A falsa divergência entre Serra e Dilma
por Valéria Nader
[*]
e Gabriel Brito
[**]
Aqueles que esperavam se deparar com um digno debate político no
primeiro turno, que pudesse ajudar na escolha de um candidato, acabaram
bastante frustrados. Denuncismo hipócrita, promessas excessivas,
citações de feitos passados, desfile de números e siglas
invadiram o cotidiano dos eleitores, sem nada lhes dizer dos problemas reais do
Brasil e de projeções efetivas para o futuro.
Entre os adversários à frente nas pesquisas, e que agora
disputarão o segundo turno, nós cidadãos, vimos, de um
lado, um candidato que não se arriscaria jamais a uma crítica
cerrada ao presidente Lula, com medo de perder mais popularidade; de outro
lado, uma candidata que não poderia levantar os temas cruciais da
nação, temerosa de perder o apoio da burguesia.
A ausência de radicalização por parte de Serra e de Dilma
perfaz um retrato cabal da despolitização a que assistimos, de
forma a só cortejar as visões mais consensuais e conservadoras. O
estilo comum aos dois candidatos consiste, ademais, em uma
demonstração inequívoca da sua conformação
ao modelo de sociedade neoliberal.
Para o sociólogo Francisco de Oliveira, nosso entrevistado especial,
não é necessário ir longe e nem divagar pela
questão religiosa ou ambiental para buscar as causas do crescimento de
Marina no primeiro turno. Foi em meio à convergência entre Serra e
Dilma que pôde surfar uma candidata, que, para Oliveira, não tem
proposta alguma, prega um ambientalismo vago e genérico, não
entra em bola dividida e sequer se pronuncia em assuntos cruciais.
O futuro, pelo menos o mais próximo, não se apresenta muito
alvissareiro para o sociólogo. Dilma será a provável
vitoriosa, os debates entre ela e o adversário devem prosseguir bastante
rasteiros no segundo turno e a maioria parlamentar obtida no Congresso pelo
bloco liderado pelo PT deverá reforçar o conservadorismo do
partido, assim como a regressiva característica de uma
agremiação que passou a se constituir em uma mistura entre o PRI
(Partido Revolucionário Institucional, no México) e o peronismo.
Correio da Cidadania: Como o senhor avalia os resultados das
eleições presidenciais até o momento, que definiu o
2º turno entre Dilma Rousseff e José Serra? Por que Dilma
não ganhou no primeiro turno, conforme muitos esperavam?
Francisco de Oliveira:
Acho que está tudo dentro das margens de erro das próprias
pesquisas. Não houve grande surpresa. A surpresa, de fato, foi a Marina
Silva com quase 20%, que as pesquisas não detectavam e ninguém
acreditava. Essa é a grande surpresa. Mas os resultados entre Serra e
Dilma não são nada surpreendentes.
Correio da Cidadania: Há diversas teorias sobre o crescimento da
candidatura Marina na reta final um dos motivos apontados, inclusive,
para a existência do segundo turno. Alguns crêem na força do
eleitorado religioso e anti-aborto, tema usado grosseiramente para denegrir
Dilma; outros desmistificam tal questão e dizem que Marina entrou no
vácuo de uma classe média desorientada politicamente, mas que de
alguma maneira se opõe à atual política. Enfim, como o
senhor define essa 'onda verde'?
Francisco de Oliveira:
Olha, o fenômeno Marina não é tão enigmático
assim. Na verdade, ela cresceu porque a campanha dos outros dois principais
candidatos não se radicalizou. Eles são, de fato, muito
convergentes e, evidentemente, uma brecha no eleitorado foi bem aproveitada por
Marina. Não creio que tenha sido voto religioso, ou em
função de a candidata se declarar contra o aborto... Acredito que
foi produto da não radicalização das outras duas
campanhas.
Correio da Cidadania: A existência do 2º turno representa, a seu
ver, algo positivo para o país nestas eleições?
Francisco de Oliveira:
Acho que é positivo sempre, não só nessa
eleição, como em todas. Não é bom para a democracia
termos unanimidades burras, como dizia Nelson Rodrigues. É bom haver
mais discussão, espaço, mais candidatos. Acho que lucramos. Esse
segundo turno poderia servir pra aprofundar o debate. Não é certo
que vá acontecer, mas existe a possibilidade.
