O que estará a tramar o regime Obama?
Perigo até o dia 21 de Janeiro
por Paul Craig Roberts
Obama anunciou novas sanções à Rússia com base em
acusações não comprovadas da CIA de que o governo russo
influenciou o resultado da eleição presidencial dos EUA com
"actividades maliciosas ciber activadas".
O Departamento de Segurança Interna dos EUA
(US Department of Homeland Security, DHS)
emitiu um relatório "relativo à declaração de
35 responsáveis russos como
persona no grata
por ciber actividade maliciosa e assédio".
O relatório é uma descrição de "ferramentas e
infraestruturas utilizadas pelos serviços de inteligência russos
para comprometer e explorar redes e infraestrutura associada à recente
eleição nos EUA, bem como um conjunto de entidades do governo e
do sector político e privado".
O relatório não apresenta qualquer evidência de que as
ferramentas e infraestruturas foram utilizadas para influenciar o resultado da
eleição presidencial. O relatório é simplesmente
uma descrição do que se diz serem capacidades russas.
diplopundit.net/2016/12/29/...
Além disso, o relatório começa com esta ressalva:
"RESSALVA: Este relatório é apresentado 'tal qual' só
para propósitos informativos. O Departamento de Segurança Interna
(DHS) não dá quaisquer garantias de qualquer espécie
respeitante a qualquer informação nele contido".
diplopundit.files.wordpress.com/2016/12/jar_16-20296.pdf
Por outras palavras, o relatório não só não
apresenta evidência da utilização das ferramentas e
infraestrutura russa a fim de influenciar a eleição presidencial
dos EUA, como nem mesmo garante a exactidão do que descreve como
capacidades russas.
Portanto o relatório DHS torna completamente claro que o regime Obama
não tem bases evidenciais para as suas alegações com base
nas quais ele impôs mais sanções à Rússia.
O que está a acontecer aqui?
Primeiro há a questão da legalidade das sanções,
ainda que houvesse evidência. Não estou certo, mas penso que
sanções exigem a actuação de um organismo, tal como
o Conselho de Segurança da ONU, e não podem legalmente serem
impostas unilateralmente por um país. Além disso, não
está claro porque Obama está a chamar de
"sanções" a expulsão de diplomatas russos.
Nenhum outro país fez algo assim. Durante a Guerra Fria, quando
diplomatas eram expulsos por espionagem, isto não era chamado de
"sanções". Sanções implicam mais do que
expulsões unilaterais ou bilaterais de diplomatas.
Segundo, está claro que Obama, a CIA e o
New York Times
estão plenamente conscientes de que a alegação é
falsa. Também está claro que se a CIA realmente acredita na
alegação, a agência de inteligência é
totalmente incompetente e não se pode acreditar nela sobre qualquer
assunto.
Terceiro, o presidente Trump pode revogar as sanções dentro de 21
dias, uma terceira razão porque as sanções são
ridículas.
Então por que o presidente Obama, a CIA e o
New York Times
estão a fazer acusações que sabem serem falsas e para as
quais não produziram nem um fragmento e evidência?
www.nytimes.com/2016/12/29/...
Uma resposta óbvia é que o neoconizado regime Obama está
desesperado por arruinar as relações EUA-Rússia até
passar o ponto em que Trump já não possa repará-las. Como
coloca o
New York Times:
"As acções do sr. Obama criam claramente um problema para o
sr. Trump". A questão que o
New York Times
levanta é se Trump "alinha-se com seus aliados democráticos
no Capital Hill ou seu amigo autoritário no Kremlin".
Pode a política externa de Trump ser controlada por
alegações falsas? Segundo o
New York Times,
Trump abrandou e concordou em ser informado pela CIA acerca do hacking russo
agora quando republicanos tais como Paul Ryan, John McCain e Lindsay Graham
alinharam-se com Obama e a CIA na aceitação de
acusações para as quais nenhuma evidência foi apresentada.
Contudo, uma informação sem evidência pareceria
simplesmente promover o descrédito da CIA aos olhos de Trump.
Como tenho enfatizado nos meus textos, os factos já não têm
mais qualquer papel nos Estados Unidos e seu império. Bastam apenas
alegações, quer em processos de tribunais, centros de
interrogatório, políticas externa e interna ou salas de aula. Os
EUA baseiam mesmo suas invasões militares sobre alegações
falsas "armas de destruição em massa". Na
verdade, toda a política externa dos EUA desde o regime Clinton tem sido
baseada sobre nada mais do que alegações falsas.
O governo russo já deveria ter aprendido isto nesta altura, mas talvez
Moscovo ainda pense que os factos importam nas decisões de Washington.
Possivelmente deveríamos considerar que há mais em andamento do
que se pode avistar. Talvez a propaganda acerca da ciber ameaça russa
à democracia esteja a ser utilizada para preparar
populações americana e/ou europeias para um incidente. A CIA
transmutou-se num "estado profundo" que utiliza
desinformação e propaganda para alinhar decisões do
Congresso, do ramo executivo e de governos estrangeiros com agendas secretas
nos bastidores. Muitos livros, tais como
The Brothers
de Stephen Kinzer e
CIA As Organized Crime
de Douglas Valentine descreveram algumas destas agendas secretas.
A fim de impedir Trump de restaurar relações normais com a
Rússia, um incidente teria de ser grave e irreversível. Ao
invés de aceitar a derrota para a sua agenda de hegemonia mundial
estado-unidense, os neoconservadores preparam-se para assumir
altos riscos. A disposição para tomar riscos é demonstrada
pelo esforço público do director da CIA para desacreditar o
presidente eleito.
Tal como esperado, a resposta de Putin à provocação mais
recente é contida pois as "sanções" parecem
superficialmente de pouco significado. Contudo, no caso de alguma coisa
perigosa estar abaixo da superfície, o governo russo pode querer
considerar colocar suas forças militares em alerta.
30/Dezembro/2016
Ver também:
Trump twits Obama's bogus bear trap
O original encontra-se em
www.paulcraigroberts.org/2016/12/30/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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