Crise sistémica global
EUA 2012/2016: Um país insolvente e ingovernável
Como anunciado nos GEAB anteriores, nossa equipe apresenta neste nº 60
suas antecipações sobre a evolução dos Estados
Unidos para o período 2012-1016. Este país, epicentro da crise
sistémica global e pilar do sistema internacional deste 1945, vai
atravessar um período particularmente trágico da sua
história no decurso destes cinco anos. Já insolvente, irá
tornar-se ingovernável provocando para os americanos e aqueles
que dependem dos Estados Unidos choques económicos, financeiros,
monetários, geopolíticos e sociais violentos e destruidores. Se
os Estados Unidos de hoje já são bem diferentes da
"hiper-potência" de 2006, ano de publicação dos
primeiros GEAB que anunciavam a crise sistémica global e o fim do
poderio estado-unidense, as mudanças que antecipamos para o
período 2012-2016 são ainda mais importantes e vão
transformar radicalmente o país, seu sistema institucional, seu tecido
social e seu peso económico e financeiro.
Paralelamente, como a cada mês de Dezembro, avaliamos nossas
antecipações para o ano decorrido. Este exercício muito
raramente praticado pelos think-tanks, peritos e media
[1]
é um instrumento que permite tanto aos assinantes
[2]
como aos nossos investigadores verificar que o nosso trabalho mantém um
forte valor acrescentado e que está em ligação directa com
a realidade. Neste ano o nosso desempenho melhorou ligeiramente e o LEAP/E2020
atingiu um resultado de 82% de êxito nas suas antecipações
para 2011.
Pormenorizamos igualmente nossas recomendações referentes
às divisas, ao ouro, às bolsas e às consequências da
marginalização do Reino Unido no seio da UE
[3]
sobre a libra, o ouro e a dívida britânica e apresentamos alguns
conselhos quanto às evoluções do sistema institucional
americano
[4]
.
Neste comunicado público optámos por apresentar um extracto da
nossa antecipação sobre a evolução dos Estados
Unidos para o período 2012-2016.
Mas antes de abordar o caso americano, queremos fazer o ponto sobre a
situação europeia
[5]
.
Da não deslocação da Eurolândia à
deslocação do Reino Unido
Como antecipado pela nossa equipe, a cimeira europeia de Bruxelas dos dias 7 e
8 de Dezembro últimos desembocou em dois acontecimentos chave:
-
a busca da integração da Eurolândia com uma
aceleração e um reforço das integrações
orçamentais e financeiras e o esboço de uma
integração fiscal
[6]
-
Os governos da zona euro, Alemanha à cabeça, confirmaram a sua
vontade de irem até o fim deste processo, ao contrário de todos
os discursos anglo-saxões e eurocépticos que desde há dois
anos prediziam que a Alemanha abandonaria o euro. Paralelamente, recusam-se a
seguir o caminho do Fed e do Banco da Inglaterra proibindo-se de fazer
trabalhar a impressora de papel-moeda
(Quantitative Easing, QE)
enquanto a disciplina orçamental não estiver assegurada no seio
da Eurolândia
[7]
. Os fracassos evidentes das QE tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido
[8]
confirmam a pertinência desta opção que permitirá
no fim de 2012 iniciar a criação de Eurobonds
[9]
.
Em contrapartida, a "garantia" de que o caso grego, de
"imposição voluntária" de um desconto de 50% aos
credores privados do país, permanecerá uma excepção
é uma promessa que não compromete senão aqueles que nela
acreditam. Ela foi igualmente avançada pelo presidente francês
Nicolas Sarkozy cujos concidadãos sabem muito bem, após cinco
anos de prática, que os seus compromissos não têm nenhum
valor duradouro e são sempre de natureza táctica
[10]
.