Correio da Cidadania: Como o senhor enxergou o debate eleitoral realizado para
o primeiro turno, no que se refere à priorização de temas
e à profundidade com que foram tratados?
Francisco de Oliveira:
Sempre muito pobre. O único que tinha algo a dizer era o Plínio,
mas não tinha muito tempo. Foi tudo muito raso, de parte a parte. O
Serra não tinha muito a prometer, pois, na verdade, tem muito pouca
divergência com a Dilma, e vice-versa. Ambos são tidos como
desenvolvimentistas, favoráveis a ritmos acelerados de crescimento.
Serra conflitou-se com FHC quando era ministro do Planejamento em
questões monetárias, cambiais, mas com a Dilma há muita
convergência. E é isso que leva à não
radicalização de propostas.
A Dilma deve ter também suas divergências com Lula, a não
ser que ela seja um fantoche mesmo, o que ainda não está provado.
Que ela é uma invenção do Lula, é, mas pode
não ser um fantoche. Porém, o fato é que existe muita
convergência com o Serra. Em princípio, estamos em um ciclo
virtuoso e não há muito a corrigir nos rumos do país, uma
vez que a herança de Lula é bem vista. Aumenta um pouquinho o
Bolsa-família e por aí vai, de modo que o debate seria morno
mesmo.
E foi essa convergência entre Serra e Dilma que, como mencionei, abriu o
espaço para a Marina. Mas, se repararmos direito, ela não tem
proposta alguma. Prega um ambientalismo vago, genérico, não entra
em bola dividida, como se diz em futebol. Em nenhum assunto crucial ela sequer
se pronuncia, de modo que foi uma ascensão muito específica,
conjuntural, e não avaliza nenhuma promessa futura.
Correio da Cidadania: Como avalia a atuação da esquerda
socialista nesta eleição, representada essencialmente pelo PSOL,
PCB, PSTU e PCO?
Francisco de Oliveira:
A esquerda teria muitos motivos para criticar o sistema e a forma como vem
funcionando no país, mas não tinha tempo e nem recursos, e hoje
eleição é isso. Foi muito complicado o desempenho. O
Plínio ainda conseguiu ser convidado para os debates principais, os
demais nem sequer foram convidados. Mas, de toda forma, a grande imprensa
ignorou a todos.
Por conta disso, não dá para dizer que os resultados foram
decepcionantes, porque uma coisa que não é exposta, proposta,
não chega ao grande público, não pode mesmo se transformar
em voto. A Marina teve condições maiores de
exposição devido à entrada do dono da Natura, que lhe deu
recursos e, ao que parece, tomou gosto pela política, ao menos de acordo
com declarações nos jornais. Assim, ela pôde fazer
campanha. E a imprensa também se interessou muito por ela, por ser uma
espécie de ser exótico, que estava ali no meio com uma
história pessoal muito dignificante, uma pessoa pobre que nasceu em
seringais, disputando a presidência, muito parecida com o Lula.
Portanto, todos esses fatores criaram muito interesse sobre ela. Até
porque o ambientalismo dela é genérico e não contesta o
todo, o sistema. Quanto ao seu partido, o Partido Verde, só tem alguma
expressão na Alemanha, em nenhum outro país tem expressão
política ou eleitoral. De modo que no Brasil não há nada
muito promissor. Creio que sua ascensão foi bastante conjuntural devido
às características dessa eleição.
Correio da Cidadania: O senhor discorda, portanto, de várias
análises que vêm circulando, e que ressaltam a expressiva
votação obtida por Marina como um capital para que a candidata se
confirme como força política de peso no país, carregando a
bandeira da Terceira Via e do Ambientalismo?
Francisco de Oliveira:
Não acho que seja um capital que vá render muitos juros... Como
disse, só na Alemanha existe Partido Verde com certo peso; em outros
países, os verdes nem existem. E não vejo no Brasil tal
perspectiva. Seria muito surpreendente que os brasileiros se transformassem em
ambientalistas militantes. Isso é mais coisa de religião que de
cultura política. Não acredito que Marina tenha se
constituído num capital que vá ter desdobramentos adiante e abrir
uma via alternativa.
