O que
não estamos
a ouvir acerca do Haiti: petróleo
"Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no
Haiti décadas atrás e que devido a circunstâncias
geopolíticas e a interesses do big business foi tomada a decisão
de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio
Oriente escasseasse. Isto é pormenorizado pelo
dr. Georges Michel
num
artigo datado de 27/Março/2004 em que esboça a história
das explorações e das reservas de petróleo no Haiti, bem
como na investigação do dr. Ginette e Daniel Mathurin.
Também há boa evidência de que estas mesmas grandes
companhias de petróleo estado-unidenses e seus monopólios
inter-relacionados de engenharia e empreiteiros da defesa fez planos,
décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do
Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de
tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser
armazenado
e posteriormente transferido para pequenos petroleiros a fim de atender portos
dos EUA e do Caribe. Isto é pormenorizado num documento acerca da
Dunn Plantation em Fort Liberté
, no Haiti.
A HLLN de Ezili
[1]
sublinha este documentos sobre recursos petrolíferos do
Haiti e os trabalhos do
dr. Ginette e Daniel Mathurin
a fim de proporcionar uma
visão não encontrável nos media "de
referência" nem tão pouco se encontra em qualquer outro lugar
as razões económicas e estratégicas porque os EUA
construíram a sua quinta maior embaixada do mundo a quinta,
após a embaixada dos EUA na China, no Iraque, no Irão e na
Alemanha no minúsculo Haiti, após a mudança do
regime haitiano pelo governo Bush.
Os factos esboçados na Dunn Plantation e nos documentos de Georges
Michel, considerados em conjunto, desvelam razoavelmente parte das
razões ocultas porque os Enviado Especial da ONU ao Haiti,
Bill Clinton
,
está à ocupação da ONU o aspecto de que as suas
tropas permanecerão no Haiti por longo período.
A HLLN de Ezili tem afirmado reiteradamente, desde o princípio da
mudança de regime do Haiti em 2004 pelo regime Bush, que a
invasão do país pelos EUA em 2004 utilizou tropas da ONU como
suas procuradoras militares para esvaziar a acusação de
imperialismo e racismo. Também temos afirmado reiteradamente que a
invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA não se
refere à protecção dos direitos haitianos, a sua
segurança, estabilidade e desenvolvimento interno a longo prazo mas sim
acerca do retorno dos Washington Chimeres [gangters] os tradicionais
oligarcas haitianos
ao poder, o estabelecimento de comércio
livre injusto, o plano mortal dos Chicago boys, políticas neoliberais,
manutenção do salário mínimo a
níveis de trabalho escravo
, pilhagem dos
recursos naturais e riquezas do Haiti
, para
não mencionar o benefício da localização pois o
Haiti está entre Cuba e a Venezuela. Dois países em que, sem
êxito, os EUA têm orquestrado mudanças de regime mas
continuam a tentar. Na Dunn Plantation e nos documentos Georges Michel,
descobrimos e novos pormenores como a razão porque os EUA estão
no Haiti com esta tentativa de Bill Clinton para que as ocupações
da ONU continuem.
Não importam os disfarces ou a desinformação dos media,
trata-se também das reservas de petróleo do Haiti e de assegurar
portos de águas profundas no Haiti como local de transbordo
(transshipment)
para petróleo ou para armazenagem de petróleo bruto sem a
interferência de um governo democrático obrigado para com o
bem-estar da sua população. (Ver
Reynold's deep water port in Miragoane
/
NIPDEVCO property
.)
No Haiti, entre 1994 e 2004, quando o povo tinha voz no governo, havia um
intenso movimento das bases para conceber como explorar os recursos do
país. Havia um plano, explicitado no livro "Investir no povo:
Livro Branco
de Lavalas sob a direcção de Jean-Bertrand Aristide"
(Investir dans l'humain), onde a maioria dos haitianos "foi não
só informada onde estavam os recursos, mas que não tinham as
qualificações e tecnologia para realmente extrair o ouro, extrair
o petróleo".
O plano Aristide/Lavalas, como articulei na entrevista
Riquezas do Haiti
, era
"empenhar-se em alguma espécie de parceria privada/pública.
Nesta, seria considerado tanto o interesse do povo haitiano como naturalmente o
dos privados que receberiam os seus lucros. Mas penso que isto foi naquele
momento em que tínhamos St. Gevevieve a dizer que não gostavam do
governo haitiano. Obviamente, eles não gostavam deste plano. Eles
não gostam que o povo haitiano saiba onde estão os recursos. Mas
este livro pela primeira vez na história do Haiti foi
escrito em crioulo e em francês. E houve uma discussão nacional em
todas as rádios do Haiti acerca de todos estes vários recursos do
Haiti, onde estavam localizados e como o governo haitiano tencionava tentar
construir desenvolvimento sustentável através daqueles recursos.
Era o que acontecia antes de em 2004 Bush mudar o regime do Haiti
através de golpe de estado. Agora, após o golpe de estado, embora
o povo saiba onde estão estes recursos porque o livro existe, ele
não sabe quem são estas companhias estrangeiras. Nem quais
são as suas margens de lucros. Nem quais as regras de
protecção ambiental e regulamentações irão
protegê-los. Muitos, no Norte por exemplo, falam acerca da perda das suas
propriedades, tendo vindo pessoas com armas e tomado a sua propriedade.