- a marginalização duradoura (pelo menos 5 anos) do Reino Unido
no seio da União Europeia confirma de modo gritante que doravante
é a Eurolândia que dirige os assuntos europeus. A incapacidade de
David Cameron para reunir nem que fossem dois ou três dos "aliados
tradicionais" do Reino Unido
[11]
ilustra o enfraquecimento estrutural da diplomacia britânica e a falta
de confiança geral na Europa sobre a capacidade do Reino Unido para
ultrapassar a crise
[12]
. Também é um indicador fiável da perda de
influência dos Estados Unidos sobre o continente uma vez que o envio do
secretário do Tesouro Tim Geithner e do vice-presidente Joe Biden, em
perambulação no continente alguns dias antes da cimeira,
não serviu para nada e não permitiu evitar o fracasso
britânico
[13]
.
Esta cimeira terá sido histórica, mas não ainda por ter
resolvido os problemas financeiros e orçamentais europeus. Como
havíamos antecipado em Dezembro de 2010, e como Angela Merkel acaba de
recordar no Bundestag, o caminho da Eurolândia é um percurso
longo, complexo e caótica, à imagem da rota percorrida desde os
anos 1950 em matéria de integração económica
[14]
. Mas é um caminho que reforça o nosso continente e vai colocar a
Eurolândia no coração do mundo de após a crise
[15]
. Se os mercados não estão contentes com esta realidade, o
problema é deles. Eles vão continuar a ver seus activos-fantasmas
esvaírem-se em fumo, seus bancos e hedge funds abrirem falência,
tentando em vão fazer escalar as taxas de juros sobre as dívidas
europeias
[16]
com o resultado de verem as notas das agências de crédito
anglo-saxónicas perderem toda credibilidade
[17]
.
Esta cimeira é histórica pois confirma e dinamiza o retorno dos
países fundadores da UE aos comandos do projecto europeu e porque mostra
que longe de assistir a um deslocamento da zona euro, o choque tentado por
David Cameron às ordens dos financeiros da City
[18]
levou a uma aceleração do deslocamento do Reino Unido
[19]
. Além do afrontamento entre liberais-democratas e conservadores que a
atitude de Cameron iniciou, fragilizando sempre mais uma
coligação já em más condições, esta
marginalização britânica provoca uma oposição
determinada na Escócia e no País de Gales, cujos dirigentes
proclamam seu apego à UE e sua vontade, no que se refere à
Escócia
[20]
, de aderir ao euro uma vez posto em marcha o processo de independência
por volta de 2014
[21]
.
E, cereja em cima do bolo, a conivência entre a City e o governo
britânico doravante é um tema que ultrapassa as fronteiras
britânicas e reforça a determinação do continente de
por sob controle definitivo esta entidade "fora da lei". Como
havíamos descrito desde Dezembro de 2009 e do início dos ataques
contra a Grécia e a Eurolândia, a City, alarmada pelas
consequências da crise em matéria de regulamentação
europeia, lançou-se num ataque contra a Eurolândia em
gestação, pondo ao seu serviço o Partido Conservador e os
media financeiros anglo-saxónicos
[22]
. O episódio da recente cimeira de Bruxelas marca uma grande derrota
para a City nesta guerra cada vez mais pública, expondo de passagem o
rancor de uma maioria de britânicos não contra a Eurolândia
mas contra a City
[23]
, acusada de parasitar o país
[24]
.
Com 1800 mil milhões de libras de dinheiro público investidos nos
bancos para evitar o seu colapso em 2008, os contribuintes britânicos
são efectivamente os que pagaram mais caro o salvamento dos
estabelecimentos financeiros. E o governo inglês pode muito continuar a
excluir esta soma do cálculo do seu endividamento público
pretendendo que se trata de um "investimento", quando de facto cada
vez menos pessoas do mundo imaginam que os bancos da City recuperarão da
crise, sobretudo desde o agravamento do segundo semestre de 2011: as
acções compradas pelo Estado de facto já não valem
mais nada. O "hedge fund UK" está à beira do
precipício
[25]
... e graças à David Cameron e à City, ele está
isolado, sem ninguém para lhe acudir, nem na Europa nem nos Estados
Unidos.
