Os mitos e as mentiras da direita no ataque ao "estado social"
RESUMO DESTE ESTUDO
O Tribunal Constitucional declarou, como já tinha sucedido em 2012,
inconstitucionais o confisco do subsidio de férias aos trabalhadores da
Função Pública e aos pensionistas, e ainda mais duas
outras normas da Lei do OE-2013 (o imposto sobre o subsidio de desemprego e de
doença e os cortes nos contratos de docência e de
investigação) o que, em termos ilíquidos corresponde a
cerca de 1.600 milhões (em valor liquido, e é este que tem
efeitos no OE-2013 deverá representar um aumento na despesa
reposição dos subsídios de férias - e um corte na
receita que, somados, deverão rondar os 1.200 milhões ).
Perante tal cenário que resulta deste governo pretender violar pela
2ª vez a Constituição da República é
previsível que os ataques às funções sociais do
Estado, por parte deste governo e dos seus defensores nos media se
intensifiquem ainda mais. E a arma mais utilizada, para procurar manipular a
opinião pública, será certamente a mentira. E as mais
utilizadas para enganar a opinião pública, à
semelhança do que tem acontecido nos últimos tempos, serão
certamente as seguintes: (1) Sem o empréstimo da "troika"
não haveria dinheiro para pagar salários e pensões; (2) A
despesa do Estado em Portugal é muito superior à de outros
países da UE; (3) As despesas do Estado em Portugal com a saúde,
educação e a segurança social são
insustentáveis. Por isso interessa já desmontar de uma forma
clara e objetiva essas mentiras, e para isso utilizaremos os próprios
dados oficiais.
Comecemos pela 1ª mentira da direita sobre o empréstimo da
"troika" para pagar pensões e salários. Segundo o
Ministério das Finanças, em 2011, as receitas dos impostos e
contribuições foram superiores à soma das despesas com
Pessoal das Administrações Públicas mais despesas com
pensões e outras prestações (inclui saúde), em
+4.229,6 milhões ; em 2012 esse excedente subiu para +4.454,1
milhões . E não consideramos todas das
Administrações Públicas. Ainda existem "Outras
receitas" que, em 2012, foram mais 9.606,2 milhões . Afirmar,
como fazem muitos comentadores, que o Estado foi obrigado a pedir o
empréstimo à "troika" porque não tinha dinheiro
para pagar salários e pensões é ou ignorância ou a
intenção de mentir descaradamente para enganar a opinião
pública, pois os impostos e contribuições pagas todos os
anos pelos portugueses são mais que suficientes para pagar aquelas
despesas
(Portugal paga uma taxa de juro média de 3,4%, quando custa aos
credores uma taxa média de 1,4%, e à Alemanha apenas 0,5%;
é a solidariedade!)
Outra mentira é que a despesa do Estado em Portugal é superior
à de outros países, e por isso tem de ser significativamente
reduzida. Segundo o Eurostat, em 2011, a despesa total das
Administrações Públicas em Portugal representou 49,4% do
PIB português, quando a média na UE situava-se entre os 49,1% e
49,5%, portanto um valor praticamente igual. E em 2012, segundo o
Relatório do OE-2013 do Ministério das Finanças, a despesa
de todas as Administrações Públicas (Central, Local e
Regional) em Portugal reduziu-se para apenas 45,6%. E neste valor estão
incluídos os juros da divida que atingiram 7.038,9 milhões
em 2012. Se o deduzirmos desce para apenas 41,4%. Afirmar ou insinuar, como
muitos fazem, que a despesa pública em Portugal é excessiva
é ou ignorância ou a intenção de enganar a
opinião pública.
Em relação à afirmação de que as despesas do
Estado com as funções sociais em Portugal são excessivas e
insustentáveis e por isso é necessário reduzir a despesa
significativamente, interessa dizer que, segundo o Eurostat, em 2011, a despesa
pública com a saúde em Portugal correspondeu apenas 6,8% do PIB
quando a média na União Europeia variava entre 7,3% e 7,4%. Em
euros por habitante, em 2011, em Portugal o gasto público com a
saúde foi apenas de 1.097, quando a média nos países
da UE variava entre 1.843 (+68% do que em Portugal) e 2.094 (+91).
