por William A. M. Buckler
								
							
							
							 A abastança americana raramente atingiu uma tal envergadura. O
							índice VIX de Chicago (índice da volatilidade / índice da
							variação de cotações) relativo ao mercado de
							acções americano nunca esteve tão em baixo nos
							últimos 13 anos. Paralelamente, os seguros sobre incumprimento em
							questão de crédito nunca estiveram tão baratos! Esta
							situação segue-se a um ano (2006) recorde no plano de
							fusões e aquisições de empresas que ultrapassou as do ano
							2000, também ele um recorde. As aquisições financiadas por
							empréstimos chegaram a 3,8 mil milhões USD, contra 3,4 mil
							milhões USD em 2000.
							A abastança americana raramente atingiu uma tal envergadura. O
							índice VIX de Chicago (índice da volatilidade / índice da
							variação de cotações) relativo ao mercado de
							acções americano nunca esteve tão em baixo nos
							últimos 13 anos. Paralelamente, os seguros sobre incumprimento em
							questão de crédito nunca estiveram tão baratos! Esta
							situação segue-se a um ano (2006) recorde no plano de
							fusões e aquisições de empresas que ultrapassou as do ano
							2000, também ele um recorde. As aquisições financiadas por
							empréstimos chegaram a 3,8 mil milhões USD, contra 3,4 mil
							milhões USD em 2000.
							
							
							
								A dança dos pinguins na banquisa
							
							
							
							Sob a superfície actualmente calma dos acontecimentos económicos uma
							força enorme toma forma. Substituído pelo euro, o dólar
							perde a posição que ocupava desde a Segunda Guerra Mundial.
							
							
							
								Os mercados seguem sempre o dinheiro
							
							
							
							O euro ter tomado o lugar do dólar como principal moeda nos mercados
							internacionais de empréstimos corrobora a notícia do mês
							passado segundo a qual o valor das notas de euro em circulação
							ultrapassara o das de dólar. Como indica a International Capital Market
							Association os empréstimos em EUR atingiam no fim de 2006 em
							contra-valor 4836 mil milhões USD enquanto que os empréstimos em
							dólares atingiam 3892 mil milhões USD. 
							
							
							Os empréstimos em EUR formavam 45% do mercado mundial contra 37% em USD.
							Em 2002 os mercados de empréstimos em USD dominavam ainda os seus rivais
							europeus. Nessa altura as emissões de empréstimos em EUR formavam
							27% do mercado mundial e as de em USD, 51%. Os Estados Unidos estão
							sendo empurrados para fora do maior mercado mundial: o mercado internacional de
							empréstimos. Economicamente uma correcção sensível
							do mercado segue-se sempre a tais evicções.
							
							
							
								Rumores de novas guerras
							
							
							
							Mohsen Rezaei, antigo chefe dos Guardas Revolucionários iranianos,
							anunciou na televisão estatal que os americanos tomaram a
							"decisão de atacar o Irão", o que teria lugar
							provavelmente em finais de Fevereiro ou princípios de Março.
							
							
							As tropas iranianas foram postas em estado de vigilância máxima de
							maneira a poder reagir a um ataque americano, revelou um oficial superior
							iraniano à agência Associated Press. O sector de investimentos do
							grupo ING publicou em 9 de Janeiro uma análise intitulada: "Ataque
							contra o Irão: os efeitos sobre os mercados de um ataque-surpresa
							israelense contra instalações nucleares iranianas."
							
							
							O ING estima Fevereiro ou Março como a altura em que Israel e/ou os
							Estados Unidos atacarão eventualmente o Irão. Um oficial superior
							iraniano declarou: "Se a América atacar o Irão, os seus 200
							mil soldados e as suas 33 bases na região ficarão particularmente
							vulneráveis. Tanto os políticos como os comandantes americanos
							têm disso consciência."
							
							
							
								A dupla evicção dos Estados Unidos e as suas consequências
							
							
							
							A primeira evicção é a da moeda em
							circulação:  o facto de o montante em EUR ter ultrapassado o de
							em USD. A segunda é a perca de posição que sofreu o USD
							como principal moeda de emissão no mercado internacional de
							empréstimos e obrigações. O que é assombroso
							é que esta evolução se tenha dado em seis anos apenas.
							Antes nem sequer havia euros em forma de moeda. A emergência do euro a
							partir do nada demonstra a fraqueza inerente ao dólar como moeda
							internacional.
							
