A militarização da ajuda de emergência ao Haiti:
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Activos militares dos EUA a serem enviados ao Haiti (de acordo com anúncios oficiais) O navio de assalto anfíbio USS Bataan (LHD 5) e os navios anfíbios dock landing USS Fort McHenry (LSD 43) e USS Carter Hall (LSD 50). Uma Unidade Anfíbia dos Marines com 2000 membros da 22ª Unidade Expedicionária da Marinha e soldados da 82ª divisão aerotransportada do exército . Novecentos soldados estão destinados a chegar ao Haiti em 15 de Janeiro. O porta-aviões USS Carl Vison e os navios complementares de apoio (chegados a Port au Prince em 15/Janeiro/2010): USS Carl Vinson CVN 70 O navio hospital USNS Comfort Várias embarcações e helicópteros da Guarda Costeira dos EUA. Os três navios anfíbios unir-se-ão ao porta-aviões USS Carl Vinson, ao cruzador com mísseis guiados USS Normandy e à fragata com mísseis guiados USS Underwood . |
"Assim, estamos concentrados em ganhar comando e controle e comunicações ali de modo a que possamos realmente obter um melhor entendimento do que está a acontecer. O MINUSTAH [United Nations Stabilization Mission in Haiti], com a sua sede parcialmente em colapso, perdeu um bocado da sua comunicação e assim procuramos fortalecer aquela comunicação, também.
Estamos a enviar equipes de avaliação em conjunto com a USAID, apoiando os seus esforços, bem como cedendo alguns de nós para apoiar os seus esforços.
Estamos a movimentar vários navios que tínhamos na região são navios pequenos, lanchas da Guarda Costeira, destróiers naquela direcção, para proporcionar o que for preciso de assistência imediata no solo.
Também temos um porta-aviões da U.S. Navy, o USS Carls Vinson , a movimentar-se naquela direcção. Ele estava no mar ao largo de Norfolk e vai gastar um par de dias para chegar ali. Precisamos também reabastecê-lo e dar-lhe as provisões que precisa para apoiar o esforço no Haiti. E estamos à procura de agências internacionais para descobrir como apoiar os seus esforços bem como os nossos esforços.
Também estamos à espera de um grande navio anfíbio com uma Unidade Expedicionária Marine nele embarcada que num par de dias chegará após o USS Vinson.
E isso dá-nos um leque mais vasto de capacidade para movimentar abastecimentos e também para aumentar a capacidade para ajudar a apoiar o esforço.
O ponto principal é que não temos uma avaliação clara neste momento da situação no terreno, o que é preciso em Port-au-Prince, quão generalizada é a situação.
Finalmente, temos também uma equipe que se dirige para o aeroporto. No meu entendimento, porque o meu vice-comandante por acaso estava no Haiti quando surgiu esta situação, numa visita programada anteriormente. Ele tem permanecido no aeroporto. E afirma que a pista está funcional mas a torre não tem capacidade comunicações. O terminal de passageiros tem danos estruturais, não sabemos em que grau.
Assim, temos um grupo para verificar se podemos ganhar e assegurar o aeroporto e operar a partir dele, porque este é um daqueles locais que pensamos ter um papel no esforço imediato de uma ajuda internacional.
E então efectuamos todas as outras avaliações que considerarmos apropriadas neste esforço.
Também estamos a coordenar no terreno com a MINUSTAH, com pessoas que estão ali. O comandante do MINUSTAH aconteceu estar em Miami quando esta situação acontecer, de modo que agora ele está a viajar de volta e deveria chegar a Port-au-Prince a qualquer momento. Isso nos ajudará a coordenar nossos esforços porque, mais uma vez, as Nações Unidas sofreram uma perda significativa com o colapso pelo menos o colapso parcial da sua sede.
De modo que estes são os esforços iniciais que temos em andamento. E quando obtivermos avaliações que vem a seguir, então ajustaremos como necessário.
O secretário da Defesa, o presidente, determinaram que isto é um esforços significativo e estamos reunindo todos os recursos dentro do Departamento da Defesa para apoiar este esforço" ( Defense.gov News Transcript: DOD News Briefing with Gen. Fraser from the Pentagon , January 13, 2010)
Um relatório da Heritage Foundation resume a essência da
missão da América no Haiti:
"O terramoto tem tanto
implicações humanitárias como de segurança nacional
para os EUA
[exigindo] uma resposta rápida que seja não só
forte como decisiva, mobilizando capacidades militares, governamentais e civis
dos EUA tanto para resgate e ajuda a curto prazo como para uma
recuperação e programa de reforma a longo prazo no Haiti".
(James M. Roberts and Ray Walser,
American Leadership Necessary to Assist Haiti After Devastating Earthquake
, Heritage Foundation, January 14, 2010).
No princípio, a missão militar estará envolvida em
primeiros socorros e emergências.
A US Air Force tomou funções de controle de tráfego
aéreo bem como a administração do aeroporto de Port au
Prince. Por outras palavras, os militares estado-unidenses regulam o fluxo de
ajuda de emergência e abastecimentos que estão a ser trazido para
o país em aviões civis. A US Air Force não está a
trabalhar sob as instruções dos responsáveis de aeroporto
haitiano. Estes responsáveis foram deslocados. O aeroporto é
dirigido pelos militares dos EUA (Entrevista com o embaixador haitiano nos EUA,
R. Joseph, PBS News, January 15, 2010)
O navio hospital de 1000 camas da US Navy, o USNS Comfort, o qual inclui mais
de 1000 médicos e pessoal de apoio, foi enviado ao Haiti sob a
jurisdição do Southern Command. (Ver
Navy hospital ship with 1,000 beds readies for Haiti quake relief
, Digital Journal, January 14, 2010).
