O grande silêncio de uma Idade de Ouro
Se pesquisarmos no Google a expressão "Segunda idade do ouro"
("second Gilded Age")
obteremos 7 000 possíveis sites onde podemos ficar a saber mais coisas
do que já sabemos instintivamente. É já um lugar comum
jornalístico dizer-se que estamos a viver numa idade de ouro. A
óbvia tendência de todas as conversas sobre tal tema é um
Yoga Berra-ismo
[1]
: É uma questão de
déjà vu
mais uma vez. Mas será mesmo? Será que a América do virar
do século é uma réplica do mundo que Mark Twain
[2]
baptizou "de ouro" no seu
best-seller
na década de 1870?
De certeza que Twain se sentiria em casa nos dias de hoje. O capitalismo dos
amigalhaços, o principal objecto do seu espírito satírico
em
A Idade de Ouro,
(The Gilded Age)
encontra-se próspero. Esquemas incestuosos tão grandes como
aquele em que os principais investidores da Union Pacific Railroad
[3]
tramaram com a conivência de uma série de funcionários
governamentais, incluindo o vice-presidente Ulysses S. Grant, para pilhar o
erário federal, lubrificam mais uma vez o mecanismo da política
pública.
Um compadrio, que teria sido familiar a Twain, faz girar as rodas nestes anos
finais da administração de George W. Bush. Até a
invasão e destruição do Iraque foi planeada e executada
num exercício de compadrio altamente estratégico; chamem-lhe
camaradagem com uma vingança. Tudo isto tem vindo a passar-se desde que
Ronald Reagan disse "Começou um novo dia na América".
A América de Reagan foi dourada propositadamente. Em 1981, quando os
Novos Ricos e a Nova Direita desfilaram no baile em Washington, nos seus
sumptuosos trajes, para festejar a tomada de posse do novo presidente, houve
quem lhe chamasse um "bacanal dos ricaços". Diana Vreeland,
guru da moda (e confidente de Nancy Reagan), afirmou elegantemente e sem
rebuços: "Tudo se resume ao poder e ao dinheiro e à forma
como os usar
Não devemos ter medo do snobismo e do luxo".
E foi então que a distribuição da riqueza e dos
rendimentos começou a polarizar-se de tal modo que, qualquer que fosse o
sistema de medição, o país ultrapassou os extremos da
desigualdade atingidos durante a primeira Idade do Ouro; mas as nossas elites
não parecem mais envergonhadas com a sua adoração do vil
metal do que os membros da "classe ociosa", excomungada há um
século por esse crítico social radical do capitalismo americano
Thorstein Veblen.
[4]
Nessa época, tratava-se de imitar a nobreza europeia em bailes
sumptuosos em hotéis elegantes como o Waldorf-Astoria de Nova Iorque,
bem fechados para afastar os acontecimentos desagradáveis que se
passavam na rua (onde as pessoas comuns tentavam rudemente sobreviver à
brutal depressão da década de 1890). Hoje em dia, a "classe
ociosa" refugia-se em condomínios de portões fechados ou em
enormes casarões, parentes dos castelos importados pelos seus
precursores da Idade do Ouro, prontos para fugirem nos seus jactos privativos
para ilhas privativas caso os nativos se revoltem.
O melodrama do mercado livre
No auge da primeira Idade do Ouro, William Graham Sumner
[5]
, um sociólogo de Yale e o mais conhecido defensor da teoria de Herbert
Spencer do darwinismo social 'comem-se uns aos outros', colocou uma boa
questão: o que é que as classes sociais devem umas às
outras? Na prática, nada, foi a resposta do professor.
Hoje como ontem, não têm fim as justificações
ideológicas para uma desigualdade tão alargada que ninguém
a pode ignorar totalmente. Em 1890, o reformador Jacob Riis
[6]
publicou o seu livro
Como vive a outra metade
(How the Other Half Lives)
. Houve quem ficasse chocado com as suas descrições realistas da
pobreza. Nos fins do século XIX, porém, a forma preferida para
menosprezar essa realidade embaraçosa era culpar uma cultura de
dependência pretensamente prevalecente entre "as classes mais
baixas", especialmente, claro, entre os que tinham determinada cor de pele
e determinada origem étnica; e a forma lógica de acabar com essa
dependência, assim se afirmava, era eliminar o "apoio exterior"
financiado com dinheiros públicos.
Como isto faz lembrar as políticas da "incentivo ao trabalho"
cozinhadas pela administração Bill Clinton, uma
substituição de uma forma de dependência, um
subsídio, por outra, trabalho com salários baixos. A pobreza,
quando passou a ser um problema cultural e moral dos empobrecidos, isentou de
culpas a economia da Idade do Ouro tanto no século XIX como no
século XXI (além de se mostrar lucrativa).
Ainda hoje se mantêm vestígios do velho argumento social
darwiniano de que a superioridade dos "mais aptos" beneficia todo o
grupo, com a insinuação complementar de que os que se encontram
na base da pirâmide estão fadados pela natureza para ali acabarem.
A isto temos que juntar a crença revigorada no mercado livre como a
forma mais justa (para não dizer a mais eficaz) de distribuir a riqueza.
