O golpe fascista contra a Venezuela
"O golpe fascista contra a
Venezuela" é um livro lançado em Janeiro de 2003 pelas
Ediciones Plaza
, de Havana. Trata-se de uma
recopilação dos discursos do presidente venezuelano Hugo
Cháves Frías pronunciados entre Dezembro/2002 e Janeiro/2003, ou
seja, exactamente o período em que a Revolução Bolivariana
viveu horas cruciais. A sanha feroz do imperialismo e da reacção
interna venezuelana promoveu um longo e prolongado
lock-out
(a que os meios de desinformação portugueses falsamente
denominaram de "greve"). Mas, mais uma vez, a
Revolução Bolivariana saiu vitoriosa dessa dura prova.
resistir.info põe o
livro à disposição dos seus leitores, tanto o original em
espanhol (233 pgs.) como a sua tradução em inglês. Os
ficheiros estão zipados (é preciso o Winzip para descompactar).
Após a descompactação podem ser lidos no Word (formato
DOC). Para descarregar, clique com o botão
direito
do rato:
Em espanhol:
El golpe fascista contra Venezuela
(144 kB)
English translation:
The Fascist Coup Against Venezuela
(96 kB)
Transcreve-se a apresentação livro.
Uma batalha pela Venezuela e pela esperança
Na Venezuela trava-se hoje uma
batalha do passado contra o futuro e a esperança, dos privilegiados de
sempre frente aos eternos excluídos, da ignomínia frente à
dignidade, uma batalha pelos direitos dos povos da Nossa América.
Aliados, em pérfida
coalizão golpista, a petrocracia oligárquica, os grandes
empresários, os donos da estações de televisão
privadas e outros meios de comunicação, os burocratas do
sindicalismo "amarelo" e corrupto, chefes militares traidores e
representantes do passado político venezuelano, pretendem assaltar o
poder por qualquer meio, derrubar o governo legitimamente eleito do Presidente
Hugo Chávez e frustrar os sonhos de justiça social da grande
maioria do povo venezuelano, que viu aquelas mesmas classes exaurirem o
país durante mais de quarenta anos.
Aqueles que desde o 2 de
Dezembro
de 2002 pretenderam paralisar a Venezuela e dobrar o Presidente Chavez
são os mesmos que executaram o sangrento golpe fascista do passado 11 de
Abril; aqueles que, nas poucas horas que detiveram o poder, dissolveram a
Assembleia Nacional e todos os poderes públicos, invadiram casas e
vexaram personalidades políticas e sociais do processo bolivariano,
desencaderam um terrorismo mediático inaudito e pretenderam apagar de uma
vez as leis justiceiras adoptadas pelo governo bolivariano.
O povo desbaratou o golpe em
menos de 72 horas, lançando-se às ruas em defesa do seu
líder e das suas ideias, junto com chefes militares, jovens valentes e
patriotas. Na madrugada de 14 de abril, Chávez voltou ao Palácio
de Miraflores em meio à euforia popular, e o efemero presidente
golpista, Pedro
Carmona ("el Breve") saiu pela porta dos fundos em apressada correria
rumo à esterqueira da história.
Num gesto generoso e nobre para
com os seus próprios adversários, o Presidente Chávez
não pediu então a vingança contra os golpistas. Pediu,
sim, a todas as forças políticas e sociais da Venezuela que
terminassem os enfrentamentos estéreis e trabalhassem pelo bem do povo e
da nação. Mas as forças que foram donas do país e
o saquearam sem compaixão, não resignadas a perder o poder
político, continuaram a conspirar depois de Abril.
Os golpistas acreditaram que em
Dezembro estavam criadas as oportunidades para assestar um golpe mortal ao
processo bolivariano. Tinham pressa devida à entrada em vigor, no
início de 2003, de importantes leis como a dos hidrocarbonetos, que
reformaria a estrutura quase privada da
PDVSA
e o aprofundamento dos passos estabelecidos na Lei de Terras, que beneficia
centenas de milhares de camponeses.
Sob o manto de uma chamada
"paralização cívica nacional", os golpistas
apostaram desta vez em paralizar o coração económico do
país. O ataque à PDVSA foi brutal. Os gerentes golpistas do
petróleo, privilegiados que ganham salários astronómicos
sob o até agora sagrado nome de "meritocracia", intimaram os
trabalhadores a somarem-se à paralização, sabotaram os
comandos da refinarias e os centros de distribuição e
destruíram equipamentos vitais da indústria. Oficiais da marinha
mercante, pressionados ou ameaçados pelos golpistas, fundearam os seus
navios tanque carregados de combustível para impedir o envio de
petróleo para o exterior ou abastecer os centros de
distribuição internos.