No momento do terramoto havia cerca 7100 militares e mais de 2000
polícias, nomeadamente uma força estrangeira de mais de 9000. Em
contraste, o pessoal civil do MINUSTAH é de menos de 500.
MINUSTAH Facts and Figures - United Nations Stabilization Mission in Haiti
United Nations Stabilization Mission in Haiti (MINUSTAH) Força actual (30 November 2009) 9,065 total de pessoal uniformizado 7,031 soldados 2,034 polícias 488 pessoal civil internacional 1,212 civis locais 214 Voluntários das Nações Unidas MINUSTAH Facts and Figures - United Nations Stabilization Mission in Haiti Estimativa das forças combinadas SOUTHCOM e MINUSTAH; 19.095* * Excluindo compromissos da França (não confirmados) e do Canadá (confirmados 800 soldados), os EUA, França e Canadá foram "parceiros" no golpe de Estado de 29 de Fevereiro de 2004. |
"O papel de relevo no esforço de ajuda e administração da crise caiu rapidamente nos Estados Unidos, por falta a curto prazo, pelo menos de qualquer outra entidade capaz". ( US Takes Charge in Haiti _ With Troops, Rescue Aid - NYTimes.com, January 14, 2009 )
Antes do terramoto havia, segundo fontes militares dos EUA, uns 60 militares
estado-unidenses no Haiti. De um dia para o outro, ocorreu uma escalada militar
absoluta: 10 mil tropas, fuzileiros navais, forças especiais, operativos
de inteligência, etc, sem mencionar forças mercenárias
privada sob contrato do Pentágono.
Com toda a probabilidade a operação humanitária
será utilizada como pretexto e justificação para
estabelecer uma presença militar dos EUA no Haiti mais permanente.
Estamos a tratar de uma implantação maciça, de uma
"escalada" de pessoal militar designado para ajuda de
emergência.
A primeira missão do SOUTHCOM será ganhar o controle do que resta
da infraestrutura de comunicações, transportes e energia do
país. O aeroporto já está sob controle de facto dos EUA.
Com toda a probabilidade, as actividades do MINUSTAH que desde o
princípio em 2004 serviram aos interesses da política externa dos
EUA, serão coordenadas com aquelas do SOUTHCOM, nomeadamente a
missão da ONU será colocada sob o controle de factos dos
militares estado-unidenses.
A militarização das organizações de ajuda da
sociedade civil
Os militares dos EUA no Haiti procuram supervisionar as actividades de
organizações humanitárias aprovadas. Isto também
tem em vista controlar as actividades humanitárias da Venezuela e de
Cuba:
"O governo do presidente René Préval está fraco e agora literalmente em pandemónio. Cuba e Venezuela, já a tentar minimizar a influência dos EUA na região, provavelmente aproveitarão esta oportunidade para elevar a sua visibilidade e influência..." (James M. Roberts and Ray Walser, American Leadership Necessary to Assist Haiti After Devastating Earthquake , Heritage Foundation, January 14, 2010).
Nos EUA, a militarização das operações de ajuda de
emergência foi estabelecida durante a crise do Katrina, quando os
militares foram chamados a desempenhar um papel de proa.
O modelo de intervenção de emergência do SOUTHCOM segue o
padrão do NORTHCOM, ao qual foi concedido um mandato como "a
agência principal" nos procedimentos de emergência internos
dos EUA. Durante o Furacão Rita em 2005, foram estabelecidas as bases
para a "militarização da ajuda de emergência" com
um papel de liderança para os militares dos EUA. Quanto a isto, Bush
aludiu ao papel central dos militares em ajudas de emergência:
"Haveria um desastre natural de uma certa dimensão
que permitisse ao Departamento da Defesa tornar-se a agência principal de
coordenação e liderança no esforço de resposta?
Isto vai ser uma consideração muito importante para o Congresso
meditar". (Statement of President Bush at a press conference,
Bush Urges Shift in Relief Responsibilities - washingtonpost.com, September 26, 2005
).
"A resposta ao desastre nacional não está a ser coordenada pelo governo civil do Texas, mas de uma localização remota e de acordo com critérios militares. A sede do US Northern Command controlará directamente o movimento de pessoal e material militar no Golfo do México. Tal como no caso do Katrina, isto suprimirá as acções de entidades civis. Mas neste caso, toda a operação está sob a jurisdição do militares ao invés de estar sob a do FEMA". (Michel Chossudovsky, US Northern Command and Hurricane Rita , Global Research, September 24, 2005)
Observações conclusivas
A entrada de dezenas de milhares de tropas estado-unidenses fortemente armadas,
complementadas por actividades da milícia local, poderia potencialmente
precipitar o país no caos social.
Vinte mil tropas estrangeiras sob o comando do SOUTHCOM e do MINUSTAH
estarão presentes no país.
O povo haitiano apresentou um alto grau de solidariedade, resiliência e
compromisso social.
Ajudaram-se uns aos outros e actuaram com consciência: sob
condições muito difíceis, equipes de resgate formadas por
cidadãos constituíram-se espontaneamente.
A militarização de operações de ajuda
romperá as capacidades organizacionais dos haitianos para reconstruir e
restabelecer as instituições de governo civil que foram
destruídas. Ela também comprometerá os esforços das
equipes médicas internacionais e de organizações civis de
ajuda.
É absolutamente essencial que o povo haitiano se oponha firmemente
à presença de tropas estrangeiras, particularmente em
operações de segurança pública.
É essencial que os americanos se oponham firmemente à
decisão da administração Obama de enviar tropas de combate
para o Haiti.
Não pode haver qualquer reconstrução ou desenvolvimento
reais sob a ocupação militar estrangeira.