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							A pensão média em Portugal é actualmente apenas de
							404,61 e em 2009 o governo pretende aumentá-la em 11 (37
							cêntimos/dia)
						
 
								
									| RESUMO DESTE ESTUDO 
 Exactamente 83,5% dos reformados da Segurança Social recebem actualmente
												pensões ainda inferiores ao salário mínimo nacional. Em
												quatro anos de governo de Sócrates não se verificou uma melhoria
												sensível na situação dos reformados em Portugal. E as
												perspectivas futuras não são animadoras com o OE2009 se a
												politica que tem sido seguida neste campo não mudar.
 
 Com base em dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade
												Social à Assembleia da República conclui-se que a pensão
												média de 1.994.661 reformados aumentou, entre 2007 e 2008, de 395,86
												euros para apenas 404,61 euros. Portanto, apesar de serem pensões
												extremamente baixas (a pensão média continua a ser inferior ao
												salário mínimo nacional), entre 2007 e 2008 o aumento
												médio na pensão média foi apenas de 8,75 euros por
												mês, o que corresponde a 29 cêntimos por dia. Por outro lado,
												também com base nesses dados, conclui-se que a pensão
												média de 1.560.989 reformados, ou na seja, de 78 em cada 100 reformados
												era inferior a 330 euros. O complemento solidário para idosos,
												tão utilizado pelo governo na sua propaganda, não está a
												ser suficiente para tirar centenas de milhares de pensionistas da
												situação de miséria que continuam a viver. Segundo o
												ministro do Trabalho apenas 160.000 pensionistas estão a receber este
												complemento e o número de reformados com pensões inferior a 330
												euros por mês é superior a 1.560.000.
 
 A aplicação da formula de actualização das
												pensões aprovada pelo governo de Sócrates  Lei 53-B/2006
												
												determina, no conjunto dos anos de 2008 e 2009, uma redução do
												poder de compra das pensões até 628 euros de -0,1%; das
												pensões entre 628 e 2.515 de -1,1%; das pensões de
												valor superior a 2.515 e inferior a 5.030 de -1,5%; e de -5,2% nas
												pensões de valor superior a 5.030 euros. E isto se os preços
												subirem apenas 2,5% em 2009
 
 Entre 2008 e 2009, como consequência da aplicação da
												fórmula de actualização do governo, a média das
												pensões com valores inferiores a 330 euros aumentará apenas 7,25
												euros por mês, o que corresponde a uma subida de somente 24
												cêntimos por dia. Se a comparação abranger os cerca de dois
												milhões de reformados considerados nos dados fornecidos pelo
												Ministério do Trabalho, a pensão média, também
												entre 2008 e 2009, deverá passar de 404,61 euros para apenas 415,58
												euros por mês, portanto terá um aumento de apenas de 10,97 euros
												por mês (37 cêntimos por dia). Para além disso os valores
												quer de 2008 quer de 2009  404,61 euros e 415,58 euros  são
												ambos valores inferiores aos valores do salário mínimo nacional
												desses anos
 
 No debate do OE2009 na Assembleia da República confrontamos directamente
												o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, por diversas vezes, com a necessidade
												de alterar a formula de actualização das pensões constante
												da Lei 53/B-2006, pelo menos enquanto a economia portuguesa não
												crescesse a uma taxa superior a 2%, já que esta lei estava, por um lado,
												a impedir qualquer melhoria nas pensões mais baixas e, por outro lado, a
												determinar a redução do poder de compra mesmo das pensões
												mais baixas em alguns anos e, em relação às restantes
												pensões, em todos os anos. O ministro rejeitou tal
												alteração, tendo rejeitado também devolver a 40.000
												reformados cerca de 28 milhões de euros de que tinham sido espoliados
												devido à formula de cálculo da pensão que o governo PS
												impôs a partir de 2007, que só agora a Lei do OE2009 (artº
												51º) corrige essa injustiça mas só com efeitos a partir de
												1.1.2009, e não a partir de 2007. E rejeitou tudo isto, apesar da
												Segurança Social estar a acumular elevados saldos positivos (por ex, em
												2008, nos dez primeiros meses, o saldo positivo da Segurança Social
												atingiu 1.900 milhões de euros). Estes elevados saldos estão a
												ser também utilizados pelo governo para reduzir o défice
												orçamental à custa dos reformados e da redução do
												apoio aos desempregados já que, em relação a estes
												últimos, a despesa orçamentada em 2009 para pagar
												subsídios de desemprego é inferior em -11,3% ao valor
												orçamentado em 2008, e o de 2008 é inferior ao de 2007 em 9,6%. A
												insensibilidade social deste governo é clara e continuada, apesar das
												declarações em contrário feitas pelo 1º ministro e
												pelo seu ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.
 
