por Michel Chossudovsky
Uma característica essencial da "defesa" no caso de um segundo
grande ataque à América é a "ofensa", segundo
secretário de Segurança Interna Michael Chertoff: "A
segurança interna é uma peça de estratégia mais
vasta [a qual] leva a batalha ao inimigo". (
DHS, Transcrição do discurso completo do secr. Michael Chertoff em Março de 2005
)
No mês a seguir às bombas de Londres de 7 de Julho do ano passado,
o vice-presidente Dick Cheney instruiu a USSTRATCOM a redigir um plano de
contingência "a ser empregado em resposta a um outro ataque
terrorista tipo 11/Set aos Estados Unidos". Implícito no plano de
contingência estava a certeza de que o Irão estaria por
trás do Segundo 11/Set.
Este "plano de contingência" utilizava o pretexto de um
"Segundo 11/Set", o qual ainda não aconteceu, para preparar
uma grande operação militar contra o Irão, ao mesmo tempo
que era exercida pressão sobre Teerão quanto ao seu (não
existente) programa de armas nucleares.
O que foi diabólica nesta decisão do vice-presidente americano
era o facto de que a justificação apresentada por Cheney para
travar a guerra ao Irão repousava no envolvimento deste país num
hipotético ataque terrorista à América, o qual ainda
não se verificou.
O plano inclui um assalto aéreo em grande escala ao Irão,
empregando tanto armas nucleares convencionais como tácticas. Dentro do
Irão há mais de 450 grandes alvos estratégicos, incluindo
numerosos sítios suspeitos de desenvolverem programas de armas
nucleares. Muitos dos alvos estão blindados ou estão
profundamente enterrados e não poderiam ser eliminados por armas
convencionais, daí a opção nuclear. Tal como no caso do
Iraque, a resposta não está condicionada ao Irão estar
realmente envolvido no acto de terrorismo dirigido contra os Estados Unidos.
Vários oficiais superiores da Força Aérea envolvidos no
planeamento estão confirmadamente estarrecidos com as
implicações do que estão a fazer que o Irão
está a ser preparado para um ataque nuclear não provocado
mas nenhum deles quer prejudicar a sua carreira apresentando
objecções. (Philip Giraldi,
Attack on Iran: Pre-emptive Nuclear War, The American Conservative, 2 August 2005
)
Como percebemos que os planeadores militares americanos, britânicos e
israelenses estão no limbo à espera de um Segundo 11/Set a fim de
estender a guerra para além das fronteiras do Líbano, para
lançar uma operação militar contra a Síria e o
Irão?
O proposto "plano de contingência" de Cheney não foca a
prevenção de um Segundo 11/Set. O plano Cheney é baseado
na presunção de que o irão estaria por trás de um
Segundo 11/Set e que bombardeamentos punitivos poderia ser activados de
imediato, mesmo antes de efectuar uma investigação, de modo muito
semelhante ao modo como foram feitos os ataques ao Afeganistão em
Outubro de 2001, alegadamente em resposta ao alegado apoio do governo Taliban
aos terroristas do 11/Set. Convém notar que ninguém faz um plano
de guerra em três semanas: o bombardeamento e invasão do
Afeganistão foi planeado muito antes do 11/Set. Como destaca Michael
Keefer num artigo incisivo:
"A um nível mais profunda, isto implica que "ataques
terroristas tipo 11/Set" são reconhecidos no gabinete de Cheney e
no Pentágono como meios apropriados de legitimar guerras de
agressão contra quaisquer países seleccionados para tal
tratamento pelo regime e por sistema corporativo de propaganda ampliada... (
Keefer, Fevereiro de2006
)
Numa declaração oportuna, apenas uns poucos dias a seguir
à carnificina do bombardeamento do Líbano, o vice-presidente
Cheney reiterou a sua advertência: "O inimigo que atacou no 11/Set
está fracturado e enfraquecido, mas
ainda é letal, ainda está determinado a bater-nos outra vez
" (Waterloo Courier, Iowa, 19 July 2006, itálicos acrescentados).
"Justificação e oportunidade para retaliar contra ...os
estados patrocinados [de terrorismo]"
Em Abril de 2006 o secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld lançou
um plano militar de grande alcance para combater o terrorismo por todo o mundo,
com uma visão de retaliar no caso de um segundo grande ataque terrorista
à América.
"O secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld aprovou o mais ambicioso
plano militar para combater o terrorismo por todo o mundo e retaliar mais
rápida e decisivamente no caso de outro grande ataque terrorista aos
Estados Unidos, segundo responsáveis da defesa.
O plano de campanha há muito esperado para a guerra global ao
terrorismo, bem como dois planos subordinados também aprovados no
mês passado por Rumsfeld, são considerados a mais alta prioridade
do Pentágono, segundo responsáveis conhecedores dos três
documentos que falaram na condição de anonimato porque não
estavam autorizados a falar publicamente acerca dos mesmos.
Os pormenores dos planos são secretos, mas em geral eles antevêem
um papel significativamente expandido para os militares e, em
particular, uma crescente força de elite de tropas
Operações Especiais em operações
contínuas para combater o terrorismo fora de zonas de guerra como o
Iraque e o Afeganistão. Desenvolvido a cerca de três anos pelo
Special Operations Command (SOCOM) em Tampa, os planos reflectem uma
reclamação do envolvimento do Pentágono em domínios
manuseados tradicionalmente pela Central Intelligence Agency e pelo
Departamento de Estado. (
Washington Post,
23 April 2006)
Este plano está baseado na possibilidade de um Segundo 11/Set e a
necessidade de retaliar se e quando os EUA forem atacados:
"Um terceiro plano estabelece como os militares podem tanto interromper
como responder a outro grande ataque terrorista aos Estados Unidos. Ele inclui
extensos anexos que apresentam um menu de opções para os
militares retaliarem rapidamente contra grupos terroristas específicos,
individuais ou estados patrocinadores dependendo de quem se acredita estar por
trás de um ataque.
Um outro ataque poderia criar tanto uma justificação como uma
oportunidade que hoje está a faltar para retaliar contra alguns alvos
conhecidos, de acordo com actuais e antigos oficiais da defesa que conhecem o
plano.
Este plano pormenoriza "que terroristas ou maus rapazes
(bad guys)
atacaríamos se fossem tiradas as luvas. As luvas não são
reveladas", disse uma um oficial que pediu para não ser
identificado devido à sensibilidade do assunto (itálicos
acrescentados, WP, 23 de Abril de 2006)
A presunção deste documento militar é que um ataque
Segundo 11/Set "que está a faltar hoje" criaria de modo
útil tanto uma "justificação como uma
oportunidade" para travar a guerra a "alguns alvos conhecidos
[Irão e Síria]".
O anúncio de 10 de Agosto da Scotland Yard britânica de um
frustrado ataque terrorista em grande escala destinado a explodir até
dez aviões simultaneamente dá a impressão de que quem
está sob ataque é o mundo ocidental ao invés do
Médio Oriente.
As realidades são invertidas. A campanha de desinformação
vai de vento em popa. Os media britânicos e americanos estão cada
vez mais a apontar para a "guerra antecipativa" como um acto de
"auto defesa" contra a Al Qaeda e os estados patrocinadores de
terrorismo, que estão alegadamente a preparar um Segundo 11/Set. O
objectivo subjacente, através do medo e da intimidação,
é afinal das contas construir aceitação pública
para a etapa seguinte da "guerra ao terrorismo" no Médio
Oriente, a qual é dirigida contra a Síria e o Irão.
10/Agosto/2006
O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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