							
							
								Já não queremos mais os vossos dólares
							
							
							
							A corrida para a saída do dólar já começou. Os
							países da OPEP desembaraçam-se dos seus títulos do Tesouro
							americano mais depressa que nos três anos anteriores. Segundo
							indicações do Ministério da Finanças dos Estados
							Unidos, países exportadores de petróleo como a Indonésia,
							a Arábia Saudita e a Venezuela venderam, entre Setembro e Novembro, 9,4%
							(10,1 mil milhões USD) das declarações de dívida
							subscritas pelo governo dos Estados Unidos. E vai secando a afluência de
							fundos estrangeiros aos Estados Unidos.
							
							
							
								O preço mundial já não se fixa em dólares
							
							
							
							Produtores mundiais de petróleo como os Emirados Árabes Unidos, o
							Irão, a Venezuela e a Indonésia começam a converter partes
							das suas reservas monetárias de dólares em euros ou até a
							facturar as suas exportações de petróleo em euros. E este
							último facto é como que dinamite na cena mundial. Se há
							uma constante desde a Segunda Guerra Mundial, ela é a hegemonia do
							dólar no comércio de petróleo. Esta situação
							obrigou os outros países a adquirirem dólares para comprar
							petróleo.
							
							
							Se o dólar for rejeitado duma grande parte dos mercados mundiais de
							petróleo e energéticos, a procura mundial de dólares
							diminuirá consideravelmente, o que será uma nova
							rejeição dos Estados Unidos.
							
							
							Segundo os dados do Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) a parte em
							dólares nos depósitos de divisas estrangeiras nos países
							produtores de petróleo, incluindo a Arábia Saudita e o EAU,
							passou de 67% no primeiro trimestre de 2006 para 65% no segundo, ou seja, para
							o nível mais baixo dos dois últimos anos.
							
							
							
								A afluência de fundos aos Estados Unidos
							
							
							
							No mês de Novembro os investimentos internacionais em haveres a longo
							prazo nos Estados Unidos reduziram-se, assim que o dólar perdeu
							força e a procura de acções americanas diminuiu. Segundo o
							comunicado de 17 de Janeiro do Ministério das Finanças dos
							Estados Unidos, as compras líquidas de acções, de notas e
							de obrigações por estrangeiros passaram de 85,3 mil
							milhões USD em Outubro para 68,4 mil milhões USD em Novembro.
							É preciso prestar bem atenção a este número! A
							afluência durável de fundos vindos do estrangeiro é mais do
							que necessária para o conjunto da economia americana, pois é essa
							afluência massiva que financia tanto o défice comercial dos
							Estados Unidos como o défice orçamental do Estado. Imaginemos o
							que se passaria se o maremoto de investimentos estrangeiros que afluem ao
							sistema financeiro e monetário dos Estados Unidos cessasse subitamente...
							
							
							O Ministério das Finanças teria montanhas de títulos do
							Tesouro, de notas e de outras declarações de dívida, tudo
							invendível. Para se desembaraçar disso tudo, teria que propor um
							contra-valor superior. Deveria então oferecer taxas de juro superiores,
							e as taxas de juro do mercado americano subiriam vigorosamente em toda a curva
							de rendimentos dos Estados Unidos. As taxas de juro aplicadas aos
							títulos do Tesouro dos Estados Unidos são a bitola pela qual se
							medem todos os outros empréstimos emitidos no país.
							
							
							Se as instâncias superiores dos Estados Unidos quisessem evitar esta
							situação, o Ministério das Finanças teria que se
							dirigir à Reserva Federal, a qual compraria os títulos do
							Tesouro, para o que teria que emitir papel-moeda. Todo o sistema financeiro dos
							Estados Unidos seria então submergido por uma nova vaga de
							"liquidez" despoletada pela instituição emissora, e a
							expansão interna do crédito seria estimulada. Nisto tudo a
							variável crítica é o dólar. A imensa
							afluência de fundos vindos do estrangeiro mantem-no actualmente no
							mercado de divisas a um nível (muito) mais elevado do que a
							situação exige como adequado.
							
							
							Se essa afluência sequer enfraquecesse, uma das causas da procura mundial
							de dólares falharia subitamente. Consequentemente a
							cotação do dólar cairia por aí abaixo. E esta
							é uma situação que começa já a desenhar-se.
							