Depois, temperem tudo isto com a elevação virtuosa dos riscos
assumidos a um estatuto de tónico espiritual, e económico
também. No fim, obtemos um elixir intelectual de
auto-satisfação, como o purgante para limpeza da
consciência que tornou o Professor Sumner tão seguro no seu
sangue-frio.
Ontem como hoje, a hipocrisia e a dissimulação eram os
ingredientes finais nesta beberagem ideológica. Quanto às
questões práticas, tanto as elites de negócios da primeira
Idade do Ouro, como os nossos próprios "liquidatários",
"exterminadores", especialistas em fusões e compradores
maquiavélicos nunca acreditaram verdadeiramente no mercado livre ou na
iniciativa individual.
Ontem como hoje, quando a concorrência apertava (e muitas vezes ainda
antes disso), recorriam ao governo: para favores políticos, para
contratos, para reduções de impostos, para privilégios,
para tarifas e subsídios, para concessões públicas de
terras e de recursos naturais, para fianças financeiras quando se
atravessam tempos difíceis (veja-se a Bear Stearns
[7]
), e para protecção muscular, incluindo o uso de forças
armadas, contra todos os que pudessem interferir com os direitos da propriedade
privada.
E assim, embora os magnatas industriais e financeiros gostassem de se
considerar heróis solitários, cowboys destemidos na fronteira
urbano-industrial-financeira, a verdade é que a primeira Idade do Ouro
deu origem à moderna empresa burocrática e fê-lo
à custa do empresário isolado. Até hoje, esse monstro dos
grandes negócios mantém-se como a instituição
definidora da vida comercial. O melodrama que está a ser representado
pode continuar a falar do mercado livre e do indivíduo audacioso, mas
nos bastidores, a dirigir os actores, está o Estado e a grande empresa.
Capitalismo de amigalhaços, desigualdade, extravagância,
auto-justificação social darwiniana, frieza quanto à
culpabilização da vítima, hipocrisia do mercado livre: foi
assim ontem, e é assim hoje!
No final dos anos Reagan, os conhecidos intelectuais Kevin Phillips
[8]
e Gary Wills
[9]
profetizaram que este estado de coisas era insustentável e em breve
acabaria. Phillips previu mesmo um levantamento popular. Mas isso não
aconteceu. Pelo contrário, quase 20 anos depois, a segunda Idade do Ouro
está bem viva, embora não muito bem de saúde. Como
é possível tão grande longevidade? A resposta diz-nos como
estas duas épocas, apesar de todas as suas semelhanças
flagrantes, são também profundamente diferentes.
A falta de utopias e de distopias
[10]
Como título, 'Apocalypse Now' podia aplicar-se facilmente a um filme
feito sobre a América nos finais do século XIX. Qualquer que
fosse o lado em que se estivesse, havia um receio tremendo de que a
nação se estivesse a dividir em duas e à beira de uma
segunda guerra civil, de que era inevitável um confronto final entre os
que tinham tudo e os que não tinham nada.
Agricultores enfurecidos mobilizaram-se em uniões de cooperativas e no
Partido Populista. Reuniões de trabalhadores rurais em estados e cidades
duma costa à outra desafiaram o domínio do sistema
bipartidário. Vagas sucessivas de greves, capitaneadas por guerreiros
dos Cavaleiros do Trabalho
(Knights of Labor),
envolveram comunidades inteiras enquanto novas associações se
alargaram até barreiras anteriormente irreconciliáveis de
profissões, etnias, e até mesmo de raças e sexos.
Legiões de pequenos empresários, sindicalistas, consumidores
urbanos e políticos locais enfureceram-se contra o monopólio e
"os
trusts
". Milícias de trabalhadores armados desfilaram pelas ruas de
muitas cidades americanas. As elites empresariais e políticas
construíram sólidas fortalezas urbanas, arsenais públicos
equipados com espingardas Gatling (as metralhadoras dessa época),
preparando-se para esmagar as insurreições que viam surgir
à sua frente.
Ainda hoje nomes como
Haymarket
(a praça em Chicago onde, em 1886, uma
bomba num comício de trabalhadores revoltados levou ao linchamento legal
de líderes anarquistas no julgamento mais vergonhoso do século
XIX), como Homestead (onde, em 1892, o Rio Monongahela ficou tinto de vermelho
com o sangue dos gorilas da agência Pinkerton enviados por Andrew
Carnegie e Henry Clay Frick
[11]
para esmagar a greve dos seus empregados metalúrgicos), e como Pullman
(a cidade dessa empresa em Illinois onde, em 1894, o presidente Grover
Cleveland ordenou às tropas federais para acabar com a greve da American
Railway Union contra a Pullman Palace Car Company), evocam memórias de
toda uma sociedade a viver no fio da navalha.
