Em apenas um ano foram destruídos 234,9 mil empregos para trabalhadores com ensino básico
ou menos e 115,2 mil para operários
RESUMO DESTE ESTUDO
O INE acabou de divulgar as Estatísticas do Emprego do 2º Trimestre
de 2009. E os media noticiaram com destaque que o desemprego em Portugal
continuava a aumentar e tinha ultrapassado meio milhão, o que é
dramático para centenas de milhares de famílias portuguesas que
têm o trabalho como principal fonte de rendimento para viver. No entanto
este número global esconde alguns outros aspectos também
dramáticos da evolução do emprego em Portugal pois o
desemprego não está a afectar de forma idêntica todas as
pessoas com diferentes níveis de escolaridade, com diferentes
profissões, em diferentes sectores da economia e de diferentes idades.
Este estudo tem como objectivo fazer uma análise mais fina dos
números publicados pelo INE com o propósito de tornar
visível aspectos também da realidade do desemprego no nosso
País que normalmente são esquecidos ou omitidos, nomeadamente
mostrando quais são os sectores mais frágeis da
população que estão a ser mais atingidos pelo desemprego.
Se considerarmos o período compreendido entre o 2º Trimestre de
2005 e o 2º Trimestre de 2009, ou seja, o período correspondente ao
deste governo, a destruição líquida de emprego atinge
já 55,8 mil, portanto a população com emprego em 2009
é já inferior em 55,8 mil à de 2005. No entanto, se
considerarmos o período 2ªTrim.2008/2ºTrim.2009, verificou-se
uma destruição liquida de emprego muito mais elevada tendo
atingindo 151,9 mil (Quadro I). É evidente que a continuar esta elevada
destruição de emprego liquido, em Setembro de 2009, no lugar dos
novos 150.000 empregos prometidos por Sócrates, teremos sim é
menos 150.000. O que está a suceder é dramático, já
que a economia portuguesa não só não está a criar
emprego para aqueles que entram de novo no mercado de trabalho, mas está
também a destruir o emprego de muitos que o tinham. É por isso
que o desemprego vai continuar a disparar.
No entanto, o desemprego não está atingir de forma igual os
trabalhadores de diferentes níveis de escolaridade No período
compreendido entre o 2º Trim.2008 e o 2º Trim.2009, portanto num ano
apenas, foram destruídos 234,9 mil empregos líquidos (276,6 mil
se se considerar o período 2005/2009) que eram ocupados por
trabalhadores com o ensino básico ou menos. Durante o mesmo
período o numero de empregos ocupados por trabalhadores com o ensino
secundário aumentou em 48,9 mil, e com formação superior
subiu em 34,1 mil (Quadro II).
Também os trabalhadores com diferentes profissões não
estão a ser atingidos da mesma forma. Entre o 2º Trim.2008/2º
Trim.2009, a destruição de emprego líquido em Portugal
atingiu 151,9 mil. Mas 115,2 mil eram empregos ocupados por
"Operários, artífices e trabalhadores similares" e 90,7
mil por "Trabalhadores não qualificados". Enquanto se
verificou uma variação negativa nestas profissões, durante
o mesmo período, o emprego de "Quadros superiores" aumentou em
46,4 mil; o de "Especialistas das profissões cientificas e
intelectuais" em 23,1 mil, etc. (Quadro III)
Igualmente por sectores de actividade económica a
destruição de emprego tem sido diferente. No período
compreendido 2º Trim.2005/2º Trim.2009, o emprego liquido diminuiu em
Portugal em 55,8 mil, mas o emprego na "Industria,
construção, energia e água" reduziu-se em 121,3 mil,
sendo 77,1 mil na industria Transformadora, o que é uma
consequência da rápida e crescente
desindustrialização do País. No período
2ºT2008 a 2ºT2009, a destruição de emprego
líquido no País atingiu 151,9 mil. No entanto, 95 mil foram na
"indústria, construção, energia e água, sendo
74 mil na Industria Transformadora. Entre 2ºTrim.2008 e o 2º
Trimestre de 2009 o emprego líquido no sector de serviços
diminuiu em 20,7 mil, mas no período compreendido entre o
2ºTrim2005/2ºTrim2009 aumentou em 118,8 mil (Quadro IV).