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							Em quatro anos de governo de Sócrates não se verificou uma
							melhoria sensível na situação da esmagadora maioria dos
							reformados da Segurança Social em Portugal como se vai mostrar. 
							
 MAIS DE 1.569.000 REFORMADOS RECEBEM PENSÕES INFERIORES A 330 EUROS
 
 O quadro seguinte, construído com dados fornecidos em Novembro de 2008
							pelo próprio Ministério do Trabalho e da Segurança Social
							à Assembleia da República, mostra que a  esmagadora maioria dos
							reformados continua a receber pensões socialmente inaceitáveis.
 
 
   
							Em 2007, como mostram os dados do quadro, 83,5% dos reformados continuavam a
							receber pensões inferiores ao salário mínimo nacional.
							Portanto, em três anos de governo de Sócrates não se
							verificou uma melhoria significativa na situação dos reformados
							da Segurança Social em Portugal.
							
 Por outro lado, e também como mostram os dados do quadro, a
							pensão  média dos reformados  com pensões inferiores a 330
							euros aumentou, entre 2007 e 2008, apenas 6 euros (20 cêntimos por dias)
							Se se considerar a totalidade dos pensionistas considerados no quadro
								1.994.661 reformados  entre 2007 e 2008, a pensão
							média passou de 395,86 euros para 404,61 euros, portanto registou uma
							subida de
							8,75 euros, o que corresponde apenas a 29 cêntimos por mês,
							portanto valores socialmente inaceitáveis. Enquanto isto sucede, a
							Segurança Social acumula saldos positivos que só nos 10 primeiros
							meses de 2008 atingiram 1.900 milhões de euros.
 
 Finalmente interessa ainda referir que a pensão média de
							1.560.989 reformados, ou seja, de 78 em cada 100 reformados é inferior a
							330 euros. Isto significa que o complemento solidário para idosos,
							tão utilizado pelo governo na sua propaganda, não está a
							ser suficiente para tirar centenas de milhares de pensionistas da
							situação de miséria que continuam a viver. Para concluir
							isso, basta recordar que, de acordo com dados fornecidos pelo próprio
							ministro do Trabalho na Assembleia da República, o numero de
							pensionistas a receber o complemento solidário para idosos é de
							apenas 160.000 e o numero de reformados com pensões inferiores a 330
							euros por mês é superior a 1.560.000.
 
 A FÓRMULA DE ACTUALIZAÇÃO DO GOVERNO IMPEDE QUALQUER
								MELHORIA DAS PENSÕES E ESTÁ A DETERMINAR MESMO A
								REDUÇÃO DO SEU PODER DE COMPRA
 
 O governo de Sócrates "inventou" uma fórmula de
							actualização das pensões que consta da 
							 Lei 53-B/2006
							,
							aprovada pelo PS na Assembleia da República, que impede qualquer
							melhoria mesmo nas pensões mais baixas (por ex, de valores inferiores a
							330) estando mesmo a determinar uma redução no seu poder de
							compra.
 
 De acordo com essa formula de actualização, que o governo de
							Sócrates pretende também utilizar em 2009, enquanto o crescimento
							económico for inferior a 2% (e Portugal está com crescimentos de
							0,5% ao ano e não se sabe quando ultrapassará os 2%); repetindo,
							enquanto o crescimento económico for inferior a 2%: (1) As
							pensões até 1,5 IAS, ou seja, até 629 euros em 2009
							aumentarão de acordo com a taxa de aumento de preços verificado
							no ano anterior; (2) As pensões de valor superior a 629 euros mas
							inferior a 2.515 euros subirão de acordo com taxa de
							inflação verificada menos 0,5 pontos percentuais; (3) As
							pensões de valor superior a 2.515 euros até 5030 euros
							aumentarão segundo a taxa de inflação menos 0,75 pontos
							percentuais; (4) As restantes pensões ficarão congeladas.
 