Correio da Cidadania: Qual a sua opinião quanto aos resultados
eleitorais no que se refere ao Parlamento, com o avanço do PT e sua base
aliada nas duas casas, ao lado da regressão de partidos como PSDB e DEM?
Francisco de Oliveira:
É a velha história. PSDB e DEM estão na verdade como
defuntos, foram arrastados para o buraco; o PT e o PMDB nadam, por sua vez, de
braçada, com muito dinheiro, como se foi sabendo aos poucos; e o PMDB
permanece com sua eterna característica de ser um partido muito
regionalizado, sem uma liderança nacional (o Temer não
será tal liderança), e muito fraturado em todos os lados. Mas
essas características também concedem ao PMDB uma capilaridade
importante para eleger muitos deputados. Nada excepcional, já que, se
não houver nenhuma trombada histórica, o PMDB sempre terá
tais resultados.
Enquanto isso, o PT também nada de braçada, com muito dinheiro,
todo mundo querendo agradar ao rei, sem nenhuma dificuldade, além de
carregar uma campanha muito vitoriosa, com um resultado positivo em votos
proporcionais. Não acredito que essa bancada poderosa constituída
por PT e PMDB vá resultar em diferença política.
Vão se comportar como já estão: de maneira
fisiológica e muito conservadora.
Correio da Cidadania: Caso Dilma vença as eleições,
governar com esta maioria não levará a um predomínio ainda
maior do Executivo na política nacional, na medida em que poderá
crescer a sua ingerência sobre o Legislativo?
Francisco de Oliveira:
Essa ingerência já ocorre em elevado grau. Mais do que com Lula,
não dá nem pra imaginar. Para o povão, não tem
nenhuma importância. O povo vai no velho ditado de que todo
político é ladrão, não tem apreço por essa
discussão. O Legislativo é uma instituição que
existe desde o Império e que nunca se firmou para nada. Sempre fazia a
vontade do rei no Império.
Não se criou, portanto, uma cultura política nacional que desse
destaque e importância ao Legislativo. Situação que
permanece, com os parlamentares como espécies de reis civis. E com a
tendência crescente de maior importância da economia sobre a
política, leva-se o Executivo a dar de braço e cutelo sobre o
Legislativo.
O Legislativo não tem autorização e nem poder para criar
despesas, onde já se viu isso? Trata-se de algo que ficou da ditadura e
não foi reformado pela nova Constituição. Não
há nenhum ato ou lei que saia do Legislativo que implique em despesas
que o Executivo seja obrigado a obedecer.
Portanto, mesmo com muita desinformação, caciquismo, de alguma
maneira o povo sabe disso: que, para arranjar um empreguinho, um deputado ou
senador podem ser eficientes; mas, para algo mais, sabe também que o
Legislativo não funciona.
Correio da Cidadania: De todo modo, o governo Lula freou diversas pautas
progressistas e reformistas, alegando não haver uma
correlação de forças favorável para levar adiante
as mudanças, o que acabou tornando célebre o discurso da
governabilidade. Acredita que, com maioria no Congresso, haveria alguma chance
de serem levadas adiante questões mais polêmicas e combatidas por
uma elite ainda muito conservadora, como o aborto, a reforma agrária e a
afirmação de direitos de minorias, entre outras?
Francisco de Oliveira:
Não, vai ser pior. Essa maioria vai tornar o PT mais conservador do que
já é. É um equívoco pensar que assim o PT se
liberta de algumas amarras e pode retomar um papel transformador. É o
contrário, essa maioria vai dar liberdade para que seja mais
explícito em seu fisiologismo e conservadorismo. Não tenho a
menor esperança.
Correio da Cidadania: Ainda na hipótese de vitória de Dilma,
fala-se muito a respeito da mexicanização de nossa
política, em alusão ao longo período em que o PRI o
Partido Revolucionário Institucional - permaneceu no poder no
México. O que pensa disso?
Francisco de Oliveira:
Acho que o PT já é uma mistura entre o PRI e o peronismo. O lado
PRI é o de apropriar-se e usurpar os cargos do Estado, manipular e
cevar-se nos fundos públicos. O lado peronista, decadente na Argentina,
é o lado propriamente político, uma vez que o peronismo fincou
raízes realmente populares e com isso manobrou o tempo todo. O PT tem a
mesma raiz popular, mas esse lado sugere uma peronização do PT,
ou seja, a inclinação pela cultura do favor, do clientelismo, da
corrupção, uma mistura muito estranha, desagradável e
politicamente regressiva.