É assim que estamos"
(
Riquezas do Haiti: entrevista com Ezili Dantò sobre mineração no Haiti
).
Os media "de referência", possuídos pelas companhias
multinacionais que espoliam o Haiti, certamente não exibem para consumo
público o facto de que a invasão e ocupação do
Haiti pela ONU/EUA é para assegurar o petróleo do país,
posição estratégica,
trabalho barato
, portos de
águas profundas, recursos minerais (irídio, ouro, cobre,
urânio, diamantes, reservas de gás), terras, zonas costeiras,
recursos offshore para privatização ou a utilização
exclusiva de oligarcas ricos do mundo e de grandes monopólios
petrolíferos dos EUA. (Ver mapa mostrando algumas das riquezas mineiras
e minerais, inclusive cinco sítios de petróleo no Haiti;
Oil in Haiti
pelo
dr. Georges Michel
;
Excerto do documento Dunn Plantation
;
o Haiti está cheio de petróleo
, afirma Ginette e Daniel Mathurin.
Há uma conspiração multinacional para tomar ilegalmente os recursos minerais do povo haitiano
: Espaillat Nanita revelou que no Haiti
há enormes recursos de ouro e outros minerais,
Is UN proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti
).
De facto, a actual autoridade-haitiana-sob-a-ocupação-EUA/ONU que
encarregada de conceder licenças de exploração e
mineração no Haiti não explica, de qualquer maneira
relevante ou sistemática, à maioria haitiana acerca das
companhias a comprarem, após 2004, portos de águas profundas no
Haiti, que lucros partilham com o povo do Haiti, não explicam os efeitos
ambientais das escavações maciças nas montanhas do Haiti e
sobre as águas neste momento. Ao invés disso, o director de
Mineração do Haiti alegremente sustenta que
"novas investigações serão necessárias para confirmar a existência de petróleo no Haiti"
.
Num trecho retirado do artigo postado em 09/Outubro/200 por Bob Perdue,
intitulado
"Lonnie Dunn, third owner of the Dauphin plantation"
,
ficamos a saber que:
"Em 8 de Novembro de 1973, Martha C. Carbone, da
Embaixada Americana em Port-au-Prince, enviou uma carta ao Office of Fuels and
Energy, Departamento de Estado, na qual declarava que o Governo do Haiti
"... tem diante de si propostas de oito grupos diferentes para estabelecer
um porto de transbordo para petróleo em um ou mais portos de
águas profundas haitianos. Alguns dos projectos incluem a
construção de uma refinaria..." Ela a seguir comentava que a
Embaixada conhecia três firmas: Ingram Corporation de Nova Orleans,
Southern California Gas Company e Williams Chemical Corporation da Florida..
(Segundo John Moseley, a companhia de Nova Orleans provavelmente chama-se
"Ingraham", não Ingram.)
No número de 6 de Novembro de 1972 da revista
Oil and Gas Journal,
Leo B. Aalund comentava no seu artigo "Vast Flight of Refining Capacity
from U.S. Looms",.:
"Finalmente, o Haiti de 'Baby Doc' Duvalier está a participar com
um grupo que quer construir um terminal de transbordo junto a Fort
Liberté, no Haiti".
Uma das propostas mencionadas por Carbone
estava sem dúvida submetida aos interesses Dunn.
Além disso, ficamos a saber por este artigo que
"a Lonnie Dunn que
possuía a plantação Dauphin "planeou rectificar e
ampliar a entrada da baía [Fort Liberté] de modo a que
super-petroleiros pudessem nela entrar e a carga ser distribuída para
petroleiros mais pequenos para transferência a portos dos EUA e Caribe
que não pudessem acomodar navios grandes..."
(
Foto
de Fort Liberté, Haiti).
Inserimos no sítio web HLLN as outras partes relevantes deste documento
que se referem ao interesse que corporações dos EUA têm
tido, durante décadas, em Fort Liberté como porto de águas
profundas ideal para multinacionais instalarem uma refinaria de petróleo.
Nas décadas de 50 e 60 havia pouca necessidade dos portos ou do
petróleo do Haiti pois do Médio Oriente jorravam dólares
em abundância. Para os monopólios que ali actuavam não
havia necessidade de enfraquecerem-se a si próprios colocando mais
petróleo no mercado e cortarem os seus lucros. Escassez manipulada, teu
nome é lucro! Ou, o que equivale dizer, capitalismo.
Mas o embargo petrolífero da década de 70, o advento da OPEP, a
ascensão do factor venezuelano, a Crise do Golfo seguida pela guerra
pelo petróleo do Iraque, tudo isso tornou o Haiti uma aposta melhor para
o fato de três peças e os mercenários militares chamados
"governos ocidentais", sim, um meio mais fácil de colocar a
pilhagem e o saqueio sob a cobertura pública do "levar a
democracia" ou da "ajuda humanitária".
