Documento oficial da US Air Force revela as verdadeiras intenções
por trás do Acordo Militar EUA-Colômbia
Um documento oficial do Departamento da Força Aérea dos EUA
revela que a base militar de Palanquero na Colômbia providenciará
ao Pentágono "uma oportunidade de conduzir operações
de todo o tipo na América do Sul." Esta informação
contradiz as explicações dadas pelo presidente colombiano
Álvaro Uribe e o Departamento de Estado dos EUA relativas ao acordo
militar assinado entre as duas nações no passado dia 30 de
Outubro. Ambos governos afirmaram publicamente que o acordo militar se cinge a
operações anti-tráfico e anti-terroristas dentro do
território colombiano. O presidente Uribe reiterou numerosas vezes que o
acordo militar com os EUA não afectará os vizinhos da
Colômbia, apesar da preocupação existente na região
quanto aos seus verdadeiros objectivos. Mas, o documento da Força
Aérea Norte-Americana, datado de Maio de 2009, confirma que as
preocupações das nações sul americanas não
eram indevidas. O documento expõe que a verdadeira
intenção por trás do acordo é de permitir que os
EUA lancem "operações militares de todo o tipo numa
sub-região crítica do nosso hemisfério, onde a
segurança e a estabilidade estão sob ameaça constante de
movimentos insurgentes financiados pelo narcotráfico (...) e de governos
anti-EUA."
O acordo militar entre Washington e a Colômbia autoriza o acesso e o uso
de sete instalações militares em Palaquero, Malambo, Tolemaid,
Larandia, Apíay, Cartagena e Málaga. Para além disso, o
acordo autoriza "o acesso e o uso, segundo a necessidade, de outras
instalações e locais" na Colômbia, sem
restrições. Juntamente com a total imunidade, o acordo
prevê que os militares e civis norte-americanos, incluindo forças
privadas de defesa e segurança, estejam autorizados a utilizar qualquer
instalação do país incluindo aeroportos comerciais
para fins militares, o que significa a renúncia completa da
soberania colombiana e oficialmente converte a Colômbia num
Estado-cliente dos EUA.
O documento da Força Aérea sublinha a importância da base
militar em Palanquero e justifica os 46 milhões de dólares
pedidos no orçamento de 2010 (agora aprovado pelo Congresso
norte-americano) para melhoria da pista e das instalações
associadas, de forma a torná-la um Local de Segurança Cooperativa
(Cooperative Security Location,
CSL). "Estabelecer um CSL em Palanquero adequa-se melhor à
Postura Estratégica no Teatro de operações do Comando
Combatente
(Command Combatant,
COCOM) e demonstra o nosso empenho nesta relação. O
desenvolvimento deste CSL cria uma oportunidade única para lançar
operações militares de todo o tipo numa sub-região
crítica do nosso hemisfério, onde a segurança e a
estabilidade estão sob ameaça constante de movimentos insurgentes
financiados pelo narcotráfico, de governos anti-EUA, de pobreza
endémica e de desastres naturais recorrentes."
Não é difícil imaginar que governos na América do
Sul são considerados por Washington como "governos anti-EUA".
As constantes posições e declarações agressivas
emitidas pelos Departamentos de Estado e de Defesa contra a Venezuela e a
Bolívia, e até certo grau contra o Equador, evidenciam que as
nações da ALBA são as que Washington descreve como
"ameaça permanente". Classificar um país de
"anti-EUA" é considerá-lo como inimigo dos Estados
Unidos. Neste contexto, torna-se óbvio que o acordo militar com a
Colômbia é uma reacção dos EUA a uma região
que agora considera pejada de "inimigos".
A luta contra o narcotráfico é secundária
Segundo o documento da Força Aérea dos EUA, "O acesso
à Colômbia vai aprofundar a sua parceria estratégica com os
Estados Unidos. A forte relação de cooperação em
segurança também oferece uma oportunidade de conduzir
operações de todo o tipo na América do Sul, incluindo o
reforço das capacidades de combate ao narcotráfico".
Torna-se evidente por esta afirmação que a luta contra o
narcotráfico é secundária relativamente aos verdadeiros
objectivos do acordo militar entre a Colômbia e Washington. Novamente,
há aqui um claro contraste com as repetidas declarações
dos governos de Uribe e Obama insistindo que o objectivo principal do acordo
é combater o narcotráfico. A Força Aérea sublinha
antes a necessidade de melhorar as operações militares de todo o
tipo na América do Sul não apenas na Colômbia
de maneira a combater as "ameaças constantes" de
"governos anti-EUA" na região.
