A guerra dos cruzeiros
por César Príncipe
A Restauração da Independência Portuguesa bastante deve
à rebelião catalã/Guerra dos Ceifeiros/
Segadors
(1640-1652). O poder de Castela foi obrigado a dispersar forças e
não suportaria duas frentes prolongadas e activas, além de se
haver exaurido na Guerra dos Trinta Anos. Mas foquemos a Actual e Eterna
Questão Catalã. Desde o séc. XII (marco do primeiro
sacudimento português do jugo ibérico) que a Catalunha tem pugnado
por diversas formas de autonomização/independência.
Conseguiu estatuto especial por breves períodos. Os processos de
emancipação foram sendo esmagados pelas armas ou adiados
através de contratos nupciais. Os povos eram herança de reis e
rainhas. Que o diga Carlos V, unificador de coroas continentais e
territórios ultramarinos e estadista-modelo da Europa Federal. Que o
diga a Espanha Moderna: cede de boa e livre-vontade a soberania à UE,
à NATO, ao FMI, aos potentados económicos e financeiros e encara
o referendo catalão como um intolerável desafio à
soberania espanhola e à sobranceria madrilena.
Para já, o Governo de Mariano Rajoy,
El franquito.
prende governantes e manifestantes e apreende cartazes, boletins e urnas.
Para já, não manda cruzadores. Embarca (em cruzeiros) membros da
Guardia Civil e agentes do Cuerpo Nacional de Polícia. Os
ferrys de antidisturbios
(Rhapsopdy/Moby Dada/GNV Azzurra) têm capacidade para acolher 6.000
efectivos. Mas o problema não é policial nem judiciário e
nunca foi nem será resolvido militarmente. É de
renegociação matrimonial ou negociação divorcial.
Em Setembro de 1945, as autoridades japonesas assinaram a
Rendição a bordo do USS Missouri. Em Setembro de 2017, a Acta
é redigida a bordo do GNV Azzurra. Mas Barcelona não é
Hiroshima nem está à mercê da Aviazione Legionaria
(1937-1939). E a República da Catalunha não será uma
fiesta
para os
cuerpos.
Há milhões de pessoas indignadas nas ruas. Há milhares
de guardas vistos como estrangeiros.
Generalíssimo Rajoy, quem não se rendeu em oito séculos
não se renderá nos próximos dias.
21/Setembro/2017
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