O dia da "saída" da troikaO que o governo quer comemorar em 17/Maio/2014
Recordar que há três anos os portugueses estavam melhor do
que agora
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Milhões |
Milhões |
Milhões |
Milhões |
| 2011 | 3.764,8 | 968,0 | 2.053,5 | 6.786,3 |
| 2012 | 5.329,3 | 968,0 | 3.711,4 | 10.008,7 |
| 2013 | 1.025,6 | 968,0 | 4.312,4 | 6.306,0 |
| 2014 | 3.184,0 | 968,0 | 994,0 | 5.146,0 |
| Total | 13.303,7 | 3.872,0 | 11.071,3 | 28.247,0 |
Os dados do quadro 1 não dão de uma forma instantânea a
dimensão dos cortes de despesa pública nem do aumento de impostos
verificados nos anos de "troika". Para ficar com uma ideia correta
é preciso ter presente que, muitos deles, se adicionaram aos dos anos
anteriores. Mesmo assim, o valor total 28.247 milhões -
não deixa de ser chocante pois eles foram subtraídos aos
rendimentos dos portugueses numa altura em que a esmagadora maioria das
famílias portuguesas faz imensos sacrifícios para sobreviver.
APESAR DOS SACRIFÍCIOS IMPOSTOS AOS PORTUGUESES OS DÉFICES
ORÇAMENTAIS ACUMULADOS DURANTE A TROIKA ULTRAPASSARAM OS 34.600
MILHÕES
O quadro 2, construído com dados oficiais, mostra uma outra faceta das
consequências da política da "troika" e do governo
PSD/CDS que é também escondida pela propaganda oficial
Quadro 2 Défices orçamentais e juros pagos durante o
período da "troika"
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Milhões |
Milhões |
| 2011 | 7.432,9 | 6.890,0 |
| 2012 | 10.641,9 | 7.126,0 |
| 2013 | 9.778,1 | 7.188,8 |
| 2014 | 6.793,3 | 7.324,0 |
| Soma | 34.646,2 | 28.528,8 |
Apesar dos imensos sacrifícios feitos pelos portugueses, que sofreram um
corte brutal nos seus já baixos rendimentos, o governo acumulou
défices orçamentais em quatro anos de
troika
que atingem 34.646,2 milhões (corresponde a 16,9% do valor do PIB
previsto para 2014) que foram engrossar a divida pública e que
terão de ser pagos também pelos portugueses. O valor obtido com o
corte na despesa pública e com o aumento de impostos (28.247
milhões ) não foi para pagar a divida, mas sim entregue aos
credores (UE, FMI, grandes grupos financeiros), sob a forma de pagamentos de
juros que, somados, atingiram 28.528,8 milhões como mostra o
quadro 2.
A REDUÇÃO BRUTAL DAS REMUNERAÇÕES DOS TRABALHADORES
DA FUNÇÃO PÚBLICA E A DESTRUIÇÃO DE
SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS À POPULAÇÃO
O quadro 3, também construído com dados oficiais, mostra de uma
forma quantificada e objetiva, uma outra consequência da politica de
destruição da troika e do governo PSD/CDS.