Por acaso, após a mudança de regime de 2004 promovida por Bush
filho, a seguir ao golpe militar de 1991 de Bush pai, descobrimos
torrentes de "discussões" no Congresso
acerca de perfurações off-shore em preparação, com
a
"revelação" final, tal como escrito há anos no
documento Dunn, de que "é necessário para os
super-petroleiros que precisam portos de águas profundas os quais
não estão prontamente disponíveis ao longo da Costa Leste
dos EUA assim como por considerações ambientais e outras
que não permitem a construção de refinarias internas na
escala em que serão necessárias".
Enfatizamos que o Haiti é um local de despejo ideal para os
EUA/Canadá/França e agora o
Brasil
, pois questões
ambientais, de direitos humanos, de saúde e outras nos EU e nestes
outros países provavelmente não permitiriam a
construção de capacidade de refinação interna na
escala em que as novas explorações de petróleo neste
hemisfério exigirão. Assim, por que não escolher o
país mais militarmente indefeso do Hemisfério Ocidental e
salpicá-lo com iniciativas de desestabilização por
trás da máscara "humanitária" da ONU e os
paternais cabelos brancos de Bill Clinton com uma cara sorridente?
É relevante notar aqui que a maior parte dos principais portos de
águas profundas do Haiti foram privatizados a partir da mudança
de regime promovida por Bush em 2004. Também é relevante notar
que no ano passado escrevi um artigo intitulado
Is the UN military proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti
: "Se
há reservas significativas de petróleo e gás no Haiti, o
genocídio e os crimes dos EUA/Europa contra a população
haitiana ainda não começaram.
Ayisyen leve zye nou anwo, kenbe red. Nou fèk komanse goumen.
(Reler
Is there oil in Haiti
, de John Maxwell.)
As revelações do dr. Georges Michel e dos documentos Dunn
Plantation parecem responder afirmativamente à questão de que
há reservas substanciais de petróleo no Haiti. E a nossa
informação no Ezili Dantò Witness Project é que na
verdade está a ser aproveitada, mas não para o benefício
dos haitianos ou do desenvolvimento autêntico do Haiti. Eis porque havia
a necessidade de marginalizar as massas haitianas através do derrube do
governo democraticamente elite de Aristide e de colocar as armas e a
ocupação da ONU que hoje mascaram os EUA/europeus (com uma
peça para o novo poder que é o Brasil) assegurando as reservas de
petróleo e gás do Haiti e outras riquezas minerais tais como
ouro, cobre, diamantes e tesouros submarinos. (
Majescor and SACG Discover a New Copper-Gold in Haiti
, Oct. 6, 2009; Ver
Haiti's Riches
e
There is a multinational conspiracy to illegally take the mineral resources of the Haitian people
: Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e
outros minerais.)
Hoje, os EUA e os europeus dizem estar felizes com os "ganhos de
segurança" do Haiti e com o seu governo "estável".
Quer dizer: as últimas eleições presididas pelos EUA/ONU
no Haiti excluíram o partido maioritário de qualquer
participação. As prisões do Haiti estão cheias,
desde 2004, com milhares de organizadores comunitários, civis pobres e
dissidentes políticos que os EUA/ONU etiqueta como
"gangsters", detidos indefinidamente sem julgamento ou
audiências. A Cité Soleil foi "pacificada". Desde 2004
há mais ONGs e organizações caritativas no Haiti
cerca de 10 mil do que em qualquer outro lugar do mundo e o povo
haitiano está muitíssimo pior do que antes desta
civilização EUA/ONU (também conhecida como
"Comunidade Internacional") e seus bandidos, ladrões e
esquadrões da morte corporativos que cassam os direitos de nove
milhões de negros. Os preços dos alimentos estão demasiado
altos, alguns recorrem ao pão que o diabo amassou na forma de biscoitos
Clorox para aliviar a fome.
Lovinsky Pierre Antoine
, o dirigente da maior organização de
direitos humanos do Haiti, foi desaparecido em 2007 no Haiti ocupado pela ONU
sem que qualquer investigação fosse efectuada. Entre 2004 e 2006,
sob a ocupação ocidental, primeiro pelos Marines dos EUA e a
seguir pelas tropas multinacionais encabeçadas pelo Brasil, de 14 mil a
20 mil haitianos, principalmente quem se opunha à ocupação
e à mudança de regime, foram chacinados com impunidade total.
Mais crianças haitianas estão fora da escola hoje em 2009 do que
antes de vir a "civilização" EUA/ONG após 2004.
Sob o regime imposto pelos EUA em Boca Raton, o Supremo Tribunal do Haiti foi
despedido e outro completamente novo, sem qualquer autoridade constitucional
emanada de mandato do povo do Haiti, substituiu os juízes
legítimos e os funcionários judiciais sob a tutela da
ocupação da ONU e da comunidade internacional.
(...)
[1]
Ezili: Marguerite Laurent/Ezili Dantò é dramaturga, poeta,
comentadora política e social, escritora e promotora de direitos
humanos. Nasceu
em Port-au-Prince e foi educada nos EUA. Para mais informação ver
http://www.ezilidanto.com
O original encontra-se em
http://pakalert.wordpress.com/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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