Por grupos etários a destruição líquida de emprego
tem afectado de forma diferente as diferentes idades. Entre o 2º
Trim.2008/2º Trim.2009, portanto apenas num ano, a
destruição liquida de emprego atingiu 151,9 mil, tendo o numero
de empregos ocupados por trabalhadores com idade entre os 15 e 24 anos
diminuído em 53,8 mil, e os com idade entre os 25 e 34 anos baixado em
57,8 mil, o que representa 73,5% do emprego liquido destruído durante
este período (Quadro V)
O número de desempregados que não recebem subsidio de desemprego
tem aumentado (QVI), o que revela uma crescente desprotecção
deste segmento da população que está a ser fortemente
afectado pela crise, atirando muitos deles para a miséria (35% já
viviam abaixo da pobreza em 2008 segundo o INE). Entre Junho de 2008 e Junho de
2009, o desemprego oficial aumentou de 409,9 mil para 507,7 mil (+97,8 mil), o
desemprego efectivo subiu de 546,7 mil para 635,2 mil (+ 88,5 mil), mas o
número de desempregados a receber subsídio de desemprego subiu
apenas de 251,4 mil para 323,2 mil (+71,8 mil). Em Junho de 2009, apenas 64 em
cada 100 desempregados estavam a receber subsídio de desemprego se se
considerar o desemprego oficial; e 51 em cada 100, se se considerar o
desemprego efectivo (Quadro VII). Em resumo, são os trabalhadores dos
segmentos mais frágeis da população mais baixo
nível de escolaridade, os operários e os não qualificados,
etc. que estão a ser mais afectados pelo desemprego e pela
desprotecção.
|
O Instituto Nacional de Estatística (INE) acabou de divulgar as
Estatísticas do Emprego referentes ao 2º Trimestre de 2009. A
atenção dos media concentrou-se fundamentalmente no número
de desempregados, mais de meio milhão (precisamente 507,7 mil) no
2º Trimestre de 2009, que já é um número
dramático. Esta focalização da atenção tem
impedido que se tornem visíveis outros aspectos também
dramáticos do grave problema do emprego e desemprego em Portugal neste
momento. Este estudo tem precisamente como objectivo chamar a
atenção para esses aspectos que normalmente são esquecidos
NUM ANO APENAS A DESTRUIÇÃO LÍQUIDA DE EMPREGO ATINGIU
151,9 MIL E A POPULAÇÃO COM EMPREGO NO 2ºTRIMESTRE DE 2009
É JÁ INFERIOR À DO 2º TRIMESTRE DE 2005
Desde o 2º Trimestre de 2008 tem-se verificado em Portugal, em todos os
trimestres, uma destruição liquida elevada de emprego, e a
população empregada no 2º Trimestre de 2009 é
já inferior à que tinha emprego no 2º Trimestre de 2005,
portanto quando este governo entrou em funções, como mostram os
dados do INE constantes do quadro seguinte.