 A aplicação desta formula de cálculo determinou que, em
							2008, apesar da taxa de inflação aumentar 2,9%, o aumento das
							pensões variou entre 2,4% (as mais baixas)  e ZERO (as mais elevadas),
							portanto determinou uma redução de poder de compra das
							pensões de todos os reformados (entre -0,5% e -2,8%).
 
 Em 2009, e de acordo com a formula do governo, as pensões deverão
							aumentar de acordo com as percentagens  constantes do quadro seguinte.
 
 
   
							O governo afirma que a taxa de inflação subirá apenas 2,5%
							em 2009, mas não é de confiar. Em 2008, o governo previa que o
							Índice de Preços no Consumidor subisse apenas 2,1% e ele
							deverá aumentar 2,9%. Mesmo admitindo que a taxa de
							inflação suba apenas 2,5% em 2009, no conjunto dos anos 2008 e
							2009, a redução do poder de compra das pensões até
							628 euros será de -0,1%; das pensões entre 628 e 2515 a baixa de
							poder de compra será de -1,1%; das pensões de valor superior a
							2515 euros e inferior a 5030 euros a redução do poder de compra
							atingirá -1,5%; e as pensões de valor superior a 5.030 euros
							sofrerão uma redução do seu poder de compra, no conjunto
							dos dois anos (2008 e 2009), de -5,2%. Portanto, no fim de 2009 os reformados
							não terão o poder de compra que tinham no fim de 2007, portanto
							antes dos aumentos de 2008 e 2009. 
							
 AUMENTO MEDIO MENSAL DE 11 EUROS PREVISTO NAS PENSÕES EM 2009, O QUE
								CORRESPONDE A UMA SUBIDA DE 37 CENTIMOS POR DIA.
 
 Em 2009, como consequência da aplicação da formula de
							actualização das pensões do governo já analisada
							anteriormente, os reformados deverão ter os aumentos constantes do
							quadro seguinte.
 
 
   
							Entre 2008 e 2009, a média das pensões com valores inferiores a
							330 euros aumentarão apenas 7,25 euros por mês, o que corresponde
							a uma subida de somente 24 cêntimos por dia. Se a
							comparação abranger os cerca de dois milhões de reformados
							considerados no quadro anterior, a pensão média, entre 2008 e
							2009, deverá  passar de 404,61 euros para apenas 415,58 euros por
							mês, portanto terá um aumento mensal de apenas 10,97 euros por
							mês (37 cêntimos/dia). Para além disso os valores quer de
							2008 quer de 2009  404,61 euros e 415,58 euros  são ambos
							valores inferiores aos valores dos salário mínimo nacional desses
							anos.
							
 Durante o debate do OE2009 na Assembleia da República, confrontamos
							directamente o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social com a necessidade
							de alterar a fórmula de actualização das pensões de
							forma a garantir sempre uma melhoria das pensões mais baixas, mas este
							recusou. O PCP apresentou uma proposta de aumento das pensões para 2009
							de 4% nas pensões até 629 euros; de 3% nas pensões de
							valor compreendido entre 629 euros e 2.515 euros; e de 2,5% nas restantes
							pensões. Apesar destes aumentos determinarem um acréscimo de
							despesa para a Segurança Social que estimamos em 100 milhões de
							euros, ou seja, menos de metade do beneficio fiscal que o governo concedeu
							à GALP através da 
							 Resolução de Conselho de Ministros 55/2008
							, mesmo assim foram rejeitados pelo PS e pelos partidos da
							direita.
 
 Fica também assim claro que o OE2009, do qual faz parte o
							Orçamento da Segurança Social para 2009, não responde
							às necessidades das pessoas  e, neste caso concreto, de mais de 2
							milhões de reformados que existem em Portugal. No entanto, este mesmo
							Orçamento prevê que em 2009 a Segurança Social tenha um
							saldo positivo de 1.554,77 milhões de euros (pág, 66 do
							Relatório do OE2009) que irá contribuir para a
							redução do défice orçamental.
 
 
								28/11/2008  
							[*]
								Economista,
								 edr@mail.telepac.pt 
 Este artigo encontra-se em
								 http://resistir.info/
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