Estamos às portas de outro quatriênio de ofensiva
oligárquica contra o povo
por FARC-EP
Com o triunfo ilegítimo do continuísmo, repudiado pela
abstenção da cidadania, o país entrou em um processo de
radicalização da luta política no qual o povo será
protagonista de primeira grandeza.
Toda a maquinaria do Estado, todos os recursos mafiosos do governo, suas manhas
delitivas de fraude e corrupção, de chantagem e
intimidação, foram postos a serviço da vitória do
continuísmo, procurando desesperadamente por essa via um escudo que
proteja Uribe da iminente acusação do povo e da justiça,
diante de uma gestão criminosa e de lesa-pátria.
O regime de Uribe foi a mais séria tentativa de impor violentamente um
projeto político da extrema-direita neoliberal baseado no
paramilitarismo. Seu governo passará à história como o
mais vergonhoso das últimas décadas, o mais assassino de sua
população civil, o mais submisso à política dos EUA
e, devido a esta circunstância, o mais compulsivo provocador de
instabilidade nas relações com os países vizinhos.
Durante estes oito anos governou a mentira e a falsidade, a
manipulação e o engano. Uribe e o continuísmo fizeram
acreditar que sua política de segurança era de todos, quando na
realidade somente assegurava, através da repressão, os lucros de
privilegiados setores investidores, que aumentaram o desemprego e a pobreza.
Fizeram acreditar que defender a soberania era entregar a pátria ao
governo de Washington e transformar a Colômbia em um país ocupado
militarmente por uma potência estrangeira. Arranjaram tudo para pousar de
paladinos da luta contra o narcotráfico. Dizem ao país que
não existem guerra nem conflito armado, mas não explicam porque
há "Plano Patriota" e invasão ianque...
"Segurança democrática" são os falsos positivos
e a impunidade. É poder eleger como Presidente o ministro da defesa que
mais estimulou estes crimes de lesa-humanidade. É repartir terras
à agro-indústria paramilitar porque essa tem sim fortaleza
financeira e os pobres trabalhadores rurais não. E é subsidiar ou
presentear de maneira segura verbas públicas aos empresários do
agronegócio que financiaram as campanhas eleitorais.
"Segurança Democrática" são as fossas comuns com
mais de 2.000 cadáveres, como a que existe em um canto da base militar
de La Macarena, e são mais de quatro milhões de camponeses
refugiados pela violência do Estado. É mentir sobre o fim da
guerrilha bolivariana das FARC-EP e preocupar-se com a vitalidade de uma
organização que combate firmemente pela Nova Colômbia como
confirmam suas atividades militares do mês de maio.
"Segurança Democrática" é mudar a
Constituição para adequá-la a um interesse particular
quando for necessário e é ter uma espúria maioria no
Congresso e socavar a autoridade do judiciário com o aplauso dos apoios
incondicionais. Também é repartir cargos burocráticos,
vantagens e contratos, e aproveitar o governo para enriquecer-se sem nenhum
questionamento moral...
A abjeta defesa do militarismo oficializada por Uribe e seu chamamento a criar
novas leis de impunidade castrense, anunciam o que virá durante o
período presidencial de Juan Manuel Santos. Sua cínica queixa e
seu lamento farisaico ao superproteger um torturador-assassino, como o coronel
Plazas Vegas, os altos comandantes militares e o ex-presidente Belisario
Betancourt, responsáveis pelo holocausto do Palácio da
Justiça (bombardeado por tanques em 1985 quando a guerrilha do M-19 o
invadiu), são patética evidência de seu esforço para
oferecer desde já, prevenindo-se contra futuras acusações
contra si. E, naturalmente, como forma de engrenar o narcoparamilitarismo na
direção do Estado, com garantias legais para fazer desaparecer,
torturar e assassinar opositores. O "foro militar" que Uribe reclama
é patente de impunidade criminosa como demonstra a história
recente da Colômbia.
A veemente defesa presidencial do ex-diretor da DIAN (impostos e aduana) e da
"UIAF" (Unidade Administrativa Especial de Informação e
Análise Financeira), senhor Mario Aranguren, que delinquiu a favor de
Uribe e certamente por ordem sua, evidencia a índole de quem aspira
transcender ocultando, não só seu passado criminoso, mas as
vergonhosas baixezas de sua prática como governante.
Estamos às portas de outro quatriênio de ofensiva
oligárquica contra o povo em todos os sentidos, manchado com suaves e
enganosas promessas oficiais em torno de uma vitória militar como
têm repetido sem cessar durante 46 anos, sem se preocupar, nem muito
menos se comprometera superar, as causas que geram o conflito.
A profunda crise estrutural de que padece a Colômbia não tem
solução no continuísmo. A extrema-direita neoliberal,
acreditando que ainda pode resolver de cima para baixo, convocou a uma
união nacional sem povo, na qual somente reinam as
ambições dos mesmos que lucram com o investimento seguro: os
grupos financeiros, o setor empresarial, os pecuaristas e
latifundiários, os paramilitares, os partidos que, como piranhas,
disputam os favores do poder, os grandes meios de comunicação que
aplaudem os êxitos em litros de sangue da política guerreirista...
Nessa "união" não se vê povo em parte alguma
porque a prosperidade daqueles se sustenta na miséria e
exploração dos de baixo, dos excluídos.
Este bicentenário do grito de independência deve abrir passagem
para a luta do povo por seus direitos, pela pátria, pela soberania,
justiça social e paz. A mudança das injustas estruturas é
possível com a mobilização e a luta de todo o povo por sua
dignidade. Nada se pode esperar dos criminosos montados no poder do Estado.
Somente a luta unificada pode nos conduzir a uma Colômbia Nova. Como
temos reiterado desde Marquetalia, em 1964: estamos dispostos a encontrar
saídas políticas para o conflito, reiterando ao mesmo tempo que
nossa decisão de entregar tudo pelas mudanças e pelos interesses
populares é irredutível, sem importar as circunstâncias,
obstáculos e dificuldades que nos imponham. A justiça social
espera vencer na mobilização do povo.
Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, junho de 2010
O original encontra-se em
ANNCOL
. A versão em português encontra-se em
pcb.org.br
Este comunicado encontra-se em
http://resistir.info/
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