Com a bolha chinesa
[26]
prestes a juntar-se à recessão europeia e à
depressão americana, a tempestade de 2012 vai determinar se David
Cameron e seu ministro das Finanças George Osborne são
descendentes dignos dos grandes navegadores britânicos.
Mas retornemos agora ao extracto da nossa antecipação sobre o
futuro dos Estados Unidos para o período 2012-2016.
EUA 2012/2016: Um país insolvente e ingovernável
Neste GEAB nº 60, nossa equipe apresenta suas antecipações
do futuro dos Estados Unidos para o período 2012-2016. Recordamos que
desde 2006 e os primeiros GEAB, o LEAP/E2020 descreveu a crise sistémica
global como um fenómeno caracterizando o fim do mundo tal como se
conhece desde 1945, marcando o colapso do pilar americano sobre o qual esta
ordem mundial tem repousado há cerca de sete décadas. Desde 2006
havíamos identificado os anos 2011-2013 como aqueles no decorrer dos
quais o "Muro Dólar", sobre o qual assenta a potência
dos Estados Unidos, ia se deslocar. O Verão de 2011, com a
degradação da classificação de crédito dos
EUA pela agência S&P marcou uma viragem histórica e confirmou que
o "impossível"
[27]
estava mesmo em vias de se concretizar. Parece-nos portanto essencial
proporcionar hoje aos nossos leitores uma visão antecipadora clara sobre
o que espera o "pilar" do mundo de antes da crise no momento, desde o
Verão de 2011, em que esta crise passou à "velocidade
superior"
[28]
.
Assim, segundo o LEAP/E2020, o ano eleitoral 2012 que se abre sobre um fundo de
depressão económica e social, de paralisia completa do aparelho
de estado federal
[29]
, de forte rejeição do bipartidarismo tradicional e de
questionamentos crescentes sobre a pertinência da
Constituição, inaugura um período crucial da
história dos Estados Unidos. No decorrer dos próximos quatro
anos, o país vai ser submetido a choques políticos,
económicos, financeiros e sociais jamais experimentados desde o fim da
Guerra de Secessão
que, acaso da história, começa muito precisamente há 150
anos, em 1861. No decorrer deste período, os
Estados Unidos vão ser simultaneamente insolventes e
ingovernáveis, transformando em "barco à deriva"
("bateau-ivre")
o que foi o "navio almirante" do mundo destes últimas
décadas.
Para tornar compreensível a complexidade dos processos em curso, nossa
equipe optou por organizar suas antecipações neste assunto em
torno de três grandes polos:
1. A paralisia institucional estado-unidense e o deslocamento do bipartidarismo
tradicional.
2. A espiral económica infernal dos EUA:
recessão/depressão/inflação
3. A decomposição do tecido sócio-político
estado-unidense.
A espiral económica infernal dos EUA:
recessão/depressão/inflação (extracto)
Os Estados Unidos terminam o ano de 2011 num estado de fraqueza sem equivalente
desde a Guerra de Secessão. Já não exercem nenhuma
liderança significativa a nível internacional. A
confrontação entre blocos geopolíticos aguça-se e
acham-se confrontados com quase todos os grandes actores do mundo: China,
Rússia, Brasil (e mais geralmente quase toda a América do Sul) e
doravante a Eurolândia
[30]
. Paralelamente, não chegar a dominar um desemprego cuja taxa real
está estagnada em tornos dos 20% no pano de fundo de uma
redução contínua e sem precedente da
população activa (que caiu ao seu nível de 2011
[31]
).
O imobiliário, fundamento da riqueza das famílias
estado-unidenses juntamente com a bolsa, continua a ver os seus preços
caírem ano após ano apesar das tentativas desesperadas do Fed
[32]
de facilitar os empréstimos à economia através da taxa
zero. A bolsa retomou sua baixa interrompida artificialmente pelas duas
Quantitative Easing de 2009 e 2010. Os bancos americanos, cujos balanços
estão muito mais carregados de produtos financeiros derivados do que os
seus homólogos europeus, aproximam-se perigosamente de uma nova
série de falências de que a MF Global é um sinal precursor,
demonstrando a inexistência dos procedimentos de controle ou de alerta
três anos após o colapso da Wall Street em 2008
[33]
.
