O banco central dos EUA:
O templo e os seus segredos sujos
Há uns anos atrás li um excelente livro de William Greider,
publicado em 1987, acerca do funcionamento do Sistema da Reserva Federal dos
EUA. É minucioso e explícito e proporciona uma leitura
agradável e informativa, à excepção da
solução que apresenta para o terrível problema que
expõe... é demasiado tímida. Este artigo visa propor uma
solução bem diferente. Greider chamou ao seu livro
Segredos do Templo, com o subtítulo A Forma Como a
Reserva Federal Governa o País. Um subtítulo mais
apropriado teria sido a forma como o Fed (e outros bancos chave centrais)
governa o mundo. Este artigo tentará sintetizar o que é que o
banco faz, como é que ele o faz, em benefício de quem e às
custas de quem. Os que não estiverem a par destes assuntos,
ficarão chocados com algumas das informações e
comentários que se seguem.
Vamos ser claros logo à partida. A Reserva Federal dos EUA, Banco da
Inglaterra, Banco do Japão e o Banco Central Europeu (para os 12
países Europeus que em 1999 adoptaram a moeda única) são
instituições com um poder imenso, muito maior do que a maioria
das pessoas imagina. Estes bancos preponderantes, tal como a maioria dos
restantes, têm uma enorme influência nas condições
financeiras de praticamente todos os países, incluindo obviamente o seu
próprio, num mundo financeiro de fronteiras progressivamente esbatidas,
onde um acontecimento económico significativo numa nação
tende a afectar a maioria das outras, tanto para melhor como para pior.
Há um outro banco poderoso que também faz parte do mundo
financeiro contemporâneo. Este tem de ser mencionado devido à sua
importância, embora seja necessário um artigo separado para
explicar em profundidade o seu funcionamento. Trata-se do sigiloso,
inviolável e completamente autónomo, Bank for International
Settlements
[1]
(BIS), fundado em 1930 e sediado em Basiléia, Suíça. Este
banco, de que a maioria das pessoas nunca ouviu falar, é o banco central
dos bancos centrais membros, uma espécie de patrão dos
patrões da banca, equivalente ao que parece existir no mundo
obscuro dos padrinhos da Mafia. Tal como os outros bancos centrais, incluindo a
Reserva Federal (explicado a seguir), é domínio privado dos seus
membros.
Alguns académicos e outros que estudaram o BIS crêem que a elite
do capitali financeiro fundou este banco dos bancos para ser o ápice de
poder sobre o sistema financeiro mundial, um sistema possuído e
controlado por eles. Pensa-se que o plano era utilizar este banco para dominar
o sistema político de cada país e controlar a economia mundial de
uma forma feudal. Resumindo, a ideia é que este escol quer reinar no
mundo controlando o dinheiro, e montou este supranacional e todo-poderoso banco
dos bancos para o conseguir. Por muito importante que seja esta
discussão terá de ficar para outra altura, já que o
intuito deste artigo é debruçar-se somente sobre a Reserva
Federal dos EUA.
Os bancos centrais dominantes e o BIS, em conjunto com grande parte dos demais,
exercem a sua influência através de uma aliança semelhante
a um cartel, que assegura que todos beneficiam mais do que lhes seria
possível isoladamente. Com o seu imenso poder não é
exagero dizer que estas instituições financeiras governam de
facto o mundo. Como são capazes de gerar dinheiro, eles fundeiam as
necessidades dos seus governos nacionais, dos seus militares e de todas as
actividades de negócios que não poderiam funcionar sem uma pronta
injecção dessa que é a mais necessária de todas as
comodidades. É o dinheiro, não o amor, que faz girar o mundo, e
os banqueiros centrais têm o poder de criar e tirar de
circulação tanto ou tão pouco quando lhes apetecer e para
qualquer efeito que tenham em mente. Esse tipo de poder pode mover montanhas,
ou arrasá-las.
Não há nenhuma nação hoje em dia que tenha um banco
central tão poderoso como a Reserva Federal dos EUA, mas tal com nem
sempre foi assim, também agora sofre uma concorrência pelo
primeiro lugar que não conhecia desde a Segunda Grande Guerra. O Fed,
como se pode abreviar, existe desde 1913 altura em que foi criado por um
decreto do Congresso. Mas o Banco da Inglaterra já cá anda desde
que a Britannia começou a controlar os mares, ou mais exactamente desde
1694 quando o rei Guilherme III precisou de ajuda para financiar o tipo de
empreendimento que mais rapidamente absorve divisas: a guerra. Na altura era
com a França, e o rei precisava de um banqueiro que se lhe aliasse para
levar a guerra adiante. Ele também precisava de ajuda financeira para
facilitar o comércio e gerir a dívida do país, que sempre
cresce em altura de guerra. O Banco da Inglaterra não foi o primeiro
banco central, mas foi o primeiro do mundo moderno a ser detido por interesses
privados num país poderoso. Foi denominado Banco da Inglaterra para
impedir o público de se aperceber de que, tal como a Reserva Federal dos
EUA, era e é ainda propriedade privada e não parte do governo.
Também veio a ser esse o modelo utilizado para a criação
do banco central dos EUA e a grande maioria dos outros.
Os britânicos podem ter tido um avanço de 219 anos sobre o
Federal, mas os bancos centrais são apenas tão poderosos quanto
os países que eles representam e as suas respectivas economias. Hoje os
antigos dominadores britânicos têm de se contentar com o papel
consideravelmente reduzido de ser apenas mais um parceiro de uma hegemonia
norte americana estabelecida após a Segunda Grande Guerra. Ainda hoje
continua a ser a potência dominante, embora alguns especialistas de
renome acreditem que os EUA já viram e deixaram para trás o seu
zénite de desenvolvimento e se encaminhem agora para o declínio.
Alguns vão ainda mais longe e afirmam que esse declínio foi
acelerado pelas políticas desastrosas da administração
Bush, que de forma irracional defende que a estratégia de levar guerra
incessante ao mundo é a melhor forma de o controlar, promover
crescimento e domínio económicos infinitos e assim preservar a
posição proeminente dos EUA como campeão económico
reinante.