A primeira Idade do Ouro foi um momento de Grandes Medos, mas também de
Grandes Expectativas, um período apaixonado pela literatura das utopias
mas também das distopias. Os dois romances de maior êxito do
século XIX, depois de
A Cabana do Pai Tomás,
foram a utopia de
Looking Backward
de Edward Bellamy
[12]
e a horrível distopia
Caesar's Column
do tribuno populista Ignacius Donnely
[13]
. Este último tem o seu desenlace quando o movimento proletário
clandestino, ficcionado por Donnely, a "Irmandade da
Destruição", festeja o seu "triunfo" com o
levantamento duma gigantesca pirâmide formada por duzentos e cinquenta
mil cadáveres do inimigo, "a Oligarquia" e seus apaniguados,
cimentados e armadilhados com explosivos, para que ninguém se atrevesse
a retirá-los e a destruir esse memorial eterno à barbárie
do capitalismo industrial americano.
Além do mais, os maus presságios desses tempos e a ânsia de
uma solução utópica não estavam limitados às
fileiras dos agitadores rurais ou industriais. Antes de "Pullman" ter
passado a ser um sinónimo da escravidão industrial e da crueldade
do governo federal, a cidade de Pullman foi construída pelo seu
proprietário, George Pullman
[14]
, como uma cidade industrial modelo, uma espécie de utopia capitalista
de benevolência paternalista e de harmonia social.
Toda a gente procurava uma saída, uma coisa completamente nova que
substituísse a hostilidade e a violência incipiente do capitalismo
da Idade do Ouro. Os Cavaleiros do Trabalho, o Partido Populista, o movimento
anti-monopólios, os movimentos de cooperativas da cidade e do campo, as
revoltas por toda a nação em 1886 em prol do Dia das Oito Horas
que culminaram na infâmia dos enforcamentos em Heymarket, tudo isto
expressava um forte aviso para que fosse abolida a ordem industrial vigente.
Estes grupos não estavam apenas enfurecidos; não estavam apenas
raivosos embora também o estivessem. Eram demasiado confusos,
demasiado ingénuos, demasiado desesperados, demasiado inventivos,
demasiado desejosos, demasiado desiludidos, tendo alguns deles ido buscar
alimento cultural às quintas e oficinas decadentes da América
pré-industrial, para acreditar que daquilo tudo pudesse surgir uma nova
forma de vida, uma comunidade cooperativa. Ninguém sabia exactamente o
que seria isso. No entanto, a grande expectativa de um futuro sem
subserviência ao calculismo do mercado e da fábrica capitalista
trouxe à primeira Idade do Ouro a sua especial cisão, o seu
grande (trágico) drama.
Passemos agora à nossa segunda Idade do Ouro e, na verdade, o palco
parece estar nu. Não há grandes medos, não há
grandes expectativas, não se lobrigam apocalipses sociais, não
há utopias nem distopias; apenas uma espécie de
sensação banal de fim de história. Onde estão todas
as revoltas em série, os partidos políticos marginais, as ondas
de greves e de boicotes, os motins públicos contagiosos, a
sensação crónica de que já basta? Onde estão
os esforços ardentes para exigir uma nova ordem que, independentemente
de incompleta e recheada de questões por resolver, parece hoje estar
tão minuciosamente detalhada como os planos para um Boeing 747, quando
comparada com um "sim, podemos"?
Tudo o que resta do populismo predominante está nos recursos salva-vidas
num sótão qualquer do Partido Democrata. Até a linguagem
da nossa segunda Idade do Ouro está esvaziada. Numa sociedade saturada
de hipocrisia cristã, haverá alguém capaz de descrever uma
"sociedade crucificada numa cruz de ouro", como fez William Jennings
Bryan
[15]
, ou de denunciar a "adoração do vil metal", de
condenar os "parasitas" aristocratas, ou de excomungar os
"vampiros especuladores" e o "polvo" de Wall Street?
Enquanto que os pregadores evangélicos do século XIX
lançaram o anátema sobre a ganância capitalista, os
tele-evangelistas do século XXI deificam-na. Os temperamentos esfriaram,
deixando Deus, tal como muitos americanos, com um emprego a tempo parcial.
O enorme silêncio
Claro que exagerei. Ainda existem hoje movimentos que lutam contra as
desigualdades e as iniquidades da nossa própria Idade do Ouro. De vez em
quando, os vigaristas de Wall Street são presos por um xerife. Alguns
ministros, mesmo os convertidos, continuam a pregar o Santo Evangelho. Mas tudo
isto é uma pálida sombra do que era. Alguma coisa de fundamental
no metabolismo do capitalismo mudou.
Talvez a resposta seja simples e básica. A primeira Idade de Ouro
assentava na industrialização; a segunda na
desindustrialização. Nos nossos tempos, um novo sistema de
desacumulação despojou a indústria americana, liquidando o
seu património para premiar a especulação de capital
fictício. Vendo bem as coisas, as taxas de investimentos em novas
instalações, tecnologia e investigação e
desenvolvimento, baixaram todas nos anos 80. Durante vinte e cinco anos, os
sectores da economia que mais rapidamente cresceram foram a finança, os
seguros e o imobiliário (FIRE).
[16]
A desindustrialização desencadeou uma avalanche cujo impacto
ainda está a fazer sentir os seus efeitos na economia, na cultura
política do país, e na vida diária. Deitou abaixo a classe
trabalhadora industrial e o movimento dos trabalhadores, matando-os duas vezes.