Quadro 3- Corte brutal na despesa com trabalhadores da Função
Pública e no investimento público
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Milhões |
Milhões |
% do PIB |
Milhões |
% do PIB |
Milhões |
% do PIB |
| 2010 | 172.859 | 38.262 | 22,1% | 21.157 | 12,2% | 5.195 | 3,0% |
| 2011 | 171.126 | 39.540 | 23,1% | 19.422 | 11,3% | 4.010 | 2,3% |
| 2012 | 165.107 | 37.626 | 22,8% | 16.510 | 10,0% | 2.745 | 1,7% |
| 2013 | 165.666 | 41.045 | 24,8% | 17.789 | 10,7% | 2.376 | 1,4% |
| 2014 | 168.955 | 42.239 | 25,0% | 16.389 | 9,7% | 3.041 | 1,8% |
| 2014-10 | 3.977 | +2,9 p.p. | -4.768 | -2,5 p.p. | -2.154 | -1,2 p.p. | |
| Variação 2010-14 | 10,4% | 12,9% | -22,5% | -20,7% | -41,5% | -40,1% | |
Entre 2010 e 2014, ou seja, com a "troika" e com o governo PSD/CDS,
os impostos aumentaram em quase 4.000 milhões (em % do PIB, subiu
de 22,1% para 25%; o INE refere 25,6% em 2013), mas as despesas com os
trabalhadores da Função Pública sofreram um corte de 4.768
milhões (passam de 12,2% para apenas 9,7% do PIB, um valor
inferior à média dos países da UE que ronda 11%), o que
provocou uma forte degradação dos serviços públicos
essenciais prestados à população agravando ainda mais suas
condições de vida. E o investimento público, que já
era diminuto, sofreu um corte de 40,1%, o que contribuiu para o agravamento da
crise económica e social cuja consequência mais visível
é o disparar do desemprego. Eis uma outra consequência da
ação da "troika" e do governo PSD/CDS, que este e os
seus defensores nos media certamente procurarão esconder.
APESAR DE TANTOS SACRIFÍCIOS IMPOSTOS AOS PORTUGUESES E DA VENDA A SALDO
DE EMPRESAS PÚBLICAS A DIVIDA PÚBLICA DISPAROU NOS ANOS DE "
TROIKA
Uma das justificações para a intervenção da "
troika
" em Portugal e de toda esta politica recessiva e destrutiva do governo
PSD/CDS era conter o aumento do endividamento público, o interno e o
externo do país. O que aconteceu nestes anos de
"troika"
foi precisamente o contrario como mostram os dados do Banco de Portugal
constantes do quadro 4.
Quadro 4- A variação do endividamento no período da
"troika"
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Milhões |
Milhões |
Milhões |
% |
Milhões |
| DÍVIDA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS | 188.681 | 252.914 | 64.233 | 34,0% | 258.391 |
| Dívida na ótica de Maastricht | 163.356 | 213.631 | 50.275 | 30,8% | 220.591 |
| % do PIB | Em 2010: 94% | 129% | |||
| DÍVIDAS DAS EMPRESAS PÚBLICAS | 44.456 | 44.886 | 430 | 1,0% | 44.746 |
| DÍVIDAS DAS EMPRESAS PRIVADAS | 305.830 | 306.973 | 1.143 | 0,4% | 306.644 |
| PME (366 mil empresas) | 187.830 | 165.251 | -22.579 | -12,0% | |
| Grandes empresas (1000 empresas) | 71.741 | 89.021 | 17.280 | 24,1% | |
| Sociedades gestoras de Participações Sociais, Grupos económicos (3000 empresas) | 46.287 | 52.701 | 6.414 | 13,9% | |
| DÍVIDAS DOS PARTICULARES (Famílias) | 178.610 | 159.918 | -18.692 | -10,5% | 158.852 |
| POSIÇÃO DO INVESTIMENTO INTERNACIONAL (saldo devedor do país ao estrangeiro) | 184.008 | 196.642 | 12.634 | 6,9% | |
| EMPREGO (milhares) | 4.866 | 4561,5 | -305 | -6,3% | |
| Número de trabalhadores com salários declarados à Segurança Social (milhares) | 3.222 | 2.941 | -281 | -8,7% | 2.906 |
| DESEMPREGO OFICIAL (milhares) | 689 | 827 | 138 | 20,0% |
Em praticamente três anos de "troika" e de governo PSD/CDS, a
divida das Administrações Públicas aumentou em 69.710
milhões , pois passou de 188.681 milhões para
258.391 milhões , ou seja, em média 23.236 milhões
por ano. (com Sócrates aumentou, em média, 10.000
milhões por ano). Mesmo na ótica de Maastritch, que
não inclui toda a divida das Administrações
Públicas, a divida pública aumentou 57.235 milhões, ou
seja, em média 19.078 milhões por ano. E isto apesar da
venda a saldo de empresas e participações públicas no
valor de 8.500 milhões . É uma herança pesada que os
portugueses não têm razões para festejar.