O mesmo se verifica em relação à proteção
social, que inclui as pensões. Segundo o Eurostat, em 2011, a despesa
pública com a proteção social em Portugal correspondia
apenas a 18,1% do PIB quando a média na União Europeia variava
entre 19,6% e 20,2% do PIB. Em euros por habitante, a diferença era
ainda muito maior, Em Portugal o gasto público com a
proteção social por habitante era apenas de 2.910, quando a
média nos países da União Europeia variava entre
4.932 (+69% do que em Portugal) e 5.716 (+96%). E nos países
desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior (Bélgica:+126%;
Dinamarca:+274%; Alemanha:+114%). Mesmo se consideramos a totalidade da despesa
com a saúde, educação e segurança social, em 2011
ela representava em Portugal 63,4% da despesa total do Estado quando a
média na UE era de 65,7% Fazer cortes significativos na despesa com as
funções sociais do Estado com a justificação de que
essas despesas em Portugal são excessivas e superiores às dos
outros países da UE é ou ignorância ou uma mentira para
enganar a opinião pública.
O que é insustentável e inaceitável é uma politica
recessiva aplicada em Portugal em plena recessão económica, que
está a causar uma quebra acentuada nas receitas do Estado e nas
contribuições da Segurança Social, o que põe em
perigo não só a sustentabilidade das funções
sociais do Estado mas a do próprio Estado. Mais cortes na despesa
pública só agravam a situação. Como dizia Keynes,
só os imbecis é que não entendem isso.
|
A mentira e a ignorância estão cada vez mais presentes nos ataques
às funções sociais do Estado pelos comentadores com acesso
privilegiado aos media. É mais um exemplo concreto do pensamento
único sem contraditório atualmente dominante nos grandes
órgãos de comunicação social. Quem oiça
esses comentadores habituais que muitas vezes revelam que não estudaram
minimamente aquilo de que falam, poderá ficar com a ideia de que
Portugal é um país diferente dos outros países da
União Europeia onde o "Estado Social" é
insustentável e está próximo da falência por ter
garantido aos portugueses uma saúde, uma educação e uma
proteção, que inclui o sistema de pensões, mais
"generosos" do que a dos outros países e que, por isso,
é insustentável.
Um dos arautos mais conhecidos dessa tese, não porque seja um estudioso
credível mas sim porque tem tido acesso fácil aos media, é
Medina Carreira com as suas diatribes periódicas contra o "Estado
Social". Mas antes de confrontarmos o que dizem estes comentadores com os
próprios dados oficiais, divulgados até recentemente pelo
Eurostat, para que o leitor possa tirar as suas próprias
conclusões, interessa desconstruir uma outra grande mentira que tem sido
sistematicamente repetida em muitos órgãos de
comunicação social sem contraditório o que tem determinado
que ela passe, a nível de opinião pública, como verdadeira.
SERÁ VERDADE QUE PORTUGAL FOI OBRIGADO A PEDIR O EMPRÉSTIMO
À "TROIKA" PORQUE NÃO TINHA DINHEIRO PARA PAGAR
SALÁRIOS E PENSÕES?
Esta é mais uma das grandes mentiras repetidas sistematicamente que
não tem qualquer fundamento real, como os dados do quadro 1, retirados
do relatório do OE-2013 do próprio Ministério das
Finanças, provam.
Quadro 1- Receitas dos impostos e das contribuições, e despesas
com pessoal de todas as Administrações Públicas e com
prestações sociais (inclui a saúde) Anos 2011/2013
RUBRICAS
|
2011
Milhões
|
2012
Milhões
|
2013
Milhões
|
Receitas Fiscais (impostos)
|
40.352,3
|
38.583,8
|
41.476,5
|
Contribuições sociais (Segurança Social e CGA)
|
20.926,9
|
19.383,6
|
20.114,5
|
TOTAL (da Receita)
|
61.279,2
|
57.967,4
|
61.591,0
|
Despesas com Pessoal
|
19.425,7
|
16.661,4
|
17.285,9
|
Prestações sociais (inclui Segurança Social, CGA, e
saúde)
|
37.623,9
|
36.851,9
|
37.628,9
|
TOTAL (da despesa)
|
57.049,6
|
53.513,3
|
54.914,8
|
SALDO (Excedente)
|
+ 4.229,6
|
+ 4.454,1
|
+ 6.676,2
|
Fonte: Relatório do Orçamento do Estado para 2013, pág.