Não é difícil contestar essa posição e
perceber que esse campeão, que já subiu demasiadas vezes ao
ringue e tem planos de lá voltar para sempre, está sujeito ao
mesmo destino daqueles muitos da nossa História que não souberam
parar quando deviam e acabaram com aquela afectação
crónica do cérebro chamada demência. A lição
que a História nos dá é sempre a mesma. O preço do
comportamento aguerrido é alto, doloroso e inevitável. Aplica-se
a países e indivíduos, mas infelizmente parece que nem um nem
outro se apercebem do erro até ser tarde demais. A grande
diferença entre os EUA de hoje e as outras nações que
já pagaram o preço de não cederem depois das suas horas de
ribalta passarem é que os EUA têm um arsenal todo-poderoso que os
outros nunca tiveram. Se decidirem usá-lo, não sobrará
muito do mundo para o sucessor. Um pensamento desagradável sim, mas
completamente real.
TUDO COMEÇOU EM 1910 NA ILHA JEKLL
Soa ao título de um filme de terror, mas os acontecimentos reais que se
desenrolaram nesta ilha privada à beira da costa da Geórgia em
1910 teriam desafiado a imaginação da fábrica de pesadelos
de Hollywood.
Foi aí que sete ricos e poderosos homens se reuniram em segredo durante
nove dias para criar o Sistema da Reserva Federal que veio a nascer três
anos mais tarde a 23 de Dezembro de 1913 através de um decreto do
Congresso norte americano. Desde essa altura os EUA e o mundo jamais seriam os
mesmos, mas só os ricos e os poderosos foram os beneficiados. A ideia
no entanto era precisamente essa e o plano resultou na perfeição.
O Decreto da Reserva Federal que deu início a tudo isto deve seguramente
estar cotado entre as legislações mais escandalosas e desastrosas
para o interesse público alguma vez emitidas por qualquer
órgão legislativo. É também, e até talvez
já o fosse na altura, ilegal ao abrigo do Artigo 1º,
Secção 8 da Constituição dos EUA que não
é senão a lei inviolável do Território. O artigo
em questão decreta que o Congresso dos EUA tem o direito de cunhar
(criar) dinheiro e regular o seu valor. Em adição o Supremo
Tribunal dos EUA decretou em 1935 que o Congresso dos EUA não pode
constitucionalmente delegar esse poder a outro grupo ou entidade. Portanto o
Congresso agiu em 1913 em violação da constituição
que jurou proteger e praticar, e ao fazê-lo criou o Sistema da Reserva
Federal que, como será explicado de seguida, é uma
corporação privada com fins lucrativos a funcionar às
custas do interesse público. Com este decreto os legisladores cometeram
fraude contra o povo, e até agora têm saído ilesos sem que
o público saiba sequer do mal provocado.
O resultado vergonhoso é que aquela que nunca deveria ter nascido
é hoje a instituição mais poderosa do mundo, e tudo devido
ao que se passou naquela ilha privada com um nome arrepiante. Se o Congresso
tivesse agido de forma responsável talvez o decreto que criou o Fed
nunca tivesse acontecido. A legislação que lhe deu azo era
tão prejudicial para o interesse público que nunca teria sido
aprovada, não tivesse sido ela conduzida através de uma
reunião do Comité de Conferência do Congresso,
cuidadosamente preparada e agendada entre a 1h30 e 4h30 da manhã (altura
em que a maioria dos membros do Congresso se encontravam a dormir) de 22 de
Dezembro de 1913. O decreto foi então votado no dia seguinte e aprovado
apesar de muitos membros do Congresso se terem ausentado para as férias
do Natal e muitos outros que tinham ficado não terem tido tempo de ler e
compreender os seus conteúdos. Soa familiar? Pois mesmo assim passou
(como um ladrão na noite) e foi assinado rumo à lei por um
descuidado ou cúmplice Woodrow Wilson, que mais tarde chegou a admitir
ter cometido um terrível erro dizendo "Eu inadvertidamente arruinei
o meu país." Mas era tarde demais para lamentações, e
o povo norte americano pagou caro desde então. Já é altura
de o público perceber isso e começar a reivindicar um fim aos
já mais de 90 anos de danos provocados.
Isso quase aconteceu há 43 anos, quando um presidente decidiu agir em
favor do povo que o elegeu. Esse homem era John Kennedy, que antes da sua morte
planeara acabar com o Sistema da Reserva Federal de forma a eliminar a
dívida nacional que um banco cria ao ser ele a imprimir o dinheiro para
o transmitir ao governo sob a forma de empréstimo. Essa dívida
monta hoje a mais de 8.400.000.000.000 de dólares (6,57 milhões
de milhões de euros) que os contribuintes têm de pagar, tendo pago
já uma parte no valor de 174.000.000.000 dólares (136 mil
milhões de euros) apenas nos primeiros três meses de 2006. Este
serviço de dívida traduz-se agora numa quantia anual que ronda os
530 mil milhões de euros. Fez dos banqueiros homens extremamente ricos
(sendo precisamente essa a ideia) e do público homens mais pobres porque
é a eles que a dívida é taxada. Não é
exagero chamar a isto a maior falcatrua financeira de sempre, que perdura e
cresce a cada dia que passa.
A dívida não era tão onerosa há 40 anos, mas o
presidente Kennedy percebeu que constituía um perigo para o país
e um fardo para o público. Assim, no dia 4 de Junho de 1963, ele emitiu
a ordem presidencial EO 11110 que conferia ao presidente a autoridade de emitir
o dinheiro. Seguidamente ordenou à Tesouraria dos EUA que imprimisse
mais de 4 mil milhões de "Notas dos Estados Unidos" para
substituir as Notas da Reserva Federal. Ele queria substituir as notas todas
assim que houvesse em circulação uma quantidade suficiente da
nova moeda, para depois poder acabar com o Sistema da Reserva Federal e o
controlo que ela cedia aos banqueiros internacionais sobre o governo dos EUA e
o seu povo. Escassos meses depois do plano do presidente Kennedy entrar em
vigor, ele foi assassinado em Dallas no que foi seguramente um golpe de estado
dissimulado, e que pode bem ter sido levado a cabo em parte para salvar o
Sistema da Reserva Federal e a consequente concentração de poder
que estabelecia e que era tão lucrativa aos banqueiros mais poderosos do
país. Aqueles que daí colhiam benefícios tinham boas
razões para se envolverem numa trama que lhes salvasse os seus
privilégios especiais, de que não estavam dispostos a abrir
mão sem ripostar. É uma explicação plausível
que pode bem esclarecer quem teria estado por detrás do assassinato e
por que razão. Onde quer que esteja a verdade, a coligação
bancária só esteve em apuros por um escasso período. Assim
que Lyndon Johnson assumiu a presidência, revogou a ordem presidencial de
Kennedy e restabeleceu o anterior poderio da coligação. Desde
então tem sido mantido, estando hoje em dia mais forte que nunca. Nem
mesmo os presidentes conseguem travá-los, e aqueles tentassem têm
a lição da História recente para os dissuadirem.
