No
comercio
o número de trabalhadores teve uma pequena redução de
705.000 em 2001 para 687.000 em 2012 (-2,5%), ao passo que o número de
assalariados neste período teve um importante aumento de 345.000 para
383.000, com a sua percentagem a aumentar de 49% em 2001 para 56% em 2012. O
número de trabalhadores por conta própria reduziu-se
significativamente de 213.000 em 2001 para 190.000, com a sua queda na
participação de 30,2% em 2001 para 27,7% em 2012. O sector
retalhista ainda tem um elevado número de trabalhadores independentes,
mas as tendências de concentração e
centralização e a proletarização neste sector
são evidentes.
No
sector do turismo e restauração
, devido à intensa natureza sazonal, mencionam-se os dados do
período 2001-2011 onde existe a possibilidade de deduzir uma
média anual. O número de empregados neste sector aumentou de
269.000 para 295.000 em 2011 e o número dos assalariados aumentou de
156.000 para 170.000 em 2011. O número dos assalariados manteve-se
praticamente estável nos 58%. O número dos trabalhadores
independentes aumentou ligeiramente de 48.000 para 50.000 com a sua percentagem
a cair de 17,8% para 16,9% em 2011.
No
sector financeiro
, o número dos trabalhadores aumentou de 108.000 em 2001 para 121.000 em
2012. O número dos assalariados aumentou de 96.000 em 2001 para 107.000
em 2012. O sector tem uma elevada percentagem de mão-de-obra
assalariada, aproximadamente 90%, número que se manteve praticamente
estável de 2001 a 2012.
No
sector de serviços técnico-científicos
trabalham 221.000 trabalhadores, dos quais 85.000 (39%) são
assalariados, 103.000 (47%) são trabalhadores independentes e 30.000
(13%) são empregados. Na base dos dados disponíveis só
podemos avaliar um aumento de 30% no sector durante a última
década.
O
desemprego oficial
, neste período, aumentou consideravelmente de 11,2% em 2001 para 25,4%
em 2012, mas não como uma tendência uniforme. O rebentar da crise
levou a uma inversão repentina da tendência até 2008. A
taxa de desemprego não é homogénea em toda a
população. Entre as mulheres a taxa de desemprego reduziu-se de
16,9% em 2001 para 12,3% em 2008. E em 2012 aumentou para 29%. Entre os homens
reduziu-se de 7,5% em 2001 para 5,6% em 2008 e aumentou para 22,7% em 2012.
Entre os estrangeiros, a taxa de desemprego reduziu de 11,7% em 2001 para 7,4%
em 2008 e depois, em 20012 aumentou para 30%. Na base destas
estatísticas, 180.000 dos 1,27 milhões de desempregados em 2012
são estrangeiros.
A consequência da explosão do desemprego aumentou
significativamente a
taxa dos adultos em cujas
famílias não há nenhum trabalhador
de 8,1% em 2008 para 16,5% em 2012, enquanto se estima que nas famílias
de 12,6% dos menores de idade não há ninguém empregado.
Durante o período 2008-2011 aumentou muito
o desemprego de longa duração
(os que procuram trabalho há mais de um ano). Entre 2008 e o segundo
trimestre de 2012 aumentou de 3,2% para 11,7% nos homens, e de 7,9% para 16,9%
nas mulheres. O número de desempregados de longa duração
supera os 680.000 trabalhadores.
Segunda dados do Eurostat, em 2011 havia 956.007
imigrantes
registados oficialmente, isto é, 8,45% dos 11.309.885 habitantes da
Grécia, mais elevada que a média da UE, que no mesmo ano era
6,63%. A diferença qualitativa em relação à UE
é que na Grécia só 16% dos imigrantes são
cidadãos da União Europeia, enquanto a média dos
emigrantes na União Europeia oriunda dos seus países membros era
de 38,5%. O número actual dos imigrantes alterou-se já que houve
uma nova onda de milhares de imigrantes, sobretudo porque a Grécia
é considerada como porta de entrada para os imigrantes que se dirigem
para outros países europeus. Alguns deles voltaram para suas
países devido ao desemprego e à impossibilidade de viver na
Grécia, em consequência da crise económica.
