O pacto de Sócrates para o desemprego e para a precariedade
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No Livro Verde sobre o direito do trabalho enviado aos Estados Membros em 2006, a Comissão Europeia considera que existe na UE "um mercado de trabalho a duas velocidades, constituído por trabalhadores com um emprego permanente, chamados "os insiders", e outros, que designa por "outsiders", que incluem desempregados, pessoas afastadas do mercado de trabalho, e aqueles que se encontram em situações de emprego precárias e informais (pág.4)" E defende que os Estados Membros devem avaliar "o grau de flexibilidade previstos nos contratos clássicos (os contratos efectivos por tempo indeterminado), e, se necessário, proceder à sua alteração, no que diz respeito aos prazos de pré-aviso, custos e procedimentos aplicáveis ao despedimento individual e colectivo, ou ainda no que se refere à definição do despedimento sem justa causa" (pág. 4). Portanto, o que a Comissão Europeia defende é que se faça um nivelamento por baixo, retirando direitos aos trabalhadores efectivos, ou seja àqueles que têm alguns direitos. No programa do governo de "Sócrates 2", influenciado pela nova ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, que durante muitos anos trabalhou com a Comissão Europeia aparece um "Pacto para o Emprego", que inclui o seguinte: (a) "Assegurar , através da contratação colectiva, o pleno aproveitamento da adaptabilidade do tempo de trabalho " (pág. 14), ou seja, maior desregulamentação dos horários de trabalho; (b) "Construir um novo equilíbrio social mais justo e mais eficaz na repartição dos custos da diminuição da procura na conjuntura actual quer entre empresas, trabalhadores e Estado, quer entre trabalhadores efectivos e precários quer entre trabalhadores e jovens à procura de primeiro emprego (pág. 14)", portanto ao pôr em confronto, como faz também o Livro Verde, os trabalhadores efectivos com alguns direitos com os outros trabalhadores que não têm direitos, o que parece estar naturalmente subjacente é a intenção de reduzir os direitos dos trabalhadores efectivos; (c) "Promover a redução de desigualdades de oportunidades entre trabalhadores com diferentes tipos de contrato, entre jovens e adultos e entre géneros " (pág. 15), portanto aqui também se estabelece o confronto, que não é inocente nem casual, entre trabalhadores com diferentes contratos, portanto com diferentes direitos, naturalmente com a intenção de nivelar por baixo como defende a Comissão Europeia; (d) " Criar um quadro de diálogo social estruturado para a evolução das politicas salariais de médio prazo que sirva de base à contratação colectiva " (pág. 15), portanto é clara a intenção de impor por concertação social limites aos aumentos salariais na contratação colectiva. Em relação ao SMN Sócrates pretende "negociar a execução" do que foi acordado na concertação social, naturalmente para que a subida em 2010 seja menor que a prevista. Portanto, parece que se está perante um verdadeiro programa do governo com a intenção clara de desregulamentar ainda mais, de retirar direitos aos trabalhadores efectivos, de reduzir aumentos salariais, para nivelar por baixo, em nome de "um novo equilíbrio social" como consta do Programa do Governo de Sócrates, ou em nome da "competitividade e modernidade" como defende a Comissão Europeia no seu Livro Verde. Durante o debate do Programa do Governo na Assembleia da Republica, a nova ministra do Trabalho e da Solidariedade Social foi confrontada por deputados para explicar as palavras dúbias do "Pacto para o Emprego" do governo mas fugiu a dar quaisquer esclarecimentos, o que não deixa de levantar dúvidas sobre as verdadeiras intenções deste governo, já que as procurou deliberadamente esconder. O desemprego é o problema social mais grave que o nosso país enfrenta, atingindo centenas de milhares de famílias, e lançando muitas na pobreza. No entanto, não há qualquer capítulo ou ponto dedicado