Estará liquidada a administração Trump?
por Paul Craig Roberts
Esperemos que a administração Trump não esteja a arder de
modo fulgurante. O chefe militar de Trump, Gen. Mattis, está a revelar
ser verdade a sua alcunha de "cão louco"
("mad dog").
Ele acaba de declarar que o Irão "é o maior estado
individual do mundo patrocinador de terrorismo".
sputniknews.com/politics/201702041050338034-mattis-iran-terrorism/
. Ele declarou que a Rússia é a ameaça número um
para os EUA. Ele ameaçou intervir nos assuntos territoriais da China.
Eu estava errado. Pensei que o Gen. Mattis fosse uma escolha razoável
pois rejeita a eficácia da tortura e, segundo Trump, convenceu-o de que
"a tortura não funciona". Aparentemente Mattis não pode
ir além desta percepção, rumo a percepções
geopolíticas mais elevadas. Trump precisa despedir Mattis, que foi por ele
colocado no Pentágono como meio de normalizar relações com
a Rússia.
Não há provas no comportamento do Irão, da Rússia e
da China em apoio às visões do Gen. Mattis. A sua
definição de ameaça é aquela dos neoconservadores
um país capaz de resistir à hegemonia estado-unidense.
Isto [por si] constitui uma ameaça conveniente para o complexo
militar/segurança pois justifica um orçamento ilimitado a fim de
sobrepujar tais "ameaças". É este impulso
hegemónico que é a fonte de terrorismo.
Se se pode dizer a verdade, há apenas dois países no mundo com
aspirações hegemónicas Israel e os EUA e
eles são as fontes do terrorismo. Israel aterroriza palestinos e tem
feito isto durante cerca de 70 anos. Os EUA aterrorizam o resto do mundo.
Todos sabem que terroristas muçulmanos são criações
do governo estado-unidense. A Al Qaeda foi criada pela
administração Carter a fim de confrontar a ocupação
soviética do Afeganistão com o jihadismo. O ISIS foi criado pelo
regime Obama/Hillary a fim de derrubar Kadafi na Líbia e depois enviado
pelo regime Obama/Hillary à Síria para o derrube de Assad, como o
conselheiro de segurança nacional de Trump, Gen. Flynn, ex-director da
Defense Intelligence Agency, revelou na TV. O derrube do governo
democraticamente eleito da Ucrânia e o assalto dos neo-nazis ucranianos
às repúblicas de Donetsk e Lugansk foram também
desencadeados pela dupla Obama/Hillary. Todo o terror está associado a
Washington e Israel.
O derrube do governo da Ucrânia por Washington é facto
incontestável; mas grande número de americanos com o
cérebro lavado pensam que a Rússia invadiu a Ucrânia, assim
como acreditam nas falsas notícias de que o Irão é um
estado terrorista.
A última vez que o Irão iniciou uma guerra de agressão foi
na última década do século XIX quando reconquistou o
Cáucaso e a Geórgia, os quais o Irão havia perdido para a
Rússia.
O Irão nos nossos tempos não cometeu qualquer delito excepto
recusar-se a ser um vassalo de Washington.
Além disso, o Irão, e a Síria resgatada pelos russos,
são os únicos estados no mundo muçulmano que não
são fantoches e meros vassalos dos EUA que nada são por si
próprios, nem independentes em política externa, nem
independentes em política económica. Só o Irão e a
Síria têm políticas independentes.
O Irão é um grande país dotado de recursos
energéticos substanciais. O Irão tem uma longa história
que remonta a tempos antigos de independência e proezas militares. Hoje o
Irão é essencial para a Rússia como um amortecedor para o
jihadismo criado pelos EUA que os neoconservadores planeiam exportar para as
áreas muçulmanas da Federação Russa.
Consequentemente, o Irão é o mais inoportuno dos alvos para Trump
se ele pretende restaurar relações normais, não
ameaçadoras, com a Rússia. Mas o cão louco do seu chefe do
Pentágono irresponsavelmente faz declarações
ameaçadoras alegando ser o Irão um "estado terrorista".
Será que vemos a mão de Israel a actuar nas ameaças contra
o Irão? O Irão e a Síria são os únicos
países no Médio Oriente que não são estados
fantoches americanos. O exército da Síria tem sido temperado pelo
combate, razão pela qual precisa de armas a fim de enfrentar Israel
apoiado pelos EUA. Tanto a Síria como o Irão estão no
caminho da política sionista do Grande Israel desde o Nilo
até o Eufrates. Para os sionistas, a Palestina e o Sul do Líbano
são simplesmente o começo.
Israel tem utilizado com êxito os corruptos britânicos e agora os
corruptos americanos para restabelecer-se sobre terras das quais Deus a
expulsou. Isto não é louvável para a inteligência e
moralidade dos governos britânico e estado-unidense. Mas o que significa
isso?
Também ouvimos de Mattis e de Tilerson ameaças de intervir na
esfera de influência da China. Os nomeados de Trump parecem ser incapazes
de entender que não pode haver melhoria nas relações com a
Rússia se o regime Trump tem o Irão e a China no seu alvo de mira.
Haverá qualquer perspectiva de a administração Trump poder
desenvolver consciência geopolítica? Será que a conversa
áspera da administração Trump será suficientemente
áspera para derrotar o poder que Israel sionista exerce sobre a
política externa dos EUA e sobre os votos do Congresso?
Caso não seja, mais guerra é inevitável.
Durante vinte e quatro anos oito anos do criminoso regime Clinton, oito
anos do criminoso regime Bush, oito anos do criminoso regime Obama o
mundo ouviu ameaças de Washington que resultaram na morte e
destruição de milhões de pessoas e países inteiros.
A administração Trump precisa apresentar ao mundo uma Washington
diferente.
06/Fevereiro/2017
O original encontra-se em
www.paulcraigroberts.org/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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