							
							
								A geopolítica da evicção do dólar
							
							
							
							Os meios de todo o mundo que determinam as ideias estão bem conscientes
							que é a afluência de fundos estrangeiros que determina a sorte do
							dólar. Todos eles temem o dia em que a banquisa
							monetária/financeira/económica dos Estados Unidos se
							romperá e estão persuadidos que esse dia está para vir. No
							segundo semestre de 2006 
							
								The Privateer
							
							 fez larga referência a este assunto e citou numerosas opiniões
							oficiais e políticas do mundo inteiro, as quais exprimiam uma
							inquietação crescente em relação à
							política dos Estados Unidos. Em Janeiro de 2007 a situação
							muda radicalmente. Já não se ouve mais nada dessas vozes
							internacionais que no ano passado exprimiam uma profunda
							inquietação.
							
							
							
								As velhas regras do "recenseamento do trânsito"
							
							
							
							Uma técnica que se impôs no sector das informações,
							sejam elas militares, diplomáticas, políticas ou
							económicas, é a de simplesmente observar a qualidade e a
							quantidade de "inquietação" exprimida no resto do
							mundo. Normalmente observa-se um aumento ou redução do
							trânsito em forma de vagas, ainda que as mensagens esteja codificadas. Em
							certas situações tais sinais do "trânsito de
							dados" crescem a um ritmo acelerado.
							
							
							Resulta então que, para que se dê uma alta no nível dos
							rumores, alguma coisa tem que suceder. Foi o que se observou no segundo
							semestre de 2006. Ainda que as notícias do BPI, da OCDE e de outras
							fontes se tenham concentrado sobre a opinião pública, não
							há dúvida nenhuma que era sobre a situação
							económica e financeira que se concentrava a inquietação.
							
							
							Este ano os rumores cessaram repentinamente. Actualmente exprime-se muito pouca
							inquietude sobre a situação económica dos Estados Unidos.
							Tal sinal significa frequentemente que o acontecimento terá lugar muito
							em breve.
							
							
							
								Quando o silêncio é ensurdecedor...
							
							
							
							Sublinhe-se que esta acalmia limita-se à situação
							económica e financeira dos Estado Unidos no mundo. A enorme manobra de
							diversão dirigida aos mercados e à economia consiste numa
							cópia de sinais provenientes cada vez mais de fontes internacionais,
							manifestando o receio que Israel, os Estados Unidos, ou ambos, estejam à
							beira de atacar de repente o Irão por via militar. E assim o
							"recenseamento do trânsito" funciona novamente. Se, como
							é de esperar, o diferendo entre o Irão e os Estados Unidos passa
							por um momento de acalmia, as regras do "recenseamento do
							trânsito" afirmam que o acontecimento está próximo.
							Não resulta daqui necessariamente que um ataque dos Estados Unidos e de
							Israel contra o Irão esteja para acontecer. Também há
							falsos sinais. Poderia também ser que pelo menos uma das partes
							está em vias de retirada.
							
							
							
								Guerra no exterior como forma de criar uma diversão política face
								à situação interior
							
							
							
							Esta astúcia política remonta aos tempos
							pré-históricos. O chefe e os anciãos da tribo sabem
							ter-lhe prometido mais do que têm na tesouraria ou no celeiro.
							
							
							Agora eles têm fundamentalmente dois caminhos. Ou podem encarar a tribo e
							confessar que a informaram mal. Aliás, que lhe mentiram. E neste caso
							sabem que perante a tribo perderão a face, a sua posição e
							o seu poder. Ou então escolhem a diversão e, a partir da
							próxima Primavera, levarão a sua tribo à guerra com a do
							outro lado do rio.
							
							
							E assim politicamente mantêm o poder. Se porventura alguns membros da
							tribo perguntarem por todas as boas coisas prometidas, os chefes dirão
							que foram usadas na defesa da tribo. Quem se atreverá a queixar-se?
							Entra-se em guerra, e, assim que a paz vier, os mesmos chefes
							continuarão no poder.
							
							
							Em relação aos Estados Unidos esta situação
							terá início no próximo ano.
							
							
							Em começos de 2008 os primeiros 78 milhões de americanos
							perderão as suas reformas. O que lhes fora prometido já nem
							sequer existe. As instituições políticas americanas
							já gastaram esse dinheiro e as caixas de previdência estão
							cheias de declarações de dívidas subscritas pelo
							Congresso. Confessá-lo publicamente? Nunca! Portanto dá-se
							início a uma guerra.
							
