A privatização é uma porta para a corrupção
e a indiferença uma porta para a guerra
por Paul Craig Roberts
A ideologia libertária favorece a privatização. Contudo,
na prática habitual a privatização dá resultados
muito diferentes dos postulados pela ideologia libertária. Quase sempre,
a privatização torna-se um caminho para que interesses com boas
ligações saqueiem tanto os fundos públicos como o
bem-estar geral.
A maior parte das privatizações, tais como aquelas verificadas em
França e no Reino Unido durante a era neoliberal
[NR]
e na Grécia hoje e na Ucrânia amanhã, são saqueios
de activos públicos por interesse privados com conexões
políticas.
Outra forma de privatização é entregar
funções tradicionais de governo, tais como a
operação de prisões e muitas funções de
abastecimento dos serviços armados, tais como alimentar as tropas, a
companhias privadas com um grande aumento no custo do serviço.
Basicamente, a ideologia libertária é utilizada para providenciar
contratos públicos lucrativos para umas poucas pessoas favorecidas as
quais então retribuem aos políticos. Isto é chamado de
"livre empresa".
A privatização de prisões nos EUA é um exemplo do
extraordinário custo e injustiça da privatização. A
privatização de prisões exige taxas de encarceramento mais
altas a fim de proporcionar lucratividade. Os EUA, supostamente "uma terra
de liberdade", tem de longe a mais alta de encarceramento de todos os
países do mundo. Os "livres" EUA têm não
só a mais alta percentagem da sua população na
prisão como também o mais alto número absoluto.
A "autoritária" China, com quatro vezes a
população dos EUA, tem menos cidadãos na prisão.
Este artigo mostra quão bem a privatização das
prisões funciona para interesses privados com boas
ligações:
www.globalresearch.ca/privatization-of-the-us-prison-system/5377824
Ele mostra também a vergonha extraordinária, a
corrupção e o descrédito que a privatização
das prisões trouxe para os EUA.
Alguns anos atrás escrevi acerca da condenação de dois
juízes que eram pagos por centros privatizados de detenção
juvenil para sentenciar garotos a destinados às suas
instalações.
Como disseram
Alain de Lille
e posteriormente Karl Marx, "Dinheiro é tudo". Na
América, o dinheiro é tudo o que é importante para o
sistema político e para a maior parte da população.
Basicamente, a América não tem outros valores.
Outra grande fantasia libertária é a Wall Street. Na mitologia
libertária a Wall Street é a mãe dos empresários e
do arranque de companhias que florescem em gigantes industriais,
manufactureiros e comerciais. Nos factos reais, a Wall Street é a
mãe de enorme corrupção. Como mostra
Nomi Prins
em
All The President's Bankers,
isto sempre se verificou.
Ultimamente tem havido uma enchente de denunciantes da Wall Street. Muitos
são relatados por Pam Martens, no seu sítio Wall Street On Parade:
wallstreetonparade.com/...
Ao contrário dos ideólogos libertários, Prins e Martens
são antigos iniciados da Wall Street e sabem do que estão a falar.
Todos os mercados financeiros americanos são manipulados em
benefício de uns poucos. Tivemos a revelação do trading de
alta frequência a correr na frente [dos outros] ordens de compra e venda.
Tivemos a revelação dos grandes bancos a manipularem a taxa de
juro LIBOR e a cotação
(fix)
do preço do ouro em Londres. Tivemos a revelação da
manipulação do Federal Reserve, através dos seus bancos
dependentes, a manipularem o preço do ouro nos mercados de futuros.
Tivemos a revelação em audiências no Congresso da
manipulação de preços de metais e de commodities. O valor
cambial do dólar é manipulado. E assim por diante. Mas nenhuma
cabeça rolou. Recentemente um promotor da SEC, James Kidney,
aposentou-se. Após a sua aposentação, ele proclamou que os
seus casos contra grandes bancos criminosos haviam sido suprimidos pelas mais
altas instâncias da SEC, as quais tinham os olhos cravados em grandes
empregos junto aos bancos que estavam a proteger enquanto permaneciam ao
serviço do governo.
Assim são as coisas. O governo dos Estados Unidos é tão
esmagadoramente corrupto que mesmo as agências reguladoras das
finanças foram corrompidas pelo dinheiro dos capitalistas privadas que
elas deveriam regular.
América, a corrupta. Foi no que se tornou.
Nem mesmo Vladimir Putin entende quão totalmente corrupta e
insensível para com a humanidade é Washigton.