A pobreza estende-se cada dia um pouco mais através do país, em
que um americano em cada seis depende doravante de selos de
alimentação
[34]
e em que uma criança em cada cinco experimenta episódios de vida
na rua
[35]
. Os serviços públicos (educação, sociais,
polícia, rodoviários, ...) foram consideravelmente reduzidos em
todo o país para evitar as falências de cidades, municípios
ou Estados. O êxito encontrado pela revolta das classes médias e
dos jovens (Tea Party e Occupy Wall Street) é explicado por estas
evoluções objectivas. E os próximos anos verão
estas tendências agravarem-se.
O estado de fraqueza da economia e da sociedade estado-unidense de 2011
é, paradoxalmente, o resultado das tentativas de "salvamento"
efectuadas em 2009/2010 (planos de estímulo, QE, ...) e da
degradação de uma situação "normal"
pré 2008. O ano de 2012 vai assinalar o primeiro ano de
degradação a partir de uma situação já muito
deteriorada
[36]
.
As PMEs, as famílias, as colectividades locais
[37]
, os serviços públicos, ... não têm mais
"colchões amortecedores" para atenuar o choque da
recessão em que o país caiu de novo
[38]
. Havíamos antecipado que o ano de 2012 veria uma baixa de 30% do US
dólar em relação às principais divisas mundiais.
Nesta economia que importa o essencial dos seus bens de consumo, isso se
traduzirá por uma baixa quase equivalente ao poder de compra das
famílias estado-unidenses num fundo de inflação com dois
algarismos.
Os Tea Party e Occupy Wall Street têm portanto belos dias pela frente
pois a cólera de 2011 tornar-se-á a fúria de 2012/2013...
Notas:
(1) Sem falar sequer das agências de classificação que
passam o seu tempo a modificar as suas avaliações, prova de que
não dispõe de nenhuma metodologia fiável e que vagam ao
sabor das pressões e das modas.
(2) Que assim podem julgar directamente tanto a pertinência das nossas
antecipações como a honestidade das nossas
avaliações.
(3) Uma evolução antecipada há muito pela nossa equipe.
(4) A pedido de numerosos leitores estado-unidenses.
(5) É no GEAB 61 ou 62 que apresentaremos nossas
antecipações para a UE 2012-2016.
(6) O presidente da UE, Herman Van Rompuy, quase tem razão ao dizer que
dentro de alguns anos julgar-se-á este fim de ano 2011 como um
"annus mirabilis" para a Europa. Para a nossa equipe, é 2012
que será de facto o ano chave. Fonte:
Le Soir,
13/12/2011
(7) Fonte:
New York Times,
10/12/2011
(8) O Banco de Pagamentos Internacionais (BIS, na sigla em inglês) acaba
de assinalar ao Reino Unidos que a sua política de Quantitative Easing
estava em vias de fracassar. Fonte:
Telegraph,
12/12/2011
(9) Seja o que for que Angela Merkel diga hoje.
(10) Os alemães, holandeses e outros países com excedente
estão igualmente determinados a retornar a este ponto quando chegar o
momento certo. E mantemos nossa antecipação de que 30% da
dívida pública ocidental não será reembolsada em
2012: na Europa, no Japão e nos Estados Unidos.
(11) Ou seja, os países europeus ainda enfeudados a Washington como a
Chéquia de Vaclav Klaus, os países bálticos ou a
Suécia.
