Uma guerra curta e vitoriosa: A varinha mágica do presidente dos EUA
Trump quer resolver seus problemas com uma agressão à Coreia
Ao juntar bocados de informação vindos de várias
fontes chega-se à conclusão de que um ataque antecipativo
(pre-emptive)
dos EUA contra a Coreia do Norte é uma possibilidade que se pode tornar
realidade muito em breve. Toda a gente sabe isso está repleto de
implicações e ninguém as quer, mas há uma boa
razão para acreditar que está prestes a acontecer.
O líder norte-coreano Kim Jong Un
supervisionou
o teste de um novo sistema de armas anti-aéreas e ordenou a sua
produção em massa e a respectiva instalação por
todo o país. Isto verificou-se depois de Pyongyang ter efectuado um
segundo
teste de míssil
, há cerca de uma semana, enviando dia 21 de Maio um míssil
balístico de alcance médio para as águas da costa Leste.
Se está planeado um ataque para deitar abaixo o programa nuclear e de
mísseis balísticos, seria melhor se fosse efectuado antes de os
sistemas de defesa aérea estarem instalados.
O programa de mísseis da Coreia do Norte está a progredir mais
rapidamente do que se esperava,
disse
em 16 de Maio o ministro da Defesa Coreia do Sul, depois de o Conselho de
Segurança da ONU ter condenado o lançamento de um míssil
de longo alcance e exigido a Pyongyang a interrupção dos testes
de armas. A Coreia do Norte desafiou todos os apelos para deter seus programas
nuclear e de mísseis, incluindo os da Rússia e da China. A
liderança do país declara abertamente que trabalha para
desenvolver um míssil com ogiva nuclear capaz de atingir o
território continental dos EUA e os testes recentes são passos
rumo a esse objectivo. A Coreia do Norte efectuou cinco testes nucleares
até agora, incluindo os dois do ano passado.
Durante a cimeira EUA-China em Mar-a-Lago, na Florida, no princípio de
Abril, o presidente chinês Xi Jinping pediu ao presidente Donald Trump um
período de graça de 100 dias para tratar das
provocações militares da Coreia do Norte. O lançamento de
21 de Maio põe em dúvida a eficácia das medidas tomadas. O
período de 100 dias acabaria no momento da cimeira do G20, em 7-8 de
Julho na Alemanha, efectuada tendo a Coreia do Norte como ponto alto na agenda.
Os líderes dos EUA e da China considerarão esta questão
candente à margem do evento.
Enquanto isso, um terceiro porta-aviões estado-unidense, o USS Nimitz,
será deslocado por Washington para lado ocidental do Oceano
Pacífico a fim de juntar-se aos dois porta-aviões estacionados
próximos das costas da Península Coreana em vista da crise. O USS
Nimitz juntar-se-á ao USS Carl Vinson e ao USS Ronald Reagan naquela
área. Três dos grupos de porta-aviões, do total de onze,
são uma enorme força que só é deslocada para uma
operação em grande escala que está próxima.
Os EUA está a efectuar um outro teste do seu sistema balístico de
intercepção de mísseis
(Ground-Based Midcourse Defense, GMD)
destinado a deitar abaixo um míssil balístico intercontinental
(ICBM) simulando um ICBM norte-coreano apontado aos EUA. Os militares têm
utilizado o sistema GMD para interceptar outros tipos de mísseis, mas
nunca um ICBM.
Finalmente,
foi revelado recentemente
que os militares estado-unidenses moveram dois submarinos nucleares rumo
à Coreia do Norte. O presidente Trump
estava provavelmente a referir-se
a um míssil guiado submarino
(guided missile submarine, SSGN)
da classe Ohio, o USS Michigan, o qual fez uma visita oficial ao porto de
Busan, na Coreia do Sul, em 25 de Abril, e ao submarino de ataque (SSN) da
classe Los Angeles USS Cheyenne, o qual em 2 de Maio visitou Sasebo, no
Japão, no âmbito do seu posicionamento regional. A US Navy tem em
média posicionados no mundo, em qualquer dia do ano, até dez
submarinos de ataque das classes Los Angeles, Seawolf ou Virginia.
Trump tem dito que "um grande, grande conflito" com a Coreia do Norte
é possível por causa dos seus programas nuclear e de
mísseis e que
todas as opções estão em cima da mesa
. Em 19 de Maio, o secretário da Defesa dos EUA, Jim Mattis,
exprimiu
uma posição cautelosa quanto à acção
militar imediata contra a Coreia do Norte.
O presidente dos EUA
está sob assalto
de todos os lados. A possibilidade do seu impeachment
é discutida abertamente
nos media e no Congresso.
Segundo
[a publicação] Politico, conservadores começam a
murmurar: presidente Pence.
Donald Trump sabe que acções militares são uma ferramenta
eficaz para aumentar classificações [de popularidade]. O
presidente viu uma alta nos números dos inquéritos após o
ataque com mísseis de cruzeiro na Síria que ele ordenou em 7 de
Abril. Sua taxa de aprovação
saltou
de 34 para 42 por cento. Ela
subiu ainda mais
, de 42 para 50 por cento, depois de a "Mãe de todas as
bombas" ter sido utilizada em 13 de Abril contra posições do
Estado Islâmico no Afeganistão. O apoio público deslizou
dramaticamente
para baixo
, para 38 por cento, desde então. O presidente está num aperto.
Algo precisa ser feito de imediato para rectificar a situação.
A tendência é inquietante e o melhor caminho consagrado para
reverter isto é uma guerra curta e vitoriosa. Na verdade, é um
grande risco. Mas acontece que bombardear alguém como meio de obter
popularidade pode ser uma tentação impossível de resistir.
Um sexto teste nuclear norte-coreano ou um disparo de teste de um míssil
balístico intercontinental pode estimular a acção mesmo
antes de o "período de graça" dos 100 dias ter acabado.
As forças estão ali e prontas para a acção. Elas
não podem ser mantidas em alta prontidão de alerta por demasiado
tempo. Enquanto a atenção do mundo está presa na
Síria, um conflito de grande escala com terríveis
consequências pode desencadear-se a qualquer momento e a probabilidade
é muito alta.
29/Maio/2017
[*]
Coronel, na reforma, perito russo em questões de segurança
internacional.
O original encontra-se em
www.strategic-culture.org/...
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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