3.3 A propósito da estrutura da economia
O
sector agrícola-primário
teve uma produção total de 8,6 mil milhões de euros
(Valor Acrescentado Bruto) em 2001, mas reduziu-se para 6,5 mil milhões
em 2008 (a produção tinha-se mantido estável até
2005 e depois reduziu-se significativamente), enquanto no período da
crise se manteve estável. A taxa percentual reduziu-se de 5,8% em 2011
para 3,5% em 2008, e cresceu para 4,1% (devido à queda do PIB e
não ao pequeno aumento em números). Apesar da importante
redução, a produção aumentou nalguns produtos
durante aquele período (por exemplo em trigo duro, milho e arroz).
A produção de produtos pecuários em
comparação com 1981 (data da adesão à CEE) registou
uma queda significativa da carne, uma estagnação da
produção leiteira, uma redução na
produção de manteiga. Na produção pecuária
observa-se uma concentração significativa, apesar de ainda haver
um grande número de explorações com uma quantidade muito
limitada de gado.
No sector agrícola a superfície média de cultivo continua
até hoje a ser muito pequena (no 25% da média da UE). As culturas
agrícolas com margem bruta standard (MBS) mais de 48.000 euros em 2007
constituíam 12,9% dos terrenos agrícolas em
comparação com os 3,94% em 1990. Consideramos que uma
exploração com um MBS inferior a 48.000 euros não assegura
uma reprodução ampliada do seu capital.
O
sector secundário - industrial
como percentagem do Valor Acrescentado Bruto reduziu-se de 21,1% em 2001 para
17,1% em 2011. A produção em 2011 representou 70% do nível
alcançado em 2001. Ao mesmo tempo houve uma redução
significativa da indústria manufactureira e da construção.
O
sector terciário (serviços)
como percentagem do Valor Acrescentado Bruto aumentou de 75,2% em 2001 para
78,8% em 2011.
Devemos sublinhar que as estatísticas burguesas incluem neste sector
ramos industriais como o da indústria naval, cujo Valor Acrescentado
Bruto se estima tenha aumentado de 4,1 mil milhões de euros em 2001 para
7,8 mil milhões de euros em 2011 e o sector industrial das
telecomunicações, cujo Valor Acrescentado Bruto aumentou de 3,1
mil milhões de euros em 2001 a 6,2 mil milhões de euros em 2010.
Notas
1. Veja anexos 1 & 2
2. Categorização na base de um conjunto de indicadores
básicos (taxa de crescimento do PIB, produção industrial,
produtividade, balança de conta-corrente, situação fiscal)
3. Na recente reunião do G20 manifesta-se uma forte
preocupação com o fato de que o desenvolvimento económico
global é "particularmente fraco" e fala-se de
"perigos" decorrentes da deceleração das taxas de
crescimento nas chamadas "países em desenvolvimento".
4. São bem características as declarações de Martin
Schulz, presidente do Parlamento Europeu e quadro destacado do SPD
alemão.
5. É bem característico o artigo do presidente de SYRIZA no
Financial Times,
12/6/2012
6. Entrevista com Tsipras na Feira Internacional de Salónica, 15 set 2013
7. O Primeiro-ministro Antonis Samaras falando a empresários durante sua
visita em Nova York no dia 2 de Outubro era bem claro: "por um lado temos
a Aurora Dourada e pelo outro temos uma oposição extremista que
defende a saída da OTAN e da União Europeia.."
8. Tome em conta que há diferenças nas estatísticas do FMI
e da Eurostat. Suas estimações devem ser tratadas como
indicativos.
9.
epp.eurostat.ec.europa.eu/...
10. 28 países
11. Numero de países integrantes da zona de euro: 2000-11, 2006-12,
2007-13, 2008-15, 2010-16, 17
12.
www.imf.org/...
[*]
Membro da Secção de Relações Internacionais do
Partido Comunista de Grécia
. Comunicação apresentada ao
Simpósio Internacional "Um mundo em convulsão"
, na Universidade de São Paulo, em 8/Outubro/2013, na mesa "Europa, Uma
Crise terminal?"
O original encontra-se em
docs.google.com/...
Esta comunicação encontra-se em
http://resistir.info/
.
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