Mais de 800 soldados norte-americanos, de um contingente de milhares que
chegarão em vários grupos até completar o número de
14 mil soldados, desembarcaram na cidade de Barahona, na região sul do
nosso território, surpreendendo não só a sua
população como todo o país.
Esta nova afronta a nossa soberania produziu-se em meio do processo eleitoral
no Haiti, onde os candidatos que apoiam o império não têm
nenhum ou muito pouco respaldo da população desse país,
pelo que despertou múltiplas inquietações uma vez que esse
país está sob intervenção primeiro das tropas
norte-americanas e logo a seguir legalizada pela ONU com a MINUTAD, ou
capacetes azuis.
Os dominicanos têm muito presente que no século passado (1915),
aplicando a chamada doutrina Monroe, os americanos invadiram o povo
irmão do haitiano e um ano depois (1916) invadiram o território
dominicano, intervieram nas alfândegas e mantiveram suas tropas
interventoras durante oito anos na Rep. Dominicana (1916-1924) e 19 anos no
Haiti (1915-1934).
Depois do golpe de Estado contra o governo de Aristides pelo governo dos
Estados Unidos, e legalizada a intervenção armada pela ONU
através da MINUSTAD, o império pôs a circular a
versão de que na República Dominicana e no Haiti o que existem
são estados falidos e naturalmente haveria que criar um no estilo e
à semelhança norte-americana.
Por isso é tão suspeito o desembarque de surpresa dos marines
gringos, talvez a usar o nosso território contra qualquer desenlace que
se produza no país vizinho que não seja do agrado do governo
fascista de Bush, o talvez a ensaiar a invasão em toda a ilha, o que
entra nos seus planos de recolonização e saqueio dos
países que considera seu quintal.
É indignante como o império submete nossos povos, nos
impõe suas políticas de globalização neoliberal,
saqueiam nossas riquezas, exploram sem misericórdia nossos irmãos
trabalhadores, destroem-nos o aparelho produtivo nacional, impõem-nos o
TLC e convertem-nos em mercado dos seus produtos, e no momento mais inesperado
desembarcam suas tropas de forma bélica, com apetrechos de armas de
guerra refinadas, ainda que digam que a missão que os traz é a de
realizar campanhas de saúde.
O pior que pode acontecer a uma nação é ter um governo
servil ao império, que não faça respeitar nossa
condição de país livre e soberano e viva ajoelhado
às ordens da embaixada norte-americana, cumprindo ou justificando todas
as formas de intromissão nos nossos assuntos internos e as
agressões que o império realiza contra o nosso país, sem
que levante a voz em defesa da nossa dignidade. O maior descaramento do
governo é permitir que no mês da pátria permitia o
desembarque de tropas estrangeiras.
Levantando o legado do nosso pai e fundador Juan Pablo Duarte que no ensinou
que "nossa pátria há de ser livre de toda potência
estrangeira ou afunde-se ilha" a população de Barahona e o
povo dominicano receberam o desembarque dos soldados invasores com
indignação, com acções de protesto, recusando as
argumentações ou pretextos levantados pelo governo para explicar
a presença em nosso território.
As forças patrióticas, progressistas e de esquerda
começaram a articular um amplo movimento que envolva a maioria da
população, repudiando a presença desses intrusos nos solo
dominicano. Já na próxima terça-feira 14 de Fevereiro
está a organizar-se um piquete à embaixada norte-americana
às 09h30, onde será entregue um documento assinado pela maior
quantidade de organizações, repudiando sua presença e
exigindo que abandonem o território nacional.
No processo de luta para que abandonem o país estão a colocar em
marcha um amplo plano de mobilizações, que envolvem piquetes,
marchas, caravana patriótica da capital até Barahona,
vigílias e caminhadas e as mais diversas formas de protesto para
defender com dignidade nosso território, em que participe a diversidade
de sectores que compõem a sociedade dominicana.
Denunciar perante a opinião pública mundial esta agressão
do imperialismo contra nosso país, solicitar o apoio do governos,
movimentos, organizações e pessoas que se identifiquem com nossa
decisão de lutar para sacar o referidos soldados do solo pátrio.
Não se pode invadir ou desembarcar tropas em nenhum país, sob
nenhum pretextos. Deve-se respeitar a soberania dos países e a
República Dominicana é um país soberano. Assim, go home
ianques.
Nem em Cuba, Venezuela, Afeganistão, Haiti, Colômbia, Palestina,
Bolívia, Iraque, Irão, Coreia, Brasil, Uruguai ou qualquer outro
país podemos permitir uma agressão sem levantar nossa voz de
protesto e nos solidarizarmos com os que lutam contra ela.
