Três anos de governo de Sócrates:
|
O PIB (Produto Interno Bruto) que é utilizado normalmente para medir o crescimento económico e também o nível de riqueza de um país não traduz com rigor a verdadeira situação. E isto porque uma parte da riqueza criada num país pode ser transferida para o exterior não beneficiando os portugueses. É o que está a suceder em Portugal como vamos mostrar neste estudo. O PIB dá o valor da riqueza criada anualmente em Portugal, e o RNB (Rendimento Nacional Bruto) dá o valor da riqueza criada anualmente que fica em Portugal. E os dados oficiais do INE revelam que é cada vez maior a diferença entre o PIB e o RNB.. Em 1995, o RNB foi inferior ao PIB em apenas 168,7 milhões de euros, mas em 2007 essa diferença para menos já atingiu 6397,2 milhões de euros, ou seja, quase 38 vezes mais. Mas foi com governo de Sócrates que essa diferença (RNB-PIB) aumentou mais. Em 2004, o RNB foi inferior ao PIB em -2.275,3 milhões de euros, enquanto que, em 2007, essa diferença para menos já atingiu -6.397,2 milhões de euros, tendo crescido, portanto, em -4121,9 milhões de euros . E se calcularmos o valor por habitante que se obtém dividindo o valor do PIB e do RNB pela população total, obtém-se um indicador ainda mais correcto, pois a população varia de ano para ano, e só assim é que se poderá saber o que, em média, teoricamente cabe a cada residente em Portugal. Em 1995, o PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, o valor da riqueza produzida em Portugal) por habitante foi de 8.494 euros, enquanto o valor do RNB (Rendimento Nacional Bruto, valor do que fica em Portugal) por habitante foi de 8.477 euros, portanto o valor do segundo foi inferior ao do primeiro em apenas 17 euros. Em 2004, o PIB por habitante atingiu 13.724 euros e o RNB por habitante foi de 13.507 euros, portanto o segundo já foi inferior ao primeiro em 217 euros; mas em 2007, o valor do PIB por habitante foi 15.358 euros enquanto o valor do RNB por habitante foi de 14.755 euros, ou seja, o segundo já foi inferior ao primeiro em 603 euros, portanto mais 387 euros do que em 2004 (três anos), quando esta diferença tinha aumentado 200 euros entre 1995 e 2004 (dez anos) . É evidente um aumento acentuado do ritmo de crescimento da riqueza produzida no nosso País que é transferida para o estrangeiro deixando os portugueses cada vez mais pobres. E temos trabalhado até aqui com valores a preços correntes, portanto sem descontar o efeito do aumento dos preços, pois se entrarmos em conta com a inflação os resultados são ainda mais graves. Entre 2004 e 2007, a preços constantes de 2004, portanto deduzindo o efeito do aumento de preços registado neste período, o PIB total aumentou 4,7%, mas o RNB cresceu apenas 2,2% , ou seja menos de metade. Mas se a análise for feita com base nos valores por habitante a situação é ainda mais grave. Efectivamente, entre 2004 e 2007, ou seja, nos 3 anos de governo de Sócrates o PIB por habitante cresceu apenas 3,6%, mas o RNB por habitante aumentou somente 1,1%, ou seja, menos de um terço . Estes dados revelam uma outra face do crescimento anémico e de transferência crescente de riqueza para o exterior verificado nos três últimos anos, que as estatísticas oficiais e o discurso governamental têm ocultado aos portugueses, pois utilizam apenas os valores PIB total. O crescimento real verificado em Portugal no últimos anos é bastante inferior àquele que o discurso governamental tem procurado fazer passar. Mas apesar de Portugal necessitar de investimento para aumentar o ritmo de crescimento económico e para criar postos de trabalho e, assim, reduzir o elevado desemprego existente, o certo é que as empresas portugueses, nomeadamente as pertencentes a grandes grupos económicos, estão a investir cada vez mais é no estrangeiro. Entre 2005 e 2007, de acordo com dados do Banco de Portugal, o investimento directo de empresas portuguesas no estrangeiro passou de 1.697 milhões de euros para 4.542 milhões de euros, portanto aumentou 268%, enquanto o investimento directo estrangeiro em Portugal passou de 3.160 milhões de euros para 4.115 milhões de euros, ou seja, cresceu em 130%.Isso determinou que, em 2007, o investimento directo de empresas portuguesas no estrangeiro (4.542 milhões de euros) fosse já superior ao investimento estrangeiro em Portugal (4115 milhões de euros) em 427 milhões de euros . Apesar disso, se se analisar a Balança de Rendimentos do nosso País, utilizando dados divulgados também pelo Banco de Portugal, conclui-se que, em 2007, as saídas de rendimentos para o estrangeiro resultantes das aplicações da activos em Portugal, que inclui investimentos directos, aplicações em acções, títulos, etc., atingiram o gigantesco valor de 20.016 milhões de euros , ou seja, mais 76% ( + 8.639 milhões de euros) do que em 2005. Isto determinou que o saldo negativo da Balança de Rendimentos portuguesa tenha aumentado, entre 2005 e 2007, em 89%, pois passou de -3894 milhões de euros para -7.367 milhões de euros em apenas dois anos. Portugal está a perder uma parte crescente da riqueza que produz desta forma. |
O PIB (Produto Interno Bruto) que é utilizado normalmente para medir o
crescimento económico e também a riqueza de um país
não traduz com rigor a verdadeira situação dos habitantes
de um país. E isto porque uma parte da riqueza criada num país
pode ser apropriado por estrangeiros através da sua transferência
para o exterior. É o que está a suceder em Portugal como vamos
mostrar neste estudo utilizando dados oficiais.