							
							
								Nadando num oceano de "liquidez" mundial
							
							
							
							De 2005 a 2006 a emissão mundial de dívidas por
							obrigações aumentou em 14,1% atingindo o valor recorde de 6948
							mil milhões USD. A emissão total de dívidas dos Estados
							Unidos cresceu em 10,1% até 4085 mil milhões USD. Assim, 58,8%
							dos empréstimos a nível mundial feitos no ano passado foram
							contraídos pelos Estado Unidos. Na mesma altura o produto interno bruto
							(PIB) dos Estados Unidos estava entre 20 e 22% do PIB mundial. Estamos portanto
							perante um país que contraiu empréstimos num valor três
							vezes ao do sua dimensão económica relativa. Quanto aos sistemas
							financeiros e bancários de outras nações,
							contraíram empréstimos no valor de 2863 mil milhões USD.
							
							
							
								O dinheiro é barato  peçamos emprestado e compremos bens de
								valor. 
							
							
							
							O maremoto de capital que no ano passado era susceptível de caucionar um
							empréstimo exerceu os seus efeitos no mundo inteiro e despoletou uma
							vaga também gigantesca de fusões de empresas. Se, em lugar de se
							analisar um a um o número incontável de negócios levados a
							cabo, mas se se olhar o todo do sistema, revela-se claramente que a economia
							"inchou" no mundo inteiro. Já lá vai o tempo quando,
							nos anos setenta, se olhava com entusiasmo para os numerosos jovens
							leões da finança e da economia que adquiriam sociedades
							úteis e as "inchavam" pedindo emprestado de maneira a obter
							uma razão de 50 por 50 em relação aos fundos
							próprios. Depois de recolher créditos graças aos seus
							fundos próprios, compravam outras empresas que dispunham de fundos
							próprios inexplorados. A resposta a este ataque manifestou-se
							imediatamente sob a forma da "defesa por pílula envenenada".
							Toda a sociedade cuja parte de fundos próprios se encontrava em bom
							estado começou a endividar-se vigorosamente, protegendo-se assim contra
							os saqueadores de empresas.
							
							
							Quando uma razão de 50 por 50 era considerada como a temeridade
							máxima, admitia-se que uma empresa com fundos de terceiros mais elevados
							não deixaria aos seus accionistas outro caminho que a
							dissolução. Durante a recessão de 1980 a 1982 muitas
							destas companhias pereceram como moscas ao sol. Actualmente a
							situação é "outra":  por todo o mundo há
							empresas que falam arrogantemente do seu financiamento "inovador".
							Nessas sociedades a razão fundos de terceiros / fundos próprios
							atinge 80 por 20, e em alguns casos mesmo mais. Hoje em dia uma tal amplitude
							de fundos de terceiros é considerada como a honestidade financeira
							máxima. Mesmo se a contabilidade afirma que, em caso de
							liquidação de uma tal empresa, muitos credores não seriam
							reembolsados, pois só 20% do capital assegurariam o reembolso dos 80% do
							constituído pelos empréstimos.
							
							
							"Hoje em dia não há perigo nenhum", afirmam eles. Estas
							companhias seguraram-se contra tais eventualidades. Não tem qualquer
							importância o facto de apenas 20% do balanço garantirem o
							reembolso de dívidas cujo valor atinge 80% do balanço, se
							não mesmo mais. Porque, em tal caso, as seguradoras responsáveis
							acorreriam como salvadores e pagariam essas dívidas.
							
							
							
								O dois vezes dois das seguradoras: apólices e riscos
							
							
							
							Seguindo o princípio económico que constitui a essência dos
							seguros  o seguro duma casa, por exemplo , a seguradora espera que
							o acontecimento contra o qual o tomador se segurou não terá
							lugar. Enquanto assim for a seguradora beneficia dum fluxo constante de
							receitas das quais tem que deduzir apenas os custos administrativos. Mas por
							vezes as casas ardem. Caso em que a seguradora tem que assinar um cheque bem
							gordo. Tal situação raras vezes é um problema, pois a
							companhia segura muitas outras casas que não arderam e cujos
							proprietários continuam a pagar os seus prémios anuais. O
							proprietário azarento cuja casa ardeu está também
							satisfeito. Recebeu o cheque e a casa será reconstruída. 
							
							
							As seguradoras nutrem sempre a mesma esperança: a de que as suas
							apólices nunca serão cobradas e que continuarão apenas a
							embolsar os prémios. Depois desta reflexão, falemos daquilo que
							se chama risco de acontecimento. Calculados em percentagem, estes
							acontecimentos são muito raros. No entanto, por vezes têm lugar.
							Mais de uma vez quase uma cidade inteira ardeu por acidente.
							
