Falsas "soluções" para a crise financeira:
A última palavra em teoria económica lixo
Panaceias marginalistas para os problemas estruturais de hoje
por Michael Hudson
Tudo indica que as livrarias estão prestes a ser inundadas neste
Verão por uma floresta de conselhos, de que os editores deram
respeitáveis avanços um ano atrás quando a economia
começou a descarrilar. Procurando minimizar o risco de dissonância
cognitiva, a estratégia de marketing parece estar a oferecer conselhos
de iniciados bem colocados ou de celebridades sobre como voltar à
espécie de almoço gratuito que os planos de pensão
americanos e as esperanças populares de riqueza fácil
haviam há muito ser parte da lei natural do crescimento
económico, bastando apenas que fosse melhor administrado. O que a
fantasia das pessoas quer comprar é que feliz era de 1981-2007 ganhos no
imobiliário, nas acções e nos títulos
através do alavancamento de dívida poderia ser trazida de volta.
Mas a Economia da Bolha estava tão alavancada pela dívida que
não podia razoavelmente ser restaurada. Isto significa que os editores
atingiram o sonho dos comerciantes da obsolescência planeada. Os leitores
de cerca de um anos atrás a partir de agora terão de comprar uma
nova pilha de livros quando sentirem fome outra vez por falta de
proteína intelectual.
Por enquanto somos supostos ficar satisfeitos com as defesas da Wall Street da
tentativa de Bush-Obama (Paulson-Geithner) de re-inflacionar a Bolha
através da dádiva de um salvamento que triplicou a dívida
nacional da América na esperança de fazer com que o
crédito bancário (isto é, mais dívida) crescesse
outra vez. Estima-se que um terço do imobiliário dos EUA esteja
em situação líquida negativa, com taxas de arresto ainda
em ascensão. De modo que os editores têm apenas um estreita janela
de oportunidade para vender o actual dilúvio de livros antes de as
pessoas acordarem para o facto de que tentativa de renovar a Economia da Bolha
tornará os nossos encargos financeiros mais pesados.
Em face desta embrutecedora tendência financeira, a compra de livros pelo
público está a ser alimentada com aperitivos pretendendo que a
recuperação económica simplesmente exige mais
"incentivos" (um eufemismo para isenções fiscais para
os ricos) a fim de encorajar mais "poupança", como se as
poupanças automaticamente financiassem novo capital para investimento e
contratação ao contrário do realmente acontece. O dinheiro
está a ser emprestado para criar ainda mais dívida, dos 90 por
cento da base da economia para com os 10 por cento do topo. Os editores
evidentemente acreditam que o meio de atrair leitores e certamente de
obter resenhas nos media principais é propor
soluções fáceis. O tema da maior parte dos livros neste
ano da Bolha é portanto como podíamos ter evitado a Bolha
"se apenas..." Se apenas tivesse havido melhor
regulamentação, por exemplo.
Mas com que objectivo? Depois de culpar Alan Greenspan por desempenhar o papel
de "idiota útil" ao promover a desregulamentação
e bloquear o prosseguimento da fraude financeira, a maior parte dos autores
afasta-se das panaceias aprovadas: regulamentação federal de
derivativos (ou mesmo proibi-los todos), uma taxa Tobin sobre
transacções de títulos, encerramento de centros
bancários offshore e finalização dos estratagemas de fuga
ao fisco. Mas até agora ninguém chegou a sugerir o ataque
à raiz do problema financeiro através da remoção da
dedutibilidade fiscal geral do juro que tem subsidiado a alavancagem da
dívida, tributar os ganhos de "capital" à mesma taxas
dos salários e dos lucros, ou encerrar as infames escapatórias
fisciais para os sectores das finanças, seguros e imobiliário
(FIRE).
Os editores de direita estão a requentar os seus artigos de fé,
tais como dar mais incentivos fiscais aos "poupadores" (outro
eufemismo para mais dádivas aos ricos) e um orçamento federal
re-equilibrado para evitar o "esmagamento" do investimento privado.
Um dos sonhos da Wall Street é privatizar a Segurança Social para
criar ainda mais uma Bolha para dela alimentar-se. (Felizmente, tais propostas
fracassaram durante a administração republicana de Bush devido
à indignação dos contribuintes após o estouro da
bolha das dot.com em 2000.)