O objectivo era reduzir para
zero a produção petroleira venezuelana de quase 3 milhões
de barris diários (por cuja venda o Estado só recebia 29% dos
lucros, pois o resto utilizava-se em fantasmagóricos "gastos
operacionais"), paralizar todas as refinarias, provocar a asfixia
económica do governo. Mas os seus cálculos e estratégias
falharam e o governo, com a ajuda de gerentes patriotas, técnicos com
experiência, trabalhadores aposentados, ex-empregados da PDVSA
injustamente despedidos pela "meritocracia" e representantes do
Exército, estão a fazer funcionar paulatinamente a
indústria petroleira.
Os gerentes golpistas e os seus
seguidores foram despedidos; com o apoio de marinheiros leais, o
Exército e a Marinha recuperou-se a maioria dos navios petroleiros e
reactivou-se em parte a exportação de combustíveis; a
PDVSA foi reestrutura e começou-se um processo de
renacionalização dos principal activo económico da
Venezuela.
Desesperados pelo fracasso da
sabotagem petroleira, os golpistas tentaram também outras medidas para
atingir os seus objectivos: realizaram manifestações com maioria
de participantes das classes altas e elementos das camadas médias
procurando provocar a violência no país; pretenderam convocar um
referendo consultivo ilegal para forçar a renúncia do Presidente;
tentaram fechar os bancos, com a reducção do horário de
trabalho e a paralização dos mesmos; clamaram pela
desobediências fiscal, pelo não pagamento da água,
electricidade e gás; e tentam sabotar o início do ano escolar,
batalha na qual também estão destinados à derrota.
O centro do complot golpista
foram as estações de televisão privadas e outros meios de
comunicação, cujos donos, como Gustavo Cisneros, Marcel Granier e
Alberto Federico Ravel, outrora manobradores de governos na Venezuela do
passado, atacam durante as 24 horas do dia o governo de Chávez, apelam
constantemente à desobediência, difundem mentiras grosseiras sobre
situação interna e sobre as relações entre a
Venezuela e Cuba e divulgam à direita e à esquerda os apelos dos
líderes do golpismo, e difundem as instruções deles.
É um terrorismo mediático sem paralelo na história.
O que pretendem os golpistas
é tirar o poder ao povo. O que pretendem é restaurar o passado
de exclusão social e direitos espezinhados. O que tentam é
lançar para trás a obra social que, em meio a tão
complexas circunstâncias, vem levantando o processo bolivariano: as 150
mil habitações para o povo construídas nos últimos
dois anos, as 15 mil habitações entregues aos prejudicados pela
catástrofe do Estado de Vargas, as 3 mil escolas bolivarianas nas quais
um milhão de crianças recebe um ensino de qualidade e um
almoço adequado, os orçamentos triplicados para as universidade,
os aumentos de salários a mestres e professores, a entrega gratuita de
tratamento para doentes da SIDA, os mais de 3 mil venezuelanos que foram
tratados e curados gratuitamente em Cuba, os aquedutos construídos que
dotaram de água potável pela primeira vez na sua vida dois
milhões de venezuelanos, os benefícios recebidos por milhares de
produtores do campo, a decisão de não privatizar as
indústrias eléctricas, do alumínio, da água e do
petróleo que pretenderam tomar os neoliberais de ontem e pretendem tomar
os golpistas de hoje.
Por isso o povo bolivariano
está nas ruas, defendendo seus sonhos e esperanças. À
frente da batalha, com honra, valentia e sentido do dever pátrio,
está o Presidente Hugo Chávez, disposto a não entregar ao
golpismo fascista o poder que lhe deu o seu povo. Seu verbo afiado e combativo
mobiliza as forças bolivarianas para o combate e é uma
denúncia contundente daquilo que as forças da
reacção interna e seus aliados no exterior quizeram fazer na
Venezuela.
Este livro recolhe
vários discursos e pronunciamentos públicos do Presidente da
República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez Frías,
durante os meses de Dezembro de 2002 e Janeiro de 2003, que são
testemunho inigualável da luta que se trava na Venezuela pelo seu povo,
pelos ideais de Bolívar e para que uma América melhor seja
possível e a verdade se conheça.
Ediciones Plaza
Cuba, 18 de Janeiro de 2003
Este texto encontra-se em
http://resistir.info
|