QUADRO I Evolução do emprego em Portugal no período
2005-2009
PORTUGAL
|
Sexo
|
Valor trimestral
|
2T-2008
2T-2009
|
2T-2005
2T-2009
|
2º T-2005
|
2ºT-2008
|
3ºT-2008
|
4ºT-2008
|
1ºT-2009
|
2ºT-2009
|
Milhares de indivíduos
|
População
empregada
|
HM
|
5 132,0
|
5 228,1
|
5 195,8
|
5 176,3
|
5 099,1
|
5 076,2
|
-151,9
|
-55,8
|
H
|
2 767,1
|
2 808,4
|
2 793,0
|
2 784,4
|
2 718,6
|
2 702,9
|
-105,5
|
-64,2
|
M
|
2 364,9
|
2 419,7
|
2 402,8
|
2 391,9
|
2 380,5
|
2 373,3
|
-46,4
|
8,4
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e de 2009
INE
Se considerarmos o período compreendido entre o 2º Trimestre de
2005 e o 2º Trimestre de 2009, ou seja, o período correspondente ao
deste governo, a destruição liquida de emprego já atinge
55,8 mil. No entanto, se considerarmos o período compreendido entre o
2º Trimestre de 2008 e 2º Trimestre de 2009, verificou-se uma
destruição liquida de emprego muito mais elevada tendo atingindo
151,9 mil postos de trabalho. Desse total, 105,5 mil eram ocupados por homens e
46,4 mil por mulheres. Para além disso, verificou-se em todos os
trimestres deste período, incluindo o 2º Trimestre de 2009, uma
destruição liquida elevada de emprego. No 3º Trimestre de
2008 foram destruídos 32,3 mil; no 4º Trimestre de 2008, 19,5 mil;
no 1º Trimestre de 2009, 77,2 mil empregos; e no 2º Trimestre de 2009
o emprego liquido destruído atingiu 22,9 mil empregos líquidos. E
isto apesar de Sócrates ter anunciado, com a incompetência que o
caracteriza quando fala de temas económicos, que a crise tinha chegado
ao fim. É evidente que a continuar este elevada
destruição de emprego liquido, em Setembro de 2009 no lugar de
termos mais 150.000 novos postos de trabalho como Sócrates prometeu,
teremos sim é menos 150.000. O que está a suceder é
dramático, pois a economia portuguesa não só não
está a criar emprego para aqueles que entram de novo no mercado de
trabalho, mas está sim a destruir o emprego de muitos que o tinham.
É por isso que o desemprego vai continuar a disparar.
NUM ANO APENAS O NÚMERO DE EMPREGOS OCUPADOS POR TRABALHADORES COM O
ENSINO BÁSICO OU MENOS DIMINUIU EM 234,9 MIL
O desemprego não está a atingir uniformemente os trabalhadores
com nível de escolaridade diferentes como mostram os dados do INE
constantes do quadro seguinte.
QUADRO II A destruição liquida de emprego por
níveis de escolaridade
PORTUGAL
|
Sexo
|
Valor trimestral
|
VARIAÇÃO
|
2ºT2005
|
2ºT-2008
|
3ºT-2008
|
4ºT-2008
|
1ºT-2009
|
2ºT-2009
|
2T09-2T05
|
2T09-2T08
|
Milhares de indivíduos
|
Até ao básico - 3º ciclo
|
HM
|
3 705,1
|
3 663,4
|
3 627,5
|
3 577,9
|
3 476,4
|
3 428,5
|
-276,6
|
-234,9
|
H
|
2 108,0
|
2 079,6
|
2 068,5
|
2 040,5
|
1 966,2
|
1 942,7
|
-165,3
|
-136,9
|
M
|
1 597,1
|
1 583,8
|
1 559,1
|
1 537,5
|
1 510,2
|
1 485,8
|
-111,3
|
-98,0
|
Secundário e pós-secundário
|
HM
|
740,5
|
788,5
|
804,1
|
794,8
|
817,1
|
837,4
|
96,9
|
48,9
|
H
|
381,0
|
412,1
|
415,1
|
416,4
|
421,4
|
428,1
|
47,1
|
16,0
|
M
|
359,5
|
376,4
|
389,0
|
378,4
|
395,7
|
409,3
|
49,8
|
32,9
|
Superior
|
HM
|
686,5
|
776,2
|
764,2
|
803,5
|
805,5
|
810,3
|
123,8
|
34,1
|
H
|
278,1
|
316,6
|
309,4
|
327,5
|
330,9
|
332,0
|
53,9
|
15,4
|
M
|
408,4
|
459,6
|
454,8
|
476,0
|
474,6
|
478,3
|
69,9
|
18,7
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º
Trimestre 2009- INE
No período compreendido entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2ª
Trimestre de 2009, portanto num ano apenas, o número de postos de
trabalho ocupados por trabalhadores com o ensino básico ou menos
diminuiu em 234,9 mil (276,6 mil se se considerar o período 2005/2009 de
Sócrates), o que inevitavelmente determinou que uma parte significativa
destes trabalhadores (os que não se reformaram ou não conseguiram
encontrar emprego, mesmo de pior qualidade e mais mal pago do que aquele que
tinham), caíram na situação de desemprego. È
evidente que estes trabalhadores terão muitas dificuldades em arranjar
novo emprego, e se não receberem subsídio de desemprego
cairão certamente na situação de miséria (35%
já viviam abaixo do limiar da pobreza em 2008- INE ).