O que não se ouve é um apelo para financiar a Segurança
Social e o Medicare a partir do orçamento geral ao invés de
manter o seu financiamento como um imposto especial regressivo sobre o trabalho
e os seus empregadores, disponível para pilhagem através de
isenções fiscais do Congresso para os escalões elevados de
riqueza. Mas como pode a América alcançar competitividade nos
mercados globais com o seu imposto de aposentadoria pré-poupança
(Segurança Social), o seu seguro de saúde privatizado, os seus
custos de habitação alavancados pela dívida e os encargos
de dívida corporativos? O resto do mundo proporciona custos muito mais
baixos para habitação, cuidados de saúde e custos
relacionados com o empregado ou simplesmente manter o trabalho
próximo dos níveis de subsistência. A nossa falta de
viabilidade é um grande problema para os sonhos continuados de uma
Economia da Bolha renovada, mas a dimensão internacional é
ignorada.
A mais receite panaceia que está a ser oferecida para o arranque da
economia é reconstruir a infraestrutura esgotada da América.
Infelizmente, a Wall Street planeia fazer isto no estilo Tony Blair, por
parcerias público-privadas que incorporam enormes fluxos de pagamentos
de juros dentro da estrutura dos preços enquanto proporciona
comissões de subscrição e administração
à Wall Street. A queda do emprego e dos preços da propriedade
esmagaram as finanças públicas de modo que novo investimento em
infraestrutura tomará a forma de instalação de portagens
privatizadas nos pontos de acesso mais críticos da economia tais como
estradas, além de transportes públicos,
comunicações e água potável.
Surpreendentemente, não se ouve nem mesmo um eco de apelos para
restaurar impostos estaduais e locais sobre a propriedade para os seus
níveis da Era Progressiva de modo a colectar o "almoço
gratuito" da ascensão dos preços da terra e canalizar os
seus ganhos ao longo do tempo como a principal base fiscal. Isto reprimiria os
preços da terra (e portanto a dívida hipotecária)
impedindo que a elevação de valores locativos fosse capitalizada
em novos empréstimos hipotecários contra ganhos de
"capital" e pagos como juros aos bancos. Restaurar a filosofia fiscal
da Era Progressiva (e os níveis de impostos sobre a propriedade
anteriores a 1930) teria a vantagem adicional de comutar o fardo fiscal dos
rendimentos e vendas uma política que tornaria o trabalho, os
bens e os serviços mais acessíveis. Ao invés disso, a
maior parte das reformas de hoje apela a novos cortes nos impostos sobre a
propriedade para promover mais "criação de riqueza" na
forma de uma mais elevada inflação do preço da propriedade
alavancada pela dívida. Ao invés de preços da
habitação em queda e impostos sobre rendimento e vendas sendo
reduzidos, a elevação dos valores locais será simplesmente
reciclada para os bancos para ainda maiores hipotecas, não tributada em
benefício do governo local. Neste cenário, governos locais
são forçados a comutar o fardo fiscal para os consumidores e os
negócios, empobrecendo a comunidade.
Os novos livros advogam meramente mudanças marginais para problemas
estruturais profundos. Eles incluem os habituais apelos pro forma para
re-industrializar a América, mas não tratam da dinâmica da
dívida financeira que solapa o capitalismo industrial neste país
e no exterior. Como estas tímidas "reformas" parecerão,
em retrospectiva, daqui a uma década? O salvamento Bush-Obama pretende
que bancos "demasiado grandes para caírem" enfrentam apenas um
problema de liquidez, não o problema crescente da dívida podre
que agora enfrentamos juntamente com a ampliação da incapacidade
da economia para pagar. A razão porque as Bolhas passadas não
podem ser re-inflacionadas é que elas atingiram o seu limite de
dívida, não só internamente como também o limite
político internacional da Hegemonia Global do Dólar.