EM 2007, O RENDIMENTO NACIONAL BRUTO FOI INFERIOR AO PRODUTO INTERNO BRUTO EM
6397,2 MILHÕES DE EUROS QUANDO EM 2004 A DIFERENÇA ERA DE
-2.275,3 MILHÕES DE EUROS
A parcela da riqueza produzida anualmente em Portugal que é transferida
para o estrangeiro, tem crescido de uma forma continuada, determinando que a
parcela que fica no País para repartir pela população
total, seja cada vez mais reduzida, como mostram os dados do INE constantes do
quadro seguinte.
O PIB (Produto Interno Bruto) dá o valor, em euros, da riqueza
criada
anualmente em Portugal, e o RNB (Rendimento Nacional Bruto) dá o valor
da riqueza criada anualmente que
fica
em Portugal. E como os dados do INE revelam a diferença, para menos,
entre o RNB e o PIB é cada vez maior. Em 1995, o RNB foi inferior ao PIB
em apenas -168,7 milhões de euros mas, em 2007, essa diferença
para menos, já atingiu -6397,2 milhões de euros, ou seja, quase
38 vezes mais. Mas foi com governo de Sócrates que essa
diferença para menos aumentou mais. Em 2004, o RNB era inferior ao PIB
em -2.275,3 milhões de euros e, em 2007, essa diferença
já era de -6.397,2 milhões de euros, ou seja, aumentou em -4121,9
milhões de euros.
Se compararmos a percentagem que o RNB ( a riqueza que fica anualmente em
Portugal) com o PIB (a riqueza criada anualmente em Portugal )
concluímos que ela tem diminuído de uma forma contínua.
Entre 1995 e 2007 passou de 99,8% para 96,1%. Mas foi também durante o
governo de Sócrates que essa percentagem diminuiu mais pois, entre 2004
e 2007, ou seja, em apenas três anos, baixou de 98,1% para 96,1%, isto
é, em 2 pontos percentuais, quando, entre 1995 e 2004, ou seja, em dez
anos, tinha diminuído 1,4 pontos percentuais, pois passara de 99,8% para
98,4%.
EM 2007, O RNB POR HABITANTE FOI INFERIOR AO PIB POR HABITANTE EM 603 EUROS
Para se poder avaliar a situação dos habitantes de um país
é mais correcto trabalhar com valores médios por habitantes os
quais, no entanto, ocultam a forma como a riqueza é distribuída
(segundo um estudo recente da Comissão Europeia, Portugal é o
país da U.E. onde o fosso entre ricos e pobres é maior). E para
isso interessa calcular os valores do PIB e do RNB por habitante. E dentro
destes valores, o mais rigoroso é o RNB (Rendimento Nacional Bruto) por
habitante, pois ele dá o que caberia a cada residente em Portugal se a
riqueza criada anualmente que ficou no País fosse distribuída
igual por todos, o que não acontece. Os resultados desse cálculo
constam do quadro seguinte.
Em 1995, o PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, o valor da riqueza produzida em
Portugal) por habitante foi de 8.494 euros, enquanto o valor do RNB (Rendimento
Nacional Bruto, valor do que fica em Portugal) por habitante foi de 8.477
euros, portanto o valor do segundo era inferior ao do primeiro em apenas 17
euros. Em 2004, o PIB por habitante já foi de 13.724 euros e o RNB por
habitante de 13.507 euros, portanto o segundo já foi inferior ao
primeiro em 217 euros. Mas, em 2007, o valor do PIB por habitante atingiu
15.358 euros, enquanto o valor do RNB por habitante já foi de 14.755
euros, ou seja, o segundo foi inferior ao primeiro em já 603 euros, mais
387 euros do que em 2004 (três anos), quando esta diferença tinha
aumentado 200 euros entre 1995 e 2004 (dez anos). É evidente um aumento
acentuado do ritmo de crescimento da riqueza produzida no nosso País que
é transferida para o estrangeiro deixando os portugueses cada vez mais
pobres..