90, Ministério das Finanças
Em 2011, as receitas dos impostos e contribuições foram
superiores às despesas com Pessoal de todas as
Administrações Públicas mais as despesas com
pensões e outras prestações, incluindo as em
espécie, que são as prestadas nomeadamente pelo SNS, em +4.229,6
milhões ; em 2012 esse excedente subiu para 4,454,1 milhões
e, para 2013, o governo previa que atingisse um excedente de +6.676,2
milhões . Para além das receitas consideradas, as
Administrações Públicas têm mais receitas. Por ex.
na rubrica de "Outras receitas" foram registadas, em 2012, mais
9.606,2 milhões segundo o Ministério das Finanças.
E tudo isto num período de recessão económica em que se
verifica uma forte quebra nas receitas fiscais e contribuições.
Afirmar, como fazem alguns comentadores e mesmo jornalistas, que o Estado foi
obrigado a pedir um empréstimo à "troika" porque
não tinha dinheiro para pagar salários e pensões é
ignorância ou mentir descaradamente com o objetivo de manipular a
opinião pública, pois os impostos e contribuições
pagas todos os anos pelos portugueses são suficientes para pagar aquelas
despesas. A razão porque se pediu o empréstimo à troika
foi para pagar credores leoninos, que são grandes bancos, companhias de
seguros, e fundos muitos deles especulativos e predadores.
A DESPESA DO ESTADO COM AS FUNÇÕES SOCIAIS SERÁ EXCESSIVA
E INSUSTENTÁVEL EM PORTUGAL COMO AFIRMAM ESTES DEFENSORES DO PODER
DOMINANTE?
Esta é uma questão que tem de ser esclarecida pois também
é utilizada para manipular a opinião pública. Os dados do
Eurostat constantes do quadro 1, em que é apresentada a despesa total do
Estado em percentagem do PIB, permite comparar a situação
portuguesa com a de outros países da União Europeia.
Quadro 2- -Despesa total das Administrações Públicas em
percentagem do PIB
PAÍSES
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
2008
|
2009
|
2010
|
2011
|
UE- 27 países
|
44,8
|
46,2
|
46,6
|
47,2
|
46,8
|
46,8
|
46,3
|
45,6
|
47,1
|
51,1
|
50,6
|
49,1
|
Zona Euro
|
46,2
|
47,2
|
47,5
|
48
|
47,4
|
47,3
|
46,7
|
46
|
47,1
|
51,2
|
51
|
49,5
|
PORTUGAL
|
41,6
|
43,2
|
43,1
|
44,7
|
45,4
|
46,6
|
45,2
|
44,4
|
44,8
|
49,8
|
51,3
|
49,4
|
Fonte: Eurostat
Em 2011, e são os
dados mais recentes disponibilizados pelo Eurostat, a despesa total das
Administrações Públicas em Portugal representava 49,4% do
PIB português, quando a média na União Europeia situava-se
entre os 49,1% e 49,5%, portanto igual. E em 2012, segundo o Relatório
do Orçamento do Estado para 2013 (pág, 90) do Ministério
das Finanças, a despesa pública em Portugal reduziu-se para
apenas 45,6% do PIB. E neste valor estão incluídos os juros da
divida que atingiram 7.038,9 milhões em 2012 devido a juros
leoninos pagos por Portugal. Se deduzirmos aquela percentagem desce para
apenas 41,4%. Afirmar ou insinuar, como muitos fazem, que a despesa
pública em Portugal é excessiva pois é superior à
média dos países da União Europeia é uma mentira.
Mas é desta forma que se procura manipular a opinião
pública para levá-la a aceitar o ataque violento que está
em curso em Portugal ao Estado Social, em que um dos instrumentos é
ameaça de mais um corte de 4.000 milhões na despesa
pública.
