por Michel Chossudovsky
Modelado nas operações encobertas dos EUA na América
Central, a "Opção salvadorenha para o Iraque", iniciada
pelo Pentágono em 2004 foi executada sob o comando do embaixador dos EUA
no Iraque John Negroponte (2004-2005) em conjunto com Robert Stephen Ford, que
em Janeiro de 2011 foi nomeado embaixador dos EUA na Síria, menos de
dois meses antes de começar a insurgência armada contra o governo
de Bashar Al Assad.
"A opção salvadorenha" é um "modelo
terrorista" de assassinatos em massa por esquadrões da morte
patrocinados pelos EUA. Ela foi aplicada primeiramente em El Salvador, no auge
da resistência contra a ditadura militar, resultando em cerca de 75 mil
mortes.
John Negroponte foi embaixador dos EUA em Honduras de 1981 a 1985. Como
embaixador em Tegucigalpa ele desempenhou um papel chave no apoio e
supervisão dos mercenários Contra nicaraguenses que estavam
baseados em Honduras. Os ataques além fronteiras dos Contra, na
Nicarágua, ceifaram cerca de 50 mil vidas civis.
Em 2004, John Negroponte foi nomeado embaixador dos EUA no Iraque, com um
mandato muito específico.
A opção salvadorenha para a Síria: O papel central do
embaixador estado-unidense Robert S. Ford
O embaixador estado-unidense na Síria (nomeado em Janeiro de 2011),
Robert Stephen Ford, fez parte da equipe de Negroponte na Embaixada dos EUA em
Bagdad (2004-2005). A "Opção salvadorenha" para o
Iraque estabeleceu as bases para o lançamento da insurgência na
Síria, em Março de 2011, a qual começou na fronteira Sul,
na cidade de Daraa.
Em relação a acontecimentos recentes, as matanças e
atrocidades cometidas que resultaram em mais de 100 mortes incluindo 35
crianças na cidade fronteiriça de Houla, em 27 de Maio, eles
foram, com toda a probabilidade, executados sob o que pode ser descrito como
uma "Opção salvadorenha para a Síria".
O governo russo apelou a uma investigação
"À medida que a informação goteja de Houla,
Síria, próxima à cidade de Homs e da fronteira
sírio-libanesa, torna-se claro que o governo sírio não foi
responsável por bombardear até à morte cerca de 32
crianças e seus pais, como é periodicamente afirmado e negado
pelos media ocidentais e mesmo a própria ONU. Parece, ao invés,
que havia esquadrões da morte em quarteirões próximos
acusados por "activistas" anti-governo como sendo
"bandidos pro regime" ou "milícias" e pelo governo
sírio como trabalho de terroristas Al Qaeda ligados a intrusos
estrangeiros". (Ver Tony Cartalucci,
Syrian Government Blamed for Atrocities Committed by US Sponsored Deaths Squads
, Global Research, May 28,
2012)
O embaixador Robert S. Ford foi despachado para Damasco no fim de Janeiro de
2011 no momento do movimento de protesto no Egipto. (O autor estava em Damasco
em 27/Janeiro/2011 quando o enviado de Washington apresentou as suas
credenciais ao governo Al Assad).
No princípio da minha visita à Síria, em Janeiro de 2011,
reflecti sobre o significado desta nomeação diplomática e
o papel que poderia desempenhar num processo encoberto de
desestabilização política. Não previ, contudo, que
esta agenda de desestabilização seria implementada dentro de
menos de dois meses a seguir à posse de Robert S. Ford como embaixador
dos EUA na Síria.
O restabelecimento de um embaixador dos EUA em Damasco, mas mais
especificamente a escolha de Robert S. Ford como embaixador dos EUA, dá
azo a um relacionamento directo com o início da insurgência
integrada por esquadrões da morte em meados de Março de 2011,
contra o governo de Bashar al Assad.
Robert S. Ford era o homem para este trabalho. Como "Número
Dois" na embaixada do EUA em Bagdad (2004-2005) sob o comando do
embaixador John D. Negroponte, ele desempenhou um papel chave na
implementação da "Opção salvadorenha no
Iraque" do Pentágono. Esta consistiu em apoiar esquadrões da
morte e forças paramilitares iraquianas modeladas na experiência da
América Central.
Desde a sua chegada a Damasco no fim de Janeiro de 2011 até ser chamado
de volta a Washington em Outubro de 2011, o embaixador Robert S. Ford
desempenhou um papel central em preparar o terreno dentro da Síria bem
como em estabelecer contactos grupos da oposição. A embaixada do
EUA foi a seguir encerrada em Fevereiro. Ford também desempenhou um
papel no recrutamento de mercenários Mujahideen junto a países
árabes vizinhos e na sua integração dentro das
"forças de oposição" sírias. Desde a sua
partida de Damasco, Ford continua a supervisionar o projecto Síria fora
do Departamento de Estado dos EUA.