EM TRÊS ANOS DE GOVERNO SÓCRATES O RNB POR HABITANTE AUMENTOU
APENAS 1,1%
Como mostram os dados do quadro seguinte, durante os três de governo
Sócrates, o crescimento do Rendimento Nacional Bruto foi bastante
inferior ao do Produto Interno Bruto (PIB), quer se considere em valores totais
quer se considere por habitante.
Entre 2004 e 2007, a preços constantes de 2004, portanto deduzindo o
efeito do aumento de preços registado neste período, o PIB total
aumentou 4,7%, mas o RNB cresceu apenas 2,2%, portanto menos de metade. E se a
análise for feita com base nos valores por habitante a
redução e a disparidade é ainda maior. Efectivamente,
entre 2004 e 2007, ou seja, nos 3 anos de governo de Sócrates o PIB por
habitante cresceu 3,6%, mas o RNB por habitante aumentou somente 1,1%, portanto
menos de um terço. Estes dados revelam uma outra face do crescimento
anémico verificado nos três últimos anos, que as
estatísticas oficiais e o discurso governamental tentam a todo o custo
ocultar aos portugueses, pois utilizam os valores PIB total.
EM 2007, O INVESTIMENTO PORTUGUÊS NO ESTRANGEIRO FOI SUPERIOR EM 427
MILHÕES DE EUROS AO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL
Apesar de Portugal necessitar de investimento para se desenvolver e para criar
postos de trabalho e, assim, reduzir o elevado desemprego existente, o certo
é que as empresas portugueses, nomeadamente as pertencentes a grandes
grupos económicos, estão a investir cada vez mais é no
estrangeiro. Em 2007, o investimento directo de empresas portuguesas no
estrangeiro foi mesmo superior ao investimento de empresas estrangeiras em
Portugal, como mostram os dados do Banco de Portugal constantes do quadro
seguinte.
O investimento directo de empresas portuguesas no estrangeiro é
já muito significativo, apresentando uma tendência de crescimento,
embora com alguma irregularidade. Entre 2005 e 2007, o investimento directo de
empresas portuguesas no estrangeiro passou de 1.697 milhões de euros
para 4.542 milhões de euros, portanto aumentou 268%, enquanto o
investimento directo de empresas estrangeiras em Portugal passou de 3.160
milhões de euros para 4.115 milhões de euros, ou seja, cresceu em
130%. Portanto o investimento de Portugal no estrangeiro aumento mais do dobro
do crescimento verificado no investimento estrangeiro em Portugal. Isso
determinou que, em 2007, o investimento directo de empresas portuguesas no
estrangeiro foi já superior ao de empresas estrangeiras em Portugal em
427 milhões de euros. E isto numa altura em que o País precisa
tanto de investimento, nomeadamente de empresas portuguesas, para se
desenvolver e para reduzir o elevado desemprego existente. Mas como refere o
INE, numa nota informativa de 18.4.2008, mais de 12% das empresas em
Portugal deslocalizaram alguma(s) das suas funções para fora do
País, pertencendo na sua maioria a um grupo económico (77,5%) e
ao sector das indústrias Transformadoras (72,9%)
EM 2007, AS SAIDAS DE RENDIMENTOS DE PORTUGAL RESULTANTES DE
APLICAÇÕES FEITAS NO NOSSO PAÍS ATINGIRAM 20016
MILHÕES DE EUROS, MAIS 76% DO QUE EM 2005
Outro aspecto importante da evolução da realidade
sócio-económica portuguesa é dada pela Balança de
Rendimentos de Portugal, que dá o fluxo de entradas e saídas de
rendimentos resultantes de activos de estrangeiros em Portugal, e de activos
pertencentes a portugueses no estrangeiro, os quais incluem investimentos
directos, aplicações de carteira, títulos, etc. E como
mostram os dados do Banco de Portugal constantes do quadro seguinte, essa
Balança é cada vez mais desfavorável para o nosso
País.
Em 2007, as saídas de rendimentos para o estrangeiro resultantes das aplicações feitas em Portugal atingiram o gigantesco valor de 20016 milhões de euros, ou seja, mais 76% ( + 8.639 milhões de euros) do que em 2005. Isto determinou que o saldo negativo da Balança de Rendimentos, que é desfavorável para Portugal, tenha crescido em 89%, pois passou de -3894 milhões de euros para -7.367 milhões de euros em apenas dois anos. Desta forma, Portugal está a perder uma parte crescente da riqueza que produz.
[*] Economista, edr@mail.telepac.pt