(12) Todos os países da zona euro, salvo o Reino Unido, alinharam-se
sabiamente por trás da bandeira da moeda única europeia. Mas sem
dúvida são "irresponsáveis", "idiotas"
ou "inconscientes"... ao contrário dos comentadores dos media
anglo-saxónicos que sabem estar tudo condenado ao fracasso. Assim como
antes de 2008 eles estavam persuadidos da invencibilidade das finanças
anglo-saxónicas ou, até o segundo semestre de 2011, de que a
crise estava sob controle! Fonte:
Libération,
13/12/2011
(13) Este tipo de visitas estado-unidenses de alto nível ou telefonemas
presidenciais, amplamente divulgados pela imprensa dos EUA, pouco antes de uma
cimeira europeia tornou-se uma característica da
administração Obama. Impossibilitada de poder influir sobre os
acontecimentos uma vez que os eurolandeses fizeram compreender a
Washington que devia ocupar-se dos seus próprios assuntos isso
permite fazer com que a opinião pública americana acredite que
Washington continua sempre o "deus ex machina" dos assuntos europeus;
embora nunca desde 1945 a influência dos EUA foi tão fraca sobre a
evolução da Europa. É verdade que sem dinheiro, sem
ameaça comum e sem credibilidade em matéria económica e
financeira, a tarefa dos enviados americanos não é fácil!
(14) Fonte: Euronews, 14/12/2011
(15) Segundo o LEAP/E2020, Angela Merkel é hoje sem
contestação o único "homem de estado" europeu e
mesmo ocidental. Ela não é uma grande visionária mas
é a única responsável política que combina a
necessidade de políticas difíceis com uma visão positiva
do futuro. E seja o que for que se pense, ela dá prova de uma
inegável determinação, uma qualidade necessária
para realizar as coisas que têm importância em política e
que são sempre coisas difíceis.
(16) Dizemos "em vão" por duas razões. Por um lado,
porque as taxas reais actuais não são de todo aquelas que a
imprensa utiliza (ver gráfico acima) e, por outro, porque, segundo as
nossas análises, a Eurolândia em 2012 ou princípio de 2013,
se as taxas continuarem a subir, tratará de arrecadar directamente uma
parte da imensa poupança europeia para desligar-se nas suas
próprias condições dos mercados financeiros
anglo-saxónicos ... que deverão aceitar um enorme desconto
(haircut).
(17) A este respeito, a composição dos accionistas das
três agências esclarece a ausência total de
independência das suas decisões uma vez que estão nas
mãos de alguns grandes bancos e fundos de investimento estado-unidenses
(fonte:
Bankster
). Já é tempo de elas degradarem a
classificação da Eurolândia em vários pontos ...
para que os investidores façam a sua opção: acreditar nas
classificações das agências ou confiar nas suas
próprias opiniões (fonte: CNBC, 15/12/2011). Haverá uma
diferença no fim. Segundo o LEAP/E2020, aqueles que seguirem as
agências serão os maiores perdedores desta crise financeira. E a
tentativa dos governos europeus de "manter a todo preço o seu
AAA", como é o caso de Nicolas Sarkozy, demonstra apenas uma coisa:
eles não fazem senão ouvir os seus amigos financeiros. Quando se
está na Eurolândia e se é o primeiro bloco comercial do
mundo, o detentor da maior poupança mundial, etc..., pode-se zombar das
agências de classificação. Ou se as ignora ou se lhes rompe
as rédeas. Duas coisas que estarão igualmente no programa de 2012.
(18) Os "hedge funds" da City tornaram-se os maiores doadores do
Partido Conservador (ver gráfico acima) que de facto é o seu
intermediário político. E estes mesmos "hedge funds"
têm naturalmente uma ternura particular pelos eurocépticos
britânicos de que Roger Cohen esboça um quadro particularmente
edificante no
New York Times
de 13/12/2011. O que os eurocépticos britânicos reprovam em
Angela Merkel não é que ela seja alemã e sim que
não seja nazi. Se fosse o caso, as suas ideias de "raça
superior" poderiam exprimir-se mais facilmente no seio da UE.