Os antecessores da possível conspiração para golpe Kennedy
foram os homens que se reuniram na Ilha Jekyll em 1910. Eles representavam
alguns dos mais ricos e poderosos do mundo os Morgans, Rockefellers,
Rothschilds da Europa (que já dominavam toda a banca europeia em meados
do séc. XIX e se tornaram e podem bem ser ainda a mais rica e mais
poderosa de todas as famílias) e outros de grande influência e
poder. Incluídos estavam um senador dos EUA, um alto dignatário
da Tesouraria dos EUA, o presidente do maior banco norte americano da altura,
uma figura de renome de Wall Street e o homem que mais tarde veio a ser o
dirigente máximo da Reserva Federal. Era um grupo e pêras e o seu
propósito era um só. Eles queriam alterar a ideologia e rumo dos
negócios nos EUA, substituindo a até então vigente
concorrência de mercado livre por monopólio. Eles também
percebiam bem aquilo que o Barão M.A. Rothschild compreendera um dia ao
dizer "dêem-me o controle sobre a moeda de um país e
não me interessará mais quem faz as suas leis". Eles
também compreendiam a sabedoria do que está inscrito em
Provérbios 22:7: "Os ricos reinam sobre os pobres, e o que pede
emprestado é o servo de quem empresta."
Foi a aurora da era da coligação dos poderosos, quando os sete
titãs financeiros que se reuniram em segredo no edifício
recreativo da ilha decidiram deixar de competir uns com os outros e quiseram o
poder para o conseguir. Eles já estavam em conluio informal uns com os
outros, mas sabiam que tudo correria melhor sob a égide de um cartel
legalmente sancionado. Eles queriam um cartel bancário e criaram um que
ainda hoje floresce sem qualquer observação pública com a
ferramenta que mais desejavam a capacidade de controlar a oferta
monetária da nação o que lhes confere poder quase
ilimitado. O cartel trabalha em cooperação com o governo e com
todas as outras poderosas corporações internacionais, numa
aliança global dominante que lhes permite controlar os mercados
mundiais, os recursos, o trabalho barato e as nossas vidas.
O SISTEMA DA RESERVA FEDERAL NÃO É UMA AGÊNCIA DO GOVERNO
É UMA COLIGAÇÃO PRIVADA DE BANCOS PODEROSOS
PROTEGIDA PELA LEI DOS EUA
É comum, mas errado, considerar-se que o Sistema da Reserva Federal
é uma função do governo dos EUA, sujeita ao seu controlo.
Falso. É mesmo muitas vezes referido como um banco descentralizado e
semi-governamental, mas isso é apenas uma forma de mascarar aquilo que,
de facto, é na verdade: uma coligação detida e operada por
privados, estruturada de forma a parecer que é o governo quem lá
manda. O facto de ter a sua sede em Washington, no formidável e
impressionante edifício Eccles (nome de um ex-dirigente do Federal),
é apenas mais um astuto subterfúgio. Vejamos o que se passa
realmente:
O Federal é composto por um painel de Governadores em Washington e 12
bancos regionais em cidades principais espalhadas pelo país (incluindo a
minha própria cidade de Chicago onde em tempos, agora já
não, qualquer pessoa podia chegar ao guichet de um caixa e comprar
títulos do Tesouro dos EUA). O Sistema também inclui muitos e
variados bancos membros, nomeadamente todos os bancos nacionais que são
necessários ao Sistema. Foi ainda permitida a entrada a outros bancos e
muitos aproveitaram a oportunidade. A Reserva Federal começou a
funcionar em Novembro de 1914, quase um ano depois de ter sido criada pelo
decreto do Congresso mencionado antes. Foi sancionado por lei que seria
imbuída do maior poder de toda e qualquer instituição do
país o poder de criar e controlar o fluxo de dinheiro do
país.
A maioria das pessoas pouco ou nada sabem acerca de dinheiro e banca, talvez
nunca sequer venham a pensar no assunto, e não fazem ideia do modo como
o Fed e os banqueiros influenciam as suas vidas. Antes de escrever este artigo
eu tinha pouco mais que um modesto conhecimento que aprendi no decorrer de um
curso sobre esta matéria e contabilidade básica, partes
integrantes do MBA
[2]
que tirei há 46 anos. Esses cursos omitiram os capítulos mais
importantes da história e nunca deram a entender a natureza sinistra do
real funcionamento do sistema bancário. Ninguém deverá
supor por um momento que os bancos foram instituídos ou pensados para
funcionarem em nosso benefício. Não foram com certeza e
alguém que pretenda o contrário deverá continuar a ler.
São tão benéficos para o bem estar público como foi
o MX Peacekeeper
[3]
ICBM (a escolha de palavras é de se lhe tirar o chapéu)
construído em meados da década de 80 para transportar ogivas
nucleares e que tinha a modesta capacidade destruir toda e qualquer forma de
vida no planeta, e um dia ainda poderá fazê-lo.
O decreto da Reserva Federal de 1913 (a lei do território) estipula que
os bancos da Reserva Federal de cada região são posse dos bancos
membros dessa mesma região. Estes bancos Federais são
corporações privadas que se esforçam por esconder o facto
de que na verdade são donas daquilo que o público pensa ser
propriedade do governo e tesouraria nacional. É fácil ser-se
induzido em erro quando os dirigentes do Fed e sete dos seus Governadores
são nomeados pelo Presidente e aprovados pelo Senado. Assim, o Fed
é uma espécie de entidade semi-governamental, mas a verdade
não deixa de ser que o Sistema é uma empresa privada com fins
lucrativos semelhante a qualquer outro negócio. Tem accionistas como
outras corporações públicas que recebem anualmente juros
sem risco de 6% sobre as suas acções ordinárias. O
público não sabe disto e não seria uma boa manobra de
relações públicas se viesse a saber. O povo dos EUA
ficaria ainda mais preocupado se viesse a saber que alguns dos
proprietários da Reserva Federal são poderosos investidores
estrangeiros do Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Itália.