no programa do governo aos desempregados, o que é chocante e não deixa de ser esclarecedor. Procurando esconder esta lacuna monumental existente no programa, Sócrates anunciou na Assembleia da República que o prazo de garantia do subsidio de desemprego seria reduzido de 450 dias (o prazo actual) para 360 dias. Esta medida tem efeitos reduzidos. E isto porque como reconheceu Sócrates na Assembleia da República apenas mais entre 8.000 e 10.000 desempregados passarão a ter direito ao subsídio de desemprego. De acordo com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, em Setembro de 2009, existiam inscritos nos Centros de Emprego 510.356 desempregados. Deste total, apenas 238.723 recebiam subsídio de desemprego, e 112.099 recebiam subsídio social de desemprego cujo valor varia entre 285,55 euros e 339,93 euros, portanto valores abaixo do limiar da pobreza. Assim, em Setembro de 2009, 150.507 não recebiam qualquer subsídio. A medida do governo irá beneficiar no máximo mais 10.000 desempregados. Portanto, mais de 140.000 continuarão sem direito a qualquer subsídio. E recorde-se que existem ainda muitos desempregados não inscritos nos Centros de Emprego. A intervenção do novo ministro da Economia na Assembleia da República mostrou que tem dificuldades em compreender a economia, certamente por ser uma área em que não possui nem competência técnica nem experiência, e revelou que não tem qualquer estratégia para enfrentar a actual crise económica, como mostro na parte final deste estudo, o que é preocupante. |
No chamado "Livro Verde Modernizar o direito do trabalho para
enfrentar os desafios do século XXI" da Comissão Europeia,
que esta enviou aos governos dos países da UE em 2006, em
relação ao mercado de trabalho europeu pode-se ler o seguinte:
é "um mercado de trabalho a duas velocidades, constituído
por trabalhadores com um emprego permanente, "os insiders", e os
"outsiders" nos quais se incluem desempregados, pessoas afastadas do
mercado de trabalho, e aqueles que se encontram em situações de
emprego precárias e informais" (pág. 3).
Perante esta situação de trabalhadores com alguns direitos (os
"insiders" na terminologia da Comissão Europeia) e de
trabalhadores sem direitos (os "outsiders") o que é que a
Comissão Europeia defende no seu Livro Verde? Que os Estados Membros
avaliem "o grau de flexibilidade previsto nos contratos clássicos
(em Portugal são os contratos efectivos por tempo indeterminado), e, se
necessário, proceder à sua alteração, no que diz
respeito aos prazos de pré-aviso, custos e procedimentos
aplicáveis ao despedimento individual e colectivo, ou ainda no que se
refere à definição do despedimento sem justa causa"
(pág. 4). Portanto, o que textualmente defende a Comissão
é que se altere os procedimentos relativamente ao despedimento reduzindo
os custos, ou seja, as indemnizações, e facilitando o
despedimento quer individual quer colectivo através da uma
redução daquilo que deve ser considerado como despedimento sem
justa causa.
Em resumo, a Comissão Europeia pretende acabar com um "mercado de
trabalho a duas velocidades", ou seja, com um mercado de trabalho a que
chama também mercado "segmentado", não defendendo
direitos para os que não têm, mas sim retirando direitos
àqueles têm alguns, para que todos fiquem em igualdade.
Na pág. 6 do mesmo Livro Verde a Comissão é ainda mais
explícita, pois afirma o seguinte: "Condições de
trabalho e de emprego demasiado protectoras podem desencorajar os empregadores
de recrutar". E logo a seguir aponta como caminho a seguir pelos Estados
Membros: "instaurar formas de emprego mais flexíveis com menor
protecção contra os despedimentos, a fim de facilitar o acesso de
recém-chegados e de candidatos a emprego".
UM PACTO PARA O EMPREGO OU UM PACTO PARA O DESEMPREGO E PRECARIEDADE?
Comparemos agora as passagens anteriores do Livro Verde da Comissão
Europeia com as constantes do Programa do governo de "Sócrates
2" sobre o "Pacto para o Emprego".