(19) Que se encontra privado de influência sobre decisões que o
afectarão de qualquer maneira. Fonte:
Guardian,
10/12/2011
(20) Fontes: Scottish TV, 12/12/2011; Wales Online, 10/12/2011; Independent,
05/12/2011
(21) A propósito disto, nossa equipe aproveita para partilhar as suas
reflexões sobre a utilização do termo "Unido"
nos nomes de países. Consideramos que todos os países ou
entidades políticas que põem a palavra Unido ou União no
seu nome estão condenados à desunião no dia em que uma
crise grave modifica os equilíbrios internos. O facto de utilizar o
termo "Unido" mascara de facto um problema fundamental de identidade
comum. É por isso que a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas entrou em colapso; que as Províncias Unidas
estão desunidas e que os Estados Unidos assim como o Reino Unido
enfrentam tendências centrífugas crescentes. Também
é por isso que a União Europeia não é uma entidade
política viável (está destinada a não ser
senão um grande mercado, fonte: Spiegel, 18/11/2011) ... ao
contrário da Eurolândia que não tem necessidade de
acrescentar União ou Unido para ter uma identidade comum. Franck
Biancheri, director do LEAP/E2020, exprimiu assim, por estas razões, sua
oposição à adopção da expressão
União Europeia em lugar de Comunidade Europeia no princípio dos
anos 1990.
(22) E utilizando plenamente sua capacidade de manipular as
cotações das divisas e de outros activos financeiros. Uma
aptidão em declínio rápido devido à crise e ao
desmascaramento crescente da manipulação em curso.
(23) Fonte:
Independent,
10/12/2011
(24) A City é uma sobrevivência feudal que escapa a toda
regulamentação séria no seio do Reino Unido. Nem que seja
por ser um imenso centro financeiro que muito poucos controladores
"controlam", apoiada sobre a vasta rede de paraísos fiscais
formada por confetis do antigo império britânico. Para
informação, a France Télévisions acaba de difundir
uma notável reportagem sobre a City em 11/2011. Poder-se-ia dizer que a
City é uma espécie de base de "piratas" à imagem
das
costas bárbaras
que as potências europeias finalmente
dominaram através de campanhas militares no século XIX,
após séculos de piratarias e de tráficos de toda
espécie.
(25) Seja devido ao factor de a dívida ser pública ou privada.
Assim, em 2012 os investimentos imobiliários britânicos
serão incapazes de refinanciar US$156 mil milhões de
empréstimos. Fonte: Bloomberg, 09/12/2011
(26) Fontes:
Telegraph,
14/12/2011;
Les Echos,
01/12/2011
(27) Recordemos que apenas um ano antes parecia totalmente louco antecipar uma
tal degradação. Os peritos financeiros, os media especializados e
outros especialistas do "futuro como cópia conforme do
passado" consideravam impossível uma tal degradação,
ou eventualmente a prazo de cinco ou des anos se a situação
financeira do país continuasse a degradar-se.
(28) Esta exigência é tanto mais forte porque as esferas
mediáticas e financeiras são totalmente parasitadas pelo
"chamariz" que constitui a "crise do euro", destinada, como
sublinhamos desde há dois anos, e ocultar a gravidade da
situação no cerne do sistema financeira mundial, a saber, a Wall
Street e a City. O clamoroso fracasso de David Cameron em Bruxelas, na semana
passada, ilustra igualmente o pânico que reina no coração
das finanças anglo-saxónicas.
(29) A Eurolândia, apesar das suas "desvantagens"
contantemente recordadas pelos media anglo-saxónicas e dos sarcasmos
histéricos dos intermediários da Wall Street e da City, conseguiu
desde há cerca de dois anos construir toda uma nova aparelhagem
político-institucional para atravessar a crise e preparar-se para o
mundo de amanhã. Os Estados Unidos ao contrário verificaram-se
totalmente incapazes da menor iniciativa para adaptarem-se à nova ordem
mundial como mostrou recentemente o fracasso da super-comissão de
redução do défice apesar do seu objectivo bem limitado de
1500 mil milhões de reduções ao longo de 10 anos (ver o
gráfico acima). A História dos Estados, tal como a das
espécies, mostra entretanto que a capacidade de adaptação
é essencial para a sobrevivência; e que isto é uma lei que
não tem excepção.