O AUMENTO DA MISÉRIA E A CONCENTRAÇÃO DA RIQUEZA NUMA
MINORIA
Nestes anos de "troika" e de governo PSD/CDS, a pobreza aumentou
assim como a concentração da riqueza, como dados do INE do quadro
5 mostram.
Quadro 5- Aumento da pobreza e concentração da riqueza durante a
"troika"
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Milhares de portugueses |
| Taxa de risco de pobreza (60% da mediana) |
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| Antes de qualquer transferência social | 43,4 | 42,5 | 45,4 | 46,9 | 4.918,5 |
| Após transferências relativas a pensões | 26,4 | 25,4 | 25,3 | 25,6 | 2.684,7 |
| Após transferências sociais | 17,9 | 18,0 | 17,9 | 18,7 | 1.961,1 |
| Indicadores de desigualdade de rendimento | |||||
| Desigualdade na distribuição de rendimentos (S80/S20) | 5,6 | 5,7 | 5,8 | 6,0 | |
| Desigualdade na distribuição de rendimentos (S90/S10) | 9,2 | 9,4 | 10,0 | 10,7 | |
| EU-SILC | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 (Po) | |
A pobreza nos anos de troika não parou de crescer em Portugal. No fim de
2012, 4,9 milhões de portugueses estariam no limiar da pobreza se
não fossem as pensões e outras prestações sociais,
tendo este número aumentado em meio milhão entre 2010 e 2012.
Mesmo após todas as transferências sociais (pensões e
outras prestações), mais de 1,9 milhões de portugueses
continuavam a viver no limiar de pobreza em 2012. Enquanto a pobreza se
generalizava em Portugal para que os credores pudessem receber juros leoninos e
o "seu" capital, os ricos ficaram mais ricos com a "troika"
e com o governo PSD/CDS. Por ex., o décimo mais rico da
população viu o número de vezes que o seu rendimento
é maior do que os 10% mais pobres aumentar de 9,4 vezes para 10,7 vezes
entre 2010 e 2012. Portugal transformou-se com a "troika" e com o
governo PSD/CDS num país cada vez mais bipolarizado, em que uma maioria
tem cada vez menos para viver, e uma minoria apropria-se de uma parte cada vez
maior da riqueza criada no país. É a vitória disto que a
direita quer comemorar no 17 de Maio. A tudo isto há ainda a acrescentar
a generalização do trabalho gratuito na
Administração Pública, o corte de salários e
pensões, o corte do pagamento do trabalho extraordinário para
metade, o embaratecimento dos despedimentos e, mais recentemente, a caducidade
prematura dos CCT para baixar os salários futuros.
O RETROCESSO DA PROCURA INTERNA, NO INVESTIMENTO E DA RIQUEZA CRIADA EM
PORTUGAL DURANTE A
TROIKA
QUE FEZ O PAÍS REGREDIR VÁRIOS ANOS
Os dados do INE constantes do quadro 6 mostram, de uma forma clara, o
retrocesso em anos, em várias áreas fundamentais, para os
portugueses.