Eles são parceiros de gigantescos bancos dos EUA como o JP Morgan Chase
e o Citibank, bem como de poderosas firmas de Wall Street como Goldman Sachs,
todos juntos na coligação bancária da nova ordem mundial,
que influencia e altera a actividade de negócios em todo e qualquer
lado, bem como as nossas vidas.
A questão da propriedade privada dos Bancos da Reserva Federal tem sido
repetidamente contestada em tribunais federais mas em vão. Em todas as
vezes os tribunais sustentaram o actual sistema em quem cada Banco da Reserva
Federal é uma corporação autónoma detida pelos
bancos comerciais da sua região. Um desses casos foi o de Lewis versus
Estados Unidos que foi decidido pelo 9º Tribunal de Recursos do Circuito,
que emitiu o veredicto de que os Bancos da Reserva são
corporações independentes, de propriedade privada e localmente
controladas.
OS PAIS FUNDADORES DOS EUA TINHAM IDEIAS DIFERENTES DAS DOS HOMENS PODEROSOS
QUE SE REUNIRAM NA ILHA JEKLL
Ao longo da História dos EUA houve sempre desacordo acerca de quem
deveria controlar o poder da oferta monetária e o direito de emitir. Os
Pais Fundadores dos EUA entenderam que o Parlamento Britânico fora
forçado a cobrar impostos injustos às colónias e aos seus
próprios cidadãos porque o Banco da Inglaterra acumulara
demasiada dívida e o governo precisava de receitas para a reduzi-la.
Benjamin Franklin acreditava mesmo que essa era a verdadeira causa da
Revolução Americana. Muitos dos Fundadores também se
apercebiam do perigo que advinha da acumulação excessiva de
riqueza e poder por parte da banca. James Madison, o principal autor da
Constituição dos EUA, chamou-lhes "cambistas"
referindo-se à passagem da Bíblia que descreve como Jesus por
duas vezes expulsou os cambistas e vendilhões do templo de
Jerusalém há cerca de 2000 anos atrás. Madison disse:
"A História regista como os cambistas têm usado de toda e
qualquer forma de abuso, intriga, embuste e violência possíveis
para manter o controlo sobre os governos ao supervisionar o dinheiro e a sua
cunhagem".
Thomas Jefferson foi igualmente forte na sua condenação ao dizer:
"Acredito sinceramente que as instituições bancárias
são mais perigosas para a nossa liberdade que exércitos
permanentes. Edificaram já uma aristocracia monetária que se
posicionou em desafio ao governo. O poder de emissão deve ser retirado
aos bancos e devolvido à população a quem verdadeiramente
pertence."
Jefferson e Madison compreendiam os perigos de qualquer tipo de
monopólio comercial e tentaram assegurar que eles nunca existiriam na
nova nação. Eles queriam mesmo adicionar duas emendas
suplementares à Carta de Direitos da
Constituição, nunca tendo no entanto chegado a fazê-lo.
Eles acreditavam que para proteger a liberdade da população a
nação devia estar "livre de monopólios
comerciais" (aquilo que são agora corporações
gigantes como os bancos internacionais e grandes firmas de investimento de Wall
Street) e livre de uma militarização permanente, ou
exércitos permanentes. Tentem imaginar aquilo que o país seria
hoje, se Jefferson e Madison tivessem conseguido impor as suas ideias, um
país sem gigantescas corporações de rapina, que exploram
tudo e todos para aumentar os lucros, e também livre de um
exército enlouquecido que leva a guerra ao mundo inteiro
ameaçando destruí-lo, o que por sinal até faria com que as
corporações gigantes ganhassem ainda mais lucros.
Eles claramente nunca chegaram a legislar os seus pontos de vista, e o povo tem
pago caro desde então, sobretudo pelos danos causados pelo facto de o
governo ter prescindido do direito de emissão da moeda. Cedeu este
direito em segredo sem que o público pudesse ter a mais pequena
noção do mal que lhes estava a ser causado. Tem sido ainda pior a
partir da década de 80 porque o poder do Fed cresceu sob o mandato de um
presidente Republicano favorável, e os meios de
comunicação corporativos ajudaram à farsa escondendo esses
efeitos. Para estes, tudo é permitido aos bancos gigantes membros ou os
seus parceiros de Wall Street.
A situação tornou-se praticamente descontrolada durante o mandato
de Alan Greenspan um dirigente do Fed que ninguém deveria ter
considerado digno de louvor, fosse antes de ter tomado posse do federal quando
era conselheiro presidencial ou depois durante o seu mandato. Foi só
depois de a sua firma de consultoria económica ter falido que ele se
pôs ao serviço do governo, certamente porque precisava de mudar de
ramo. Foi aí que ele conseguiu tornar-se numa espécie de profeta
omnipresente da banca central sendo praticamente santificado pelos
pontífices de negócios que viam no seu reinado a razão de
os céus serem azuis e as nuvens debruadas a prata. Alan entretanto
retirou-se para os prados ainda mais verdejantes dos contratos livreiros e
palestras milionárias, o que apenas prova que quando se faz um bom
trabalho (às nossas custas) para os ricos e poderosos que lá o
puseram, sempre as recompensas o esperarão no fim. É bem
provável que o novo dirigente do Federal se tenha apercebido disso e
vá zelosamente cumprir com a tradição que o antecedeu.
Mas tentem imaginar um dirigente do Federal que seja diferente, um que
conhecesse, acreditasse e praticasse as palavras e sabedoria de outro
presidente notável dos EUA Abraham Lincoln. Em 1886 Lincoln disse
o seguinte: "O dinheiro rapina a nação em tempos de paz e
conspira contra ela em tempos adversos. É mais déspota que a
monarquia, mais insolente que a autocracia e mais egoísta que a
burocracia. Denuncia como inimigos públicos todos os que questionem os
seus métodos ou alumiem os seus crimes. Eu tenho dois grandes inimigos,
o Exército Sulista à minha frente e os banqueiros atrás de
mim. Dos dois o meu pior inimigo é o que está às minhas
costas."
Lincoln também parece ter dito (embora alguns o contestem): "Vejo
uma crise a desenhar-se no futuro, uma que me enerva e faz tremer pela
segurança do meu país... as corporações foram
entronizadas e uma era de corrupção nas altas esferas
seguir-se-á. O poder do dinheiro procurará prolongar o seu
reinado exercendo-se sobre as fraquezas do povo, até que toda a riqueza
esteja concentrada numas poucas mãos e a República seja
destruída." Imaginem o que Lincoln não diria hoje.
