Planos de guerra de Israel para atacar o Irão "antes das
eleições nos EUA"
por Michel Chossudovsky
O Canal 10 de Israel sugere, violentamente, que o primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu está "determinado a atacar o Irão antes das
eleições nos Estados Unidos" e que o "momento para a
acção está a ficar mais próximo". "Israel
está agora "mais próxima do que nunca de um assalto
destinado a aniquilar a iniciativa nuclear do Irão".
A reportagem neste momento sugere que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud
Barak acreditam firmemente que o presidente Obama "não teria outra
escolha senão dar apoio a um ataque israelense" [se] fosse travado
antes das eleições presidenciais de Novembro.
O repórter militar da estação de TV, Alon Ben-David, ao
qual no princípio deste ano foi dado acesso vasto à Força
Aérea de Israel quando esta treinava para um possível ataque,
relatou que, uma vez que as sanções agravadas contra o
Irão deixaram de obrigar a uma suspensão do programa nuclear
iraniano nos últimos dois meses,
"do ponto de vista do primeiro-ministro, o momento para a
acção está a ficar mais próximo".
Perguntado pelo âncora do noticiário na reportagem da TV em
língua hebraica sobre quão próximo estava agora Israel de
"uma decisão e talvez um ataque", Ben-David disse:
"Parece que estamos mais próximos do que nunca".
Parece que, disse ele, Netanyahu não estava à espera de uma muita
discutida possível reunião com o presidente Barack Obama,
após a Assembleia-Geral da ONU em Nova York no próximo mês
na verdade, "não está claro que haverá uma
reunião". Em qualquer caso, disse Ben-David,
"duvido que Obama pudesse dizer qualquer coisa que convencesse Netanyahu a
atrasar um possível ataque".
Há considerável oposição a um assalto israelense a
instalações nucleares do Irão, observou a reportagem
com o presidente Shimon Peres, o chefe do Estado Maior Geral do
Exército e generais de alta patente, a comunidade de inteligência,
o líder da oposição Shaul Mofaz, "e naturalmente os
americanos", todos alinhados contra uma acção israelense
nesta fase.
Mas, observou Ben-David, é o governo israelense que terá de tomar
a decisão e aí Netanyahu está "quase garantido"
com uma maioria. Outros media hebraicos na terça-feira informaram
também que Netanyahu enviou um alto responsável, o Conselheiro de
Segurança Nacional Yaakov Amidror, para actualizar o idoso líder
espiritual do Shas, o ultra-ortodoxo partido da coligação, Rabbi
Ovadia Yosef, sobre o estado do programa nuclear iraniano, a fim de tentar
ganhar o apoio dos ministros do Shas no governo para um ataque (
Times of Israel
, ênfase acrescentada).
Numa reportagem anterior,
Richard Silverstein apresenta pormenor de um documento militar vazado
(traduzido do hebraico) que esboça a natureza do proposto "ataque
de pavor e choque" ao Irão proposto por Netanyahu:
O ataque israelense será aberto com um assalto coordenado, incluindo um
ciber-ataque sem precedente que paralisará totalmente o regime iraniano
e a sua capacidade de saber o que está a acontecer dentro das suas
fronteiras. A internet, telefones, rádio e televisão,
satélites de comunicação e cabos de fibra óptica
que conduzem a instalações críticas incluindo as
bases de mísseis em Khorramabad e Isfahan serão postos
fora de acção. A rede eléctrica por todo o Irão
será paralisada e as subestações com transformadores
absorverão danos severos das munições de fibra de carbono
as quais são mais finas do que um cabelo humano, provocando
curto-circuitos eléctricos cuja reparação exige a sua
remoção total. Isto seria um trabalho de Sísifo
considerando as munições de estilhaçamento
(cluster)
que seriam lançadas, algumas com retardadores de tempo e algumas
activadas remotamente através da utilização de um sinal de
satélite.
Uma barragem de dezenas de mísseis balísticos seria
lançada de Israel em direcção ao Irão.
Mísseis balísticos com alcance de 300 km seriam lançados
de submarinos israelenses nas vizinhanças do Golfo Pérsico. Os
mísseis não seriam armados com ogivas não convencionais
[WMD], mas sim com munições de alto poder explosivo equipadas com
pontas reforçadas destinadas especialmente a penetrar alvos endurecidos.
Os mísseis atingirão seus alvos alguns explodindo acima do
solo como aqueles que atacaram o reactor nuclear em Arak o qual é
destinado a produzir plutónio e trítio e a
instalação vizinha para a produção de água
pesada; as instalações para a produção de
combustível nuclear em Isfahan e as instalações para
enriquecer hexafluoreto de urânio. Outros explodiriam abaixo do solo,
como na instalação Fordo.
Uma barragem de centenas de mísseis de cruzeiro aniquilará
sistema de comando e controle, instalações de
investigação e desenvolvimento e as residências de pessoal
sénior no aparelho de desenvolvimento nuclear e de mísseis. A
inteligência reunida ao longo de anos será utilizada para
decapitar completamente as fileiras dos profissionais e dos comandos do
Irão nestes campos.
Após a primeira onda de ataques, a qual será seguida pela
segunda, o satélite radar "Blue and White", cujos sistemas
capacitam-no a efectuar uma avaliação do nível de dano
feito aos vários alvos, passará sobre o Irão. Só
depois de descriptar rapidamente os dados do satélite, a
informação será transferida directamente para
aviões de guerra a dirigirem-se encobertamente rumo ao Irão.