Palaqueros é a melhor opção para uma mobilidade continental
O documento da Força Aérea explica que "Palaquero é
sem dúvida o melhor local para investir no desenvolvimento de
infra-estruturas dentro da Colômbia. A sua localização
central permite alcançar (...) áreas de operações
(...) [e] o seu isolamento maximiza a Segurança Operacional
(Operational Security,
OPSEC) e Protecção da Força ajudando a minimizar o perfil
da presença militar dos EUA. A intenção é
rentabilizar a infra-estrutura existente ao máximo possível,
melhorar a capacidade dos EUA de responder rapidamente a uma crise e assegurar
acesso e presença regional a menor custo. [A base de] Palanquero apoia a
mobilidade da missão por providenciar acesso facilitado a todo o
continente sul-americano, com excepção do Cabo Horn (...) "
Espionagem e guerra
Adicionalmente, este documento confirma que a presença militar
norte-americana em Palanquero vai melhorar a capacidade de
operações de espionagem e de recolha de informação,
e vai permitir o aumento da capacidade de combate na região das
forças armadas norte-americanas. "O desenvolvimento deste CSL vai
aprofundar a parceria estratégica forjada entre os EUA e a
Colômbia e é do interesse das duas nações (...)
Presença que também alargará a nossa capacidade de
desencadear operações de recolha de informação,
vigilância e reconhecimento
(Intelligence, Surveillance and Reconnaissance, ISR),
melhorar o alcance global, suprir necessidades logísticas, melhorar
parcerias, melhorar a cooperação de segurança em teatros
de operações e expandir a capacidade de operações
expedicionárias".
A linguagem de guerra incluída neste documento evidencia as verdadeiras
intenções do acordo militar entre Washington e Colômbia:
estão a preparar-se para uma guerra na América Latina. Os
últimos dias foram recheados de conflito e tensão entre a
Colômbia e a Venezuela. Há poucos dias, o governo venezuelano
capturou três espiões do Departamento Administrativo de
Segurança (DAS) a agência de serviços secretos
colombiana e descobriu diversas operações de espionagem e
destabilização contra Cuba, Equador e Venezuela. As
operações 'Fénix', 'Salomón' e
'Falcón', respectivamente foram reveladas em documentos
encontrados com os agentes da DAS capturados. Há aproximadamente duas
semanas, 10 corpos foram encontrados em Táchira, uma zona
fronteiriça com a Colômbia. Completadas as
investigações necessárias, o governo venezuelano concluiu
que os corpos pertenciam a paramilitares colombianos infiltrados em
território venezuelano. Esta perigosa infiltração
paramilitar colombiana faz parte de um plano de destabilização
contra a Venezuela que procura criar um estado paramilitar dentro do
território venezuelano, de maneira a enfraquecer o governo do presidente
Chávez.
O acordo militar entre Washington e a Colômbia virá apenas
aumentar as tensões regionais e a violência. A
informação revelada pelo documento da Força Aérea
dos EUA evidencia de forma inquestionável que Washington procura
promover um estado de guerra na América do Sul, utilizando a
Colômbia como rampa de lançamento. Antes da
declaração de guerra, os povos da América Latina devem
permanecer fortes e unidos. A integração Latino-Americana
é a melhor defesa contra a agressão do império.
*O documento da Força Aérea dos EUA foi submetido em Maio de 2009
ao Congresso norte-americano como parte da justificação do
orçamento para 2010. É um documento oficial do governo e atesta a
autenticidade do "Livro Branco: Estratégica Global em curso do
Comando de Mobilidade Aérea dos EUA"
White Book: Global Enroute Strategy of the US Air Mobility Command),
que foi denunciado pelo presidente Chávez no encontro da UNASUL em
Bariloche na Argentina no passado dia 28 de Agosto. Coloquei o documento
original e a tradução não oficial para castelhano que
efectuei das partes relevantes do documento referentes a Palanquero no site do
Centro de Alerta para a Defesa dos Povos
(Centro de Alerta para la Defensa de los Pueblos),
um novo espaço que estamos a criar para garantir que a
informação estratégica está disponível para
aqueles que se encontram sob permanente ameaça de agressão
imperialista.
06/Novembro/2009
Documento original em inglês:
www.centrodealerta.org/
Tradução não oficial para castelhano:
www.centrodealerta.org/
[*]
Promotora federal de Nova York, vive em Caracas desde 2005. Autora de
"The Chávez Code: Cracking US Intervention in Venezuela",
"Bush vs. Chávez: Washington's War on
Venezuela", "The Empire's Web: Encyclopedia of
Interventionism and Subversion"; "La Mirada del Imperio
sobre el 4F: Los Documentos Desclasificados de Washington sobre la
rebelión militar del 4 de febrero de 1992"
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=15951
e em
Postcards from the Revolution
. Traduzido pelo colectivo
Leitura Capital.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|