Dada a opinião que Lincoln tinha dos banqueiros e do poder do dinheiro,
parece impor-se esta questão evidente: terá isso
contribuído ou terá sido essa a razão para a sua morte
prematura às mãos de John Wilkes Booth? Os banqueiros
internacionais tinham claramente Lincoln em baixa estima, depois de ele ter
conseguido que o Congresso homologasse em 1862 o decreto "Legal
Tender"
[4]
que dava à tesouraria dos EUA o poder de emitir dinheiro em papel
chamado "greenbacks".
[5]
Lincoln precisava desta lei depois de se ter negado a pagar os exorbitantes
24 a 36% de juros que os banqueiros pediam sobre os empréstimos de que
Lincoln necessitava para financiar a guerra com o Sul. Com a nova lei, Lincoln
podia então imprimir os milhões de dólares de que
precisava sendo estes livres de dívida e juros. Isto não ia
obviamente de encontro aos desejos dos banqueiros gananciosos já que
só podem lucrar quando o seu naco de carne vem de
transacções financeiras sob o seu controlo. Assim que acabou a
guerra, Lincoln foi assassinado e logo de seguida a dita lei
"Greenback" foi revogada, um novo decreto bancário foi
aprovado e todo o dinheiro voltou a acarretar juros.
FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DA RESERVA FEDERAL
O Sistema da Reserva Federal é o resultado de o Congresso e o Presidente
terem concordado em privatizar o sistema monetário nacional e delegar um
poder que deveria ter permanecido direito exclusivo do governo. Este decreto
foi tão afrontoso que o Fed teve de ser propositadamente concebido de
forma a que se assemelhasse a um ramo do governo federal, para que não
transparecesse que se trata na verdade de uma coligação
bancária privada e todo-poderosa, cujos bancos membros (incluindo todos
os nacionais) partilham dos imensos lucros obtidos pelo controlo do
privilégio que só os governos deviam controlar o direito
de emitir dinheiro, qualquer que seja a quantia, controlar o seu fornecimento e
o seu preço colhendo benefícios ao conceder
empréstimos com uma margem de lucro, mesmo ao próprio governo,
que paga assim juros que nunca pagaria se simplesmente imprimisse o seu
próprio dinheiro. Interprete o que aconteceu como se o governo tivesse
legalizado o direito de falsificar a moeda nacional para lucro privado.
Não há qualquer exagero em afirmar que estamos perante a maior
falcatrua financeira de sempre, prejudicando terrivelmente o público sem
que este disso se aperceba. Eis como isto funciona em linhas gerais:
Foi dada ao Fed a autoridade de conduzir a política monetária da
nação em decorrência do poder de controlar o fornecimento e
o preço do dinheiro. O Fed tem três maneiras de o fazer:
através de transacções no mercado livre
(open market);
da taxa de desconto que cobra aos bancos membros; e da percentagem de reservas
obrigatórias dos bancos membros, bens que o Fed requer que
permaneçam na sua posse, não sendo utilizáveis em
empréstimos. O Painel de Governadores é responsável por
tratar da percentagem de desconto e das reservas obrigatórias, ao passo
que o Comité Federal do Mercado Livre
(Federal Open Market Committee, FOMC)
está encarregado das operações em mercado livre de compra
e venda de títulos, como será pormenorizado a seguir. Usando
destas ferramentas, o Fed consegue influenciar a oferta e procura de dinheiro
logo controlar directamente a taxa a curto prazo sobre os fundos federais, que
é sempre fixa, a não ser que o Fed a queira subir ou descer.
Taxas de maior longevidade são controladas pelos grandes corretores
institucionais do mercado da bolsa.
O FOMC E O SEU FUNCIONAMENTO
O Comité Federal do Mercado Livre é a verdadeira chave de todo o
processo de criação ou contracção de dinheiro.
Consiste de 12 membros sete membros do Painel de Governadores do Fed, o
presidente do Banco Federal de Nova Iorque (o mais importante deles todos) e
quatro dos restantes 11 presidentes dos Bancos da Reserva Federal que exercem
períodos rotativos de um ano. O FOMC reúne-se oito vezes por ano
a intervalos regulares para avaliar as condições
económicas e decidir quão solta ou tensa se pretende que a
política económica seja, de forma a preservar o objectivo
implícito de um crescimento económico sustentável e
estabilidade de preços.
O FOMC tem literalmente o poder de criar dinheiro do nada. Consegue fazer isto
num processo de quatro etapas:
1- O FOMC começa por aprovar a compra de títulos do governo dos
EUA em mercado livre.
2- O Banco Federal de Nova Iorque compra os títulos aos vendedores (os
mercados financeiros têm sempre um número igual de compradores e
vendedores).
3- O Fed paga a sua compra com créditos electrónicos aos bancos
dos vendedores. que, por sua vez, creditam as contas bancárias dos
vendedores. Estes créditos são literalmente criados a partir do
nada.
4- Os bancos que recebem os créditos podem usá-los como reservas
que lhes permitem conceder empréstimos até 10 vezes esse valor
(se a reserva obrigatória deles for de 10%) através da magia (que
só os bancos possuem) da banca de reserva fraccionária e, claro,
recebem juros sobre todo esse dinheiro. Que negócio, e é tudo
legal! Imaginem quão ricos todos poderíamos estar se como
indivíduos privados pudéssemos fazer o mesmo. Pedir um
milhão emprestado ao Federal e, como que por magia, ele tornar-se 10
vezes mais, e podermos cobrar juros em tudo isso excepto os 10% iniciais que
temos de manter em reserva. É esta a magia da criação de
dinheiro da banca de reserva fraccionária e explica quão poderoso
é o estimulo económico quando o Fed quer aumentar o crescimento
económico.
Quando o Fed quer contrair a economia reduzindo o fornecimento de dinheiro, tem
simplesmente de reverter o processo descrito em cima. Em vez de comprar
títulos, vende-os para que o dinheiro saia dos bancos compradores em vez
de entrar. Os empréstimos têm então de ser reduzidos 10
vezes se a reserva obrigatória for de 10%.
COMO O FED PREJUDICA O INTERESSE PÚBLICO
O Sistema da Reserva Federal existe apenas para servir os seus
proprietários e bancos membros e ao fazê-lo torna-se
contrário ao interesse público. Isto porque se trata de uma
coligação bancária com o poder de refrear a
concorrência para melhorar os lucros conseguidos às nossas custas.
