por Fernão Campos
"Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós:
nenhum humorista atira pra matar".
Millôr Fernandes
Em dia de reflexão, ofereço-vos um retrato de João
Proença, o secretário-geral (ou lá o que é) dessa
coisa informe e gelatinosa que é a auto proclamada União Geral de
Trabalhadores, organização sui-generis de trabalhadores que
subscreve sempre, assinando de cruz e com as mãos ambas, as mais
descabeladas propostas patronais. Proença também é
secretário do partido sucialista, essa coisa gelatinosa e em forma de
assim que governa o país há um ror de anos e assinou,
também de cruz e com as mãos ambas, e os pés, um memorando
em inglês com uma Troyka internacional de prestamistas (Salazar, que era
o estafermo que sabemos mas falava fluentemente várias línguas,
algumas delas mortas, jamais assinaria tratado ou protocolo que não
estivesse redigido em português). Proença é um vulto do
regime cujo pensamento político preclaro (!) o leva a soltar
pérolas que têm o mérito de decidir a
intenção de voto de muitos, como o meu amigo
Agostinho
.
O espectro político-partidário português é, como
dizer,
lusitano,
ou seja, sui-generis. Senão vejamos: há um partido
centrista
que é de direita; há um
social-democrata
que é liberal; há um
socialista
que é conservador; há um de
extrema-esquerda
que é social-democrata. Depois há uma data deles que não
são coisa nenhuma, nem parecem. Só existe um que é mesmo o
que diz ser: o comunista. É mesmo comunista. Nem parece português.
Digamos que o meu campo ideológico natural (eu sou desprovido de
convicções, sou mais de percepções, ou
sensações) situa-se algures à direita de Robespierre e
à esquerda de Saint-Just, ou vice-versa, já não sei bem.
Em todo o caso é nesse
juste-milieu
que penso que está a
virtude,
que é o
terror
dos inimigos da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade.
Eu sou um filho deserdado e céptico dos ideais da
revolução francesa. Não acredito na fraternidade entre
desiguais. Penso que colocar seres diferentes em liberdade no mesmo
espaço não é criar uma república de
cidadãos; é potenciar a lei da selva.
Amanhã, enquanto o bom povo escolhe um líder (como se o rebanho
pudesse escolher o pastor) os cidadãos como eu vão escolher
representantes.
Eu vou votar nos únicos que se propõem fazer algo efectivo contra
a lei da selva e a favor da igualdade, sem a qual não acredito na
liberdade. Muito menos na fraternidade.
Quanto a Proença e quejandos, que não tenham medo.
Ao contrário de Robespierre e Saint-Just, eu não atiro
pra
matar. Só
pra aporrinhar.
E voto CDU.
Pra
lhes mijar no cu.
O original encontra-se em
http://ositiodosdesenhos.blogspot.com/
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
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