Quadro 6 Retrocesso no consumo, no investimento, na procura interna, e
na riqueza criada no país
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Milhões |
Milhões |
Milhões |
Milhões |
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143.824,2 | 33.232,4 | 177.056,6 | 162.953,2 |
| 2011 | 138.513,7 | 29.527,7 | 168.041,4 | 160.915,5 |
| 2012 | 131.320,5 | 25.563,3 | 156.883,8 | 155.717,0 |
| 2013 | 129.130,9 | 23.697,0 | 152.827,9 | 153.609,5 |
| 2010-2013 | -10,2% | -28,7% | -13,7% | -5,7% |
| 2010-2013 | -14.693,3 | -9.535,4 | -24.228,7 | -9.343,7 |
Entre 2010 e 2013, portanto durante o período da "troika",
registaram-se retrocessos significativos (equivalentes a vários anos) em
áreas fundamentais para o desenvolvimento do país, como
são procura interna (-13,7%), o investimento (-28,7%) e a
criação de riqueza (-5,7%), e para o bem estar da
população como é o consumo (-10,2%). O próprio DEO:
2014-2018 reconhece que serão necessários vários anos para
o país alcançar o nível que tinha antes da
"troika" e do governo PSD/CDS. Efetivamente, com taxas de crescimento
da economia que variam entre 1,5% em 2015 e 1,8% em 2018, com o aumento de
consumo privado que varia entre 0,7% e 0,8%, e de consumo público -1,6%
e -0,1% entre 2015 e 2018; e com taxas de crescimento do investimento que
variam entre 3,8% em 2015 e 4,3% em 2017, é fácil de concluir que
o país levaria muitos anos a recuperar da hecatombe que foram a troika e
o governo PSD/CDS. Mas é isto também o que a direita pretende
comemorar no dia 17 de Maio de 2014.
OS MITOS DA DIREITA SOBRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO, E A
"TROIKA" CONTINUA EM PORTUGAL SOB A DESIGNAÇÃO DE
"PACTO ORÇAMENTAL" E GOVERNO PSD/CDS
Um dos mitos construído pela direita, pela "troika" e pelo
pensamento económico único dominante nos média é
que era possível a recuperação e o crescimento
económico em Portugal com base nas exportações, e
destruindo o poder de compra da população. A realidade veio
desmentir tal teoria. Mesmo a recuperação anémica da
economia que se verificou nos últimos dois trimestres só foi
possível com reanimação, embora muito pequena, da procura
interna. Enquanto a economia assentava no aumento das
exportações, ela não parou de se afundar. Para além
disso, e como já tínhamos advertido, qualquer pequena
reanimação da economia determinaria o disparar das
importações, até porque milhares de empresas foram
destruídas pela ação da "troika" e do governo
PSD/CDS. Os últimos dados do INE, já referentes a 2014, confirmam
e reforçam tal conclusão.
Segundo o INE, no 1º Trim.2014, as exportações (11.734,3
milhões ) aumentaram apenas 1,7%, enquanto as
importações (14.333 milhões ) cresceram 6%. E
também segundo o INE,
"O Produto Interno Bruto (PIB) registou, em termos homólogos, um
aumento
de 1,2% em volume no 1º trimestre de 2014, após a
variação de 1,5%
(queda)
observada no 4º trimestre de 2013. A procura externa líquida
(exportações importações)
apresentou um
contributo negativo expressivo
para a variação homóloga do PIB no 1º trimestre,
depois de registar um contributo positivo no trimestre precedente, devido
principalmente ao abrandamento das Exportações de Bens e
Serviços, tendo as Importações de Bens e Serviços
acelerado. A procura interna apresentou um contributo positivo mais
significativo no 1º trimestre, refletindo sobretudo a
evolução do Investimento.
Maior desmentido por uma entidade oficial não podia ser feito ao mito da
direita e de muitos comentadores com acesso fácil aos media. É
neste contexto que o Pacto Orçamental da UE ao impor, para além
do período da "troika", a redução
drástica do défice orçamental e da divida pública,
num curto período de tempo, o que pressupõe a
continuação da austeridade violenta, através da
manutenção de enormes aumentos de impostos e de cortes
significativos na despesa pública, constitui uma forte ameaça a
qualquer recuperação sustentada da economia e ao desenvolvimento
do país como está já a acontecer, o que é
confirmado pelos indicadores negativos divulgados pelo INE.. A manter-se tal
situação Portugal não tem qualquer futuro dentro da zona
do euro. É também isto que uma direita sem sentido e dignidade
nacional pretende comemorar no 17 de Maio de 2014.