O que é preciso escrever acerca disto é aquilo que os
marginalistas deixaram fora da conta e que no jargão académico
chamam-se considerações "exógenas", as quais
acabam por ser o que realmente importa em termos económicos: o encargo
geral da dívida, a fraude financeira e o crime em geral (um dos sectores
mais bem pagos da economia), os gastos militares (uma chave para o
défice da balança de pagamentos dos EUA e portanto para a
acumulação de reservas em dólares nos bancos centrais de
todo o mundo), a proliferação de rendimento não ganho e de
negócios de iniciados políticos. Estes são os
fenómenos nucleares que a ideia desnudada do "livre mercado"
relegou para o porão "institucionalista" do curriculum
académico de ciências económicas.
Exemplo: a imprensa continua a papaguear a lenga-lenga de Washington de que os
asiáticos "poupam" demasiado, o que os leva a emprestarem o
seu dinheiro à América. Mas os "asiáticos" que
poupam estes dólares são os bancos centrais. As pessoas e as
companhias poupam em yuan e yen, não em dólares. Não
são estas poupanças internas que a China e o Japão tem
aplicado em títulos do Tesouro dos EUA no montante considerável
de US$3 milhões de milhões
(trillion).
São os próprios gastos da América os
milhões de milhões de dólares do seu défice de
pagamentos que está a bombear para o exterior, em excesso da procura
estrangeira por exportações dos EUA e compras de companhias,
acções e imobiliário dos EUA. Este défice de
pagamentos não é o resultado de consumidores dos EUA atingirem o
limite máximo dos seus cartões de crédito. Os que
está a ser subestimado são os gastos militares na maior parte dos
anos desde a Guerra da Coreia (1951) que tem sustentado os défices da
balança de pagamentos dos EUA. Agora que países estrangeiros
começam a recuar, esta tendência não pode continuar a
perdurar muito mais tempo.
Visto que o banco central da China é agora o maior detentor de
títulos do governo dos EUA e outros em dólares, ele tornou-se o
principal subsidiador do défice da balança de pagamentos dos EUA
e também do défice interno do orçamento federal dos
EUA. Metade do orçamento federal é constituído por gastos
discricionários de carácter militar. Isto coloca a China na
posição inconfortável de ser o maior financiador do
aventurreirismo militar dos EUA, incluindo as tentativas estado-unidenses de
cercar a China e Rússia para bloquear os seus desenvolvimentos como
rivais económicos durante os últimos cinquenta anos. Não
é o que a China pretendia, mas é o efeito da hegemonia global do
dólar.
Outra tendência que não pode continuar é "o milagre do
juro composto". É chamado de "milagre" porque parece
demasiado bom para ser verdade, e é isto não pode
realmente perdurar por longo tempo. Dívidas fortemente alavancadas
acabam por apodrecer no fim, porque elas acrescentam encargos de juros mais
rapidamente do que a capacidade de uma economia para pagar. Basear a
política nacional sobre sonhos de pagar os juros pela tomada de dinheiro
emprestado contra preços de activos constantemente a inflacionar-se tem
sido um pesadelo para compradores de casas e consumidores, bem como para
companhias alvo de atacantes financeiros que utilizam a alavancagem da
dívida para sacarem activos para si próprios. Esta
política está agora a ser aplicada à infraestrutura
pública posta nas mãos de proprietários
absenteístas, que eles próprios comprarão estes activos a
créditos e incorporarão os encargos de juros resultante nos novos
preços de serviços que colectam, além de lhes ser
permitido que tratem estes encargos como uma despesa dedutível em termos
fiscais. Foi assim que os lobbystas da banca moldaram o sistema fiscal, de um
modo que dirige o novo investimento de ausentes para dívida ao
invés do financiamento de acções.
Os irresponsáveis que aplaudem a Economia da Bolha como
"criação de riqueza" (para utilizar uma das frases
favoritas de Alan Greenspan) gostariam que nós, o seu público,
acreditássemos que eles sabiam desde o princípio que havia um
problema, mas que simplesmente não podiam restringir a
"exuberância irracional" da economia e os
"espíritos animais". A ideia é culpar as vítimas
proprietários de casas forçados à dívida
para ter acesso a habitação, poupadores de fundos de
pensão forçados a deixar uma parte do seu salário para
administradores de dinheiro em grandes firmas da Wall Street e companhias
procurando evitar atacantes corporativos através da tomada de
"pílulas venenosas" na forma de dívidas suficientemente
grandes para impedi-las de serem tomadas. Procura-se em vão um
reconhecimento honesto de como o sector financeiro transformou-se numa gang
estilo Máfia, mais afim dos cleptocratas pós-soviéticos do
que de inovadores schumpeterianos.
