"Repórteres sem fronteiras":
ONU inicia o processo de expulsão como entidade consultiva devido a
"actos incompatíveis com os princípios e objectivos da Carta das Nações
Unidas"
No dia 20 de Maio o Comité das Nações Unidas
encarregado das Organizações Não Governamentais recomendou a suspensão, por
um ano, do
estatuto consultivo da ONG "Repórteres sem fronteiras", com sede
em Paris. A
proposta será encaminhada ao Conselho Económico e Social (ECOSOC)
uma estrutura
dependente da Assembleia Geral da ONU , que deverá pronunciar-se em
Julho próximo.
Como se recorda, esta organização que participa activamente na
campanha
anti-cubana em matéria de direitos humanos promovida pelos Estados Unidos
recentemente foi a executora de torpes agressões contra o Gabinete de
Turismo e a
Embaixada de Cuba em França.
Esta votação resultou de uma denúncia da delegação cubana, que acusou os
ditos
Repórteres sem Fronteiras de terem perturbado a sessão de abertura da 59ª
Comissão de
Direitos Humanos, no passado dia 17 de Março em Genebra. O representante
cubano
considerou que os militantes desta ONG tiveram "um comportamento
insultuoso em
relação a um Estado membro" e "efectuaram alguns actos
incompatíveis com os
princípios e os objectivos da Carta das Nações Unidas".
PROVOCAÇÕES
Em 17 de Março de 2003 seis membros de "Repórteres sem
Fronteiras" lançaram
panfletos na sala de conferências enquanto o novo presidente da Comissão de
Direitos
Humanos, o líbio Najat Al-Hajjaji pronunciava o discurso inaugural.
A sanção teve a oposição dos países ocidentais membros do Comité, bem como
de alguns
dos seus principais aliados na América Latina.
A votação concretizou-se através de um processo com duas moções. Uma,
recusada,
solicitando a não acção; a outra, aprovada, em que se decidiu a sanção.
Ambas as votações tiveram o mesmo padrão de votação. Apoiaram não actuar
sobre
Repórteres sem Fronteiras a França, Alemanha, Roménia, Estados Unidos,
Chile e Peru, ao
passo que pediram a sanção Cuba, China, Costa do Marfim, Sudão, Irão,
Paquistão,
Zimbabwe, Rússia e Turquia.
O representante da França justificou a sua posição contra a sanção
considerando
"indispensável que, por razões de direitos, princípios e
procedimentos, o Comité
possa ouvir os responsáveis de Repórteres sem Fronteiras antes de
pronunciar-se sobre
uma suspensão".
As delegações que apoiaram as propostas cubanas assinalaram que se haviam
concedido
todas as garantias. Alguns destes países repetiram inclusivé suas
intervenções
através de declarações gerais. Além disso comentaram que a própria
organização
havia reconhecido, através dos seus comunicados de imprensa, disponíveis
até no seu
sítio web, sua premeditação e intencionalidade nas desordens de que é
acusada.
Não se trata do único incidente protagonizado pelos ditos Repórteres sem
Fronteiras,
uma organização que Cuba acusou em numerosas ocasiões de ser financiada
pelos EUA com o
único objectivo de influenciar a política cubana. No passado 24 de Abril
esta
associação liderou as agressões ao pessoal diplomático e aos cidadãos
cubanos que
faziam diligências na embaixada cubana em Paris.
Uma das evidências do carácter marcadamente parcial da defesa da liberdade
de expressão
de Repórteres sem Fronteiras é que no dia seguinte à morte de dois
jornalistas alojados
no Hotel Palestina, em Bagdad, pelo disparo de um tanque americano, três
das quatro notas
de denúncia publicadas no seu sítio web eram dirigidas contra Cuba e
nenhuma contra
estes assassinatos.
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[*]
Jornalista espanhol.
O original encontra-se em
http://www.pascualserrano.net/
e em
http://www.rebelion.org/medios/030529rsf.htm
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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