Isto, mais do que tudo o resto, pode ser a causa do enorme silêncio da
segunda Idade de Ouro, quando comparado, pelo menos, com o ruído
violento da primeira. O trabalho foi ferido de morte num ataque directo, que
começou com a decisão do presidente Reagan em 1981 de despedir
todos os controladores de tráfego aéreo em greve. Este acto
draconiano permitiu que o patronato americano desencadeasse o seu
próprio ataque geral ao direito de organização, que
continua até hoje.
Em si mesmo, porém, o recurso à coerção para lidar
com a oposição pouco distingue a nossa elite de ouro da primeira.
Na verdade, vivemos em tempos menos selvagens, mas pelo menos neste aspecto
estamos em casa. Muito mais fatal foi a chegada de uma nova forma de
acumulação de capital, muito pior do que a que vigorou há
um século. Estripou aldeias, cidades, regiões e toda uma forma de
vida. Desmoralizou as pessoas, esvaziou instituições populares
que outrora ofereciam resistência e alimentou os fogos da raiva, do
racismo e do revanchismo nacional. Foi esta a matéria-prima para a
divisão das pessoas mesquinha, em vez da solidariedade.
A desacumulação transformou a classe trabalhadora numa bolsa
desagregada de mão-de-obra precária, de trabalho a contrato, de
trabalho temporário e de trabalho a tempo parcial, tudo no interesse dum
novo "capitalismo flexível". Os ideólogos enfeitaram
esta força de trabalho flutuante classificando-a de trabalho de
"trabalhador por conta própria", um eufemismo destinado a
lisonjear o homenzinho do mercado livre que existe em cada um de nós e
isso funcionou durante algum tempo. Mas a realidade subsequente provou que isso
era uma pílula amarga de engolir. Ser hoje um "trabalhador por
conta própria" é não ter direito a cuidados de
saúde, a reforma, a um emprego seguro, a qualquer tipo de
segurança. Na nossa idade de ouro, a mobilidade rebaixante, que dura
há vinte e cinco anos e continua, marcou a trajectória social de
milhões de pessoas que vivem no coração da América.
O capitalismo de desacumulação também minou o centro de
gravidade política da pobreza. Na primeira Idade de Ouro, a pobreza
existia em função da exploração; na segunda, em
função da exclusão ou da marginalização.
Quando pensamos na pobreza, o que nos vem à cabeça é a
assistência social e a raça. A primeira idade de Ouro, pelo
contrário, visualizava mineiros do carvão, trabalho infantil,
oficinas domésticas, e os bairros de barracas que cresciam em torno das
fábricas de aço de Aliquippa e de Homestead.
A pobreza provocada pela exploração alimentava uma revolta moral
alargada e um robusto ataque político ao poder dos exploradores. Os
causadores da pobreza de exclusão do nosso tempo são mais
difíceis de identificar. No seu livro de 1962,
The Other America,
Michael Harrington
[17]
assinalou a invisibilidade da pobreza. Já passou meio século e a
miséria continua a viver na sombra. Auxiliada por um racismo entranhado,
a pobreza da segunda Idade de Ouro foi politicamente neutralizada, ou pior
ainda.
Declínio, desapropriação e marginalização:
um cenário terrível. No entanto a nova economia política
de desacumulação baseada na finança também se
anunciou como a segunda chegada do capitalismo democrático. E no reino
do imaginário colectivo, mas não na realidade, convenceu
milhões.
O mito do capitalismo democrático
Já não existem aristocratas, mas é espantoso como duraram
tanto tempo como actores principais na dramaturgia política do
país. Franklin Delano Roosevelt continuava a denunciar os
"monárquicos económicos" e os "tóris da
indústria" no apogeu do New Deal. A luta contra o aristocrata
contra-revolucionário, considerado como subvertendo as
instituições da vida democrática e pilhando riquezas
não merecidas, forneceu a energia que alimentou a reforma americana
durante gerações. Na vida real, os ladrões barões
da indústria e da finança de Wall Street não foram menos
aristocratas do que a minha avó da aldeia. Eram novos-ricos.
Mas, por boas razões pessoais, conspiraram activamente neste logro
popular, desempenhando o papel do aristocrata por tudo o que ele valia. Em
retrospectiva, o que parece uma das utopias mais estúpidas da primeira
Idade de Ouro foi representado por esses novos-ricos, actuando em quadros vivos
em bailes de gala vestidos à aristocrata, ou fazendo cabriolas em
castelos e mansões que mandaram transportar, pedra a pedra, de
França ou de Itália, ou exibindo-se nos casamentos das suas
filhas com os rebentos da nobreza europeia falida, ou desfilando em
direcção à Opera Metropolitana de Nova Iorque em
carruagens guiadas por criados de libré e ornamentadas com o
"brasão" de família, completo com insígnias
roubadas e genealogias fabricadas que escondiam as origens humildes dos seus
proprietários.