Os apressados grasnidos reformistas dos livros pós-Bolha assumem que
atingimos o "fim da história" no que se refere a problemas
financeiros. O que está a faltar é uma crítica do grande
quadro como a colaboração da Wall Street na
financiarização do domínio públicos inaugurou uma
economia neo-feudal de portagem enquanto privatizava o próprio governo,
encabeçado pelo Tesouro e pela Reserva Federal. O que deixam intacto
é a história de como o capitalismo industrial sucumbiu a um
insaciável e insustentável capitalismo financeiro, cuja mais
recente "etapa final" parece ser um jogo de soma zero do capitalismo
de casino baseado sobre swaps derivativos e inovações afins no
jogo dos hedge funds.
O que foi perdido foram as duas grandes reformas da Era Progressiva. Primeiro,
minimização do almoço gratuito do rendimento não
ganho na economia (exemplo: privilégio monopolista e
privatização do domínio público em contraste com o
próprio trabalho e a empresa) pela tributação da renda
propriedade absentista e dos ganhos nos preços de activos, mantendo
monopólios naturais no domínio público e a
regulamentação anti-trust. O objectivo da justiça
económica progressiva era impedir a exploração
exemplo, cobrar mais do que os custos de produção
tecnologicamente necessários e os lucros razoáveis garantidos. As
reformas da Era Progressiva tiveram um subproduto feliz: A
minimização do almoço gratuito permitiu a economias como a
dos Estados Unidos competirem lá fora com outras que não
abraçaram a política fiscal e financeira progressista, criando um
Leviatã que agora caiu de joelhos.
A segunda reforma da Era Progressiva foi dirigir o sector financeiro para a
formação de capital. O crédito industrial era melhor
alcançado na Alemanha e na Europa Central nas décadas anteriores
à I Guerra Mundial. Mas a vitória Aliada levou à
dominância da prática bancária anglo-saxônica baseada
sobre empréstimos contra a propriedade ou fluxos de rendimentos
já existentes. Devido a isto, o crédito bancário de hoje
tornou-se desconectado da formação de capital, tomando a forma
principalmente de crédito hipotecário (80%) e empréstimos
assegurados por acções corporativas (para fusões,
aquisições e ataques corporativos) bem como para a
especulação. O efeito é disparar a inflação
do preço de activos a crédito, de modos que beneficiam poucos a
expensas da generalidade da economia.
As consequências da inflação dos preços dos activos
alavancada pela dívida são mais claras no "Síndrome
Báltico" pós-soviético, ao qual a economia da
Grã-Bretanha está agora a sucumbir. Dívidas são
assumidas em divisa externa (hipotecas imobiliárias, fundos de fuga
fiscal e fuga de capital), sem que as exportações tenham qualquer
perspectiva de cobrir as suas taxas de juros tanto quanto se possa ver. O
resultado é uma armadilha da dívida austeridade
crónica para o mercado interno, provocando mais baixo investimento de
capital e de padrões de vida sem esperança de
recuperação.
Estes problemas ilustram a extensão na qual a economia mundial como um
todo prosseguiu no rumo errado desde a I Guerra Mundial. Este longo desvio foi
facilitado pelo fracasso do socialismo em proporcionar uma alternativa
viável. Embora o estalinismo burocrático da Rússia
tenha-se livrado do almoço gratuito pós-feudal da renda da terra,
da renda de monopólio, dos ganhos com juros, financeiros ou com o
preço da propriedade, os seus encargos gerais burocráticos
predominaram na economia e por fim a Rússia caiu. Ideologia posta de
lado, a questão é se o género anglo-americano de
capitalismo financeiro seguirá o exemplo a partir das suas
próprias contradições internas.
