Tsunami na Ásia:
A amplitude da catástrofe teria podido ser evitada
por Il Manifesto
Trata-se certamente de uma catástrofe natural, mas se ela acontecesse em
outra parte do mundo o balanço teria sido diferente. As
informações sobre aquilo que estava a ponto de acontecer não
chegaram (houve quatro horas de intervalo que teriam podido ser aproveitadas
para alertar as
populações, particularmente as da Tailândia, do Sri Lanka,
da Índia e das Maldivas).
Charles Mc Creery, director do Pacific Warning Center cuja sede é em
Honolulu, na ilha do Hawai, declarou ao Seattle Post-Intelligente que no dia do
desastre a sua equipe tentou desesperadamente por-se em contacto com os
países que iriam ser afectados pela muralha de água.
Por que a notícia não chegou?
Não há sistema de alerta nestes países, explica Mc Creery,
acrescentando uma frase pelo menos desconcertante: "Nós fizemos
todo o possível. Mas não tínhamos nas nossas agendas
contactos ou números de telefones nesta região do mundo".
Segundo Mac Creery, alguns minutos depois de ter recolhido as
informações dos sismógrafos, a sua equipe e ele se teriam
posto em contacto com a Austrália, depois com as unidades da Marinha
americana na zona e por fim com o Departamento de Estado que se supõe,
mas está tudo por verificar, avisou os governos da região. Do
lado indiano nega-se que tenham chegado informações e
advertências de perigo dos Estados Unidos. A Índia e o Sri Lanka,
por falta de atenção, de experiência e sobretudo de meios
não estão no sistema internacional de alarme sobre tsunamis,
criado após o grande tremor de terra no Alasca em 1964. A
Indonésia faz parte do mesmo, mas só teoricamente.
Infelizmente, reconheceu o professor Budi Walayo, funcionário da
agência meteorológica e geofísica indonésia,
não dispúnhamos de equipamento que pudesse nos prevenir da
formação e da direcção dos tsunamis. Os aparelhos
são muito caros e não tínhamos o dinheiro para
comprá-los. Nas costas do Pacífico, sobretudo nos EUA, existem
não só os aparelhos como também programas educativos com
exercícios de evacuação.
De facto, como afirmou o professor Tas Murty, perito em tsunamis da
Universidade de Winniping, "Não há qualquer razão
para que haja uma única vítima dos tsunamis. As vagas são
absolutamente previsíveis. Nós aperfeiçoámos
quadros que nos informam a velocidade de propagação da vaga no
Oceano Índico. E, para chegar à Índia, o tsunami devia
gastar quatro horas. Um tempo amplamente suficiente para dar o alarme".
Trata-se pois de uma catástrofe natural, mas também se deve ao
facto de ocorrer em zonas do planeta em que o ocidente está totalmente
desinteressado.
Pode-se igualmente perguntar acerca do facto de que o Departamento de Estado
devidamente prevenido, numa zona onde existem numerosas bases norte-americanas,
não se tenha posto em acção para prevenir a
catástrofe anunciada. Estamos longe das novelas e dos filmes de
catástrofe que a televisão nos despeja, onde os Estados Unidos,
salvadores da humanidade, põem em acção, sob a
orientação directa da Casa Branca e do seu presidente, uma
operação salvadora. Estamos diante da realidade deste mundo, da
acumulação insensata de armas, da pilhagem e da
indiferença para com as infelicidades dos pobres. O terrorismo
também tem um epicentro.
O original encontra-se na edição de 28/Dez/04 de
Il Manifesto
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A versão em francês em
http://globalresearch.ca/articles/MAN412A.html
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Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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