Boicote a Microsoft !
O software XP da Microsoft viola a lei e anula direitos do consumidor.
Ao comprar o software XP você não passa a possuí-lo — ao
contrário, é a
Microsoft que passa a possuir você.
Posso recordar-me do tempo em que a Microsoft era apenas mais uma companhia de
software, sujeita à forças do mercado e submissa ao senso comum. Também
posso
recordar-me do tempo em que a A.T.&T. era uma companhia telefonica.
Mas tudo isso é passado. No momento em que escrevo isto, a Microsoft
está em
vias de lançar o Windows/Office XP e esta versão assinala um arranque
histórico
para a Microsoft. Assinala o primeiro tiro numa guerra — uma guerra entre a
Microsoft e os seus consumidores.
Leia o seguinte diálogo cuidadosamente, e seja benvido ao
"Admirável mundo
novo" da Microsoft.
Com este novo sistema, as suas obrigações para com a Microsoft
não acabam
quando você compra o software. Elas apenas começam.
Na caixa de diálogo para a activação não é
incluída a informação de que
mudanças triviais no sistema podem invalidar a sua
activação e que lhe será
exigido contactar a Microsoft cada vez e todas as vezes que voce, por qualquer
razão, precisar reactivar o software ou se tentar vender ou oferecer o
software
(a Microsoft só permite
que isto aconteça uma vez), ou se tentar exercer o seu direito de
instalar o
software em dois sistemas utilizados por uma mesma pessoa. Além disso, o
número total de activações é sempre inferior a 12,
após as quais voce deve
jogar fora o software e começar tudo outra vez.
As séries XP (Windows e Office) têm um novo dispositivo — a
"activação do
produto" — que perverte o relacionamento normal existente entre vendedor e
comprador.
Ao comprar um produto XP, você não passa a possuí-lo. Ao
invés disso é a
Microsoft que passa a possuí-lo.
O processo funciona assim:
-
Você compra uma cópia do (digamos) Office XP.
-
Ao instalá-lo, o programa exige que você contacte a Microsoft — do
contrário o
programa entra no "modo experimental"
("trial mode")
, um período de 50 dias após o qual o programa é desligado.
Voce
tem
de contactar a Microsoft para impedir que o programa encerre.
-
Ao ser contactada, a Microsoft "autoriza" a instalação. E
também pergunta um
bocado de informações pessoais, algumas delas opcionais — mas
só da primeira
vez. Continue a ler.
-
Se tiver de reinstalar o Windows ou o software por causa de um virus, devido a
uma falha de hardware ou por alguma outra razão, voce terá de
contactar a
Microsoft outra vez e explicar porque precisa outra vez da sua permissão
para
reinstalar o software. Se eles não gostarem da
explicação, e sobretudo se eles
não obtiverem o seu nome, endereço, número de telefone e
endereço email, você
está sem sorte — terá de comprar uma nova cópia do Office
XP.
[1]
.
-
Se precisar fazer uma cópia do software em outro computador por uma
razão
legítima (digamos que possua um computador de mesa e um portável,
mas que nunca
utilize ambos ao mesmo tempo), está sem sorte — não pode fazer
isso. A
Microsoft assumirá que você é um criminoso e recusará
permissão.
[1]
.
-
Se decidir mudar sua cópia do XP permanentemente para outra
máquina, a
Microsoft não permitirá que isto seja feito. Ela assumirá
que é um criminoso e
recusará a permissão.
[1]
.
-
Se decidir desinstalar e vender a sua cópia do XP para uma terceira
parte, a
Microsoft não permitirá ao novo comprador que instale o software.
O seu
entendimento será de que ele é um criminoso e recusará
permissão.
[1]
.
-
[1]
Mas se conseguir passar através de todas as armadilhas do circo da
Microsoft,
parece que voce está limitada a oito re-instalações
(alguns dizem onze), após
as quais pode jogar no lixo o seu dispendioso software. Isto significa que se
o seu sistema for atacado por virus, se o seu disco duro falhar, ou se você
regularmente aperfeiçoa
("upgrade")
o seu hardware e tenta transferir os seus programas, você terá de
comprar um
bocado de dispendiosas cópias extras do Microsoft XP.
Em suma, você tanto pode:
(a) aceitar a instalação única por defeito (a única relativamente
sem esforço —
mas que lhe exige contactar a Microsoft) e então jogar fora o software,
juntamente com quaisquer ficheiros de dados que tenha criado que repousem sobre
aquele software, ou você pode
(b) tornar-se um
Microservo [2]
, um vassalo, um pedinte, inteiramente dependente da concepção da
Microsoft
acerca do que é ou não é razoável.
E, não importa como sejam as suas petições, há uma
coisa que voce precisa
perceber —
a Microsoft decide.
Você não será mais um cidadão numa democracia, um agente
com responsabilidade
moral — a Microsoft decide se você é ou não é um criminoso,
e eles decidem isto antecipadamente.
Nos tempos em que a Constituição Americana era a lei desta terra,
um queixoso
tinha de esperar até que um crime fosse cometido e então
comparecer perante um
juiz devidamente nomeado e apelar pela justiça. A Microsoft contornou
estes
inconvenientes democráticos e agora faz a lei para si própria.
E não se engane acerca disto — a Microsoft está a quebrar a lei
com as séries
XP, de muitas formas. Os consumidores têm razões legítimas e
legais para
reinstalar software, razões para instalar o software em duas
máquinas
utilizadas por uma pessoa, razões para reinstalar após uma falha
de sistema,
razões para desinstalar e vender um programa de computador. Mas sob o
sistema
fascista do XP, o consumidor perde todos estes direitos.