Durante o mesmo período (2º Trim1008/2ºTrim2009) o
número de trabalhadores empregados com o ensino secundário
aumentou em 48,9 mil, e com formação superior subiu em 34,1 mil.
Está-se assim a registar em Portugal uma reestruturação
dramática do emprego por níveis de ensino porque realizado num
período extremamente curto (um ano apenas). Entre o 2º Trimestre de
2005 e o 2º Trimestre de 2008, portanto em 3 anos, a percentagem da
população empregada com o ensino básico ou menos diminuiu
de 72,2% para 70,1%, ou seja, à media anual 0,7 pontos percentuais (13,9
mil por ano), enquanto no último ano, portanto num ano apenas, diminuiu
2,5 pontos percentuais (234,9 mil num único ano) ou seja, 16,9 vezes
mais.
NUM ANO APENAS O NÚMERO DE EMPREGOS OCUPADOS POR OPERÁRIOS
DIMINUIU EM 115,2 MIL
Por profissões também algumas estão a ser mais afectadas
pelo desemprego do que outras, como revelam os dados do INE constantes do
quadro seguinte
QUADRO III Evolução do emprego por profissões
PORTUGAL
Profissão (CNP-94)
|
Sexo
|
2T2005
|
2T2008
|
2T2009
|
2T2009-
2T2008
|
2T2009-
2T2005
|
Milhares
|
1: Quadros superiores da Administração Pública, dirig. e
quadros superiores de empresa
|
HM
|
494,6
|
304,6
|
351,0
|
46,4
|
- 143,6
|
H
|
325,4
|
210,0
|
241,5
|
31,5
|
- 83,9
|
M
|
169,2
|
94,6
|
109,5
|
14,9
|
- 59,7
|
2: Especialistas das profissões intelectuais e científicas
|
HM
|
433,2
|
465,5
|
488,6
|
23,1
|
55,4
|
H
|
183,7
|
205,0
|
215,6
|
10,6
|
31,9
|
M
|
249,4
|
260,5
|
273,0
|
12,5
|
23,6
|
3: Técnicos e profissionais de nível intermédio
|
HM
|
435,5
|
481,5
|
488,0
|
6,5
|
52,5
|
H
|
247,0
|
251,7
|
264,7
|
13,0
|
17,7
|
M
|
188,5
|
229,9
|
223,3
|
- 6,6
|
34,8
|
4: Pessoal administrativo e similares
|
HM
|
508,7
|
471,2
|
481,6
|
10,4
|
- 27,1
|
H
|
185,5
|
183,8
|
172,9
|
- 10,9
|
- 12,6
|
M
|
323,2
|
287,3
|
308,7
|
21,4
|
- 14,5
|
5: Pessoal dos serviços e vendedores
|
HM
|
680,6
|
796,8
|
790,8
|
- 6,0
|
110,2
|
H
|
223,5
|
260,7
|
243,3
|
- 17,4
|
19,8
|
M
|
457,1
|
536,2
|
547,5
|
11,3
|
90,4
|
6: Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas
|
HM
|
559,7
|
571,2
|
538,9
|
- 32,3
|
- 20,8
|
H
|
273,8
|
287,3
|
278,9
|
- 8,4
|
5,1
|
M
|
285,9
|
283,9
|
260,0
|
- 23,9
|
- 25,9
|
7: Operários, artífices e trabalhadores similares
|
HM
|
940,3
|
1 034,1
|
918,9
|
- 115,2
|
- 21,4
|
H
|
739,5
|
830,3
|
752,2
|
- 78,1
|
12,7
|
M
|
200,8
|
203,7
|
166,6
|
- 37,1
|
- 34,2
|
8: Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da
montagem
|
HM
|
415,8
|
391,2
|
400,3
|
9,1
|
- 15,5
|
H
|
340,9
|
328,1
|
321,7
|
- 6,4
|
- 19,2
|
M
|
75,0
|
63,1
|
78,6
|
15,5
|
3,6
|
9: Trabalhadores não qualificados
|
HM
|
636,5
|
679,4
|
588,7
|
- 90,7
|
- 47,8
|
H
|
222,1
|
222,1
|
186,3
|
- 35,8
|
- 35,8
|
M
|
414,3
|
457,3
|
402,4
|