Vai dos nossos bolsos para o deles e o público fica a perder pelo menos
de quatro maneiras:
Uma - Através da taxa invisível de inflação que
resulta da diluição do poder de compra causado pela entrada em
circulação do dinheiro recentemente criado, reduzindo o valor da
moeda já existente. O Fed de Greenspan foi particularmente expansivo,
nunca foi chamado a responder pelo seu excesso e foi capaz de passar à
sociedade e ao dirigente seguinte do Fed o problema grave que provocou. O homem
que agora se reverencia como mago monetário começou de forma
comedida. Desde 1982, antes de tomar posse em 1987, e até 1992, o
fornecimento de dinheiro aumentou em média 8% por ano. Mas de 1992 a
2002 a tipografia trabalhou horas extraordinárias em sintonia com a
desregulamentação e crescimento dos mercados globais, expandindo
a moeda em mais de 12% por ano. Tornou-se ainda mais extremo depois do 11 de
Setembro e desde 2002 cresceu a uma taxa de 15%. Tornou-se mais do dobro em
apenas uma década. Parece que o novo dirigente do Fed se apercebeu
já que começou a reduzir a taxa de expansão
monetária enquanto tem reduzido a taxa dos fundos federais para qualquer
que seja o nível que tenha em mente.
Os que transaccionam moeda também parecem ter-se apercebido do movimento
geral da expansão do fornecimento monetário. Exceptuando uma
pausa em 2005, é bem provável que a fraqueza do dólar
desde 2002 se deva à excessiva quantidade criada para financiar os
custos prolíficos da administração Bush nas suas guerras
infindáveis e nos seus imprudentes cortes aos impostos dos ricos. O
problema é ainda mais complexo se considerarmos que desde 1964
até ao presente o serviço de dívida cresceu de 9% para
16,5% do orçamento federal com tendência para subir, o
défice orçamental subiu de 1% para quase 7% e o endividamento
federal cresceu quase 40% desde 2001 sendo financiado em grande parte devido
à "benevolência de estranhos (estrangeiros)" que devem
estar a ficar impacientes. Além disso
desde Março de 2006 o Fed parou de publicar o agregado M3
sobre a quantia total dos dólares em circulação. Com a
perda dessa
transparência os grandes compradores de títulos da Tesouraria dos
EUA têm agora de calcular o valor do dólar baseados em
especulação e incerteza ao invés de dados concretos
não é propriamente a melhor maneira de inspirar confiança
aos mercados financeiros que funcionam melhor numa atmosfera de claridade e
abertura.
Duas - O público também perde porque a coligação
bancária pode praticar usura devido ao seu poder sobre uma moeda
flexível e à flutuação artificial das taxas rumo a
níveis convenientes, o que é impossível aos pequenos
profissionais do crédito que funcionam num mercado verdadeiramente livre
e aberto. Além disso o domínio do mercado por parte da
coligação força a maioria das pessoas que precisam de
pedir empréstimos (especialmente os mais pequenos, incapazes de
lançar os seus próprios instrumentos de dívida) a
dirigirem-se a eles para o pedir, de forma que vão receber aquele que
deveria ser o dinheiro do público, disponível ao custo mais baixo
possível a partir de variados pequenos profissionais do crédito,
regulados de perto pelo governo, em concorrência directa por clientes.
Três - Através dos impostos nós, o público, temos de
pagar para cobrir os juros da gigantesca dívida nacional (agora acima
dos 8,4 milhões de dólares, ou 6,62 milhões de euros)
acumulada sobre o dinheiro que o Fed imprimiu e cedeu ao governo a
título de empréstimo. Como disse antes, isso totaliza hoje uma
quantia anual no valor de mais de 2/3 de milhão de milhões de
dólares (cerca de 525 mil milhões de euros), aumentando
diariamente. Fez dos banqueiros homens mais ricos, das pessoas comuns pessoas
mais pobres e do público pessoas ignorantes acerca de como foram
enganadas.
Quatro - Juntando todos os abusos expostos, a coligação é
capaz de fazer com que seja o público a saltar por cima do sistema, de
forma a, através dele, ficar com mais dinheiro dos impostos. Acontece
quando qualquer um dos bancos demasiado grandes para falir precisam de ajuda
financeira para sobreviver. O mesmo se verifica para grandes
corporações como a Chrysler ou a Lockheed, grandes firmas de
investimento ou fundos de avanço como o Long-Term Capital Management ou
mesmo países como o México. Também acontece quando um
só banco fecha as portas e os clientes têm de ser compensados ou
até em situações mais sérias como estar às
portas de um cataclismo financeiro como aquele que varreu com muitas caixas
económicas
(saving & loans banks)
nos anos 80. Quer seja um só banco ou várias dúzias de
uma assentada, o dinheiro público dos impostos é usado para
salvar o sistema ou simplesmente pagar as indemnizações previstas
pelo programa de seguros do governo até um tecto específico por
conta.
COMO ADAM SMITH TERIA REAGIDO AO SISTEMA DA RESERVA FEDERAL
Esta concentração de riqueza e poder numa coligação
bancária é o oposto daquilo que Adam Smith, o padrinho
ideológico do capitalismo de mercado livre, defendia nos seus escritos,
incluindo a sua obra seminal
A Riqueza das Nações.
Smith escreveu acerca de uma "mão invisível" que ele
disse operar melhor num mercado com muitos pequenos negócios concorrendo
localmente uns com os outros. Ele opôs-se fortemente ao mercantilismo
concentrado da sua era (ou o pouco que então existia) o que seria hoje o
equivalente das gigantes corporações transnacionais e da
coligação bancária com o poder de restringir a
concorrência, manter preços mais altos que os praticáveis e
ganhar maiores lucros às custas do público.
O tipo de coligação bancária que existe hoje em dia
é precisamente aquilo que Smith teria condenado. Mas existir um banco
central não é em si um malefício desde que este seja
propriedade do governo, controlado e operado para o bem estar do
público. Os problemas começam quando esse banco usa de
subterfúgios para se estabelecer como um simulacro de propriedade e
obediência ao governo quando na é verdade para fins lucrativos
privados como o dos EUA é, bem como muitos outros. E nos EUA, para que o
compromisso funcione, uma figura de nomeação deveras
pública tem de existir para encabeçar o Sistema e servir de
escudo aos membros privados da coligação bancária que
à partida conceberam o próprio sistema e o fizeram aprovar por um
Congresso corrupto. Para funcionar, a coligação precisa da
camuflagem da sua parceria com o governo, mas é com esse compromisso que
fere tanto o interesse público para atingir os seus lucros privados.