O chamado "Pacto para o Emprego" do governo inclui os seguintes
pontos:
(a) "Assegurar, através da contratação colectiva, o
pleno aproveitamento da adaptabilidade do tempo de trabalho
" (pag. 14), ou seja, maior desregulamentação dos
horários de trabalho;
(b) "Construir
um novo equilíbrio social
mais justo e mais eficaz na repartição dos custos da
diminuição da procura na conjuntura actual quer entre empresas,
trabalhadores e Estado,
quer entre trabalhadores efectivos e precários quer entre trabalhadores
e jovens à procura de primeiro emprego
(pág. 14)", portanto
ao se pôr em confronto, como faz também o Livro Verde, os
trabalhadores efectivos com alguns direitos com os outros trabalhadores que
não têm direitos (e isto lembra a história
construída pelo governo de Sócrates sobre os
"privilegiados" da Administração Pública que
serviu para tirar direitos a estes trabalhadores e depois a todos os
trabalhadores) o que parece estar naturalmente subjacente é a
intenção de reduzir os direitos de todos os trabalhadores
efectivos;
(c) "Promover a
redução de desigualdades de oportunidades entre trabalhadores com
diferentes tipos de contrato, entre jovens e adultos e entre géneros
" (pág. 15), portanto aqui também se estabelece o confronto,
que não é inocente nem casual, entre trabalhadores com diferentes
contratos, portanto com diferentes direitos, naturalmente com a
intenção de nivelar por baixo como defende a Comissão
Europeia para aumentar a competitividade;
(d)
"
Criar um quadro de diálogo social estruturado para a
evolução das politicas salariais de médio prazo que sirva
de base à contratação colectiva
" (pág. 15),
portanto é clara a intenção de impor, através da
concertação social, limites aos aumentos salariais na
contratação colectiva. E em relação ao
salário mínimo nacional, Sócrates na
intervenção que fez na Assembleia da República afirmou
textualmente que é necessário "negociar a sua
execução", portanto a intenção do governo
parece ser a de ceder às exigências do patronato de que o valor em
2010 não deve ser de 475 euros como estava implícito no acordo de
concertação social.
Portanto, parece que se está perante um verdadeiro programa do governo
com a intenção clara de desregulamentar ainda mais, de retirar
aos trabalhadores efectivos, de nivelar por baixo, de reduzir ainda mais os
aumentos salariais, tudo em nome de "um novo equilíbrio
social" como consta do Programa do Governo de Sócrates, ou em nome
da "competitividade e modernidade" como defende a Comissão
Europeia no seu Livro Verde. Helena André que durante muitos anos viveu
no estrangeiro e trabalhou com a Comissão Europeia, parece ter
transformado em programa de governo o programa da Comissão Europeia.
Durante o debate do Programa do Governo na Assembleia da Republica, a nova
ministra do Trabalho e da Solidariedade Social foi confrontada por deputados
para explicar as palavras dúbias do "Pacto para o Emprego" do
governo e fugiu deliberadamente a dar quaisquer esclarecimentos, o que ainda
deixa mais dúvidas sobre as intenções deste governo,
já que as procura esconder.
O PROGRAMA NÃO INCLUI QUALQUER MEDIDA DE APOIO AOS DESEMPREGADOS E A
ANUNCIADA POR SÓCRATES NA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA É
MANIFESTAMENTE INSUFICIENTE
O desemprego é o problema social mais grave que o país enfrenta,
atingindo já centenas de milhares de famílias, e lançando
muitas na pobreza. No entanto, não há qualquer capitulo ou ponto
no programa do governo dedicado aos desempregados, o que não deixa de
ser chocante.
Utilizamos um motor de busca, para não escapar nada, para procurar no
programa do governo de "Sócrates 2" quantas vezes aparece a
palavra "desempregado". E encontramos apenas quatro
referências. Na pág. 5 (Introdução); na pág,
61, em relação às "carreiras artísticas";
na pág. 62 apenas para referir a necessidade de "continuar a
reforçar o sistema público de segurança social"; e na
pág. 64 também em relação à
intenção de "reforçar o sistema público de
segurança social". Portanto, os mais de 650.000 desempregados que
existem em Portugal (os números oficiais registam 510.000 ) não
merecem atenção no programa deste governo o que não deixa
de ser preocupante.