A resposta de Putin à crise criada na Ucrânia pelo golpe de
Washington em Kiev é confiar nos "parceiros ocidentais da
Rússia", na ONU, no regime Obama, em John Kerry, etc, para elaborar
uma solução razoável para a crise.
A esperança de Putin numa solução diplomática
é irrealista. Os governos da NATO são comprados e pagos por
Washington. Exemplo: a Alemanha não é um país. A Alemanha
é uma mera peça do império de Washington. O governo
alemão fará como Washington disser. O governo alemão
representa a agenda de Washington. Os governos europeus a quem Putin
está a falar não estão a ouvir.
Paul Wolfowitz, o neoconservador que como vice-secretário da Defesa
presidiu a orquestração da falsa evidência utilizada pelo
regime Bush para lançar guerra de Washington no Médio Oriente,
declarou a minimização do poder russo como o "primeiro
objectivo" da política externa e militar dos EUA.
"Nosso primeiro objectivo é impedir a re-emergência de um
novo rival, tanto no território da antiga União Soviética
como alhures, que apresente uma ameaça da ordem daquela apresentada pela
antiga União Soviética. Isto é uma
consideração dominante subjacentes à nova
estratégia de defesa regional e exige que nos esforcemos para impedir
qualquer poder hostil domine uma região cujos recursos, sob controle
consolidado, seriam suficientes para gerar poder global".
O que Wolfowitz quer dizer com "poder hostil" é qualquer poder
independente da hegemonia de Washington.
Washington derrubou o governo eleito da Ucrânia a fim de orquestrar uma
crise que distrairia a Rússia das aventuras washingtonianas na
Síria e no Irão e a fim de demonizar a Rússia como um
invasor a reconstruir um império que é um perigo para a Europa.
Washington utilizará esta demonização a fim de romper os
crescentes relacionamentos económicos entre a Rússia e a Europa.
O objectivo das sanções não é punir a
Rússia, mas sim romper relacionamentos económicos.
A estratégia de Washington é audaciosa e implica risco de guerra.
Se no Ocidente os media fossem independentes, o plano de Washington falharia.
Mas o Ocidente tem um Ministério da Propaganda ao invés de media.
O
New York Times
encontrou mesmo um substituto para Judith Miller. Como pode ter esquecido ou
nunca sabido, Judith Miller era a repórter do
New York Times
que recheou o jornal com mentiras neoconservadoras do regime Bush acerca de
armas iraquianas de destruição em massa. Ao invés de
examinar e denunciar as afirmações falsas do regime Bush, o
New York Times
reforçou a argumentação do regime em favor da guerra ao
utilizar a credibilidade do jornal para promover a agenda de guerra
neoconservadora.
O novo Judith Miller é David
M. Herszenhorn, tendo como cúmplices Andrew Roth, Noah Sneider, and
Andrew Higgins. Herszenhorn descarta a totalidade dos relatos dos media russos
quanto aos acontecimentos na Ucrânia como "uma extraordinária
campanha de propaganda" destinada a ocultar da população
russa o facto de que toda a crise ucraniana é culpa do governo russo.
"E assim começou mais um dia de arrogância e
hipérbole, de desinformação, exageros, teorias
conspiratórias, retórica acalorada e, ocasionalmente, absolutas
mentiras acerca da crise política na Ucrânia que provêm dos
mais altos escalões do Kremlin e repercutem na televisão russa
controlada pelo estado, hora após hora, dia após dia, semana
após semana".
www.nytimes.com/...
Nunca havia lido uma peça de propaganda tão descarada como esta
de Herszenhorn. Ele baseia sua reportagem em duas "autoridades":
Lilia Shevtsova do Carnegie Moscow Center, financiado pelos EUA, e Mark
Galeotti, professor da Universidade de Nova York.
Segundo Herszenhorn, os protestos generalizados no Leste da Ucrânia
são totalmente por culpa dos manifestantes que estão a encenar um
show para finalidades de propaganda. Os protestos não são uma
resposta às palavras e feitos do governo fantoche que Washington
instalou em Kiev. Herszenhorn descarta relatos de extrema russofobia neonazi
como "afirmações sinistras" e encara o governo
não eleito imposto por Washington em Kiev como legal. Contudo,
Herszenhorn encara governos constituídos em resultado de referendos como
sendo ilegais a menos que aprovados por Washington.