Estes aviões da FAI serão armados com dispositivos
electrónicos de guerra anteriormente desconhecidos do público
mais vasto, nem mesmo revelado ao nosso aliado estado-unidense. Este
equipamento tornará os aviões israelenses invisíveis.
Aqueles aviões israelenses que participam no ataquem danificarão
uma lista curta de alvos que exigem um novo assalto.
Dentre os alvos aprovados para ataque estão: silos de mísseis
balísticos Shihab 3 e Sejil, tanques de armazenagem de componentes
químicos de combustíveis para foguetes, instalações
industriais para produzir sistemas de controle de mísseis,
fábricas de produção centrífuga e mais.
Richard Silverstein sublinha o facto de que há considerável
oposição ao plano de Netanyahu-Barak para bombardear o
Irão.
Será que esta oposição israelense prevalecerá se
Netanyahu e seu ministro da Defesa tomassem a decisão de executar um
plano de ataque?
Será Netanyahu um político dos EUA por procuração?
Quem está a apoiar Netanyahu? Há poderosos interesses
económicos nos EUA que estão a favor de um ataque ao Irão.
Será isto um projecto de guerra israelense ou é o
primeiro-ministro de Israel um procurador dos EUA a actuar por conta do
Pentágono?
O que acontece se Netanyahu der a ordem para atacar? Será que esta ordem
será executada pelo alto comando de Israel apesar da vasta
oposição dentro das Forças Armadas de Israel?
A questão não é se Washington dará um sinal verde a
Israel antes das eleições nos Estados Unidos como transmitido
pelos medida israelenses.
A questão fundamental desdobra-se em duas:
1. Quem ao nível político decide acerca do lançamento
desta guerra? Washington ou Tel Aviv?
2. Quem em última análise decide em termos de comando e
controle militar por em execução um teatro de guerra em
grande escala no Médio Oriente: Washington ou Tel Aviv?
Israel é de facto um posto militar avançado dos EUA no
Médio Oriente. As estruturas de comando estado-unidense e israelense
estão integradas, com consultas estreitas entre o Pentágono e o
Ministério da Defesa de Israel. Como informado em Janeiro último,
um grande número de soldados dos EUA estão estacionados em
Israel. Jogos de guerra conjuntos entre os EUA e Israel também
estão contemplados.
Planos de guerra EUA-Israel-NATO contra o Irão têm estado em
andamento desde 2003 incluindo a instalação e
acumulação de sistemas de armas avançados.
As reportagens dos media israelense são enganosas. Israel não
pode sob quaisquer circunstância travar uma guerra contra o Irão
sem o apoio militar dos EUA e da NATO.
Sistemas de armas avançadas foram instalados. Os EUA e Forças
Especiais aliadas bem como operacionais de inteligência já
estão no terreno dentro do Irão. Drones militares dos EUA
estão envolvidos em actividades de espionagem e reconhecimento.
Bombas nucleares tácticas B61 contra casamatas (
Bunker buster B61
) destinam-se a serem utilizadas contra o Irão em
retaliação
pelo seu alegado programa de armas nucleares.
As acções militares contra o Irão são coordenadas
com aquelas relativas à Síria.
Do que estamos a tratar é de uma agenda militar global, centralizada e
coordenadas pelo US Strategic Command (
USSTRATCOM
) envolvendo logística
complexa, ligação com várias entidades militares e de
inteligência. Em 2005, o USSTRATCOM foi identificado como "o
principal Comando Combatente para integração e
sincronização dos vastos esforços do Departamento da
Defesa no combate a armas de destruição em massa". Esta
integração do Comando Combatente também incluía
coordenação com aliados da América incluindo a NATO,
Israel e um certo número de estados árabes da linha de frente, os
quais são membros do diálogo Mediterrâneo da NATO.
Neste contexto mais vasto da guerra imperial coordenada pelo USSTRATCOM em
ligação com o US Central Command (
USCENTCOM
), o plano de ataque de Netanyahu contra o Irão induz a ilusão de
que Tel Aviv ao invés de Washington decide acerca do travar de uma
guerra ao Irão.
As reportagens dos media israelenses mencionadas acima transmitem a
impressão de que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak
estão em posição de actuar independentemente de
Washington, bem como de forçar Obama a apoiar um ataque de Israel ao
Irão.
A noção de que Israel poderia actuar sozinho e contra os
interesses dos EUA faz parte de uma campanha de desinformação
subtil. Há uma antiga prática de politica de Washington de
encorajar seus aliados próximos a darem o primeiro passo na
direcção da guerra, com o Pentágono a puxar os pauzinhos
nos bastidores.
Não tenhamos ilusão, os planos de guerra contra o Irão, os
quais têm estado nos estiradores do Pentágono desde 2003,
são estabelecidos aos mais altos níveis em consulta e
coordenação com Tel Aviv e a sede da NATO em Bruxelas.
Se bem que Israel participe na condução da guerra, não
desempenha um papel central predominante no estabelecimento da agenda militar.
21/Agosto/2012
Ver também:
Iran to Wage Full-Scale War in Case of Israeli Aggression
Commander: Israel Fearing Iran's Growing Influence after NAM Summit
Defense Minister: Iran's Defense Pact with Syria Still Valid
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32428
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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