Carta a um internacionalista

por César Príncipe

John Pilger,

Acabo de ler o artigo O acto revolucionário de contar a verdade . [1] Para quando a criação de um TNM/Tribunal de Nuremberga Mediático? Os delinquentes andam à solta por Jornais, Rádios e Televisões e até moldam sondagens ao minuto para cobrir as estratégias e os crimes de lesa-cidadania, ofuscando as mentes com projecções e projectores, atraindo o máximo de votantes para os seus campos de concentração de boletins. O complexo de camuflagem, chantagem e despistagem está rodado. Formou-se nas AMG/Academias da Mentira Global. Especializou-se em parcerias encobertas: público-privadas.

Na Casa Portuguesa, nestas Legislativas, levou-se mais longe do que o habitual a guerra suja, a auscultação encomendada pelo poder mediático partidarizado ou sectarizado e induzida com alarde científico. Emergiu, nesta sequência e por consequência e com plano e orçamento reforçados, um frenético actor: o PFS/Partido-Fábrica de Sondagens. Uma agremiação-unidade produtiva generosa: no dia do escrutínio real, sempre que se verificam desconformidades com os factos, dissolve-se, lava as mãos e as partes baixas. Tudo o que aconteceu passa a ser obra exclusiva dos eleitores e dos talentos das lideranças. Os sondeiros retiram-se. Subcontratação cumprida. Outro ou outros serão lesados ou beneficiarão dos dividendos: do trabalho de sapa e persuasão, da maqui(nação) de vontades, impulsos, tendências, da procriação assistida de resultados. Irrompem, então, os do costume: os leitores do apurado. Os distribuidores de vitórias e derrotas. Os subcontratados à la carte. Eis-nos cercados por tropilhas e pandilhas da In(formatação). Desta vez, o eleitorado votou com parcimónia: deu, com manifesto enfado, uma maioria relativa à coligação de direita e uma maioria absoluta ao conjunto antigovernamental. Teve mesmo um momento subtil, digno das fábulas de Esopo e La Fontaine: concedeu representação parlamentar ao Partido dos Animais, barrando a entrada de Marinho e Pinto na Assembleia da República.

Todavia, estou ansioso por cumprir um dever humanitário e cristão: visitar em qualquer estabelecimento correctivo uma série de experts e pregoeiros da Psico. São um risco para a sanidade mental e cultural. Até para a integridade física de milhões de cidadãos. É pessoal formado nas ERC/Escolas de Redução de Cabeças. Objectivo dos elaboradores de tais painéis e patrocinadores e filosofeirantes de tais campanhas: transformar cada cabeça humana em cabeça de alfinete. Um desígnio ancestral: anterior aos Jornais, às Rádios, Televisões e Empresas de Adivinhos. Sempre houve DDT`s/Donos Disto Tudo. O que não significa que não sejam removíveis e, nalguns casos, reeducáveis. Desde que não se recorra à doçura da Cartilha Maternal . [2]

Espero que os actos revolucionários proliferem e se institucionalizem e os códigos romanos Dura Lex evoluam, se modernizem, se civilizem, incorporando tipologias penais que dêem resposta ao descaramento infrene e impune da CAS/Comunicação Anti-Social e dos ICP/Institutos de Caução Propagandística. O globo terrestre e naturalmente esta orla do extremo ocidental estão a pedir uma DCM/Didáctica Cívica Musculada. A construção deste modelo democrático (societário e judiciário) vai levar o seu tempo: é uma maratona pejada de barreiras e sinais de trânsito viciados ou trocados. Mas são assim todas as competições de exigência e fôlego.

Saudações revolucionárias!

05/10/2015, 105º Aniversário da República.

[1] resistir.info/pilger/pilger_30set15.html   e   johnpilger.com/articles/the-revolutionary-act-of-telling-the-truth
[2] Publicada em 1876. Autoria: João de Deus (1830-1896). Pedagogo, poeta, escritor. Nomeado Comissário Geral da Leitura. Jaz no Panteão de Santa Engrácia.


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06/Out/15