E eis-nos no cerne da questão: o Congresso que foi eleito para servir o
povo, traiu-o ao criar uma coligação bancária
todo-poderosa com o poder legal de praticar banca de reserva
fraccionária, ganhando dinheiro criado a partir do nada. Permitiu
então aos seus membros o direito monopolista de ditar as taxas de juro
que querem, cobradas aos que contraem empréstimos. Todo o processo
equivale a um roubo legalmente sancionado perpetrado pelos bancos poderosos que
se aliam ao governo para seu próprio proveito. É também
parte de um extenso processo coordenado pelo governo de transferir riqueza da
população para os bolsos dos ricos e de grandes
corporações, fazendo-o sem que os prejudicados tenham
noção disso.
OUTRA FORMA DE O SISTEMA DA RESERVA FEDERAL PREJUDICAR O PÚBLICO DOS EUA
O Federal prejudica o bem estar público de uma outra forma importante, e
novamente quase ninguém se apercebe. A Reserva Federal foi supostamente
criada para estabilizar a economia, suavizar o ciclo de negócios, manter
uma taxa saudável de crescimento sustentável e manter os
preços estáveis, beneficiando toda a população. Por
isso vejamos, terá sido esse trabalho bem feito? Desde a sua
criação em 1913, e portanto com eles a mandar, tivemos o desastre
financeiro de 1921 e sobretudo o marcante e ainda bem lembrado de 1929. A isso
seguiu-se a grande depressão que durou até ao início da
segunda guerra mundial, acerca da qual o renomado economista conservador Milton
Friedman explicou que se devia na origem e no agravamento ao facto de a Reserva
Federal ter estranhamente decido baixar o fornecimento da moeda numa altura de
contracção ao invés de a aumentar. Tivemos então
novas recessões em 1953, 1957, 1969, 1975, 1981, 1990 e 2001.
Também tivemos uma acentuada inflação que começou
na década de 60 e se arrastou pela década de 70 e início
da década de 80. E ainda tivemos uma enorme crise bancária nos
anos 80, período em que faliram mais caixas económicas do que em
toda a história até então. Isto aconteceu com o
início de uma desregulamentação do mercado em que os
bancos puderam explorar os seus interesses sem uma supervisão do governo
que verificasse a sua disponibilidade para assumir o risco em excesso ou
impedi-los de se tentarem safar de fraudes propositadas.
Além da estabilidade económica que o Fed nunca conseguiu
proporcionar, também tivemos uma subida exponencial da dívida do
consumidor; recordes em alta nos défices de orçamento e mercado;
um elevado nível de falências pessoais e uma subida na
delinquência em empréstimos para hipotecas; juros impostos a uma
dívida nacional crescente que consome uma enorme e também
crescente percentagem do orçamento federal; perca da nossa base de
manufactura juntamente com os seus empregos mais bem pagos com bons
benefícios, devido a estarem a ser exportados para países de
mão de obra barata; uma economia em que os serviços montam a
quase 80% de toda a actividade de negócios, que providencia sobretudo um
leque de empregos mal pagos, que requerem menos formação e
oferecem poucos ou nenhuns benefícios; e um fosso cada vez maior nos
rendimentos e riqueza que prejudica os baixos e médios assalariados de
forma a beneficiar os poucos ricos bem privilegiados assim como o governo que o
permite e encoraja.
Junte-se tudo isto e a conclusão é clara. A única coisa
que o Federal fracassou em cumprir acima de tudo foi precisamente a
razão da sua criação. Mas é muito mais grave que
isso se compreendermos os reais motivos de uma coligação
bancária. Não é servir o interesse público.
É abusar dele porque é assim que ela mais lucra. E consegue
fazê-lo com o seu poder concentrado sancionado por lei e um governo
favorável que se lhe alia no papel de parceiro ou auxiliador. É a
partir desse acordo confortável e escondido da vista que é
possível sair-se impune do maior dos crimes de furto.
UMA SOLUÇÃO NECESSÁRIA PARA UM PROBLEMA GIGANTESCO
Da informação que foi anteriormente exposta, é claro que o
Sistema da Reserva Federal foi criado através de subterfúgios e
falsidades por uma mão cheia de políticos corruptos ao
serviço dos seus aliados poderosos da banca e de Wall Street. Fizeram-no
para defraudar o público sem que este tivesse a mais pequena ideia do
que lhe tinha sido feito ou como viria a ser prejudicado o seu bem estar e
interesse. Os membros do Congresso e o Presidente Wilson (um homem formado em
direito, uma vez advogado, antigo e estimado académico e presidente da
Universidade de Princeton) ou sabiam ou deviam ter sabido que o decreto que ele
e eles aprovaram a estabelecer o Fed
violava directamente a Constituição que
haviam jurado defender. Não quiseram saber, infringiram a lei, e o
público pagou caro pelo desde esse dia pelo crime que eles cometeram.
Assim, só resta um recurso e o povo pode mobilizar-se para alcançá-lo: A única
solução sensata e justa é desfazer o mal causado a tantos
durante tanto tempo abolir o Sistema da Reserva Federal e devolver o
poder que agora detém ao governo federal, em prol do bem estar
público. Retirar esse poder da poderosa coligação
bancária que age contra o público e não permitir que lhes
volte a parar às mãos. Essa é a única maneira. O
grande poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht teria concordado e disse
uma vez que "é mais fácil roubar criando um banco do que
assaltando um".
Libertarmo-nos destes "Cambistas" traria enormes benefícios
para todos. Estabeleceria uma política prudente de criação
de dinheiro que minimizaria a nossa taxa mais injusta - a
inflação, que é provocada pelos banqueiros privados com
fins lucrativos que manipulam o fornecimento de dinheiro da nação
para ampliar os seus rendimentos pessoais. Estabilizaria a economia e atenuaria
os extremos do ciclo de negócios exacerbado pela coligação
que trabalha naturalmente para o seu benefício e contra o nosso.
