2ª volta das eleições brasileiras
Derrotar Serra nas urnas e depois Dilma nas ruas
por PCB
O PCB apresentou, nas eleições de 2010, através da
candidatura de Ivan Pinheiro, uma alternativa socialista para o Brasil que
rompesse com o consenso burguês, que determina os limites da sociedade
capitalista como intransponíveis. As candidaturas do PCO, do PSOL e do
PSTU também cumpriram importante papel neste contraponto.
Hoje, mais do que nunca, torna-se necessário que as forças
socialistas busquem constituir uma alternativa real de poder para os
trabalhadores, capaz de enfrentar os grandes problemas causados pelo
capitalismo e responder às reais necessidades e interesses da maioria da
população brasileira.
Estamos convencidos de que não serão resolvidos com mais
capitalismo os problemas e as carências que os trabalhadores enfrentam,
no acesso à terra e a outros direitos essenciais à vida como
emprego, educação, saúde, alimentação,
moradia, transporte, segurança, cultura e lazer. Pelo contrário,
estes problemas se agravam pelo próprio desenvolvimento capitalista, que
mercantiliza a vida e se funda na exploração do trabalho. Por
isso, nossa clara defesa em prol de uma alternativa socialista.
Mais uma vez, a burguesia conseguiu transformar o segundo turno numa disputa no
campo da ordem, através do poder econômico e da exclusão
política e midiática das candidaturas socialistas, reduzindo as
alternativas a dois estilos de conduzir a gestão do capitalismo no
Brasil, um atrelando as demandas populares ao crescimento da economia privada
com mais ênfase no mercado; outro, nos mecanismos de
regulação estatal a serviço deste mesmo mercado.
Neste sentido, o PCB não participará da campanha de nenhum dos
candidatos neste segundo turno e se manterá na oposição,
qualquer que seja o resultado do pleito. Continuaremos defendendo a necessidade
de construirmos uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, permanente,
para além das eleições, que conquiste a necessária
autonomia e independência de classe dos trabalhadores para intervirem com
voz própria na conjuntura política e não dublados por
supostos representantes que lhes impõem um projeto político que
não é seu.
O grande capital monopolista, em todos os seus setores industrial,
comercial, bancário, serviços, agronegócio e outros
dividiu seu apoio entre estas duas candidaturas. Entretanto, a direita
política, fortalecida e confiante, até pela opção
do atual governo em não combatê-la e com ela conciliar durante
todo o mandato, se sente forte o suficiente para buscar uma alternativa de
governo diretamente ligado às fileiras de seus fiéis e
tradicionais vassalos. Estrategicamente, a direita raciocina também do
ponto de vista da América Latina, esperando ter papel decisivo na
tentativa de neutralizar o crescimento das experiências populares e
anti-imperialistas, materializadas especialmente nos governos da Venezuela, da
Bolívia e, principalmente, de Cuba socialista.
As candidaturas de Serra e de Dilma, embora restritas ao campo da ordem
burguesa, diferem quanto aos meios e formas de implantação de
seus projetos, assim como se inserem de maneira diferente no sistema de
dominação imperialista. Isto leva a um maior ou menor
espaço de autonomia e um maior ou menor campo de ação e
manobra para lidar com experiências de mudanças em curso na
América Latina e outros temas mundiais. Ou seja, os dois projetos
divergem na forma de inserir o capitalismo brasileiro no cenário mundial.
Da mesma forma, as estratégias de neutralização dos
movimentos populares e sindicais, que interessa aos dois projetos em disputa,
diferem quanto à ênfase na cooptação política
e financeira ou na repressão e criminalização.
Outra diferença é a questão da privatização.
Embora o governo Lula não tenha adotado qualquer medida para reestatizar
as empresas privatizadas no governo FHC, tenha implantado as parcerias
público-privadas e mantido os leilões do nosso petróleo,
um governo demotucano fará de tudo para privatizar a Petrobrás e
entregar o pré-sal para as multinacionais.
Para o PCB, estas diferenças não são suficientes
qualitativamente para que possamos empenhar nosso apoio ao governo que se
seguirá, da mesma forma que não apoiamos o governo atual e o
governo anterior. A candidatura Dilma move-se numa trajetória
conservadora, muito mais preocupada em conciliar com o atraso e consolidar seus
apoios no campo burguês do que em promover qualquer
alteração de rumo favorável às demandas dos
trabalhadores e dos movimentos populares. Contra ela, apesar disso, a direita
se move animada pela possibilidade de vitória no segundo turno, agitando
bandeiras retrógradas, acenando para uma maior submissão aos
interesses dos EUA e ameaçando criminalizar ainda mais as lutas sociais.
O principal responsável por este quadro é o próprio
governo petista que, por oito anos, não tomou medida alguma para
diminuir o poderio da direita na acumulação de capital e
não deu qualquer passo no sentido da democratização dos
meios de comunicação, nem de uma reforma política que
permitisse uma alteração qualitativa da democracia brasileira em
favor do poder de pressão da população e da classe
trabalhadora organizada, optando pelas benesses das regras do viciado jogo
político eleitoral e o peso das máquinas institucionais que dele
derivam.
Considerando essas diferenças no campo do capital e os cenários
possíveis de desenvolvimento da luta de classes mas com a firme
decisão de nos mantermos na oposição a qualquer governo
que saia deste segundo turno
o PCB orienta seus militantes e amigos ao voto contra Serra.
Com o possível agravamento da crise do capitalismo, podem aumentar os
ataques aos direitos sociais e trabalhistas e a repressão aos movimentos
populares. A resistência dos trabalhadores e o seu avanço em novas
conquistas dependerão muito mais de sua disposição de luta
e de sua organização e não de quem estiver exercendo a
Presidência da República.
Chega de ilusão: o Brasil só muda com revolução!
PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
COMITÊ CENTRAL
Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2010
O original encontra-se em
pcb.org.br/...
Esta nota política encontra-se em
http://resistir.info/
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