(30) No seu belo
poema "Se"
, Rudyard Kipling escrevia "...Se
puderes suportar ouvir tuas palavras / Travestidas por trapaceiros para enganar
tolos, / E ouvir mentirem sobre ti suas bocas loucas / Sem que mintas tu mesmo
uma única palavra... Então os Reis, os Deuses, a Fortuna e a
Vitória / Serão para sempre seus escravos submissos". E este
conselho vale tanto para as colectividades quanto para os indivíduos
pois a leitura imprensa anglo-saxónica a propósito do euro e da
Eurolândia faz com que a nossa equipe pense irresistivelmente nesta
passagem do poema. Contudo, com a marginalização do Reino Unido
no seio da UE e a aceleração da integração da
Eurolândia (conforme as nossas antecipações), constatamos a
ultrapassagem de uma barreira psicológica na Eurolândia: já
não é tempo de poupar as susceptibilidades dos nossos
"aliados" anglo-saxónicos, mas muito simplesmente de nos
protegermos dos ataques dos nossos adversários anglo-saxónicos.
Ao contrário dos media e dos peritos "mainstream" da Wall
Street e da City, os eurolandeses não perdem tempo a "travestir as
palavras para enganar tolos"; eles contentam-se em levar em conta a
realidade, a avançar ignorando-os e a cortar uma por uma as cordas que
os ligam às praças financeiras (e amanhã políticas)
britânicas e americanas. Nossa equipe não pode resistir ao prazer
de apresentar uma nova ilustração da manipulação
quotidiana de informação em que a maior parte dos media
britânicos e americanos se tornou especialista. Assim, no quadro da nossa
rubrica "os trapaceiros falam aos tolos", MarketWatch publicou em
14/12/2011 um artigo intitulado "Os gestores de fundos temem uma
deslocação da zona euro". Ora, o que é que se
descobre no interior do artigo? Que o seu principal temor (para 75% dentre
eles) era uma nova degradação da classificação dos
EUA (48% pensam que acontecerá em 2012) e que somente 44% deles pensavam
que havia um risco de que um país saia um dia da zona euro, sem
mencionar o prazo. Uma titulação honesta deveria portanto ter
sido "Os gestores de fundos tem uma nova degradação da
classificação dos EUA". Mas, como se diz em francês,
"à la guerre, comme à la guerre!"
(faça o que é preciso fazer).
(31) Quanto no mesmo tempo a população dos EUA aumentou em 30
milhões de pessoas, ou seja, uma alta de 10%. Fonte:
Washington Post,
02/12/2011
(32) Para a nossa equipe, 2013/2014 vai proporcionar, através do
Congresso e devido a um apoio maciço na opinião pública,
uma ocasião sem precedentes para reclamar um desmantelamento do Fed. As
convicções anti-federais dos Tea Parties e aquelas anti-Wall
Stret encontrarão aí um ponto de convergência
irresistível.
(33) A este respeito, é particularmente interessante constatar que as
agências de classificação, Moody's à cabeça,
mais uma vez nada viram aproximar-se uma vez que no fim do Verão de 2011
a MF Global era recomendada por estas agências ... quando aquela
sociedade já estava mesmo em vias de retirar dinheiro das contas dos
seus clientes para tentar sobreviver. Aqueles que acreditam que os seus
investimentos estão melhor protegidos na Wall Street ou na City que
meditem sobre este "pormenor".
(34) Fontes: MSNBC, 11/2011; RT, 08/12/2011
(35) São números que doravante classificam o país
integralmente na categoria "terceiro mundo" em matéria social.
Fonte: Beforeitsnews, 29/11/2011
(36) O país já não gera crescimento, como explica Gregor
McDonald em SeekingAlpha de 05/12/2011.
(37) Fonte:
Washington Post,
29/11/2011
(38) O país de facto nunca saiu desde 2008, salvo tecnicamente devido a
medidas macroeconómicas. Mas ninguém se alimenta de macroeconomia
... salvo os economistas.
15/Dezembro/2011
[*]
Global Europe Anticipation Bulletin.
O original encontra-se em
www.leap2020.eu/...
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
.
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