Procurando esconder esta lacuna monumental no programa do governo,
Sócrates anunciou na Assembleia da República que o prazo de
garantia do subsídio de desemprego seria reduzido de 450 dias (o prazo
actual) para 360 dias. Portanto, os desempregados com 360 dias de descontos
para a Segurança Social nos 24 meses anteriores ao despedimento
passarão a ter direito ao subsídio de desemprego a partir do
início de Janeiro de 2010. No entanto, esta medida, apesar de ser
positiva, tem reduzidos efeitos e é manifestamente insuficiente. E isto
porque, como reconheceu Sócrates na Assembleia da República,
apenas mais entre 8.000 e 10.000 desempregados passarão a ter direito ao
subsídio de desemprego.
De acordo com o Boletim Estatístico do Ministério do Trabalho e
da Solidariedade Social, em Setembro de 2009, existiam inscritos nos Centros de
Emprego 510.356 desempregados. Deste total, apenas 238.723 recebiam
subsídio de desemprego, e 112.099 recebiam subsídio social de
desemprego cujo valor varia entre 285,55 euros e 339,93 euros, portanto valores
abaixo do limiar da pobreza. Portanto, já em Setembro de 2009, 150.507
não recebiam qualquer subsídio. A medida do governo irá
beneficiar no máximo mais 10.000 desempregados. Portanto, mais de
140.000 continuarão sem direito a qualquer subsídio. E tenha
presente que muitos desempregados não estão inscritos nos Centros
de Emprego.
É urgente aprovar medidas destinadas a apoiar os trabalhadores com
"falsos recibos verdes", que são os primeiros a serem
despedidos, incluindo no Estado, e que não direito a qualquer apoio no
desemprego, assim como para os trabalhadores sujeitos a uma elevada
precariedade, que não conseguem descontar para a Segurança Social
os 360 dias agora anunciados pelo governo num prazo de dois anos, porque ou
não conseguem arranjar emprego durante aquele número de dias ou,
se conseguem, as entidades patronais obrigam-nos a aceitar
remunerações sem descontos para a Segurança Social.
A ECONOMIA DO MINISTRO VEIRA DA SILVA E A ECONOMIA DO PAÍS REAL
Quem tenha tido paciência para ouvir a intervenção de
Vieira da Silva, agora novo ministro da Economia, na Assembleia da
República ficou naturalmente surpreendido pela mensagem que ele
pretendeu fazer passar sobre a situação da economia portuguesa.
Para ele a economia nacional está em franca recuperação do
que seriam prova os indicadores de confiança que têm aumentado nos
últimos meses, e o facto de a previsão da
contracção em 2009 da economia portuguesa ser inferior à
da economia da União Europeia. É certo que Vieira da Silva
não tem nem qualquer competência técnica nem qualquer
experiência, mas devia procurar informar-se junto dos seus assessores e
serviços do Ministério da Economia., que o ajudassem a
compreender os dados que o INE, o Banco de Portugal e a Comissão
Europeia têm divulgado sobre Portugal.
Os chamados indicadores de confiança que utiliza são indicadores
de natureza psicológica pois baseiam-se nas "opiniões e
apreciações" dos consumidores e empresários, portanto
não são dados reais da economia. É importante
cruzá-los com dados para se poder ficar com uma ideia da verdadeira
situação da economia real. É natural que o ministro Vieira
da Silva não saiba isso, mas o que não é
desculpável é que não se informe e procure manipular a
opinião pública. E os indicadores reais sobre a economia
portuguesa divulgados pelo INE continuam a ser preocupantes.
Em relação ao sector de Serviços, o INE publicou a
seguinte informação em 29 de Outubro de 2009:
"Variação homóloga do Volume de Negócios no
Comércio a Retalho menos negativa (-1,3%)", mas continua a ser
negativa
Em relação à Industria, o INE publicou em 5 de Novembro o
seguinte: "Variação homóloga das Encomendas recebidas
na indústria um pouco mais negativa. Em Setembro de 2009, o valor das
novas encomendas recebidas pelas empresas industriais registou uma
variação homóloga de -27,0% (-26,3% em Agosto), em
resultado do comportamento mais negativo no mercado externo, -32,4% (-30,9% no
mês anterior). No mercado interno, o valor das novas encomendas recebidas
na indústria diminuiu 21,5% (-21,7% em Agosto)".