Baixaria o custo do dinheiro para quem contraísse empréstimos
já que poria fim ao poder monopolista que a coligação
agora tem de definir as taxas de juro que lhe convém abrindo o mercado a
mais concorrência. Reduziria a crescente e opressiva dívida
nacional, eventualmente libertada da quantidade de dinheiro extra
necessária para a pagar. Reduziria o fardo público dos impostos
já que seria menor a receita necessária para o serviço de
dívida. Seria um passo gigante para reduzir e se possível um dia
eliminar o poder esmagador de todos os gigantes predadores corporativos que se
servem de nós como suas presas para crescerem e prosperarem. Pode
até desencorajar estas guerras que só são feitas pela
riqueza e poder - nunca pela glória, ou pela segurança do mundo,
ou pela democracia, ou outros falso pretextos. Sem a poderosa
coligação bancária e outros gigantes industriais que se
alimentam da miséria humana que eles próprios criam, haveriam
menos razões para seguir tais exemplos. Tentem imaginar essa forma de
mundo e um governo que trabalhe para o bem estar público ao invés
de o prejudicar como agora tem de fazer ao serviço do capital. Esse
mundo é possível e as pessoas responsáveis precisam de
trabalhar para que ele aconteça, já que o que temos agora faliu e
tem de ser mudado antes que seja tarde demais.
UMA VISÃO DO MUNDO CRIADA PELOS INTERESSES DO CAPITAL E O GOVERNO DOS
EUA QUE A APOIA
É o vil, corrupto mundo do capitalismo neoliberal de "mercado
livre", controlado por corporações gigantes, que apenas
beneficiam os poucos privilegiados, causando grande miséria humana e
desespero; um mundo déspota que não pode perdurar nem devemos
permiti-lo por muito mais tempo; com guerras sem fim movidas a dinheiro e
lucro; onde as pessoas são mercadoria para ser usada ao sabor dos
caprichos e descartada depois disso; sem preocupação em preservar
uma ecologia capaz de nos suster, o que não se passará durante
muito mais tempo porque estamos a destruí-la e a nós
próprios por lucros; onde as necessidades essenciais humanas não
importam à luz de um modelo económico que apenas valoriza a
riqueza privada; onde a democracia é incompatível com o
capitalismo de rapina; um mundo em que ninguém deveria querer viver nem
ser obrigado a viver; um mundo que temos de mudar, ou perecer. Na linguagem do
capital, é o fim da linha. Só um movimento em massa de gente
empenhada pode mudar o mundo. Terá de ser assim, ou seremos todos
nós a ser mudados.
A não ser que nos possamos afastar do nosso modelo económico
falido para uma melhor alternativa, este vai acabar por si só um dia, de
um ou outro modo. Mas pode ser um desfecho que ninguém desejaria - a sua
própria autodestruição, ceifando com isso todo o resto,
seja por holocausto nuclear ou por um ambiente tão inóspito que
não suportará a nossa capacidade de o habitar. A nossa
única hipótese é trabalhar para a mudança enquanto
ainda há tempo.
UMA VISÃO DE UM MUNDO DIFERENTE
A História dá-nos provas de que é possível um mundo
melhor quando pessoas empenhadas trabalham arduamente para esse fim. É
assim que foi abolida a escravatura; que os trabalhadores ganharam o direito de
se organizarem e reivindicarem colectivamente; as mulheres ganharam o direito
de igualdade no sufrágio, de controlar os seus corpos, e mais direitos e
estatuto no local de trabalho; negros e outras minorias ganharam direitos civis
importantes; e políticos decretaram importante legislação
social, mesmo que só o tenham feito por receio do que aconteceria se
não o fizessem.
Thomas Jefferson explicou uma vez que "O preço da liberdade
é a vigilância constante". É também esse o
preço de manter os nossos arduamente conseguidos direitos sociais. Na
última geração esses direitos têm vindo a
degradar-se enquanto não prestávamos atenção e
só uma intervenção popular em massa pode reavê-los.
O objectivo devia ser um mundo de atenção e partilha, onde as
vidas das pessoas melhoram porque todos trabalhamos em conjunto para ele, um
mundo em paz e não com guerras constantes para proveito dos ricos e
poderosos às nossas custas, onde todas as necessidades humanas
essenciais são garantidas porque os governos trabalham para o bem comum
que o assegura, assente numa democracia verdadeiramente participativa onde o
público e as autoridades eleitas trabalham em conjunto para o manter
forte e vibrante, sem gigantes corporativos opressivos ou
coligações bancárias porque a lei não os
permitiria, um mundo onde a sustentação e
preservação da natureza são centrais, com ar puro,
água, solo e comida que é saudável e segura de ingerir, um
mundo muito mais simples, mais localmente baseado, onde noções
contemporâneas como a globalização não estão
sequer no vocabulário, onde nos baseamos em igualdade social e
justiça para todos com um governo, autoridades e tribunais a trabalhar
para que assim continue, onde todos nós queiramos lá viver e
esperemos que um dia possamos, um mundo que quereremos passar às
gerações vindouras, um mundo que não nos podemos dar ao
luxo de não ter porque a alternativa é não ter mundo
nenhum.
Podemo-nos bem encontrar num ponto de viragem onde o nosso destino está
pendurado por um fio. Ou trabalhamos juntos para um mundo melhor e
sustentável ou seremos a primeira espécie no mundo a destruir-se
a si mesma. Se isso acontecer provavelmente levaremos connosco quase todas as
outras e não deixaremos para trás grande coisa às
sobreviventes mais ferrenhas. Já não nos podemos dar ao luxo de
debater o tipo de mundo de que precisamos para sobreviver. Não
serão os bancos e corporações gigantes que nos vão
dar esse mundo nem será um governo hostil que se lhes alie. Depende de
nós pô-lo em marcha ou certamente perecer se falharmos. Um bom
começo seria expulsar os cambistas da Reserva Federal do
nosso templo e fazê-los acompanharem-se das corporações
gigantes. É possível um mundo melhor se nos lembrarmos e
praticarmos as palavras inspiradoras do teórico de política
Antonio Gramsci acerca de o optimismo da vontade. Com vontade as
pessoas organizadas conseguirão vencer o dinheiro organizado.
NOTAS
1 - Banco para Liquidações Internacionais (N. do T.)
2 - Mestrado em Administração de Negócios (N. do T.)
3 - Pacificador (N. do T.)
4 - moeda corrente (N. do T.)
5 - notas de verso verde (N. do T.)
[*]
Residente em Chicago,
lendmanstephen@sbcglobal.net
, responsável pelo
blog
sjlendman.blogspot.com
.
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