Fuga de petróleo no Golfo do México poderia provocar uma
"zona morta", com extinção da vida marinha
por Sheila McNulty
Altas concentrações de metano em alguns casos quase um
milhão de vezes maior do que o nível normal foram
descobertas em torno da fuga de petróleo da BP, aumentando temores de
que possa criar uma "zona morta" com oxigénio esgotado onde a
vida marinha não possa sobreviver.
Zona mortas são áreas da água onde florescem algas pois
elas alimentam-se de nutrientes em altas concentrações de
matérias estranhas, tais como o metano, neste caso, ou mais tipicamente
os componentes de fertilizantes agrícolas escorridos para dentro da
água. As
algae gorge
reproduzem-se rapidamente e então, por sua vez, são comidas por
bactérias num processo que esgota de oxigénio a área
imediata. Os peixes e outros seres vivos marinhos não podem sobreviver
nestas zonas, o que leva os cientistas a considerá-las
"mortas".
Que a fuga possa causar uma zona morta no Golfo seria mais um dado negativo
para o ambiente, já a sofrer da destruição de viveiros
marinhos e terrenos de nidificação de pássaros nos
pântanos e de projecções de impactos negativos sobre a vida
marinha ao logo da Costa do Golfo. A reacção em cadeia seria um
bolsão no Golfo, onde pescadores deixariam de encontrar peixe ou outras
criaturas do mar para capturar.
O sítio onde foram descobertas grandes concentrações de
metano está num raio de seis milhas 6 [9,6 km] em torno da fuga, de onde
John Kessler, professor assistente do Departamento de Oceanografia da
Universidade Texas A&M, retornou após uma viagem de
investigação de 10 dias.
Numa viagem anterior à mesma área, no ano passado, ele pode
identificar a elevação do metano após o acidente com o
Deepwater Horizon. O metano é o componente principal do gás
natural, assim como o etano e o propano, e ele representa 40 por cento do peso
do material que emana da fuga do poço da BP.
No ano passado as concentrações destes gases estavam em
níveis normais, de uma a duas partes por milhão. Este ano, a
concentração de metano dissolvido na água do mar é
100 mil vezes maior e, em alguns lugares, a aproximar-se de 1 milhão de
vezes mais, afirmou ele.
Se bem que o metano possa ser tóxico para vários organismos
marinhos, um dos focos da investigação de Kessler é
verificar que a alta concentração de metano poderia conduzir a um
furor alimentar por parte das micro-organizações marinhas que se
alimentam deste hidrocarboneto, esgotando o oxigénio na área e
criando uma zona morta.
"Há algumas baixas no oxigénio", disse Kessler.
"Ela é significativa, nós percebemos. Ela está
ali".
Mas se isto aumentará o suficiente para provocar uma zona morta ainda
está para ser visto, disse ele, com factores significativos sendo
quão altas as concentrações de metano permanecerão
e quanto tempo permanecerão nestes níveis elevados.
Com a BP a sugar para a superfície quantidades crescentes de
hidrocarbonetos, há esperanças de que a quantidade que
está a jorrar no Golfo esteja num declínio. Dito isto, espera-se
que a fuga continue até que a companhia britânica possa completar
pelo menos um dos dois furos de alívio que está a perfurar para
interceptar o furo com a fuga e tapá-lo. A BP espera que isto possa ser
no fim de Julho ou Agosto.
A National Oceanic and Atmospheric Administration, a US Environmental
Protection Agency e o Office of Science and Technology Policy da Casa Branca
disseram no seu primeiro relatório sumário analítico,
revisto por pares, acerca do monitoramento submarino, que "os
níveis de oxigénio dissolvido permaneciam acima dos níveis
de preocupação imediata". Mas acrescentava: "Há
necessidade de monitorar os níveis de oxigénio dissolvido ao
longo do tempo".
O Golfo do México já tem uma das maiores zonas mortas do mundo
cerca de 17 mil quilómetros quadrados, a dimensão do Lago
Ontario nos últimos cinco anos, segundo o Louisiana Universities
Marine Consortium.
Mas os investigadores não sabem se o sítio da fuga a mais
de 100 milhas [161 km] da costa conectar-se-á com aquela que
têm estado a observar ao longo de anos. Aquela zona morta bem estudada
está próxima à costa, em águas rasas, na zona de
drenagem do Rio Mississippi, o qual super-enriquece as águas com
nutrientes que levam a uma abundância de algas que consome todo o
oxigénio da água de modo que esta deixa de suportar vinha marinha.
29/Junho/2010
O original encontra-se em
blogs.ft.com
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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