Portanto, em relação aos serviços e indústria
portuguesa estes são os valores reais divulgados pelo INE, que continuam
a ser preocupantes, mas que o ministro Vieira da Silva deliberadamente
ignorou.
Quem analise a economia portuguesa com um mínimo de objectividade, a
conclusão a que chega é que a crise financeira está a
atingir agora com intensidade a economia e as famílias, sendo um
indicador disso o aumento rápido do incumprimento bancário, o
chamado credito mal parado que disparou. E o agravamento do desemprego que se
prevê que continue, face à insuficiência das medidas do
governo, só poderá agravar aquela tendência
O ministro Vieira da Silva, na mensagem que pretendeu fazer passar de franca
recuperação, também utilizou a previsão de Outono
da Comissão da União para 2009 que prevê para Portugal uma
contracção de -2,9%, quando para a União Europeia é
de -4,1%. No entanto, o ministro "esqueceu-se" de referir que, em
2009, a previsão é também de uma diminuição
do investimento total em Portugal de menos -15,2%, quando na U.E. é de
-11,4%; e das exportações portuguesas de -14%, quando na U.E.
é de -11,4%. E que para 2010, a previsão da Comissão
Europeia é de um crescimento em Portugal de apenas 0,3%, quando para a
U.E. a previsão é de um crescimento de +0,7%, portanto mais do
dobro do que em Portugal, e, em 2011, de 1% em Portugal e de 1,5% na U.E.,
portanto mais 50% do que em Portugal. Como consequência, Portugal
continuará divergir da União Europeia.
Se se analisar o investimento, que o ministro não fez, apesar de ser uma
questão vital para recuperação económica, a
previsão da Comissão Europeia é, em 2010, de uma nova
diminuição em Portugal de -4,1% enquanto na UE a
redução é de metade, ou seja, de -2%, e em 2011 o
crescimento do investimento previsto é de apenas 1% em Portugal e de
2,5% na UE. Portanto, é evidente que com esta quebra continuada do
investimento total em Portugal em três anos consecutivos (2008, 2009 e
2010) e com um crescimento anémico só em 2011; repetindo,
é evidente para toda a gente, com excepção talvez do
ministro Vieira da Silva, que o aumento da produtividade e da competitividade
de que tanto fala estará naturalmente em causa, assim como está
em causa a modernização do aparelho produtivo nacional e a
criação de emprego a um ritmo suficiente para reduzir o elevado
desemprego existente. Mas tudo isto é muito difícil de
compreender para o novo ministro da Economia, daí a sua grande
satisfação pela "recuperação da economia".
Em relação à estratégia do governo para a
recuperação da economia, o novo ministro limitou-se a repetir
lugares comuns, referindo-se a alguns sectores que considera importantes, e
reconheceu a necessidade de um maior aproveitamento dos Fundos
Comunitários, cuja gestão passou a ser do Ministério da
Economia Programa Operacional Valorização do
Território e Programa Operacional Factores de Competitividade e
cujo grau de utilização é escandalosamente baixo.
Até Julho de 2009, a União Europeia tinha disponibilizado a
nível do Programa Valorização do Território 1.591,8
milhões de euros e Portugal só tinha utilizado 28,9
milhões de euros, ou seja, 1,8%; e no Programa Factores de
Competitividade a UE tinha disponibilizado 1.060,5 milhões de euros e
Portugal só tinha utilizado 227,4 milhões de euros, ou seja,
21,8%. No entanto, o ministro não conseguiu definir uma
estratégia coerente para o futuro e foi também incapaz de dizer
como iria recuperar com a utilização eficiente dos recursos
financeiros o grande atraso que se verifica a nível de
utilização dos fundos comunitários, situação
que é mais inadmissível face à grave crise
económica e social que o País enfrenta actualmente.