- 54,9
|
- 11,9
|
0: Forças Armadas
|
HM
|
27,2
|
32,6
|
29,3
|
- 3,3
|
2,1
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º
Trimestre de 2009 INE
Entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, a
destruição de emprego líquido em Portugal atingiu 151,9
mil. No entanto, se a análise for feita por profissões conclui-se
que 115,2 mil diziam respeito a empregos ocupados por "Operários,
artífices e trabalhadores similares" e 90,7 mil por
"Trabalhadores não qualificados". Como a soma dá 205,9
mil, portanto mais 54 mil do que o emprego liquido destruído neste
período, que foi 151,9 mil, isto significa que existiram
profissões onde se verificou aumento do emprego (Quadros superiores:
+46,4 mil; Especialistas: +23,1 mil, etc.). Portanto, está a verificar
também uma forte reestruturação do emprego em Portugal a
nível de profissões, com consequências também
dramáticas, porque muitos destes trabalhadores dificilmente serão
reciclados para novas profissões.
O EMPREGO LÍQUIDO DIMINUIU EM 121,3 MIL NA INDÚSTRIA
TRANSFORMADORA DURANTE O GOVERNO DE SÓCRATES, CONSEQUÊNCIA DA
DESINDUSTRIALIZAÇÃO CRESCENTE DO PAÍS
Durante o governo de Sócrates verificou-se uma destruição
elevada de emprego liquido na industria como revela o quadro seguinte,
construído com dados divulgados pelo INE.
QUADRO IV Emprego por sectores da economia no período 2005 - 2009
PORTUGAL
|
Sexo
|
2º T2005
|
2º T2008
|
2T2009
|
2T2009-
2T2008
|
2T2009-
2T2005
|
Milhares
|
A a B: Agricultura, silvicultura e pesca
|
HM
|
604,6
|
587,4
|
551,3
|
- 36,1
|
-53,3
|
H
|
298,6
|
298,9
|
280,5
|
- 18,4
|
-18,1
|
M
|
306,0
|
288,5
|
270,7
|
- 17,8
|
-35,3
|
C a F: Indústria, construção, energia e água
|
HM
|
1 565,9
|
1 539,6
|
1 444,6
|
- 95,0
|
-121,3
|
H
|
1 130,0
|
1 126,9
|
1 052,9
|
- 74,0
|
-77,1
|
M
|
435,9
|
412,7
|
391,7
|
- 21,0
|
-44,2
|
D: Indústrias transformadoras
|
HM
|
973,1
|
906,3
|
863,6
|
- 42,7
|
-109,5
|
F: Construção
|
HM
|
549,7
|
558,7
|
513,5
|
- 45,2
|
-36,2
|
G a Q: Serviços
|
HM
|
2 961,5
|
3 101,0
|
3 080,3
|
- 20,7
|
118,8
|
H
|
1 338,5
|
1 382,5
|
1 369,4
|
- 13,1
|
30,9
|
M
|
1 623,0
|
1 718,5
|
1 710,9
|
- 7,6
|
87,9
|
Fonte : Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º
Trimestre de 2009 INE
No período compreendido entre o 2º Trimestre de 2005 e o 2º
Trimestre de 2009, o emprego liquido diminuiu em Portugal em 55,8 mil, mas o
emprego liquido na "Industria, construção, energia e
água" reduziu-se em 121,3 mil, sendo 77,1 mil na industria
Transformadora, o que é uma consequência da rápida e
crescente desindustrialização do País. No período
2ºT2008 a 2ºT2009, a destruição de emprego liquido no
País atingiu 151,9 mil, no entanto 95 mil foram na "industria,
construção, energia e água, sendo 74 mil na
Indústria Transformadora.