							
							Nesse caso a maioria das companhias não poderá assumir a carga
							dos pagamentos. Muitos proprietários dar-se-ão então conta
							que a sua companhia, a sua cobertura, não os poderá ajudar. Este
							risco é chamado de "sistémico". O facto é que
							há um risco não redutível tanto na dura realidade
							física como na das acções humanas. Hoje em dia o mercado
							comporta-se como se estes fenómenos não existissem. Parece que
							toda a gente está convencida que as coberturas nunca falharão.
							Donde resulta que o risco sistémico efectivo é enorme.
							
							
							
								O estado da economia interna dos Estados Unidos
							
							
							
							De 2006 a 2007 a parte dos limites hipotecários destinado ao consumo das
							famílias 
							
								(mortgage equity withdrawals)
							
							 passará de 13 a 7% dos fundos à disposição das
							famílias, reduzindo o poder de compra dos consumidores americanos pela
							primeira vez desde o crash de 2001. Como as famílias contribuem com 70%
							do PIB dos Estados Unidos, a diminuição em mais de 6% das suas
							despesas este ano diminuirá o PIB em 4%. A última taxa de
							crescimento do PIB dos Estados Unidos estava em 2% (numa base anual).
							
							
							
								Os consumidores americanos encostados à parede
							
							
							
							O Ministério do Trabalho anunciou em 18 de Janeiro em Washington que o
							índice de preços ao nível do consumo subiu 0,5% em
							Dezembro. A subida mais alta desde Abril e depois de ter estado estável
							em Novembro. O centro de crédito responsável dos Estados Unidos
							estima que 2,2 milhões de proprietários americanos
							perderão provavelmente a sua casa por arresto.
							
							
							O pagamento de moras em matéria hipotecária aumenta rapidamente.
							Em várias regiões as taxas de incumprimento são
							assustadoras. Conclui-se do relatório americano sobre os arrestos que
							112 mil fogos estavam em fase de arresto em Setembro de 2006, ou seja, 63% mais
							que um ano antes.
							
							
							Nos últimos sete anos os compradores de imóveis aumentaram o seu
							endividamento hipotecário em 4,5 mil milhões USD.
							
							
							
								Estado geral das empresas americanas
							
							
							
							O Ministério do Trabalho americano anunciou que, empurrados nomeadamente
							pelos custos energéticos, os preços ao nível da
							produção subiram em 0,9% em Dezembro, ou seja, 10,8% numa base
							anual. Economicamente este é o ponto decisivo. Há menos vendas
							porque os consumidores são obrigados a restringir-se e, simultaneamente,
							os custos aumentam. Esta situação acabará necessariamente
							com uma diminuição dos benefícios. 
							
							
							
								Quando os produtos importados encarecem
							
							
							
							Em Dezembro de 2006 os preços de produtos importados subiram, em
							percentagem, ao ritmo mais forte dos sete meses anteriores, por causa do
							aumento do preço do petróleo bruto e do gás natural. Como
							o Ministério do Trabalho anunciou, à subida em 1,1% num mês
							dos produtos importados (13,2% ao ano), sucedeu-se uma subida em 0,5% em
							Novembro.
							
							
							
								Resumo da situação económica dos Estados Unidos
							
							
							
							A economia dos Estados Unidos encontra-se em fase de recessão. Enquanto
							Washington anuncia que os preços ao nível do consumo sobem
							à taxa anual de 2,6%, a taxa de crescimento económico não
							passa de 2%. Isto indica que a economia dos Estados Unidos recua. O facto de os
							preços internos dos produtos importados crescerem esconde um pouco esta
							evolução. Mas o que é preciso observar é que
							não se trata dum movimento errático na economia americana mas sim
							duma lenta descida. Ora é essa precisamente a definição de
							"estagflação".
							
							
							Os Estados Unidos têm uma economia em estagnação,
							preços e custos em subida. Esta situação torna absurdas as
							actuais cotações das acções. Os índices Dow
							Jones e S&P 500 estão nas nuvens, enquanto que a economia real acelera
							lentamente a um nível inferior. Quando a vaga gigante de
							aquisições e resgate de acções refluir, o mercado
							americano de acções terá de encarar a realidade
							económica. Será então necessário justificar o
							actual nível das acções. O risco em que os mercados
							americanos se afundam aumenta cada vez mais. E isto poderá
							começar a ser uma realidade quando a Wall Street se der conta que os
							benefícios se derretem como neve ao sol.
							