Agora podemos fazer troça disso tudo. Mas na altura, para milhões
de pessoas, essas pretensões aristocratas confirmavam uma antiga
suspeita de Jefferson: os capitalistas não eram nem mais nem menos do
que aristocratas camuflados. A mobilização para salvar a
república e a democracia dum tal perigo era praticamente um instinto
natural. No entanto, ir além deste horizonte de democracia
política na direcção da social-democracia é uma
questão totalmente diferente, e provocava desconfianças quanto
à ameaça da sub-estrutura da propriedade privada que, é
preciso não esquecer, também faz parte do sonho americano. Ter
uma aristocracia para poder correr com ela, mesmo uma sucedânea, pode ser
politicamente gratificante.
Com uma ou duas excepções bizarras, os novos magnatas da segunda
Idade de Ouro não se consideram aristocratas. Não se vestem como
eles nem casam as filhas com duques e condes europeus à caça de
fortunas. Pelo contrário, as suas figuras principais vestem-se
normalmente de blue jeans e usam chapéus à cowboy, afectando um
populismo caseiro e um desmazelo popularucho. Por muito dependente da
parafernália de excessos exibicionistas que possa ser, a nova elite
capitalista não acha que esses excessos sejam o símbolo dos
direitos da classe dominante.
Na antiga idade de ouro, as classes mais baixas imitavam as modas e os modos
dos supostamente mais importantes; hoje passa-se o contrário. Com
efeito, já nem se pode falar de uma "classe ociosa" visto que
os nossos influentes do momento são viciados em trabalho,
campeões dos clubes de fusões-e-aquisições.
Embora o peso da influência económica e política da nossa
Idade de Ouro seja pelo menos tão importante como a dos seus
antecessores da época de J.P. Morgan e de John D. Rockefeller, o medo
americano de uma aristocracia endinheirada acalmou-se. Em vez dele, desde a
época de Reagan que os americanos têm vindo a ser cativados pelos
homens de negócios que assumiram o papel dos rebeldes contra uma ordem
corporativa esclerosada e uma burocracia governamental ossificada que, no seu
conjunto, foram classificadas como bloqueando o acesso a uma democracia dos
destemidos.
Quantas vezes, pessoas da classes média, sem genealogia social, sem a
promoção de um dia para o outro de pessoas como Michael Milken
[18]
, Carl Ichan
[19]
, ou "a ganância é saudável" de Ivan Boesky
[20]
, gabaram e confirmaram a sua fé popular no sonho americano. Estes
novos "revolucionários" irreverentes, apostados em derrubar o
capitalismo no interesse do capitalismo, fizeram pouco desses homens de fatinho
domingueiro.
Quando os capitães da indústria e da finança dominaram o
país nos finais do século XIX, ninguém pensou em lhes
chamar rebeldes contra uma burocracia governamental ou contra um conjunto de
"importantes". Na altura não havia burocracia governamental e
os magnatas como Russel Sage
[21]
e Jay Gould
[22]
eram "os importantes". Só se preocupavam em serem
destronados, e não em destronar quem quer que fosse.
A nossa elite empresarial está muito mais interessada em jogar o jogo da
democracia do que os seus antecessores da Idade de Ouro. A antiga "classe
ociosa" era abertamente adversa à política. Se precisava de
uma redução de tarifas ou de impostos, recorria ao seu senador de
serviço. Quando mortalmente desafiada pelos populistas e por William
Jennings Bryan em 1896, acabou por envolver-se nela; mas, geralmente,
não se metia muito em políticas partidárias de massas, que
encaravam como mecanismos étnicos demasiado incontroláveis,
agricultores enfurecidos e coisas parecidas. Preferia recorrer ao sistema
judicial, aos presidentes amigos de negócios, aos advogados
constitucionais e às milícias públicas e privadas para
proteger os seus interesses.
A partir do início dos anos 70, a elite empresarial da nossa era passou
a preocupar-se muito mais com a política e organizou-se de forma
impressionante, penetrando profundamente em todos os poros da democracia
partidária e eleitoral. Foi ao ponto de fabricar alianças
estratégicas com elementos que os seus antecessores do século XIX
(que ficariam pálidos só de pensar nisso) designariam de
hoi polloi
(as massas)
. Os apelos ao desmantelamento da burocracia federal contêm
agora uma certo pendor populista, ao passo que o esbravejar acerca dos valores
da família hoje não passa de um compromisso barato de uma elite
dourada que em geral pouco se importa com isso.
Além do mais, os meios de comunicação têm
acompanhado a ascensão dos nossos
faux
revolucionários com hossanas ao mercado bolsista, como sendo um Oz para
toda a gente. A velha paixão cega da América pelo seu
próprio ego democrático-igualitário serviu de motor a esta
ilusão.
O aviso inspirado de Horace Greely
[23]
"vai para o oeste, rapaz" ecoou por todos os canais da cultura
popular nos anos 90, desde os espectáculos da TV por cabo e revistas de
circulação de massas até aos painéis de
pontuação dos estádios de basebol e salas de
conversação da Internet. Só agora a fronteira de
oportunidades ilimitadas de Greeley imigrou para leste para a bolsa de valores
e para o éter da realidade virtual ou dot.com. A cultura do dinheiro
liberta de todas as suas antigas inibições envolveu os comuns
mortais.
