Até quando a irresponsabilidade?
Uma agência de rating decidiu baixar a notação da
dívida norte americana e nos mercados obrigacionistas acentuou-se a
especulação sobre as dívidas italiana e espanhola. Na
sequência líderes políticos mundiais e europeus viram os
seus fins-de-semana estragados, multiplicando-se em contactos
telefónicos.
O resultado dessas consultas em circuito fechado pode resumir-se a um
comunicado do G7 afirmando a determinação dos seus bancos
centrais "agirem de forma coordenada sempre que seja necessário
para assegurar a liquidez e sustentar o bom funcionamento dos mercados"
(não é esse um seu dever primário?), ao anúncio do
BCE de intervenção no mercado para travar a
especulação sobre as dívidas públicas da Zona Euro
(o que deveria ser uma obrigação permanente) e à
declaração Merkel/Sarkozy de acelerar o reforço do Fundo
de Estabilização Europeu (haverá fundos suficientes para
um eventual resgate de Itália e Espanha?).
Mais uma vez aqueles responsáveis políticos ficam-se pelas
promessas e aparências, incapazes de atacarem as causas de fundo que
lançaram as economias no pântano. Revelam-se impotentes, por
opção política, para implementarem
alterações profundas do sistema financeiro que impeçam a
finança de continuar a dominar e a asfixiar a economia real.
Esta passividade é demonstrativa de que a generalidade dos Governos das
maiores potências, em particular dos EUA e da Europa, continua enfeudada
ao capital financeiro internacional.
O problema é que essas opções vão lançando
países, uns após outros, em situações
insustentáveis, impedem a recuperação das economias,
agravam os problemas do desemprego e servem de pretexto para austeridades
absurdas.
Até quando tanta irresponsabilidade e com que consequências?
10/Agosto/2011
[*]
Economista e ex-deputado do PCP
O original encontra-se em
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=500889
Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/
.
|