Correio da Cidadania: Findo o primeiro turno, já começaram as
especulações sobre as estratégias dos candidatos para o
segundo turno, onde a candidata petista já deu claras
demonstrações de recuo em alguns temas polêmicos, como, por
exemplo, na questão do aborto. Como acha que vão caminhar os
debates eleitorais do segundo turno?
Francisco de Oliveira:
Vão continuar mornos. Eles vão tentar apenas encontrar motivos
de perturbação para o adversário, mas nada de debater os
grandes temas nacionais. Nem a Dilma e nem o Serra, a nenhum deles interessa
esse debate. O Serra não pode fazer uma crítica cerrada ao Lula,
com medo de perder mais popularidade; a Dilma não pode levantar temas
importantes, com medo de perder o apoio do que resta da burguesia nacional e da
grande burguesia internacional. Não acredito que saia algo interessante,
portanto; creio que procurarão os flancos abertos dos adversários
para tirar proveito eleitoral.
Correio da Cidadania: Vários setores de esquerda críticos ao
governo Lula, e já há bastante tempo descrentes do chamado
programa democrático popular, sentem-se em uma sinuca de bico neste
segundo turno. Afinal, se o governo Lula não avançou em
questões essenciais, como a reforma agrária, com Serra, nem mesmo
o diálogo com os movimentos sociais tem sido possível. O que o
senhor diria a estes setores neste momento?
Francisco de Oliveira:
Eles têm absoluta razão nesse temor. Eu diria para que não
esperem nenhuma facilidade de ambos os lados. Do lado tucano, porque
estão ideologicamente comprometidos com tudo que é antipopular.
Do lado lulista, não haverá abertura para os movimentos sociais a
fim de se buscar uma nova estruturação do poder no Brasil.
A vitória do lulismo não é muito promissora, pois, no meu
modo de ver, reforçará o estilo de governo que o Lula implantou
nos últimos oito anos, a ser confirmado pela eleição de
sua candidata, como se fosse a confirmação de que é disso
que o povo gosta. Essa é a tese do André Singer, agora o
principal intelectual a defender as posições do petismo e do
governo Lula. Tudo seguro, sem conflito. Lembra um menino que dançava
frevo em Recife e abria os bracinhos dizendo: "dá pra todo mundo,
dá pra todo mundo". A mensagem do lulismo é assim, "tem
pouquinho, mas dá pra todo mundo. Não precisa brigar, de
conflito, porque dá pra todo mundo!".
Esse é o estilo de um governo muito conservador, mais do que se pensa e
mais até do que os próprios tucanos supõem. É um
governo muito privatista, mais até do que o do FHC. FHC privatizou as
empresas; Lula, sobre essa tendência, empurrou o Brasil para o campo do
capitalismo monopolista de Estado, no qual não há avanço e
nunca se produziram bons resultados em política interna.
O André Singer andou utilizando muito o exemplo do Roosevelt, dizendo
que o Lula é sua versão brasileira, esquecendo-se somente que o
êxito da administração Roosevelt acabou com o movimento de
trabalhadores dos EUA, levando à fusão das centrais sindicais que
eram competidoras, e que viraram uma única confederação. E
ironicamente, o maior país capitalista do mundo nunca teve
condições de formar um partido de trabalhadores. Lá, os
trabalhadores sempre foram a reboque do Partido Democrata. É disso que
Singer esquece. Roosevelt foi um grande estadista, é verdade,
impulsionador do capitalismo americano, mas acabou com o movimento dos
trabalhadores norte-americanos. Se é isso que se deseja para o Brasil,
então, tome-se lulismo.
A vitória da Dilma traria mais imobilismo. Ela terá muitos
problemas, até porque a economia não vai surfar numa onda
contínua de progressão como a existente nos oito anos de Lula,
sobretudo no segundo mandato. As contradições crescem na medida
em que o capitalismo se desenvolve. A tendência é subjugar e
fraturar o movimento dos trabalhadores até ele ficar inerte
politicamente, sem nenhuma expressão.