Se acreditar em Herszenhorn, terá de descartar todas as reportagens como
mentiras e propaganda,
como estas abaixo:
rt.com/news/eu-no-russian-interference-ukraine-844/
news.antiwar.com/...
news.antiwar.com/...
news.antiwar.com/...
rt.com/news/ukrainian-tanks-kramatorsk-civilians-840/
rt.com/news/putin-ukraine-military-operation-740/
www.globalresearch.ca/...
rt.com/news/ukraine-troops-withdraw-slavyansk-940/
O Mundo Ocidental e o Mundo da Matrix protegido pelo Ministério da
Propaganda. As populações ocidentais são subtraídas
à realidade. Elas vivem num mundo de propaganda e
desinformação. A situação real é muito pior
do que a realidade do "Big Brother" descrita por George Orwell no seu
livro,
1984.
A ideologia conhecida como neoconservadorismo, a qual tem controlado os
governos dos EUA desde o segundo mandato de Clinton, atiçou o mundo num
caminho de guerra e destruição. Ao invés de levantar
perguntas acerca deste caminho, os media ocidentais apressam nesse caminho.
Leia o que médicos relataram, resultado da crença dos
neoconservadores do regime Obama de que a guerra nuclear pode ser vencida:
original.antiwar.com/lawrence-wittner/2014/04/14/your-doctors-are-worried/
O governo chinês apelou à
"desamericanização" do mundo. Os parlamentares russos
entendem que fazer parte do sistema de pagamentos dólar é um
subsídio russo ao imperialismo americano. O legislador russo Mikhail
Degtyaryov disse ao
Izvestia
que "O dólar é diabólico. É um papel verde
sujo tingido com o sangue de centenas de milhares de cidadãos civis do
Japão, Sérvia, Afeganistão, Iraque, Síria,
Líbia, Coreia e Vietname":
rt.com/politics/russian-dollar-abandon-parliament-085/
Contudo, porta-vozes da indústria russa, possivelmente na folha de
pagamento de Washington mas mais provavelmente apenas pessoas despistadas,
disseram que a Rússia estava obrigada por contratos para com o sistema
dólar e que talvez em 10 ou 15 anos a Rússia pudesse adoptar uma
abordagem mais inteligente. Isso é assumir que a Rússia ainda
seria capaz de actuar nos seus próprios interesses depois de sofrer mais
10 ou 15 anos do imperialismo financeiro dos EUA.
Todo país que deseje ter uma existência independente sem ter de
viver sob o polegar de Washington deveria imediatamente afastar-se do sistema
de pagamento dólar, o qual é uma forma de os EUA controlarem
outros países. Este é o único objectivo a que serve o
sistema dólar.
Muitos países são afligidos por economistas treinados nos EUA na
tradição liberal.
Sua educação estado-unidense é uma forma de lavagem
cerebral que assegura que os seus conselhos tornem seus governos impotentes
contra o imperialismo de Washington.
Apesar das ameaças óbvias que Washington apresenta, muitos
não reconhecem as ameaças por causa da pose de Washington como
"a maior democracia". Contudo, académicos à procura da
democracia não conseguem encontrá-la nos EUA. A evidência
é de que os EUA são uma oligarquia, não uma democracia:
www.globalresearch.ca/the-u-s-is-not-a-democracy-it-is-an-oligarchy/5377765
Uma oligarquia é um país que é dirigido por interesses
privados. Estes interesses privados Wall Street, o complexo
militar/segurança, petróleo e gás natural e
agronegócio procura a dominação, um objectivo bem
servido pela ideologia neoconservadora da hegemonia estado-unidense.
Os Oligarcas Americanos ganham mesmo quando perdem. Finalmente, a infame
prisão de torturas de Washington, Abu Ghraib, foi encerrada. Mas
não por Washington. A cidade iraquiana caiu na semana para a
"derrotada" al-Qaeda. Lembre-se, nós vencemos a guerra no
Iraque. US3 milhões de milhões desperdiçados, mas esse
não é modo como o complexo militar/segurança vê as
coisas. A guerra foi uma grande vitória para os lucros.
news.antiwar.com/...
Quanto tempo mais americanos estúpidos sucumbirão à fraude
da bandeira a tremular?
Os republicanos utilizaram as guerras a fim de criar enormes défices
orçamentais e dívida nacional que agora estão a ser
utilizadas para desmantelar a rede de segurança social, incluindo a
Segurança Social e o Medicare. Há conversas de privatizar a
Segurança Social e o Medicare. Mais lucros para Oligarcas em oferenda. A
credulidade da população americana é realmente sem igual.
A credulidade do público americano condenará o mundo à
extinção.
17/Abril/2014
[NR]
E em Portugal também.
O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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