"Democracia dos accionistas" e a "sociedade da propriedade
participada" são, reconhecidamente, muito mais slogans de
relações públicas do que uma coisa real. Apesar disso,
não podemos ignorar o facto de que, durante a segunda Idade de Ouro,
metade das famílias americanas se tornaram investidoras no mercado de
acções. Dentistas e engenheiros, burocratas da classe
média e professores do ensino superior, lojistas e técnicos da
saúde ou seja, pessoas do largo espectro da classe média
que antigamente encaravam a Bolsa de Valores de Nova Iorque com um misto de
respeito, medo e genuíno desinteresse, e se mantinham cautelosamente
à distância são agora os primeiros a mergulhar de
cabeça no mercado, transportando com eles todas as suas
esperanças febris de uma elevação social.
Como a Wall Street de repente se tornou mais amável, os medos dos
monopólios estranguladores desapareceram. A resistência
decrescente da classe média aos grandes negócios é a causa
do enfraquecimento do antigo movimento anti-monopólios, uma
alteração que nos revela muito sobre a evolução da
forma particular da nossa era do capitalismo "de hipermercados".
Antigamente, esse movimento exprimia as ambições frustradas
não apenas dos pequenos empresários mas de todos os que se
sentiam vítimas do poder dos monopólios. Personificava não
apenas a ideia de acabar com os monopólios, mas de competir com eles com
ou de os substituir por empresas públicas.
Mas, muito antes de a contra-revolução de Reagan tornar
inoperante todo o aparelho regulador, já o movimento
"anti-monopólios" tinha acabado. A sua ausência do
panorama político durante a segunda Idade de Ouro marca a
demissão de um antigo enorme grupo da classe média formado por
produtores locais, por comerciantes e pelos seus clientes que outrora se tinham
unido pelos laços do comércio e pelas verdades populares do
protestantismo de pequena cidade.
O capitalismo das cadeias de hipermercados, o capitalismo de Wal-Mart
[24]
, ainda incita levantamentos locais que denotam traços desse passado
anti-monopólios, mas as forças da oposição
estão divididas. O capitalismo de que a Wal-Mart é
emblemática gera um universo dissonante de desejos políticos e
culturais. Apela, sobretudo, a instintos de bem-estar material individual e
familiar, que podem funcionar contra as exigências duma maior
solidariedade social.
Além do mais, na sua forma quotidiana, a cultura consumista, muito mais
abrangente do que seria possível imaginar há um século
atrás, canaliza o desejo para formas de auto-libertação
significativa. Narrativas grandiosas que contam uma história de destino
colectivo Redenção, Iluminação, e Progresso,
a Comunidade Cooperativa, a Revolução Proletária
não encaixam bem neste teatro político remodelado.
O fim da Era da Aceitação?
No entanto, a roda não pára. O capitalismo da segunda Idade do
Ouro enfrenta hoje uma crise sistémica e, sob a pressão de um
desastre iminente, o passado pode regressar no futuro. A pobreza à moda
antiga está a regressar. É possível argumentar que a
economia global, incluindo o seu ramo americano, se está a tornar cada
vez mais numa economia de trabalho escravo. Não há
hipótese de negar esse facto brutal na Tailândia, na China, no
Vietname, na América Central, no Bangladesh e em dezenas de outros
países e regiões que servem de plataforma para a tradicional
acumulação. Centenas de milhões de camponeses passaram a
proletários praticamente da noite para o dia.
Por cá, tem acontecido algo análogo, mas com uma irónica
diferença e trazendo no seu seio uma nova oportunidade histórica.
Podíamos dizer que a classe média caiu do cavalo abaixo.
Na primeira Idade de Ouro, uma oficina de trabalho escravo seria considerada
uma aberração prejudicial. Oferecia emprego precário
à margem da lei, em troca de salários abaixo dos estabelecidos em
paga de horas intermináveis. Encontrava-se normalmente instalada a
trouxe-mouxe numa oficina artesanal que podia estar ali num dia e no dia
seguinte ter desaparecido. Era uma empresa clandestina que fugia
permanentemente aos pagamentos aos seus trabalhadores e os ludibriava nos seus
direitos duma forma grosseira.
Agora, o que antigamente parecia anormal já não o é. As
maiores empresas do planeta dependem deste sistema. Prosperaram com isso.
Também é verdade que encorajaram a proliferação de
pequenas empresas sob a forma de subempreiteiras, firmas consultoras,
companhias de serviços domésticos, fertilizando o solo em que
está enraizada a nossa era de capitalismo democrático. Mas a
ubiquidade da economia do suor promete alterar a química política
da nação.
Muitos dos proletários recém flexibilizados que trabalham para a
Wal-Mart, para empresas de acessórios de automóveis ou para
subempreiteiros de empresas de construção, ao telefone em
call centers
de vendas directas, atrás de balcões como caixeiros de
hipermercados retalhistas, ganham muito menos do que estavam habituados.
