Só a luta dos trabalhadores pode construir uma alternativa à
esquerda no nosso país
Representantes dos segmentos majoritários das classes dominantes no
parlamento, aliados a setores do judiciário e da mídia
hegemônica, impuseram a admissibilidade do impeachment da presidente
Dilma, num processo repleto de manipulações, manobras, conchavos,
negociatas e jogo sujo em todas as áreas da institucionalidade burguesa.
O sinal verde para o impeachment aprovado na Câmara dos Deputados
é um acinte ao povo brasileiro, pois se trata de uma medida comandada
cinicamente por um delinquente político e apoiada por mais de uma
centena de deputados envolvidos em processos de corrupção.
Mas esse também foi um processo pedagógico para os trabalhadores,
pois demonstrou claramente a natureza da democracia burguesa e o perfil
conservador do Congresso Nacional, composto majoritariamente pelo que há
de mais reacionário na sociedade brasileira, ou seja, os representantes
dos interesses dos banqueiros, latifundiários, empreiteiras,
oligopólios industriais e do grande comércio, que financiam suas
eleições. Eles não representam seus eleitores, mas seus
financiadores.
Esse processo demonstrou, além disso, que as regras formais da
democracia burguesa só são respeitadas pelas classes dominantes
enquanto servem aos seus interesses. Em momentos de crise, a burguesia tira a
máscara e manipula essas regras sem a menor cerimônia, a favor dos
seus objetivos. Esta tem sido uma dura lição para os petistas e
todos aqueles que acreditam nas alianças com a direita, no "estado
democrático de direito" e nas concessões ao capital. De nada
adiantou a vergonhosa conciliação de classe que o PT praticou
durante treze anos, pois quando o governo passou a não interessar mais
à burguesia que tem pressa de fazer as contrarreformas que o PT
faz
aos poucos esta usou de todas as suas artimanhas para
descartá-lo do
poder.
Tudo leva a crer que dificilmente o impeachment será revertido no
Senado, presidido por outro velho conhecido nos processos que tratam da
corrupção, em relação ao qual o PT ainda se ilude,
considerando-o aliado. Chamar de traidores aos que se lambuzaram com as
benesses do seu governo e agora abandonam o barco para se locupletar em outro
é, sem dúvida, a maior evidência da ilusão de
classe. A maior parte da escória que votou pelo impeachment neste
domingo estava, há poucos dias, na base de sustentação do
governo. O mesmo poderá acontecer no Senado.
Mas é necessário lembrar que o vice-presidente, em vias de
assumir o lugar de Dilma, é também indiciado em processos por
corrupção e caracteriza-se por ser um político
inescrupuloso e ardiloso, que o tempo todo conspirou nas catacumbas da
imoralidade política contra o próprio governo do qual faz parte,
sempre com a ambição de se tornar presidente, mesmo sem votos.
Caso o governo Temer se estabeleça, o movimento sindical e
operário, o movimento popular e a juventude não lhe devem
conceder um minuto de trégua, mobilizando-se para derrotá-lo a
partir das lutas nas ruas, nos locais de trabalho, de moradia e estudo, nas
ocupações urbanas e rurais.
Enfatizamos que por trás das manobras da burguesia para descartar o PT
estão interesses bastante concretos para acelerar e aprofundar a pauta
contra os trabalhadores que os governos petistas já vinham levando a
efeito, como a contrarreforma da previdência, a
flexibilização dos direitos trabalhistas, a entrega do
pré-sal às multinacionais e as privatizações.
Sabemos que para implantar uma pauta dessa ordem, o estado burguês tende
a aumentar a criminalização e a repressão contra as lutas
populares, bastando aplicar a lei antiterrorista já em vigor, proposta e
sancionada pelo governo petista. Portanto, a luta de classes se tornará
mais acirrada. Em contrapartida, estarão reduzidas as possibilidades de
conciliação e ilusão de classes, o que poderá levar
a resistência dos trabalhadores e setores populares a um novo patamar,
colocando na ordem do dia a necessidade da construção do
Poder Popular, rumo ao Socialismo
.
O PCB conclama sua militância, simpatizantes e aliados a somar
esforços pela realização de um
Primeiro de Maio Unitário Classista
em todas as cidades onde for possível, para alcançarmos o
máximo de unidade na ação contra a ofensiva do capital.
Essa unidade é um dos primeiros passos na construção de um
Bloco de Lutas
de todas as forças anticapitalistas e condição para a
realização, no primeiro semestre do próximo ano, de um
Encontro Nacional da Classe Trabalhadora e dos Movimentos Populares.
Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional, 20/Abril/2016
O original encontra-se em
pcb.org.br/portal2/10884
Esta nota política encontra-se em
http://resistir.info/
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