OS GRUPOS ETÁRIOS MAIS ATINGIDOS PELA DESTRUIÇÃO
LÍQUIDA DE EMPREGO TÊM SIDO OS TRABALHADORES DOS ESCALÕES
15-24 E 25-45 ANOS
Os grupos etários não têm sido afectados de uma forma igual
pela destruição líquida de emprego, como mostra o quadro
seguinte construído com dados divulgados pelo INE
QUADRO V Emprego por grupos etários no período 2005-2009
PORTUGAL
População empregada
|
Sexo
|
Valor trimestral
|
2ºT-2008
|
3ºT-2008
|
4ºT-2008
|
1ºT-2009
|
2ºT-2009
|
2T2009-
2T2008
|
Milhares de indivíduos
|
Dos 15 aos 24 anos
|
HM
|
432,0
|
422,7
|
411,0
|
387,7
|
378,2
|
- 53,8
|
H
|
245,5
|
235,2
|
230,9
|
208,7
|
202,1
|
- 43,4
|
M
|
186,5
|
187,5
|
180,1
|
179,1
|
176,1
|
- 10,4
|
Dos 25 aos 34 anos
|
HM
|
1 348,2
|
1 325,6
|
1 329,5
|
1 302,3
|
1 290,4
|
- 57,8
|
H
|
719,5
|
706,4
|
709,3
|
687,7
|
684,8
|
- 34,7
|
M
|
628,7
|
619,1
|
620,2
|
614,6
|
605,6
|
- 23,1
|
Dos 35 aos 44 anos
|
HM
|
1 329,3
|
1 333,6
|
1 324,0
|
1 323,2
|
1 323,5
|
- 5,8
|
H
|
700,0
|
705,2
|
698,9
|
692,8
|
689,7
|
- 10,3
|
M
|
629,4
|
628,4
|
625,1
|
630,4
|
633,8
|
4,4
|
Dos 45 aos 64 anos
|
HM
|
1 792,7
|
1 787,8
|
1 788,8
|
1 771,7
|
1 770,2
|
- 22,5
|
H
|
961,7
|
967,1
|
967,2
|
957,4
|
954,4
|
- 7,3
|
M
|
830,9
|
820,7
|
821,6
|
814,3
|
815,8
|
- 15,1
|
Com 65 e mais anos
|
HM
|
325,9
|
326,1
|
323,1
|
314,2
|
313,9
|
- 12,0
|
H
|
181,7
|
179,0
|
178,2
|
172,0
|
171,8
|
- 9,9
|
M
|
144,2
|
147,1
|
144,9
|
142,2
|
142,1
|
- 2,1
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2009
INE
Entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, portanto
apenas num ano, a destruição liquida de emprego atingiu 151,9
mil, tendo o numero de empregos de trabalhadores com idade compreendida entre
os 15 e 24 anos diminuído em 53,8 mil, e os com idade entre os 25 e 34
anos baixado em 57,8 mil, que somados dão 111,6 mil, o que representa
73,5% do desemprego destruído durante este período. Parece assim
claro que os grupos etários mais afectados pela destruição
líquida de emprego têm sido, em primeiro lugar, os com idade entre
os 25 e 34 anos e, depois, o grupo entre os 15 e 24 anos, portanto os mais
jovens.