EM PORTUGAL A DESPESA PÚBLICA COM A SAÚDE É INFERIOR
À MEDIA DA UE
O ataque ao Serviço Nacional de Saúde tem sido também um
dos grandes objetivos destes defensores do poder económico e politico
com acesso privilegiado aos grandes media. O argumento é que a despesa
em Portugal é excessiva e superior à média dos
países da União Europeia. Os dados que o Eurostat divulgou,
constantes do quadro 2, prova que isso é mentira.
Quadro 3 Despesa do Estado com a saúde nos países da U. E.
2011
PAÍSES
|
Em % do PIB
|
Em euros/habitante.
|
% em relação a Portugal
|
UE27
|
7,3%
|
1.843
|
168%
|
UE17
|
7,4%
|
2.094
|
191%
|
Bélgica
|
7,9%
|
2.655
|
242%
|
Dinamarca
|
8,4%
|
3.607
|
329%
|
Alemanha
|
7,0%
|
2.232
|
203%
|
Irlanda
|
7,5%
|
2.660
|
242%
|
França
|
8,3%
|
2.530
|
231%
|
PORTUGAL
|
6,8%
|
1.097
|
100%
|
Fonte: Eurostat
Como mostram os dados do Eurostat, tanto em percentagem do PIB como euros por
habitante, aquilo que o Estado gasta em Portugal com a saúde dos
portugueses é significativamente inferior não só ao que se
verifica nos países mais desenvolvidos da União Europeia, mas
também em relação à média
comunitária. Em 2011, a despesa pública com a saúde em
Portugal correspondeu apenas a 6,8% do PIB quando a média na
União Europeia variava entre 7,3% e 7,4% do PIB. E em euros por
habitante, a diferença era ainda muito maior. Em 2011, em Portugal o
gasto público com a saúde por habitante era apenas de
1.097, quando a média nos países da União Europeia
variava entre 1.843 (+68% do que em Portugal) e 2.094 (+91%). E nos
países desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à
portuguesa (Bélgica:+142%; Dinamarca:+229%; Alemanha:+103%;
Irlanda:+142%; França : +131%), embora a diferença de ganhos em
saúde entre Portugal e esses países seja reduzida. Em 2012, com
cortes nas transferências para o SNS e para os hospitais públicos
aquele valor ainda desceu mais.
A DESPESA COM A PROTEÇÃO SOCIAL EM PORTUGAL É INFERIOR
TAMBÉM À MÉDIA DA UE
Uma outra mentira é a de que a despesa com proteção social
em Portugal, que inclui as pensões, é superior às dos
outros países. O quadro 4, com dados do Eurostat, mostra que não
é verdade.
Quadro 4 Despesa com a proteção social em Portugal e na
União Europeia 2011
PAÍSES
|
Em % do PIB
|
Em euros/habitante
|
Valor per-capita % em relação a Portugal
|
UE27
|
19,6%
|
4.932
|
169%
|
UE17
|
20,2%
|
5.716
|
196%
|
Bélgica
|
19,5%
|
6.577
|
226%
|
Dinamarca
|
25,2%
|
10.892
|
374%
|
Alemanha
|
19,6%
|
6.215
|
214%
|
Irlanda
|
17,3%
|
6.117
|
210%
|
França
|
23,9%
|
7.306
|
251%
|
PORTUGAL
|
18,1%
|
2.910
|
100%
|
Fonte: Eusrostat
Como mostram os dados do Eurostat, quer se considere em percentagem do PIB,
quer em euros por habitante, a despesa pública com a
proteção social em Portugal, que inclui as pensões,
é inferior quer à dos países mais desenvolvidos europeus
quer à média dos países da União Europeia. Em 2011,
a despesa pública com a proteção social em Portugal
correspondia apenas a 18,1% do PIB quando a média na União
Europeia variava entre 19,6% e 20,2% do PIB. E em euros por habitante, a
diferença era ainda muito maior. Em Portugal o gasto público com
a proteção social por habitante era apenas de 2.910, quando
a média nos países da União Europeia variava entre
4.932 (+69% do que em Portugal) e 5.716 (+96%). E nos países
desenvolvidos a despesa por habitante era muito superior à portuguesa
(Bélgica:+126%; Dinamarca:+274%; Alemanha:+114%; Irlanda:+110%;
França: +151%). Fazer cortes significativos nas prestações
com a justificação de que as despesas em Portugal são
excessivas quando se comparam com outros países da União Europeia
é mais uma mentira para enganar a opinião pública.