As falhas na economia dos EUA são trágicas porque elas são
intratáveis, embebidas como estão no próprio núcleo
das economias ocidentais pós-feudais. Isto é que é a
tragédia grega, afinal das contas. Uma falha trágica que
amaldiçoa o herói desde o princípio. A falha principal
incorporada na nossa própria economia é o crescimento da
dívida em excesso da capacidade para pagar, a qual faz parte de uma
falha mais vasta o almoço gratuito financeiro que a propriedade e
as finanças pretendem extrair para além dos custos
correspondentes quando medidos em esforço de trabalho e um fardo fiscal
equitativamente partilhado (a teoria clássica da renda
económica). Tal como a tomada de terra e os negócios de
privatização de iniciados, tal riqueza é cada vez mais
herdada, roubada ou obtida através da corrupção
política. Como agravante, a riqueza e o rendimento extraído
através do capitalismo financeiro de hoje evita a
tributação, recebendo com isso um subsídio fiscal real em
comparação com o investimento tangível e o lucro
operacional da indústria. Mas os académicos e os media populares
tratam estas falhas nucleares como "exógenas", isto é,
fora do cerne da análise económica.
Infelizmente para nós e para reformadores a tentarem resgatar a
nossa economia pós-Bolha a história do pensamento
económico foi suprimida para dar a impressão de que a despojada e
grandemente trivializada teoria económica lixo de hoje é o
culminar da história social do Ocidente. Ninguém perceberia a
partir da actual discussão que durante os últimos séculos
existiu um cânone de lógica diferente. Os economistas
clássicos distinguiam entre rendimento ganho (salários e lucros)
e rendimento não ganho (renda da terra, renda de monopólio e
juros). O efeito foi distinguir entre riqueza ganha através do capital e
da empresa que reflecte o esforço do trabalho, e riqueza não
ganha a partir da apropriação de terra e outros recursos
naturais, privilégios de monopólio (incluindo banca e
administração do dinheiro) e ganhos de "capital" devido
à inflação de preços de activos. Mas mesmo a Era
Progressiva não foi muito além procurando purificar o capitalismo
industrial dos resíduos do feudalismo: renda da terra e renda de
monopólio resultante da conquista militar, e exploração
financeira por bancos e (na América) a Wall Street como a
"mãe dos trusts".
O que torna da Bolha de hoje diferente das anteriores é que ao
invés de ser organizada por governos como um estratagema para dar
destino à sua dívida pública criando ou privatizando
monopólios a liquidar por pagamento em títulos do governo, os
Estados Unidos e outros países de hoje estão a entrar
profundamente na dívida simplesmente para pagar aos banqueiros por
empréstimos podres. A economia está a ser sacrificada para
premiar as finanças ao invés de permanecer viável
através da subordinação e canalização das
finanças para promover o crescimento económico através de
uma razoável estrutura de custos na economia em geral. O fardo dos juros
da dívida deprime a economia, provocando deflação de
dívida ao desviar a poupança para pagamentos de dívida ao
invés de investimento de capital. Sob esta condição, a
"poupança" não é a solução para a
retracção económica de hoje; ela é parte do
problema. Em contraste com a acumulação pessoal dos dias de
Keynes, o problema é que o sector financeiro agora está a
utilizar o seu poder extractivo como credor ao invés de cancelar o
excesso de dívida podre da economia do modo historicamente normal, por
uma onda de bancarrotas.
Hoje, o sector financeiro está a traduzir a sua riqueza (a expensas do
contribuinte) em poder político que ameaça arrancar ainda mais
infraestrutura pública das comunidades estaduais e locais e do
domínio público a nível nacional, estilo Thatcher e Blair.
Elas serão vendidas a crédito para compradores rentistas ausentes
para liquidar a dívida pública (enquanto isenções
fiscais sobre a riqueza aumentam ainda mais). Ninguém já recorda
o brado pelo qual Keynes apelou à "eutanásia do
rentista". Entrámos na mais opressiva época rentista desde
os tempos feudais europeus. Ao invés de proporcionar serviços
básicos de infraestrutura ao custo ou a taxas subsidiadas para baixar o
custo nacional de estrutura e assim torná-lo mais razoável
e internacionalmente competitivo a economia está a ser
transformada numa colecção de portagens. Quão desanimador
é que esta onda transitória de livros pós-Bolha fracasse
em colocar a financiarização dos EUA e das economias globais
neste contexto a longo prazo.
22/Maio/2009
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