"Como embaixador dos Estados Unidos junto à Síria uma
posição que o secretário de Estado e o presidente
estão a manter-me trabalharei com colegas em Washington para
apoiar uma transição pacífica para o povo sírio.
Nós e nossos parceiros internacionais esperamos ver uma
transição que estenda a mão e inclua todas as comunidades
da Síria e que dê a todos os sírios esperança de um
futuro melhor. O meu ano na Síria diz-me que uma tal
transição é possível, mas não quando um lado
inicia constantemente ataques contra pessoas que se abrigam nos seus
lares". (
US Embassy in Syria Facebook page
)
"Transição pacífica para o povo sírio"? O
embaixador Robert S. Ford não é um diplomata vulgar. Ele foi o
representante dos EUA em Janeiro de 2004 na cidade xiita de Najaf, no Iraque.
Najaf era a fortaleza do exército Mahdi. Poucos meses depois ele foi
nomeado o "Homem Número Dois" (Ministro Conselheiro para
Assuntos Políticos) na embaixada dos EUA em Bagdad no princípio
do mandato de John Negroponte como embaixador no Iraque (Junho 2004
Abril 2005). Ford a seguir serviu sob o sucessor de Negroponte, Zalmay
Khalilzad, antes da sua nomeação como embaixador na
Argélia em 2006.
O mandato de Robert S. Ford como "Número Dois" sob o comando
do embaixador Negroponte era coordenar fora da embaixada o apoio encoberto a
esquadrões da morte e grupos paramilitares no Iraque tendo em vista
fomentar a violência sectária e enfraquecer o movimento de
resistência.
John Negroponte e Robert S. Ford, na embaixada dos EUA, trabalhavam em estreita
colaboração no projecto do Pentágono. Dois outros
responsáveis da embaixada, nomeadamente Henry Ensher (vice de Ford) e um
responsável mais jovem na secção política, Jeffrey
Beals, desempenharam um papel importante na equipe "conversando com um
conjunto de iraquianos, incluindo extremistas". (Ver The New Yorker, March
26, 2007). Outro actor individual chave na equipe de Negroponte era James
Franklin Jeffrey, embaixador dos EUA na Albânia (2002-2004).
Vale a pena notar que o recém nomeado chefe da CIA nomeado por Obama,
general David Petraeus, desempenhou um papel chave na organização
do apoio encoberto a forças rebeldes da Síria, na
infiltração da inteligência síria e nas
forças armadas.
Petraeus desempenhou um papel chave na Opção salvadorenha do
Iraque. Ele dirigiu o programa "Contra-insurgência" do Comando
Multinacional de Segurança de Transição em Bagdad em 2004
em coordenação com John Negroponte e Robert S. Ford na Embaixada
dos EUA.
A CIA está a supervisionar operações encobertas na
Síria. Em meados de Março, o general David Petraeus encontrou-se
com seu confrades da inteligência em Ancara, para discutir apoio turco ao
Free Syrian Army (FSA) (
CIA Chief Discusses Syria, Iraq With Turkish PM
, RTT News, March 14, 2012)
David Petraeus, o chefe da CIA, efectuou reuniões com altos oficiais
turcos ontem e em 12 de Março, soube o Hürriyet Daily News.
Petraeus encontrou-se ontem com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoðan e
seu confrade turco, Hakan Fidan, chefe da Organização de
Inteligência Nacional (MIT), no dia anterior.
Um responsável da Embaixada dos EUA disse que responsáveis turcos
e americanos discutiram "muito frutuosamente as mais prementes
questões da cooperação na região para o
próximos meses". Responsáveis turcos disseram que
Erdoðan e Petraeus trocaram pontos de vista sobre a crise síria e o
combate anti-terror. (
CIA chief visits Turkey to discuss Syria and counter-terrorism | Atlantic Council
, March 14, 2012)
28/Maio/2012
Ver também:
Dr Bashar Al-Ja’afari’s Press Conference at the UN
(resposta do embaixador da Síria à declaração da ONU acerca do massacre de Hula)
Phony ‘Houla Massacre’: How Media Manipulates Public Opinion For Regime Change in Syria
SYRIA: Guardian's Houla Massacre Propaganda Stunt Uses "Little Kid". Another case of reckless journalism aimed at selling war
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=31096
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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