EM PERCENTAGEM DA DESPESA TOTAL DO ESTADO, A DESPESA COM AS
FUNÇÕES SOCIAIS EM PORTUGAL É TAMBÉM INFERIOR
À MEDIA DOS PAÍSES DA UE
Por ignorância ou com o objetivo de enganar a opinião
pública, Medina Carreira fala de um limite mítico acima do qual o
Estado e as funções sociais seriam insustentáveis, e que
em Portugal esse limite foi largamente ultrapassado. Observem-se os dados do
Eurostat constantes do quadro 5 que mostram que esse limite mítico
é também uma mistificação e mentira.
Quadro 5- Percentagem que as despesas com as funções sociais
representam em relação às despesas totais do Estado em
Portugal e nos países da União Europeia, 2011
PAÍSES
|
Saúde
|
Educação
|
Proteção Social
|
TOTAL
|
UE27
|
14,9%
|
10,9%
|
39,9%
|
65,7%
|
UE17
|
14,9%
|
10,1%
|
40,7%
|
65,7%
|
Bélgica
|
14,8%
|
11,6%
|
36,6%
|
63,0%
|
Dinamarca
|
14,5%
|
13,5%
|
43,8%
|
71,8%
|
Alemanha
|
15,5%
|
9,4%
|
43,3%
|
68,2%
|
Irlanda
|
15,6%
|
10,9%
|
35,9%
|
62,4%
|
França
|
14,7%
|
10,8%
|
42,6%
|
68,1%
|
PORTUGAL
|
13,8%
|
12,9%
|
36,7%
|
63,4%
|
Fonte : Eurostat
Como revelam os dados do Eurostat, em 2011, 63,4% da despesa do Estado em
Portugal era com as funções sociais do Estado, quando a
média nos países da União Europeia era de 65,7%. No
entanto, na Dinamarca atingia 71,8%, na Alemanha 68,1%, e na França
68,1%, portanto superior e, alguns deles, muito superior. Afirmar como alguns
fazem que as funções sociais do Estado apenas são
sustentáveis se o Estado gastar com elas muito menos de 60% da sua
despesa total revela ou ignorância ou a intenção deliberada
de enganar a opinião pública, Será que a Alemanha, a
Dinamarca, a França, são Estados inviáveis?
Por outro lado, a legitimidade do próprio Estado assenta
fundamentalmente nas suas funções sociais já que elas,
através dos seus efeitos redistributivos, reduz as desigualdades e
melhora de uma forma significativa as condições de vida da
esmagadora maioria da população. Querer reduzir
significativamente a despesa com as funções sociais terá
como consequência inevitável a redução da
legitimidade do próprio Estado aos olhos da população, e
transformará a sociedade numa selva em que só quem tem muito
dinheiro terá acesso aos principais bens necessários à
vida e a uma vida humana com dignidade.
O que é insustentável e inaceitável é que se esteja
a aplicar em Portugal uma politica fortemente recessiva em plena
recessão económica, que está a destruir a economia e a
sociedade portuguesa de uma forma irreparável, provocando a
falência de milhares de empresas e fazendo disparar o desemprego, o que
está a causar uma quebra significativa nas receitas dos Estado e da
Segurança Social pondo em perigo a sustentabilidade de todas as
funções sociais do Estado e do próprio Estado. Mas disto
aqueles comentadores com acesso privilegiado aos média não falam
nem querem falar. Os cortes sobre cortes na despesa pública não
resolvem este problema, apenas agrava ainda mais a recessão
económica, agravando ainda mais todos estes problemas. Como dizia Keynes
só os imbecis é que não entendem isto.
06/Abril/2013
[*]
Economista,
eugeniorosa@zonmail.pt
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|