O DESEMPREGO EFECTIVO CONTINUA MUITO ACIMA DO DESEMPREGO OFICIAL
É evidente que esta destruição líquida elevada de
emprego, que está a atingir de uma forma diferenciada os diferentes
grupos da população fez disparar o desemprego no nosso
País. O quadro seguinte, construído também com dados todos
eles constantes das Estatísticas do Emprego do INE, mostra que o
verdadeiro valor do desemprego em Portugal é certamente muito superior
ao desemprego oficial.
QUADRO VI Desemprego oficial e desemprego efectivo no período
2005-2009
DESIGNAÇÃO
|
2º TRIMESTE
|
2005
|
2006
|
2008
|
2009
|
2009-2005
|
POPULAÇÃO ACTIVA Mil
|
5 531,3
|
5 586,4
|
5 638,0
|
5 583,9
|
52,6
|
População Activa+Inactivos disponíveis Mil
|
5607,2
|
5670,2
|
5702,7
|
5648,1
|
40,9
|
DESEMPREGO OFICIAL Mil
|
399,3
|
429,7
|
409,9
|
507,7
|
108,4
|
Inactivos Disponíveis Mil
|
75,9
|
83,8
|
64,7
|
64,2
|
-11,7
|
Subemprego Visível Mil
|
64,4
|
62,6
|
72,1
|
63,3
|
-1,1
|
DESEMPREGO EFECTIVO Mil
|
539,6
|
576,1
|
546,7
|
635,2
|
95,6
|
TAXA OFICIAL DE DESEMPREGO %
|
7,2%
|
7,7%
|
7,3%
|
9,1%
|
1,9 p.p.
|
TAXA EGECTIVA DE DESEMPREGO %
|
9,6%
|
10,2%
|
9,6%
|
11,2%
|
1,6 p.p.
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2006 e 2º
Trimestre 2009- INE
No 2º Trimestre de 2009, o desemprego oficial era de 507.700 o que
correspondia a uma taxa de desemprego de 9,1%. No entanto, se adicionarmos ao
desemprego oficial, os "inactivos disponíveis" (desempregados
que não procuraram emprego durante a semana em que foi feito o
inquérito e que, por isso, não foram considerados no desemprego
oficial, apesar de estarem desempregados) mais o "subemprego
visível" (desempregados que fazem biscates para sobreviver e que
também por isso não foram incluídos no desemprego
oficial); repetindo, se adicionarmos ao desemprego oficial, os "inactivos
disponíveis" e o subemprego visível obtém-se 635,2
mil desempregados, o que corresponde já a uma taxa de desemprego de
11,2%.
Se a análise do desemprego for feita por idades constata-se que, entre o
2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, no grupo 15-24 anos o
desemprego aumentou 20,5% (+14,8 mil); no grupo 25-34 anos cresceu 31,6%
(+37,6 mil); no grupo 35-44 anos subiu 19,5% (+18,8 mil); e no grupo com mais
de 45 anos aumentou em 21,6% (+26,5 mil). Portanto, o grupo que está a
ser mais afectado pelo desemprego é o de 25 a 34 anos, e o com mais de
45 anos, portanto potencialmente os com maior capacidade produtiva.
Se a análise for feita por níveis de escolaridade consta-se que,
entre o 2º Trimestre de 2008 e o 2º Trimestre de 2009, o desemprego
de trabalhadores com o ensino básico ou menos cresceu em 23,9% (+ 70,7
mil); os com o ensino secundário subiu em 37% (+24,4 mil), e com o
ensino superior aumentou em 5,9% (+2,8 mil). Percentualmente o que cresceu mais
foi com o nível de escolaridade correspondente ao ensino
secundário, mas, em valor absoluto, os com o ensino básico ou
menos.