Eu listaria todas as leis que a Microsoft está a quebrar com as
séries XP, mas
isto exigiria mais espaço do que o seu computador tem de memória.
Aqui estão
alguns destaques:
-
Presunção de culpa.
Sob a lei americana, uma pessoa presume-se estar inocente até que a sua
culpa
seja provada. O sistema XP presume uma intenção criminosa, o que
é uma
violação da lei constitucional, e portanto o software actua com
base neste
pressuposto, um poder normalmente reservado à polícia, o que
constitui uma
violação adicional da lei.
-
Restrição prévia.
Esta ideia, basicamente actuar para impedir um crime antes que ele seja
cometido, é uma questão muito delicada na lei constitucional.
Devido ao seu
potencial para abusos, raramente é permitida.
Ausência de evidência de causa provável nunca é permitida.
Dado o facto de que há razões legítimas para fazer coisas
não permitidas pelo
software XP, a Microsoft está a adoptar a restrição
prévia, e está portanto a
quebrar a lei.
-
Descrição incorrecta.
("Misrepresentation")
.
No comércio, há um conjunto de pressupostos acerca de um produto
que é
oferecido para venda. Para dizer isto simplesmente, um produto é
suposto ser
adequado para a sua finalidade declarada, e isto é implícito —
oferecer o
produto para venda cria alguns pressupostos que, se não se verificar
serem
verdadeiros, estão sujeitos a processo. O software da série XP
muito
simplesmente não é o que parece ser — um conjunto de programas de
computador
destinado a servir as necessidades do consumidor. Isto é falso — o XP
serve só
as necessidades da Microsoft.
-
Vigilância.
Ao erigir-se em juiz acerca de como as pessoas utilizam o seu software, ao
micro-administrar como as pessoas preferem utilizar os programas XP, a
Microsoft colocou em acção o mais insidioso sistema de espionagem
já concebido
nos tempos modernos. Desde que um consumidor experimente qualquer
versão das
realidades dos dias actuais — um virus a exigir que o software seja
reinstalado, uma pessoa com dois computadores, ou quem compra um novo
computador, ou quem quer vender ou doar o software XP a um terceiro — por mais
frequentes que sejam estes eventos, a Microsoft fica a saber todos os
pormenores, juntamente com a sua informação pessoal. Com o XP, a
Microsoft
conhecerá mais sobre voce do que o governo americano sabe ou alguma vez
imaginou saber.
Esta é a razão real para o XP — não é para impedir
o roubo, ela
é
o roubo — a Microsoft, enquanto o impede de exercer os seus direitos de
consumidor, está também a roubar-lhe informações
que voluntariamente você nunca
daria. é um estratagema desesperado para reunir uma incrível
mina de ouro de
informação sobre voce — suas escolha, suas experiências, seu nome
e enderêço.
E obtem isto com você a pagar-lhe para fazer isto consigo.
Devido ao XP, dentro em breve a Microsoft saberá tanto acerca de tantas
pessoas
[leia: você] que não terá mais de vender software — eles podem
simplesmente
vender as bases de dados dos seus consumidores. Mas isto só
acontecerá se você
actuar como um carneiro e comprar os software da série XP. A escolha e
o poder
são seus.
-
Adenda -- Fevereiro 2002
Numa nova e reveladora história, alguns clientes da Microsoft
descobriram esta
nova passagem no Microsoft XP EULA (End User License Agreement, o contrato
obrigatório a que todo cliente do Microsoft XP tem de anuir):
"Voce admite e concorda em que a Microsoft possa automaticamente conferir a
versão do Produto e/ou dos seus componentes que está a utilizar e
possa
providenciar upgrades ou remendos
(fixes)
para o Produto que serão automaticamente descarregados no seu
computador".
Esta passagem diz, em essência, que a Microsoft tem o direito de
examinar o disco duro do seu computador e descarregar software para dentro dele
automaticamente,
sem o seu conhecimento ou consentimento explícito.
Ao ler esta nova linguagem, um cliente empresarial declarou:
"A ideia de que a Microsoft possa alterar o nosso software sem informar-nos
é
absolutamente inaceitável. Qualquer alteração à
nossa configuração padrão só
pode
ser posta em funcionamento após avaliação e testes
cuidadosos. Será que a
Microsoft não tem noção disso?"
(texto integral em
InfoWorld
)
Conclusão? A Microsoft sujeita-o a si e despreza os seus direitos, e eles
querem ainda o controle total sobre o seu computador — e a sua vida. Eles
esperam que você engula este embuste. Por favor, não cumpra as
expectativas
deles.
Assim, sugiro-lhe:
-
Escreva ao seu deputado e exija que a Microsoft seja
travada.
-
Recuse-se a comprar qualquer software Microsoft da série XP.
— e —
Boicote a Microsoft!
Outras leituras:
_________
NOTAS
1. Ou seja, a menos que consiga convencer a Microsoft de que não
é um criminoso.
Você faz isto implorando, mendigando e dando-lhe toda espécie de
informação pessoal,
como um infrator da lei, um homem sob liberdade condicional, um estrangeiro
residente, um Microservo.
2.
Microservo.
Substantivo. Aquele que paga para tornar-se escravo da Microsoft.
[*]
Programador, norte-americano. Ver a sua
Message Page
. O autor solicita a inserção de links para a página
http://www.arachnoid.com/boycott
em outros sítios web.
O original encontra-se em
http://vps.arachnoid.com/boycott/index.html
.
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info
.
|