Até mesmo os novos contratados pelos Três Grandes fabricantes de
automóveis
[25]
ganham agora um salário horário mais reduzido do que os seus
avós ganhavam em 1948. Desapareceu assim também a relativa
segurança de trabalho de que estes empregados gozavam antigamente,
deixando-os vulneráveis aos ditames "magros e sovinas" do novo
capitalismo: cargas de trabalho duplo ou triplo; ou, pior ainda, trabalho a
tempo parcial, trabalho sempre ensombrado pela indignidade e pelo medo, ou,
ainda muito pior, nenhum trabalho de todo.
Entretanto, os colarinhos brancos da Terra do Futuro, os especialistas
"trabalhadores por conta própria", os engenheiros de
programação, e outros que tais, para não falar de toda uma
espécie em perigo de gestores médios, vivem uma existência
precária, sob uma pressão terrível, prevendo cronicamente
o próximo ciclo de despedimentos. No entanto muitos deles foram em
tempos membros da "classe média" com uma boa
posição. Agora, encontram-se na parte inferior da escada rolante,
descendo a um estado desprezível que ninguém pode classificar
como padrão de vida da classe média.
A "acumulação flexível" junta esta
desapropriação da classe média à
super-exploração de milhões que nunca reclamaram esse
estatuto. Muitos destes trabalhadores escravizados são mulheres, que
trabalham como assistentes de cuidados de saúde ao domicílio, na
indústria de serviços alimentares, em fábricas de
processamento de carnes, em hotéis e restaurantes e hospitais, porque a
aritmética da "acumulação flexível" exige
dois a trabalhar para reforçar o rendimento de subsistência
familiar que, ainda há bem pouco tempo, era trazido para casa por um
único trabalhador.
Muitos outros milhões são imigrantes, legais ou sem documentos,
vindos de todas as partes do mundo. Vivem, praticamente indefesos, num mundo
crepuscular de ilegalidade e de preconceito. Graças a tudo isto, a
categoria dos "trabalhadores pobres" voltou a entrar no nosso
vocabulário público. De novo, tal como durante a primeira Idade
de Ouro, a pobreza aparece em função da exploração
em vigor, e não apenas como o destino dos excluídos do trabalho.
Poderão estes desenvolvimentos prenunciar o fim da nossa segunda Idade
de Ouro, ou será talvez o fim da era da aceitação?
Ninguém sabe. Mas a fúria e a raiva quanto à
insegurança, à mobilidade rebaixante, à
exploração, à cidadania de segunda classe, e aos ganhos
ilícitos dos mercenários da nossa Idade de Ouro e dos
políticos que tal permitem já encresparam as águas
políticas durante as eleições intermédias de 2006.
Esta altura das primárias assistiu a uma clara viragem para a esquerda
do centro de gravidade até mesmo no seio das fileiras dos medrosos
dirigentes do Partido Democrata, uma viragem provocada em grande medida pelo
colapso imobiliário do sub-prime e os rumores ameaçadores de uma
grave recessão.
Mas a fúria e a raiva, só por si, não representam uma
alternativa visionária. E o Partido Democrata, por muito nervoso que
esteja, não é um veículo provável das
aspirações sociais democráticas. Muito mais terá
que acontecer fora dos recintos da política eleitoral, através da
constituição de um movimento de massas para traduzir estes sinais
de fumo de resistência em qualquer coisa mais musculada e duradoura.
Além disso, a competição indecente sobre as oportunidades
económicas em decrescimento pode vir a inflamar apenas e facilmente os
antagonismos raciais e étnicos que fervem em fogo brando.
Apesar de tudo, o actual colapso do sistema financeiro é um mau
presságio. Ameaça uma implosão económica geral mais
grave do que qualquer outra jamais testemunhada em muitas décadas. A
depressão, se isso vier a acontecer, juntamente com as agonias de uma
guerra ilegítima e perdida em que já ninguém acredita,
pode minar o que resta da credibilidade esfarrapada da nossa elite da Idade de
Ouro.
A legitimidade é um bem precioso; depois de perdida não é
facilmente recuperada. Actualmente, o mito da "sociedade de posse"
confronta-se com a realidade da "sociedade do arresto". O grande
silêncio da segunda Idade de Ouro pode dar lugar ao tremendo clamor da
primeira.
N.T.:
[1] Lawrence Peter "Yogi" Berra é um antigo jogador e
treinador de basebol, que tem tendência para utilizar palavras
incorrectamente e utilizar a língua inglesa de forma altamente
provocativa e interessante. Confirmando e rejeitando a sua
reputação, Berry afirmou um dia, "Nunca disse metade das
coisas que realmente disse".
[2] 'Mark Twain' Samuel Langhorne Clemens (1835-1910) escritor
americano. O termo "Idade de Ouro' é o título da obra
The Gilded Age: A Tale of Today
,
publicada em 1873 por Mark Twain e Charles Dudley Warner que, embora ficcional,
é um exame crítico da política e corrupção
nos Estados Unidos durante o século XIX.
[3] Union Pacific Railroad A maior rede de caminhos-de-ferro dos Estados
Unidos. Foi envolvida no escândalo de corrupção
política do Crédit Mobilier de 1872. Em 1867, o congressista
Oakes Ames, director do Crédit Mobilier, facilitou a alguns membros do
Congresso a compra de acções da companhia pelo seu valor facial,
em vez do valor de mercado, membros esses que aprovaram depois o financiamento
governamental para cobrir os custos inflacionados do Crédit Mobilier na
construção de um troço contratado com a U.P.R.