A República Dominicana poderá ser destruída, mas serva
novamente JAMAIS.
Fora ianques de Quisqueya
[1]
. Em 1916 os combatemos, em 1965 também e
estamos convencidos que os enfrentaremos e os derrotaremos cada vez que se
atrevam a pisotear o solo da pátria de Duarte, Sánchez,
Luperón, Manolo e Caamaño e dos milhares de heróis,
mártires e heroínas que deram suas vidas em defesa da nossa
independência e soberania.
Santo Domingo, D.N., República Dominicana.
[*]
Presidente del PTDML.
República Dominicana exige saída das tropas estadunidenses
SANTO DOMINGO, 14 O repúdio à presença de soldados
norte-americanos no território dominicano e a exigência da sua
retirada imediata foi reclamada hoje na República Dominicana por 23
organizações políticas, sociais, sindicais e estudantis.
Numa marcha de protesto concluída em frente à embaixada dos
Estados Unidos, em meio a uma chuva contínua, as
organizações signatárias do documento entregue aos
representantes de Washington qualificaram de inadmissível a
presença de tropas estrangeiras.
"Exigimos respeito à nossa condição de
nação livre e soberana e exigimos-lhe (ao governo dos Estados
Unidos) a retirada do contingente militar desembarcado por Barahona",
enfatizam.
"É uma afronta à nossa dignidade, mais ainda quando essas
tropas são do país que nos invadiu militarmente em duas
ocasiões, com o pretexto de salvar vidas, matando milhares de
dominicanos e deixando uma grande dívida de sangue acumulada",
precisa.
O protesto, intitulado "Fora ianques de Quisqueya!"
[1]
, é firmado pela Unión Patriótica, Liga Socialista de los
Trabajadores, Partido Nueva Alternativa, Fuerza de los Trabajadores e o
Movimiento Popular Dominicano.
Subscrevem igualmente o documento o Partido Comunista Marxista Leninista,
Proyecto Partido Socialista, Frente Estudiantil Flavio Suero e o Partido de
los Trabajadores Dominicanos ML.
Também subscrevem o documento o Consejo de Unidad Popular,
Confederación Nacional de Mujeres Campesinas, Asociación
Americana de Juristas, Unión Nacional Estudiantes Revolucionarios,
Frente Amplio de Lucha Popular, Colectivo Organizaciones Populares, Juventud
Caribe, Frente Estudiantil de Liberación Amin Abel Hasbun, as Corrientes
Ministeriales Juan Pablo Duarte y Narciso González, a Campaña
Dominicana de Solidaridad con Cuba e a Filial de Juristas Americanos.
Ao falar em nome de todas as organizações, o dirigente
Iván Rodríguez condenou "a atitude servil do governo
dominicano, que chegou a assinar um acordo garantindo impunidade aos militares
norte-americanos autores de crimes neste país".
"Além de, acrescentou, permitir-lhes montar uma escola de sargentos
em Las Calderas de Baní e a supervisão pelo Comando Sul
estadunidense da fronteira dominicana-haitiana, em desprezo do
prestígio, autoridade e capacidade das nossas Forças
Armadas".
Além de Ivan Rodríguez, participaram no evento Narciso Isa Conde,
Ramón Almánzar, Virtudes Alvarez, Víctor Geronimo e outros
dirigentes da Unión Patriótica, Liga Socialista de los
Trabajadores, Partido Nueva Alternativa, Fuerza de los Trabajadores e
Movimiento Popular Dominicano.
A operação "Nuevos Horizontes", no sudoeste do
país, é justificada publicamente pelos chefes do contingente
norte-americana como orientada para trabalhos comunitários com a
construção de quatro clínicas e instalações
médicas.
Contudo, o documento assinala que "os dominicanos não são
indiferentes perante o desembarque de tropas fortemente equipadas num momento
tão delicado como o que vive o Caribe, a América Latina e o
mundo". E acrescenta: "especialmente enquanto a parte ocidental da
ilha (Haiti) está sob a intervenção dos Estados Unidos e
dos seus aliados".
E, finalmente, pergunta-se "se tem o objectivo de preparar
acções contra o povo haitiano, no caso de sofrerem reveses nos
seus planos ou se fazem parte de uma estratégia de agressão e
controle no Caribe e na América Latina".
[1]
'Quisqueya' significa 'Terra Grande' na língua taína, dos
nativos da actual Rep. Dominicana.
O original encontra-se em
http://listas.nodo50.org/cgi-bin/mailman/listinfo/diariodeurgencia
Este artigo e notícia encontram-se em
http://resistir.info/
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