Por duração na situação de desemprego, constata-se
que, no 2º Trimestre de 2009, 5,3% estavam no desemprego há menos
de um mês; 33,1% entre 7 e 11 meses; 19% entre um ano e dois anos; e
27,3% do desempregado há mais de dois anos. Os desempregados que
estavam há mais de um ano na situação de desemprego
representavam 46,3% do total ( 235,2 mil).
O NUMERO DE DESEMPREGADOS SEM SUBSIDIO DE DESEMPREGO TEM AUMENTADO
O número de desempregados que não recebem subsidio de desemprego
aumentou no último ano Junho2008/Junho2009 - como mostra o quadro
seguinte, construído com dados divulgados pelo INE e pelo
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
QUADRO VII Número de desempregados e desempregados a receber
subsidio de desemprego, Jun2008/Junho2009
DATA /Mês
|
Desemprego oficial
Nº
|
Desemprego efectivo
Nº
|
DESEMPREGADOS A RECEBER SUBSIDIO DE DESEMPREGO
Nº
|
DESEMPREGADOS QUE NÃO RECEBEM SUBSIDIO DE DESEMPREGO
|
Em relação ao Desemprego oficial
|
Em relação so Desemprego efectivo
|
Junho de 2008
|
409.900
|
546.700
|
251.402
|
-158.498
|
-295.298
|
Setembro de 2008
|
433.700
|
|
246.696
|
-187.004
|
|
Dezembro de 2008
|
437.600
|
|
254.667
|
-182.933
|
|
Março de 2009
|
495.800
|
|
299.236
|
-196.564
|
|
Junho de 2009
|
507.700
|
635.200
|
323.255
|
-184.445
|
-311.945
|
AUMENTO -Junho2008/Junho2009
|
+ 97.800
|
+ 88.500
|
+ 71.853
|
+ 25.947
|
+ 16.647
|
Fonte: Estatísticas do Emprego - 2º Trimestre de 2009 e dados
sobre os desempregados a receber subsidio do Ministério
M.T.S.S.
Entre Junho de 2008 e Junho de 2009, o desemprego oficial aumentou de 409,9 mil
para 507,7 mil (+97,8 mil), o desemprego efectivo subiu de 546,7 mil para 635,2
mil (+ 88,5 mil), mas o numero de desempregados a receber subsidio de
desemprego cresceu apenas em 71,8 mil, pois passou de 251,4 mil para 323,2 mil.
Como consequência o numero de desempregados sem receber subsidio de
desemprego aumentou em + 25.947 se se considerar o desemprego oficial, e em
mais 16.647 se se considerar o desemprego efectivo.
Em Junho de 2009., segundo o Ministério do Trabalho e da Solidariedade
Social, dos 323.255 desempregados estavam a receber subsídio de
desemprego apenas 223.441 (subsidio médio: 521 euros), recebendo os
restantes 99.814 o subsidio social de desemprego de valor muito
inferior (subsidio médio: 334 euros).
Em resumo, como consequência da elevada destruição de
emprego liquido que se está a verificar em Portugal, com o consequente
disparo do desemprego, são os sectores mais fragilizados da sociedade
portuguesa trabalhadores com um nível de escolaridade igual ou
inferior ao ensino básico; os operários e os trabalhadores
não qualificados; a indústria e os trabalhadores com idade
superior aos 45 35 anos - que estão a ser mais afectados pelo desemprego
e pela falta de protecção social. É urgente alargar o
subsidio de desemprego a mais desempregados, e não o subsidio social de
desemprego como este governo fez, e prolongar a sua duração, assim
como promover a criação de mais emprego, nomeadamente
através do investimento público de efeitos rápidos no
combate ao desemprego.
15/Agosto/2009
[*]
Economista,
edr2@netcabo.pt
Nota: Outros estudos sobre este tema encontram-se disponíveis em
www.eugeniorosa.com
na pasta "DESEMPREGO"
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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