[4] Thornstein Veblen (1857-1929) Sociólogo e economista
americano, de origem norueguesa, autor de
The Theory of the Leisure Class
, um retrato satírico da sociedade americana, em que os instintos da
competição e da predação desempenham um papel
central.
[5] William Graham Sumner (1840-1910) Professor americano na
Universidade de Yale, defensor do mercado livre, do anti-imperialismo e do
padrão ouro.
[6] Jacob August Riis (1849-1914) Jornalista e fotógrafo
americano, nascido na Dinamarca; conhecido por dedicar os seus talentos
jornalísticos e fotográficos a ajudar os menos favorecidos da
cidade de Nova Iorque, que foram o tema da maior parte dos seus escritos e
fotografias.
[7] Em 2008, o FED concedeu a JP Morgan Chase uma linha de crédito de 30
mil milhões de dólares para o ajudar a comprar a Bear Stearns,
uma empresa de Wall Street que estava à beira da falência devido a
prejuízos no mercado de hipotecas imobiliárias.
[8] Kevin Phillips (1940) Escritor americano e comentador de
política, economia e história.
[9] Gary Wills (1934) Escritor e historiador americano
[10] Distopia Lugar imaginário onde tudo é mau; o
contrário de utopia
[11] A H.C. Frick & Company e a Carnegie Steel Company formaram uma parceria,
percursora da United States Steel. Esta parceria assegurava que a siderurgia de
Carnegie teria sempre o abastecimento necessário de carvão.
[12] Do mesmo autor de 'A Cabana do Pai Tomás',
Looking Backward
conta a história de um homem da classe alta de 1887 que acorda no ano
2000, depois de um transe hipnótico, e se encontra numa utopia
socialista.
[13] Ignacius Loyola Donnely (1831-1901) Congressista americano,
populista e escritor
[14] George Mortimer Pullman (1831-1897) Industrial americano; ficou
conhecido pela sua repressão violenta sobre os grevistas na cidade que
fundou
[15] William Jennings Bryan (1860-1925) Político americano,
orador e advogado, forte defensor da democracia popular, crítico feroz
dos bancos e empresas de caminho-de-ferro, figura destacada do Partido
Democrata.
[16] FIRE (fogo) como abreviatura do grupo Finance, Insurance, Real Estate,
ironiza quanto ao risco de uma economia dominada por estes três sectores
[17] Edward Michael Harrington (1928-1989) Escritor americano
social-democrata e activista político. O seu livro
The Other America: Poverty in the United States
teve grande impacto na administração Kennedy e na subsequente
Guerra à Pobreza de Lyndon B. Johnson.
[18] Michael Robert Milken (1946) Financeiro e filantropo, criou
praticamente sozinho, o mercado de acções de alto rendimento nos
anos 70 e 80. Foi classificado pela Forbes como a 458ª pessoa mais rica do
mundo.
[19] Carl Celian Ichan (1936) Proveniente de uma família da
classe média, é um financeiro americano multi-milionário,
classificado como o 46º homem mais rico do mundo em 2008.
[20] Ivan Frederick Boesky (1937) Ficou conhecido pelo seu papel
predominante num escândalo de Wall Street nos meados dos anos 80, pela
utilização de informações confidenciais para
especulação financeira, uma fraude que mereceu aparecer no
Guiness.
[21] Russel Sage (1816-1916) Financeiro, ligado ao sector
ferroviário, presidente e gestor de diversas empresa, director da Union
Pacific Railroad, deixou uma fortuna de cerca de 70 milhões de
dólares em 1916.
[22] Jay Gould (1836-1892) Financeiro e construtor de caminhos-de-ferro,
fez uma grande fortuna controlando o preço das acções que
comprava assim como do próprio mercado.
[23] Horace Greeley (1811-1872) Fundador do Partido Republicano Liberal,
reformador e político, considerado o maior editor jornalístico da
época.
[24] Wal-Mart A maior empresa do mundo que dirige uma cadeia de
armazéns a preços baixos; a maior empregadora privada do mundo; a
maior cadeia retalhista de mercearias e brinquedos dos Estados Unidos; segundo
uma comissão de ética norueguesa de 2005, viola de forma
sistemática os direitos humanos e dos trabalhadores, emprega de forma
sistemática menores de idade, em condições de trabalho
perigosas, discrimina as mulheres e não paga horas extra aos empregados.
[25] Os Três Grandes fabricantes de automóveis dos EUA: General
Motors, Ford e Chrysler
[*]
Trabalha agora num livro sobre as duas Idades de
Ouro. É autor, entre outras obras, do recém-publicado
Wall Street: America's Dream Palace
e de
Ruling America: A History Of Wealth And Power In A Democracy
.
O original encontra-se em
http://www.atimes.com/atimes/Global_Economy/JD25Dj03.html
Tradução de Margarida Ferreira.
Este ensaio encontra-se em
http://resistir.info/
.
|