							
							
								A ignorância não faz ninguém beato
							
							
							
							De facto a ignorância pode mesmo matar. A situação dos
							Estados Unidos é dum lado uma nova versão do "Don't worry,
							be happy" e doutra parte uma afluência de notícias
							económicas negativas vindas de todo o lado.
							
							
							
								A política da guerra perpétua de Bush e Cheney
							
							
							
							Cheney, o vice-presidente, merece ser citado por extenso. Numa entrevista dada
							recentemente à Fox News declarou: "A guerra do Iraque insere-se num
							contexto mais extenso; de facto trata-se duma guerra mundial que vai do
							Paquistão até à África do Norte. Se os Estados
							Unidos não tiverem a coragem de terminar a sua missão no Iraque,
							porão em jogo tudo o que alcançaram em outros sítios".
							
							
							E chegou então à sua declaração política
							fundamental: "É um conflito existencial".
							
							
							Cheney acrescentou: "É um género de conflito que
							ocupará a nossa política e o nosso governo durante os
							próximos 20, 30 ou 40 anos. Temos que aderir a ela e ter a coragem de
							combater por muito tempo."
							
							
							Aqui é conveniente parar e respirar fundo para reflectir bem sobre o que
							o vice-presidente disse.
							
							
							Comece-se por examinar o princípio fundamental que, segundo Cheney, deve
							guiar a política americana. Diz ele que a guerra sua e do presidente
							contra o mundo muçulmano é "um conflito existencial".
							Ao longo de toda a história da humanidade, quando um tal termo é
							usado para descrever uma guerra, isso em geral significa sempre o mesmo, a
							saber: que o adversário tem que ser literalmente exterminado.
							
							
							O vice-presidente exprimindo-se a propósito dos Estados Unidos
							propriamente, afirma que "É um género de conflito que
							ocupará a nossa política e o nosso governo durante os
							próximos 20, 30 ou 40 anos. Temos que aderir a ela e ter a coragem de
							combater por muito tempo." Ora isto é a descrição
							duma política de guerra que engloba gerações,
							"transmitida" duma geração à seguinte.
							
							
							
								As perpétuas vítimas
							
							
							
							E é esta a realidade de inumeráveis jovens homens e mulheres
							americanos que andam no além-mar de armas na mão e depois voltam,
							alguns como cadáveres em sacos, outros feridos e a maior parte com a sua
							personalidade destruída por tudo o que viram e fizeram em tantos
							países estrangeiros.
							
							
							
								A reacção (precoce) do mundo muçulmano
							
							
							
							Lembre-se que há perto de 1,3 mil milhões de muçulmanos no
							mundo. Se bem que 
							
								The Privateer
							
							 se esforce por cobrir também o mundo muçulmano (tanto quanto
							possível traduzido em línguas que compreendamos), a
							reacção inicial que encontrámos foi muito próxima
							do silêncio. Pouco antes da declaração sair impressa, os
							muçulmanos tiveram algumas reacções à entrevista de
							Cheney. Segundo o que pudemos observar até agora, a
							reacção dos muçulmanos foi bastante previsível.
							Aparentemente já não se trata do tirano Sadam nem de armas de
							destruição maciça que não se encontrou. Não
							se tratava já sequer de democracia. O assunto deixou de ser o
							petróleo iraquiano ou até o terrorismo. Parece que afinal
							é evidente que o que os Estados Unidos preparam é o
							extermínio dos muçulmanos e da fé islâmica.
							
							
							
								A reacção dos Estados Unidos à entrevista do
								vice-presidente
							
							
							
							No conjunto e ao princípio não houve quaisquer
							reacções. Começaram a aparecer só depois. Chegou a
							ser objecto de vários artigos. Mas os editoriais e comentários
							foram bastante raros. É como se as palavras do vice-presidente fossem de
							uma dimensão demasiado vasta ou demasiado cruéis para serem
							objecto duma resposta.
							
							
							A partir daqui é à opinião pública americana que
							cabe fazer pressão sobre o Congresso para acabar com esta loucura e
							pôr termo ao massacre de milhões de inocentes nos países
							muçulmanos. O que Cheney propõe é uma nova versão
							da Guerra dos Trinta Anos que, de 1618 a 1648, foi uma das piores guerras da
							história da humanidade.
							
							
								O original encontra-se em 
								
									The Privateer,
								
								 nº 570, a versão em francês encontra-se em 
								
								 http://www.horizons-et-debats.ch/actuel/20070214_01.htm
								.    Tradução de DF.
							
							
							
							
								Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info/
								.