Correio da Cidadania: Nesse sentido do imobilismo a que foram conduzidos os
movimentos sociais sob o governo Lula, o senhor comungaria, de alguma forma,
com a idéia de que a vitória de uma candidatura escancaradamente
conservadora como a de Serra seria mais benéfica para as lutas sociais e
políticas a longo prazo, no sentido de chacoalhar movimentos paralisados
e cooptados pelos anos Lula?
Francisco de Oliveira:
Não sei. É uma pergunta interessante, mas difícil de
responder, até porque a história pregressa dos tucanos é
negativa a esse respeito. Pode haver diferenças pessoais entre Serra e
Dilma, mas nada nos autoriza a pensar que uma vitória tucana abriria o
campo das contradições e movimentaria mais o campo da luta
política. Isto poderia ocorrer se o PT retomasse seu papel de
transformação na história brasileira. Mas esse é um
cenário tão ilusório quanto pensar que os tucanos possam
ter esse impacto no movimento social.
Correio da Cidadania: Qual a importância e quais as chances de
reconstituição de uma frente de esquerda de agora em diante?
Francisco de Oliveira:
Ainda são poucas, porque, com o crescimento de algumas bancadas no
Congresso, vai se deixar pouco espaço para a esquerda atuar. Nossa
responsabilidade é tentar descobrir os novos motivos e questões
que o povo possa ter e perceber na política.
Não vai haver descanso, folga alguma. A tendência é de se
sufocar qualquer manifestação de insubordinação, de
críticas. Mas a história caminha e surpresas são sempre
bem vindas, além de muitas contradições que vão
aparecer e reforçar o destino quase inarredável do Brasil de sua
condição de país sub-imperialista.
Essa história de política progressista para a América
Latina é uma farsa, pois dominamos o Paraguai, a Bolívia,
não temos nenhuma política externa progressista, isso é
uma mentira. E do ponto de vista interno, caminhamos para um capitalismo
monopolista de Estado, implacável, de olho apenas nos grandes lucros. E
vem aí o Pré-Sal, que pode ser um desastre, porque
reforçaria estruturas capitalistas mais monopólicas no
país... Não vejo nada de promissor.
Acho que a esquerda continuará com as mesmas divisões, uma frente
de esquerda ainda não é visível, pelo menos no futuro
imediato. Os partidos são todos pequenos e, primeiramente, têm de
fazer um esforço extraordinário para sobreviver e ampliar um
pouco sua penetração, porque o fogo de barragem sobre qualquer
projeto crítico é enorme. E esse fogo de barragem não
é só dos demais partidos, mas também da mídia. Que
espaço os jornais deram para a discussão dos pequenos partidos?
Já eram logo ridicularizados como nanicos, delirantes...
Os partidos pequenos da esquerda têm de fazer um esforço enorme
para sobreviver, explorar todas as debilidades do sistema e fazer uma
crítica que possa chegar ao povo.
Correio da Cidadania: Arriscaria fazer uma previsão para o segundo turno
e, ademais, a projetar qual candidato faria melhor por nosso país?
Francisco de Oliveira:
Acho que tudo indica que a Dilma ganha no segundo turno. Não acredito
numa transferência maciça de votos da Marina para o Serra. Seus
votos vão se dispersar entre ambos; portanto, o mais provável
é que a Dilma se eleja presidente.
Mas não sei que governo ela fará, penso apenas na tentativa de
continuar os governos do Lula, que na verdade será o personagem
atrás do trono, que irá mantê-la com rédea curta.
Até porque ela não tem muita experiência na política
nacional, nem dentro do PT, e estará cercada de chacais por todos os
lados.
Até mesmo pensando em seu futuro, se quiser retornar à
presidência, Lula tem de proteger a Dilma, senão ela será
estraçalhada na luta política miúda que agora vai se abrir
no Estado. Quanto ao seu desempenho no governo, as linhas gerais indicam que
ela só dará continuidade ao que o Lula implementou.
[*]
Economista, editora do
Correio da Cidadania
;
[**]
Jornalista
O original encontra-se em
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5102/9/
Esta entrevista encontra-se em
http://resistir.info/
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